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Crítica | Zé Carioca: Histórias de Carnaval – Parte 2

As muitas faces da folia para a turma do Zé Carioca!

por Luiz Santiago
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Neste compilado de histórias, trago uma porção de aventuras protagonizadas pelo nosso brasileiríssimo Zé Carioca, todas se passando durante as festividades de Carnaval ou em eventos que simulam o Carnaval. Todas as histórias desse compilado fazem parte dos quadrinhos Disney do Brasil, e seu período de publicação vai de 1983 a 2000. E aí, foliões, já leram alguma dessas aventuras do malandro papagaio da Disney? Preferem as aventuras de Carnaval mais antigas ou as mais recentes? Deixe os seus comentários ao final da postagem!

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Vila Xurupita na Avenida

Depois de ser a vencedora do Carnaval de 1982, a Unidos de Vila Xurupita conseguiu a honra de desfilar na na “Marquês de Sapecaí”, missão que coloca todo o grupo de preparação em polvorosa. Afinal, esta é uma oportunidade única, e, com isso em mente, o que eles deveriam apresentar para um público tão grande? Qual tema seria o mais adequado para o Carnaval de 1983? A gente sabe que esse debate acontece todos os anos nos bastidores das escolas de samba, porque existe um número muito grande de gente envolvida na preparação de um desfile, assim como um objetivo a ser atingido através de uma mensagem. Artesãos, músicos, técnicos e todo tipo de profissional correlato faz parte da grande equipe que torna possível a organização de um evento desses, e o roteiro de Ivan Saidenberg consegue representar tudo isso muito bem na presente história.

Após um período de ego do Zé Carioca e uma grande discussão sobre o tema, fica acertado que a escola falará da história da Vila Xurupita — algo perfeitamente compreensível e uma excelente escolha de tema, aliás. O Zé Carioca é um grande destaque do local e irá aparecer no tema, mas será representado de uma forma que ele não necessariamente gosta, mas que relata a mais pura verdade. Vila Xurupita na Avenida mostra a preparação e a execução de um grande evento em equipe. As alfinetadas na preguiça do Zé e a reação dele ao ser contrariado fazem parte do show. Uma aventura simples, com um tema gostoso que vai dos bastidores à exibição de uma grande produção carnavalesca.

Zé Carioca: Vila Xurupita na Avenida  — Brasil, fevereiro de 1983 (criada em abril de 1982)
Código da História: B 820127
Publicação original: Edição Extra 139 (posteriormente republicada em: Edição Extra 178 e Superalmanaque Disney 27)
Editora original: Editora Abril
Roteiro: Ivan Saidenberg
Arte: Euclides K. Miyaura (?), Roberto O. Fukue
Capa original: ?
9 páginas

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Mamãe, eu Quero!

Iniciando a década de 1990, temos essa história de Gérson Luiz Borlotti Teixeira com a ótima e expressiva arte de Fernando Bonini (muito bem finalizada por Acácio Ramos) relatando mais uma aventura de penetra do Zé Carioca e do Nestor, que seguem sem dinheiro e reclamando por isso. A trama é aberta com a dupla participando de um bloquinho de rua, mas o Zé já está pensando no desfile oficial daquela noite e, meio que por acaso, ouve falar no cardápio de um clube do bairro, informação que imediatamente o atrai para o local. A base de “penetra em folia” aqui me lembrou um pouco a clássica O Rei do Carnaval, só que sem a perseguição a uma bela garota. A dinâmica, porém, é facilmente reconhecível em diversas histórias do papagaio malandro: ele concebe os mais malucos plenos para conseguir o que deseja.

A cereja do bolo dessa aventura, porém, é o fato de que antes do baile noturno haverá a matinê. E a partir do momento em que as crianças entram em cena, o leitor não consegue tirar o sorriso do rosto. É uma sensação de cumplicidade com as traquinagens dessas crianças, somadas a um fator de fofura que realmente não dá para resistir. E o melhor é que a perseguição ao Zé e ao Nestor acontece no meio da festa dos meninos bagunceiros (com vários bloquinhos temáticos no meio deles), então o caos é multiplicado, assim como a diversão durante a leitura. Ao fim, a dupla de amigos percebem que se meteram onde não deveriam, já que as crianças estão disputando violentamente pelos “pássaros de mentira” expostos na decoração do salão. Coitados!

Zé Carioca: Mamãe, eu Quero!  — Brasil, fevereiro de 1990
Código da História: B 890131
Publicação original: Zé Carioca 1874 (posteriormente republicada em: Zé Carioca 2251)
Editora original: Editora Abril
Roteiro: Gérson Luiz Borlotti Teixeira
Arte: Fernando Bonini
Arte-final: Acácio Ramos
Capa original: Euclides K. Miyaura
8 páginas

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Magia do Carnaval

Esta é a história daqueles que fazem a magia do Carnaval…“. É assim que começa essa metalinguística aventura de 1991, cujo autor (infelizmente não temos acesso a quem foi roteirista dela) faz ao mesmo tempo uma jornada de preparação de um desfile na realidade do Zé Carioca e, didaticamente, explica para o leitor como funcionam as etapas de criação de um desfile em nossa realidade. As organizações carnavalescas, a escolha do tema de um samba-enredo, as brigas artísticas envolvendo todas as etapas do processo criativo, o pessoal de figurinos/fantasias, o pessoal de criação dos adereços, carros e afins… toda a mão de obra que o Carnaval envolve aparece de modo divertido aqui, com o Zé e o Nestor tentando financiar a sua escola de samba (sempre o problema com dinheiro, não é mesmo?), que inicialmente traz um tema bastante provocativo:

O Zé pede passagem

para mostrar sua preguiça

e seu persente de vadiagem

defendendo a letargia

Assim como o roteirista de Mamãe, eu Quero!, a aventura de Carnaval do ano anterior, o autor da presente história procurou trabalhar com algo além do óbvio, no meio do enredo. Aqui, isso foi uma verdadeira piscadela para o leitor, e o escalado para representar essa “presença diferentona” foi justamente um leitor de quadrinhos (bem… no formato de jornal, portando subtende-se que são tirinhas) que não gosta de Carnaval, porque mora ao lado de uma quadra de ensaios. Vejam, eu morei por cinco anos numa rua bem perto da Imperador do Ipiranga, em São Paulo, e devo dizer que não é fácil. Chega um momento do ano em que você só dorme com protetor de ouvido, porque mesmo depois do ensaio, o povo fica conversando e com batuques esporádicos em tudo quanto é superfície. Mas a gente acaba se habituando, de certa forma. Mesmo assim, meu amor pelo Carnaval não diminuiu nessa época não. E como o leitor dessa história, no fim de tudo, lá estava eu no meio do bloquinho farreando, como deveria ser!

Zé Carioca: Magia do Carnaval  — Brasil, fevereiro de 1991
Código da História: B 900104
Publicação original: Zé Carioca 1900
Editora original: Editora Abril
Roteiro: ?
Arte: Eli Marcos M. Leon
Arte-final: José Wilson Magalhães
Capa original: Euclides K. Miyaura
8 páginas

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Prometeu, Dançô

Nem sempre os planos arriscados e mirabolantes do Zé Carioca dão certo, não é verdade? Em Prometeu, Dançô, temos uma história onde essa situação de “tiro saindo pela culatra” acontece. O personagem está mais uma vez imaginando como fará para conseguir dinheiro e aproveitar mais uma festa de Carnaval. É interrompido de seus pensamentos por Nestor e Pedrão, e na conversa entre os amigos surge uma ideia que acenderá a lampadinha da malandragem na cabeça do Zé. O Pedrão diz, em tom de brincadeira, que “poderiam trazer o sambódromo para a Vila Xurupita” e, no fim das contas, é exatamente esse empreendimento que o Zé irá chefiar, só que de uma forma bastante desonesta, comprando material de má qualidade e mais barato para poder ficar com o restante do dinheiro e curtir o Carnaval em outro lugar.

Eu não sei vocês, mas essas histórias que mostram o papagaio enganando os próprios amigos me incomodam um pouco. Não o engano do tipo que tivemos em O Baile de Carnaval, quando o Pedrão arranjou um trabalho de segurança em um clube e o Zé tentou furar a entrada sem convite. Falo do engano de verdade, quando o Zé tem planos completamente diferentes do que demonstra, não compartilha com os amigos e ainda os engana. Para mim, esse tipo de atitude do personagem combina apenas para personagens fora de seu ciclo social. Mas quando envolve o Nestor e o Pedrão, confesso, não gosto. O bom é que nessa história a intenção é frustrada e ele precisa cumprir a promessa de dançar no sambódromo improvisado, mesmo depois da tragédia anunciada de que a arquibancada poderia desabar com a chuva. Ao menos aqui, a punição veio com gosto!

Zé Carioca: Prometeu, Dançô  — Brasil, fevereiro de 1992
Código da História: B 910164
Publicação original: Zé Carioca 1931 (posteriormente republicada em Zé Carioca 2095)
Editora original: Editora Abril
Roteiro: ?
Arte: Fernando Bonini
Arte-final: Átila de Carvalho
Capa original: Aparecido Norberto
9 páginas

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Os Desmamados da Folia

A maneira como Carlos Edgard Herrero usa o espaço, em seus desenhos, e também como organiza os movimentos dos personagens, me agrada demais! Em aventuras onde todo mundo está realmente se movimentando o tempo todo (e não digo apenas no movimento comum de qualquer personagem em histórias em quadrinhos. Falo de movimentos intensos e ritmados mesmo, como os que vemos em bailes de Carnaval, por exemplo), uma arte assim faz toda a diferença. Em Os Desmamados da Folia, o artista ainda consegue brincar com estilos diferentes de exposição de festas carnavalescas para diferentes classes e a maneira como cada uma se comporta. Temos em cena, portanto, o baile de rua ligado ao núcleo do Zé Carioca — do qual Rosinha participa — e o baile cheio de frufru da burguesia, na mansão de Rocha Vaz, pai de Rosinha). Ironicamente, desta vez, quem vai salvar os grã-finos é alguém de quem eles não gostam nem um pouco.

O fato de o Zé ter conseguido patrocínio de uma empresa de fraldas para o desfile já é algo que nos faz dar risada logo de cara. Todo mundo vestido de bebezão, utilizando fraldas na avenida e seguindo com o samba no pé deixa tudo inocentemente melhor, não dá para explicar direito. E não é que isso não tenha par na realidade, afinal, esta é uma fantasia clássica nos carnavais de rua, mas não deixa de ser engraçado quando nos deparamos com um bloco inteiro assim. A quebra de expectativas no enredo, a entrada de Rocha Vaz na folia — usando fraldas e tudo — e a maneira como os ricaços se impressionam e são contagiados pelo samba fecha a história com chave de ouro!

Zé Carioca: Os Desmamados da Folia  — Brasil, fevereiro de 1992
Código da História: B 900107
Publicação original: Zé Carioca 1931 (posteriormente republicada em Zé Carioca 2095)
Editora original: Editora Abril
Roteiro: ?
Arte: Carlos Edgard Herrero
Arte-final: ?
Capa original: Aparecido Norberto
8 páginas

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Um Carnavalesco Genial

Imaginem só juntar coisas tão legais como Carnaval, viagem no tempo e Leonardo Da Vinci em uma única aventura! Pois foi justamente isso o que o roteirista desta trama do Zé Carioca fez, em uma das narrativas de Carnaval do personagem mais criativas que eu já tive a oportunidade de ler. Na estrutura geral, a história é simples. Pedrão está cantarolando o que seria o samba-enredo da Unidos de Xurupita, mas o Zé aponta que o mesmo tema já tinha sido usado no Carnaval de 1991! Ao dizer que só um milagre salvaria a escola deles do desastre da classificação, algo incrível aparece em pleno ar: uma nave trazendo Leonardo Da Vinci! O inventor pergunta em que ano está (a história foi publicada em 1997, mas se passa em 2006) e resolve passar um tempo na cidade, aproveitando as novidades do século XXI.

Assim que Leonardo chegou, eu já imaginei que o Zé chamaria o gênio para participar do Carnaval. Eu adorei o fato de o enredo com essa personalidade histórica costurar-se muito bem à comédia carnavalesca nos moldes dos quadrinhos Disney. Tramas assim, mesmo as mais curtinhas, tendem a se perder com preocupações sérias demais, em vez de se entregarem totalmente à brincadeira. O autor aqui opta pela segunda opção, e faz com que Leonardo pareça uma criança em shopping (observação feita pelo Zé, inclusive), encantado com tudo o que vê. Assim como os personagens, fiquei furioso com o resultado da apuração das notas para a escola de Xurupita. Depois de tanto sacrifício e de ter um gênio como Leonardo envolvido, o mínimo que a gente esperava era uma vitória de lavada. Ah, esses jurados…

Zé Carioca: Um Carnavalesco Genial  — Brasil, janeiro de 1997
Código da História: B 950220
Publicação original: Zé Carioca 2068 (posteriormente republicada em Zé Carioca 2296 e Disney Especial – 2ª Série – #196)
Editora original: Editora Abril
Roteiro: Ivan Saidenberg (?)
Arte: Luiz Podavin
Capa original: Aluir Amancio
9 páginas

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Carnaval Disney

Quando eu comecei a ler essa história, já sabia que se tratava de uma daquelas aventuras do tipo “escolha o seu destino“. Depois de passar os anos 90 inteirinhos me esbaldando com esse tipo de publicação, confesso que não tenho mais tanta paciência para obras assim. Não que eu não as odeie, veja bem. Poucos anos atrás (quatro anos, contando do momento em que escrevo a presente crítica, fevereiro de 2022) fiz questão de escrever sobre Black Mirror: Bandersnatch, que também tem esse tipo de abordagem. O que me falta, porém, é paciência para a finalização dessas escolhas, porque minha ansiedade me obriga a querer saber tudo e aí o valor, a qualidade do que é entregue e a minha relação com o primeiro destino que eu escolhi simplesmente… se anula! Trata-se, portanto, de algo puramente pessoal. O que não me impediu de curtir a maior parte do que Arthur Faria Jr. apresenta aqui neste Carnaval Disney.

Enquanto organiza o bloco da Rosinha, os amigos do Zé Carioca (que está dormindo na rede, deixando o planejamento para depois) chegam à conclusão de que este ano  Carnaval não será dos melhores, pois ainda falta muita coisa para se organizar. O Zé é trazido, acordado, e sai em fuga quando o pessoal se dá conta de que ele não fez sua parte. Eis que aparece um indivíduo dizendo que é do Walt Disney World e que quer contratar o bloco da Rosinha para se apresentar nos States. Com base nessa premissa é que as escolhas são apresentadas para o leitor, e elas se dão em três diferentes estágios. Esse momento de desenvolvimento da trama é até bacana, mas eu não gostei de nenhum dos finais escolhidos depois da primeira história, porque tudo parece igual. Aluir Amancio certamente ficou com preguiça de desenhar coisas diferentes para a composição de tantos quadros de encerramento, de modo que o leitor enjoa ao ver basicamente a mesma coisa se repetindo em cada “escolha de um novo destino”. Taí o motivo pelo qual não tenho mais paciência para esse tipo de história. Raramente a multiplicidade de finais compensam o formato. E todo mundo sabe o que um mau final pode fazer a uma história.

Zé Carioca: Carnaval Disney  — Brasil, janeiro de 1997 (criada em março de 1996)
Código da História: B 960238
Publicação original: Zé Carioca 2068 
Editora original: Editora Abril
Roteiro: Arthur Faria Jr.
Arte: Aluir Amancio
Arte-final: Jaime Podavin
Capa original: Aluir Amancio
16 páginas

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Mas é Carnaval

Zé na TV foi um arco de histórias publicados na revista do Zé Carioca entre 1996 e 1997, quando o Zé e sua turma passa a trabalhar temporariamente na nova rede de Rocha Vaz. Eu adoro essas histórias, porque traz à reflexão um ponto interessante em relação à comunicação das massas, nesse caso, um espaço midiático cedido para pessoas da periferia terem voz, produzirem algo. O programa Fala Zé recebe, nessa edição, o convidado Oscar Navalesko (hehehe), que fala tudo como se estivesse cantando marchinhas de Carnaval. Como sempre nas histórias desse arco, há uma mistura de absurdo, de metalinguagem televisiva, de informação e de ação. Nesse caso, a ação é basicamente uma briga que vai ganhando maiores proporções à medida que Oscar se mostra um convidado sem noção e começa a dar definições nada elogiosas ao pessoal dos bastidores.

O estilo que Aluir Amancio e Jaime Podavin utilizam na arte não deixam dúvidas quanto a linguagem e o espaço da pequena tela, representada no quadro, é bem utilizado, assim como o estilo de “barracos de família” que acaba tomando conta do programa. Por intensas que sejam as brigas, a gente não consegue evitar o riso porque Oscar não se controla ao falar tanta bobagem e cada vez mais enraivece as pessoas à sua volta. Mas o mais impressionante nessas histórias do Zé Carioca é como a polícia é rápida para chegar no lugar e resolver a ocorrência. Ah, se isso fosse verdade!

Zé Carioca: Mas é Carnaval  — Brasil, janeiro de 1997
Código da História: B 960217
Publicação original: Zé Carioca 2068 
Editora original: Editora Abril
Roteiro: ?
Arte: Aluir Amancio
Arte-final: Jaime Podavin
Capa original: Aluir Amancio
4 páginas

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É Carnaval

Ah, os reloginhos biológicos! Be, nesse caso, “ah, os reloginhos carnavalescos!“. A realidade do Zé Carioca nessa história é bem como eu imagino o personagem: passa o ano todo como se estivesse dormindo, sonhando ou algo parecido, e quando chega na época do Carnaval, simplesmente acorda e quer fazer milhões de coisas ao mesmo tempo. Nesse caso, o Zé supostamente tem ideias e fala para as outras pessoas executarem. Mas aqui há uma briga muito boa dele com o Zé Galo, que propõe um tema par ao samba-enredo (a pororoca) e todo mundo gosta do tema. Enciumado, Zé diz que se assumirem o tema do Galo, ele sairá da escola. Então é proposto que ele também dê uma ideia e o grupo votará qual é a melhor.

Esse é o tipo de enfrentamento que eu mais gosto de ver no personagem. Ele é sagaz o bastante para usar as armas do inimigo a seu favor, e consegue um bom resultado quando pensa a longo prazo. O fato de ter enganado o Zé Galo (que merecia o “golpe” que levou, primeiro por ter quebrado a escola original de Vila Xurupita, depois por tentar espionar os concorrentes) com coisas que puderam ser utilizadas organicamente na história faz com que a o roteiro esteja o tempo inteiro focado no Carnaval e não vire apenas uma sequencia situacional de porradaria, no melhor estilo pastelão. Claro que há momentos para esse tipo de comédia, mas para um roteiro como esses, é muito bom quando o conflito tem tudo a ver com o momento em que a narrativa se passa e acaba ocorrendo no mesmo “palco de operações” do grande tema. Imaginem a vergonha do Zé Galo!

Zé Carioca: É Carnaval  — Brasil, fevereiro de 1999
Código da História: B 970234
Publicação original: Zé Carioca 2121 (posteriormente republicada em: Zé Carioca 2417 e Disney Apresenta 18)
Editora original: Editora Abril
Roteiro: ?
Arte: Eli Marcos M. Leon
Capa original: Eli Marcos M. Leon
11 páginas

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Afonsinho, O Carnavalesco!

Afonsinho recebe uma ótima atenção aqui no roteiro de Gérson Luiz Borlotti Teixeira, podendo mostrar um grande talento: sua habilidade para fazer esculturas. Considerando o tema da história, ou seja, que se passa durante o período de Carnaval, não era difícil imaginar que o Zé Carioca ficaria impressionado com o dom do amigo e iria usá-lo para incrementar o desfile da Vila, além, é claro, de ganhar um bom dinheiro com as peças esculpidas. Eu confesso que foi uma história que me deixou feliz durante todo o tempo, mesmo depois de a gente descobrir o material frágil com que Afonsinho esculpiu o carro alegórico. Não é sempre que esses personagens têm a oportunidade de verdadeiramente criar algo e essa criação ser o tema central do roteiro, então foi legal ver esse tratamento aqui.

Na época em que essa história foi publicada (março de 2000) a Globo exibia Terra Nostra, uma de suas novelas de maior audiência, e dois dos personagens centrais da novela eram Matteo (interpretado por Thiago Lacerda) e Giuliana (interpretada por Ana Paula Arósio). Aqui, o roteirista faz referência a esses personagens, chamando-os de Bateu e Julinana. É bem legal quando os autores brincam com referências que os leitores da época (ou quem viveu o período e lê as histórias depois) podem entender. O ruim é para quem não faz ideia do que se trata. Quando lemos uma história com esse tipo de referência, a gente percebe o que está sendo citado, notamos que existe uma piscadela ali, mas se não sabemos a fonte daquela representação, a graça se perde. A cara de susto de Bateu e Julinana quando as esculturas de sabão de Afonsinho começam a derreter na chuva é impagável! E no final, parece que o genial escultor não aprendeu a lição que deveria aprender. Distração de artista, será?

Zé Carioca: Afonsinho, O Carnavalesco!  — Brasil, março de 2000
Código da História: B 990086
Publicação original: Zé Carioca 2149 (posteriormente republicada em: Disney Big 19)
Editora original: Editora Abril
Roteiro: Gérson Luiz Borlotti Teixeira
Arte: Dave Santana
Arte-final: José Wilson Magalhães
Capa original: Euclides K. Miyaura
9 páginas

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