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Crítica | Wolfenstein: The New Order

por Guilherme Coral
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estrelas 4

Nada como a Segunda Guerra para inspirar produtos do entretenimento. De centenas de filmes, como Indiana Jones e a Última Cruzada e o mais recente O Médico Alemão  a games que vão de Call of Duty a Medal of Honor, o conflito já teve diferentes representações ao longo dos anos. Wolfenstein: The New Order, por sua vez, se aprofunda na Alemanha nazista utilizando como premissa os experimentos realizados por Mengele, que por si só, graças à sua surreal crueldade, já soam como algo tirado de uma obra fictícia.

No game, o Anjo da Morte foi substituído pelo General Willhelm “Deathshead”, cujas experimentações levaram a um prematuro desenvolvimento tecnológico dos nazistas. O resultado são armas avançadas e robôs dignos de uma obra cyberpunk. Neste contexto somos transportados ao hipotético ano de 1946, onde a Alemanha não somente não se rendeu, como está ganhando a guerra. Passamos a controlar o Capitão Blazkowicz, um americano parte de um ataque aliado com o objetivo de matar o cabeça da máquina de guerra alemã. Após um prólogo repleto de ação, que já nos adianta as mecânicas do game, Blazkowicz sofre uma lesão na cabeça, que o deixa em estado praticamente vegetativo. Quatorze anos após, o capitão acorda em um mundo controlado pelos nazistas.

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Espelhando o Império Romano

Neste futuro distópico vamos aprendendo pouco a pouco, através da perspectiva em primeira pessoa, deste novo universo. O trabalho de arte realizado pela equipe da MachineGames é estonteante, estendendo o terceiro Reich e mesclando-o a uma tecnologia à frente de seu tempo. Os grandes prédios de mármore apresentam um evidente contraste com os resquícios do velho mundo e se encaixam perfeitamente nas inspirações romanas do Fuhrer. É um trabalho cuidadoso que consegue não causar estranhamento mesmo ao vermos  criaturas robóticas andando pelas ruas em pleno 1960.

Tal imersão é ainda melhorada pelo ótimo trabalho de dublagem que traz vida não só aos personagens principais, como ao mundo à sua volta. Temos uma intercalação natural do inglês com o alemão que não deixa soar como uma obra realizada em terras americanas. O fato de estarmos sob a pele de um protagonista americano (referindo-me ao continente) é o perfeito elemento de identificação com o jogador, fator que se amplia ainda mais quando levamos em consideração seu estranhamento aos eventos transcorridos nesses catorze anos que esteve “fora”.

Aqui entramos no ponto que, talvez, seja a maior qualidade do jogo. Para ilustrar a passagem de tempo, Wolfenstein utiliza bem posicionadas elipses e efeitos visuais, apresentadas pelas cutscenes do jogo. Essas são verdadeiras obras de arte: designs criativos, narração bem escrita e colocada, utilização de tons que remetem às décadas de 50 e 60. São sequências de tirar o fôlego e que, ao mesmo tempo, não peçam pelo exagero, exibindo e explicando somente o que precisamos, de fato, saber. Não há uma quantidade descomunal de informações jogadas em um curto período de tempo – tudo é mostrado aos poucos e os detalhes podem ser lidos nos momentos de jogabilidade em si.

Enfim chegamos ao ponto que realmente importa e a melhor palavra para descrever a experiência do game é old school. Wolfenstein retoma o estilo de shooters que aprendemos a amar com Doom e Goldeneye 007. As armas são coletadas ao longo da fase, podemos carregar várias ao mesmo tempo, os inimigos morrem com mais de um tiro e contamos com um contador de vida que não recupera com o tempo. Todos os elementos antigos estão aí, mas isso não significa que o game seja datado. Trata-se de uma ótima adaptação das mecânicas para os tempos atuais, tornando o velho novo mais uma vez.

"Nazis. I hate these guys"

“Nazis. I hate these guys”

Essa “reciclagem” bem-sucedida é fruto de diversos fatores que vão desde o design das fases até as armas em si. Como em diversas obras publicadas ou desenvolvidas pela Bethesda, temos mais de um caminho a seguir ao longo do jogo – podemos optar pelo simples “sair atirando” ou por abordagens mais táticas e furtivas. A escolha cabe ao jogador. Existem alguns cenários que nos forçam um determinado caminho, decorrente de um deslize na elaboração da fase, mas, em geral, a liberdade de ação é garantida. Para coroar essa jogabilidade dinâmica ainda temos a presença de perks, melhorias que são ganhas através de ações predeterminadas. São altamente recompensadoras e uma ótima alternativa para os troféus que, de fato, nada acrescentam.

Não bastassem as horas gastas assassinando os cruéis nazistas, o game ainda insere diversas curiosidades, como o surgimento dos Beatles neste universo, que foram forçados a cantar em alemão. São detalhes como estes, contudo, que garantem riqueza ao mundo criado pela MachineGames, fazendo com que o jogador se prenda cada vez mais à narrativa, contemplando e não somente jogando. Wolfenstein: The New Order se destaca dentro do gênero, nos levando de volta às origens dos shooters em uma ótima adaptação para os dias atuais. Com gráficos bem trabalhados e roteiro criativo, certamente consegue inovar dentro de uma temática amplamente abordada.

Wolfenstein: The New Order
Desenvolvedora:
MachineGames
Lançamento: 20 de Maio de 2014
Gênero: Tiro em primeira-pessoa
Disponível para: Pc, Ps3, Ps4, Xbox 360, Xbox One

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