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Crítica | Magia Indígena (Zagor #500)

por Luiz Santiago
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Magia Indígena era a única Edição centenária de Zagor que eu ainda não havia lido (já considerando aqui o volume #600, o mais recente desses Especiais até o momento em que escrevo esta crítica, em março de 2021) e até agora é a única edição centenária do personagem que acho ruim. O texto do volume é de Moreno Burattini (do curioso Pântano da Morte), que utiliza um título interessantíssimo e cheio de promessas para apresentar algo tão superficial e tão insosso que ficamos pensando como é que o autor (também responsável pela editoria do título) achou que a trama poderia sair para o público do jeito que saiu.

O texto começa em uma reunião dos chefes indígenas na noite da quingentésima Lua. Há um clima sombrio no ar, mas a conversa entre Muitos Olhos e seu companheiros vai por caminho mais tranquilizador, a nervosa paz antes da tempestade. E então Zagor faz a sua espetacular aparição, que dessa vez ganha um toque circense (por motivos que ficam claros logo depois) e que está revestida de algo que me fez estranhar quase que por completo o personagem. As primeiras falas dele são quase constrangedoras e o roteiro não se preocupa, em nenhum momento, em solidificar a presença de Zagor naquela reunião, pelo menos com o mínimo de ligação possível com a quingentésima Lua e o outro espetáculo que surge a seguir, a revelação de uma lança partida, símbolo de vingança.

No decorrer da edição, Devil Mask, um cruel adversário derrotado por Zagor num passado distante — e que era considerado morto — volta para se vingar do Espírito da Machadinha e prepara para ele uma espécie de altar macabro onde consegue aplicar no herói um tipo de magia que traz seus pesadelos à tona, fazendo com que o corpo somatize tudo aquilo que ocorrer durante os horrores mentais.

A proposta de validação para o título é interessante: Zagor colocado em uma situação onde precisa lutar contra a magia de um indígena inimigo. O conceito é muito bom porque contrasta o herói a um tipo de força superior à dele, e gera no leitor a curiosidade sobre como o Espírito da Machadinha conseguirá escapar da prisão física e mental em que se encontra. O problema é que o roteiro pega essa ideia e simplesmente joga-a para o automático, trabalhando alucinações específicas do protagonista (desculpa para elencar cameos de vilões enfrentados por Zagor no passado) e… é só isso mesmo.

Pelo menos se o trabalho com a magia no tempo presente fosse desenvolvido de forma mais ágil — note que a luta só acontece no final e nem a arte de Gallieno Ferri consegue torná-la verdadeiramente empolgante — esse automático do miolo do volume teria um estranho mas aceitável charme, mas não é isso que acontece. Magia Indígena tinha absolutamente tudo para ser uma aventura icônica de Zagor, mas seu resultado final é um conjunto de referências que não logram ficar pelo menos na linha do aceitável. A primeira história ruim de Zagor que eu li na vida.

Zagor #500: Magia Indígena (Magia Indiana) — Itália, 2007
Roteiro: Moreno Burattini
Arte: Gallieno Ferri
Capa: Gallieno Ferri
116 páginas

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