Home TVEpisódio Crítica | Willow – 1X08: Children of the Wyrm

Crítica | Willow – 1X08: Children of the Wyrm

Acertando no final.

por Ritter Fan
970 views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e do filme.

Tenho plena consciência que filmes e séries de alta fantasia se valem com extrema literalidade da Jornada do Herói para contar boa parte de suas histórias, ainda que, mais recentemente, a ênfase em “jornada” seja muito maior do que na expressão como um todo, fazendo com que a narrativa épica ganhe uma jeitão de videogame, em que o grupo de heróis precisa transpor os mais variados obstáculos com os mais estranhos nomes para poder chegar na próxima fase e assim por diante. A primeira temporada de Willow foi assim o tempo todo, o que não teria sido decepcionante como um todo se a qualidade de Children of the Wyrm fosse a regra e não a exceção.

O ótimo Prisoners of Skellin deu-me a esperança de que a temporada conseguiria acabar bem, mas essa esperança foi quase que completamente torpedeada pelo modorrento Beyond the Shattered Sea, o típico episódio fácil de gostar, mas que, na verdade, é muito cheio de vazio. Minhas expectativas para o encerramento, portanto, estavam lá embaixo, mas Children of the Wyrm revelou-se aquilo que a série estava precisando para mostrar a que veio. Pode até ser que eu tenha gostado mais do final justamente porque eu não esperava nada dele, mas tenho para mim que não, pois, apesar de completamente formular e básico em termos de estrutura narrativa, não se acanhando de usar absolutamente todos os clichês do gênero, o episódio dirigido novamente por Jamie Childs é muito facilmente o melhor da temporada não só no quesito ação, como também no quesito esquecido reiteradas vezes e que é tão importante: o uso decente de seus personagens.

O roteiro de Rayna McClendon e Jonathan Kasdan é uma sucessão de obviedades ululantes, os famosos tropos narrativos, mas que, aqui, são usados de maneira harmônica e relevante, seja o “canto da sereia” que corrompeu Airk e que tenta corromper Kit e Elora com promessas de utopia, sejam os sacrifícios feitos, como o de Graydon que faz de tudo para salvar sua amada e acaba “explodido” pela Megera Alquebrada somente para ressurgir em outro canto da sereia, um bem mais sombrio e interessante ou mesmo o de Boorman que entrega para Kit sua Couraça Kymeriana que finalmente funciona e se revela uma armadura que daria inveja em Tony Stark. Até mesmo os efeitos práticos casados com computação gráfica para dar vida à versão horrenda da Megera merece comenda por criar uma fusão excelente das duas técnicas que realmente cria a impressão de uma ameaça terrível.

Claro que já era mais do que esperado que fosse revelado – como é – que a Megera é apenas a chefe final dessa primeira fase, com o Vorme, ao que tudo indica, sendo o segundo do que, pelos tomos que são mostrados no encerramento, parece que serão três fases, ou temporadas, mas isso faz parte do jogo. Aliás, a perspectiva de que a série continuará, mas que tem um fim já pensado de antemão e que não é muito longínquo, já me deixa animado para continuar assistindo-a, algo que é amplificado pelo fato de o roteiro ter feito esforço para realmente encerrar um arco.

Por um momento, achei que Willow morreria e passaria a ser o que Obi-Wan Kenobi passou a ser para Luke depois de seu sacrifício na Estrela da Morte, mas fiquei feliz em notar que a intenção é continuar com o personagem de Warwick Davis em carne e osso mesmo, ainda que a tendência seja mantê-lo cada vez mais na posição de coadjuvante, algo que ele já foi praticamente o tempo todo na temporada, não sendo diferente aqui no final. Mas é como a passagem do bastão, pois fica evidente, agora, que o personagem serviu de ponte para a apresentação de um grupo novo de protagonistas – especialmente Kit e Elora – para que as aventuras continuem.

O ponto mais fraco de Children of the Wyrm foi a repetição, só que agora para valer, do tipo de combate com magia que vimos no episódio anterior, ou seja, as “luzinhas” saindo das mãos das feiticeiras. Muito sinceramente, isso é pura preguiça narrativa, pois ficar atirando raios desse jeito, como em faroestes antigos em que os pistoleiros atiram uns nos outros na base do revezamento, é coisa de primário de filmes de fantasia. Elogiei diversas vezes que a magia na série era algo comedido e difícil, somente para ver um embate em tese importante parecer mais uma demonstração de fogos de artifício não particularmente muito bonitos. Não é, obviamente, um problema seríssimo, mas gostaria muito que, em eventuais futuras temporadas, a magia volte a ter um pouco mais de solenidade.

Children of the Wyrm pode não salvar a temporada inaugural de Willow, mas o episódio certamente é a maneira correta de se encerrar um primeiro ano e mostra que, com um pouco mais de cuidado, a série pode sair do marasmo que foi ao longo de seus sete episódios anteriores (ok, seis, pois Prisoners of Skellin foi realmente bom) e entregar uma alta fantasia de pegada infanto-juvenil de efetiva qualidade. Agora é torcer para que uma segunda temporada, se anunciada, mantenha o sarrafo na mesma altura que foi colocado aqui e não se perca na jornada dos heróis.

Willow – 1X08: Children of the Wyrm (EUA, 11 de janeiro de 2023)
Desenvolvimento: Jonathan Kasdan
Direção: Jamie Childs
Roteiro: Rayna McClendon, Jonathan Kasdan
Elenco: Warwick Davis, Ellie Bamber, Ruby Cruz, Erin Kellyman, Tony Revolori, Amar Chadha-Patel, Dempsey Bryk, Rosabell Laurenti Sellers, Jack Kilmer, Joanne Whalley
Duração: 52 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais