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Crítica | Y: O Último Homem – 1X05: Mann Hunt

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leia, aquias críticas dos outros episódios e, aqui, as críticas para a série em quadrinhos.

Em termos de criação de conexão com seus personagens, Y: O Último Homem continua sofrendo tremendamente, a começar do próprio Yorick, basicamente um chato de galochas que dá vontade de socar toda vez que vejo e que, aqui, ganha a companhia da Dra. Allison Mann (Diana Bang), a geneticista de Boston que tem a missão de salvar o mundo, mas que já ingressa na série competindo ferrenhamente pelo posto de chatonildo master do protagonista. A salvação, claro, é a Agente 355, basicamente a única luz no fim do túnel da série até agora e cuja presença é a única coisa que me fazia ficar acordado.

Reparem na conjugação do verbo fazer logo acima, porém, pois Mann Hunt (ha, ha, duplo sentido, ha, ha) foi o primeiro episódio da temporada inaugural que conseguiu entregar um pacote audiovisual que parece indicar o caminho que a série tomará doravante sem depender exclusivamente da misteriosa agente para isso (ainda que ela seja também parte importante dos eventos que rolam aqui). O capítulo é, também, o que mais descarrega linhas narrativas paralelas e simultâneas, seja o retorno da caipira Regina Oliver (Jennifer Wigmore) que, ao que tudo indica, está em posição hierarquicamente superior a Jennifer Brown para clamar a presidência dos EUA, o sangramento de Christine, que é ajudada por Kimberly e não por qualquer sentimento altruísta, o que obviamente levará à revelação sobre Yorick, o tratamento extenso dado a Boston provavelmente como um vislumbre do que está por vir em outras cidades, a investigação da “queda” do helicóptero pela general Peggy Reed e, claro, a side quest de 355 no endereço que encontrara e que me faz crer que foi a razão verdadeira de ela ter forçado a escolha da Dra. Mann como a geneticista “preferível”.

A revelação de que tudo até agora foi um preparativo para o que deve ser uma road trip turbulenta até São Francisco, com 355 carregando duas malas sem alça até lá (era mais fácil dopar a dupla e colocá-la no porta-malas de um carro…) estabelece o porvir que pode ser interessantíssimo se a showrunner Eliza Clark inspirar-se nas HQs ou modorrentíssimo se ela retornar ao passo de cágado dos episódios anteriores que eu confesso que até gostei, mas não senti empolgação em momento algum. Só espero que minha primeira impressão sobre a geneticista tenha sido equivocada e que, na verdade, ela é uma fofíssima rebelde sem causa que não é apenas uma forma de a série contar para os espectadores sobre os meandros do cromossomo Y, especialmente que não são só os homens que o tem.

O mistério crescente sobre a personagem de Ashley Romans dá um sabor especial à série e seu encontro com a agente 525 (Lou Jurgens), a pancadaria que se segue – com um bela coreografia sincronizada mostrando o treinamento idêntico que as duas tiveram – e a menção a uma misteriosa “Fran” abre um leque de possibilidade sobre a organização Culper Ring e sua real intenção, já que a tão repetida lealdade à presidente não me parece tão absoluta assim com o telefone sendo quebrado por 355 e, mais ainda, pelo fato de as duas terem sido enviadas para a capital do país na véspera do cataclismo. Será interessante acompanhar o desenvolvimento dessa história em meio à viagem que está para começar, pois o roteiro precisará fazer muita ginástica para encaixar tudo de maneira orgânica, sem forçar outras side quests como a que vimos aqui.

Em termos de potencial narrativo, porém, o que mais me encanta é mesmo a abordagem fortemente política que a série tem, especialmente agora ao colocar Brown, a “Madame Presidente”, em oposição a Oliver, a “Madame Secretária”. E a principal razão para isso não é somente os lados bem claramente opostos que elas representam, mas sim como os roteiros lidarão com a democracia americana em tempos de crise aguda, já que é Oliver quem tem a ascendência sobre Brown e não o contrário, mesmo que tudo que detestemos tudo que a personagem representa. Aceitar Brown no poder com Oliver viva é, basicamente, golpe de estado, ainda que em um regime especial diante do cenário gravíssimo, mas, por outro lado, aceitar Oliver no poder em razão de seu caráter e postura parece ser impensável. Há enorme potencial nessa abordagem e eu espero fortemente que a série não se esquive de tomar decisões difíceis, procurando o conforto de conveniências.

O duro mesmo é aguentar Yorick fazendo besteira como se fosse um adolescente de 14 anos, completamente alheio à gravidade da situação ao seu redor e o sem-graça Ben Schnetzer vivendo o personagem em uma dobradinha que faz o Ampersand digital ser de longe o melhor personagem com cromossomo Y. Mesmo assim, a jornada vale por 355 e pela tensão política na capital, especialmente se o ritmo dos demais episódios espelhar o de Mann Hunt.

Obs: O Luiz Santiago, que normalmente escreve as críticas desta série, foi procurar seu mico-leão-dourado – que se chama Asterisco – no metrô alagado da cidade onde mora e não voltou a tempo de escrever esta crítica. Sobrou para mim, R, O Último Redator.

Y: O Último Homem – 1X05: Mann Hunt (Y: The Last Man – EUA, 27 de setembro de 2021)
Desenvolvimento:
Eliza Clark (baseado em quadrinhos de Brian K. Vaughan e Pia Guerra)
Direção: Mairzee Almas
Roteiro: Tian Jun Gu
Elenco: Diane Lane, Ashley Romans, Ben Schnetzer, Olivia Thirlby, Juliana Canfield, Elliot Fletcher, Marin Ireland, Amber Tamblyn, Diana Bang, Jess Salgueiro, Jennifer Wigmore, Yanna McIntosh, Lou Jurgens
Duração: 51 min.

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