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Crítica | Winona (2019)

por Kevin Rick
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Winona é um filme nostálgico. Mas não se iluda, ele não é um clássico. E muito menos dialoga sobre nostalgia. Ele simplesmente parece nostálgico. A estética anos 80, o último dia de verão, as referências aos filmes de Woody Allen (no qual a fita claramente é influenciada), as cores pastéis, todos criam uma obra que reverbera um cinema independente clássico.

O longa inicia-se com quatro meninas chegando a uma praia deserta, e ali ficam durante toda a duração do filme, em uma série de esquetes desse grupo de amigas brincando, nadando, conversando e contando histórias estranhas. Alegria e tristeza coexistem em cada cena, com emoções indizíveis tomando forma através de canções que surgem repentinamente na narrativa, dando a sensação de um musical improvisado, enquanto a forma como os personagens se desenvolvem desintegra qualquer defesa interiormente.

Existe um mistério que permeia o filme. Ele é sustentado pelo fato de nenhuma delas se chamarem Winona, e por todas estarem claramente sofrendo por algum acontecimento, caindo em lágrimas e desespero em meio às risadas. Mas esta incógnita é muitas vezes esquecida, raramente sustentada pelo roteiro. O enfoque do diretor Alexander Voulgaris é o estudo de personagem de suas quatro protagonistas. Estudo este que é extremamente cansativo, já que somos absorvidos no passeio de 24 horas de quase nada das amigas. Aprendemos características superficiais delas, mas a narrativa nunca se aprofunda nas personagens.

Com exceção das pequenas cenas de ternura trágica que não entendemos o motivo, os momentos mais interessantes são os de debate sobre o cinema de Woody Allen, com referências cinéfilas, e uma bela cena em que todas elas recitam, cronologicamente, toda a filmografia do diretor. O filme beira o tédio, mas consegue evitá-lo pelo sensacional trabalho do elenco. As atrizes são divertidas e espontâneas, e dão vida a suas personagens, apoiando-se em performances teatrais, com muita improvisação.

O enigma é exposto em uma cena final de tirar o fôlego. Ele fala sobre o fim com uma sinceridade de partir o coração. Um curto momento, mas que muda completamente sua percepção do filme como um todo. O acontecimento reflexivo e experiencial, é ainda mais elevado pela bela fragilidade exposta pelas atrizes.

Toda a construção para o final toma novas proporções, mas não muda o fato que a estrutura do filme é cansativa, e que o roteiro não ajuda o elenco a manter o espectador em suspense, ou sequer interessado com os acontecimentos em tela. Mas o singelo desfecho expõe Winona como uma parábola para a alegria efêmera. Um mergulho antes da tragédia.

Winona – Grécia, 2019
Direção: Alexander Voulgaris
Roteiro: Alexander Voulgaris
Elenco: Anthi Efstratiadou, Sofia Kokkali, Iro Bezou, Daphne Patakia, Vangelis Loukissas, Eleni Bertes, Kleio Ktena
Duração: 88 min.

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