Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | A Ponte do Arco-Íris (Zagor #400)

Crítica | A Ponte do Arco-Íris (Zagor #400)

por Luiz Santiago
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Samuel, Forrest e Warren Kinsky, os irmãos mais novos de Salomon Kinsky, obtiveram do Ministério da Guerra dos Estados Unidos um mandado de prisão para Patrick Wilding, mais conhecido como Zagor. Ele é acusado de assassinato. Para o Espírito da Machadinha, essa história deverá esclarecer muitas coisas de seu passado, e o texto de Mauro Boselli nesse Especial bebe diretamente da clássica e importante aventura A Origem de Zagor, lançada em 1970, escrita por Guido Nolitta.

A trama começa com uma daquelas “invasões problemáticas” que chegam para perturbar a paz de alguém, em algum lugar. O carteiro Drunky Duck surge com uma missiva extremamente importante escrita pelo Coronel Perry especialmente para Zagor. Através dessa carta, o herói de Darkwood descobre que os Kinsky, acompanhados de indígenas abenakis (do grupo dos algonquinos, que viviam no nordeste dos Estados Unidos e no sul do Canadá) estão com um projeto de vingança, e junto dessa ameaça que se aproxima vem a explicação sobre a verdade a respeito do pai de Zagor, oferecendo um outro ponto de vista para os acontecimentos da edição #55 da série regular do personagem e igualmente para as ações que marcaram o início da vida do jovem Wilding pelo pântano de Darkwood.

O Massacre de Silver Lake volta então a assombrar Zagor, mas agora dentro de uma perspectiva crítica, abrindo caminho para o surgimento de muitos outros sentimentos e impulsos para muitas outras ações. A avaliação ético-moral do personagem é rápida, e ele está mais do que pronto para se “dessacralizar” aos olhos de seus amigos nativos, quando algo muito estranho começa a acontecer. Um enviado abenaki incita os locais a se voltarem contra o “falso protetor” e os planos de honestidade e de contar a verdade pretendidos por Zagor acabam caindo por terra.

Boselli lança mão de um elemento místico para narrar uma história sobre memória de atos terríveis do passado e sobre mudança. Todos têm o direito de se arrepender de algo ruim que cometeu e de genuinamente mudar de caminho. Ocorre que quanto mais infame é o ato cometido, pior fica a situação de tal indivíduo frente aos olhos de outras pessoas, especialmente aquelas que os admiravam e que os tinham como heróis. Em A Ponte do Arco-Íris uma lenda indígena (que guarda semelhanças com muitas outras histórias de origem das mais diversas mitologias ao redor do mundo), ajuda Zagor a considerar o impacto de sua presença naquele espaço geográfico e também ver quem ele era e quem ele é no momento. O quanto ele mudou. E a pergunta que fica é: será que ele está preparado para reconhecer a mudança nos outros?

O aspecto reflexivo de A Ponte do Arco-Íris é o verdadeiro foco desse Especial, cedendo um pouco mais no final, quando ingredientes recorrentes na série de Zagor voltam a entrar em cena, inclusive uma sequência de tortura que é impedida de acontecer e o retorno de uma ilusão que representava o demônio do fogo (Shaytan). Nesta aventura, Zagor aprende o valor da mudança de atos e pensamentos. E também aprende a reconhecer que as pessoas que amou e que o amaram, em vida, estarão com eles o tempo inteiro. Basta buscá-los em seu coração.

Zagor #400: A Ponte do Arco-Íris (Il Ponte Dell’arcobaleno) — Itália, 1998
No Brasil:
Zagor nº4 (Mythos, 2001)
Roteiro: Mauro Boselli
Arte: Gallieno Ferri
Capa: Gallieno Ferri
116 páginas

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