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Crítica | Zé Carioca: A Saga de Zércules

O Zé Carioca em sua faceta quase divina.

por Luiz Santiago
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Publicadas entre as edições 2061 e 2063 da Revista Zé Carioca, as histórias da subsérie Zércules foram uma iniciativa divertida de algum roteirista (não consegui nenhuma indicação de quem escreveu essas histórias) e do desenhista Aluir Amancio (ao lado de três diferentes arte-finalistas) para trazer um pouquinho de mitologia grega ao Universo do malandro Zé Carioca, que nessa realidade é uma paródia de Hércules, filho de Zeus e da mortal Alcmena. Nessas aventuras, acompanhamos o chefe do O-Limpo (Zéus) e sua esposa (Já-Hera), madrasta de Zércules, discutindo constantemente sobre o jovem papagaio que só quer ficar em casa comendo frutas e sendo abanado por servas. Pelo que entendi — e pelo que nos diz, literalmente, a capa da edição #2061 da Zé Carioca (veja na colagem abaixo) — a ideia era mostrar o personagem realizando 12 trabalhos na Terra, com o propósito de mostrar o seu valor. Infelizmente, a subsérie durou apenas três edições, com um total de 6 trabalhos realizados.

A trama geral aqui é bem amarrada, mas o final é corrido e reticente, trazendo um encerramento precoce para algo que deveria ter durado mais. No decorrer das edições, o leitor acompanha três arcos, e em todos eles Zércules precisa mostrar para a madrasta que tem valor, que pode habitar o O-Limpo. Na primeira aventura, Os 12 Trabalhos de Zércules, vemos o herói enfrentar o Touro de Creta (as piadas com os “cretinos” da ilha foram bem utilizadas e o autor não exagerou nelas, de modo que todas são genuinamente hilárias) e o Javali de Erimanto, tarefa que termina com o feitiço virando contra a feiticeira, pois Zércules leva o bicho até o O-Limpo e, por conta da fala de Já-Hera sobre feijoada, o javali corre atrás da deusa.

A primeira página do segundo arco, A Hidra de Lerna e As Aves do Lago Estinfale mostra uma cena tipicamente mitológica, com faunos, um centauro e até um Saci e uns anjinhos, que provavelmente estavam fazendo uma visita aos amiguinhos do O-Limpo. Assim como na edição anterior, temos dois eventos acontecendo aqui. O primeiro, da Hidra de Lerna, é o mais interessante e com uma resolução inesperada, amigável, lembrando um pouco a resolução do caso do javali. Já a trama das Aves do Lago Estinfale é apenas boa, sem muitos atrativos. O final tem a já recorrente provocação de Zércules para a madrasta, que fica uma fera quando descobre que serviu de espantalho para que os bichos abandonassem o lago e deixassem o herói pescar em paz.

Para nossa tristeza, a saga termina em seu sexto trabalho, com os dois últimos expostos no arco Cérbero e O Cinto de Hipólita. Ambas as situações possuem uma cadência narrativa muito mais próxima das histórias do Zé Carioca do que de Zércules, cheias de cenas ágeis de fuga e com um encaminhamento inesperado por parte do personagem — o fato de ele voltar para salvar Hipólita, por exemplo –, mas que acaba seguindo para um final típico do malandro, fugindo do casamento com a rainha das Amazonas. Como citei antes, acho esse encerramento reticente e corrido, mas ainda assim, não é um final ruim, longe disso. Ele condiz com a personalidade de Zércules, que sempre está fugindo das responsabilidades, e mostra um pouco mais de Zéus, seguindo o filho num momento de descanso fora dos papos sérios propostos pelas mulheres. Seria bom que a saga tivesse continuado, mas não sendo possível, essas três aventuras do Zé mitológico fizeram o seu papel de nos dar um gostinho da faceta mitológica do personagem.

Brasil, outubro de 1996 (1ª história) / novembro de 1996 (2ª e 3ª histórias)
Código da História: B 960093 (1ª história), B 960102 (2ª história) e B 960105 (3ª história)
Publicação original: Zé Carioca 2061 (1ª), Zé Carioca 2062 (2ª) e Zé Carioca 2063 (3ª)
Editora original: Abril
Roteiro: ?
Arte: Aluir Amancio
Arte-final: Antônio de Lima (1ª), ? (2ª) e Jaime Podavin (3ª)
Capa original: Aluir Amancio
13 páginas (cada história)

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