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Críticas | As Passageiras (2021)

Vampiros, romance adolescente e luz neon.

por Felipe Oliveira
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É um feito chamativo e interessante quando um nome se destaca através de título cinematográfico. O que inicialmente se mostra bom, pode também atrair, como consequência, uma expectativa pelo que foi criado. Se com James Wan, o responsável por colocá-lo no centro dos holofotes como o mestre do terror tenha sido Jogos Mortais, sendo este o seu segundo longa-metragem atuando na direção, com Adam Randall, foi À Espreita do Mal, marcando seu terceiro filme como diretor. Apesar de compor outros dois projetos de recepção mediana no seu currículo, I See You (no original) trouxe Randall para a lista de cineastas promissores, ainda mais para o terror, por sua execução sagaz de uma trama densa e cativante. 

Agora chegamos no seu quarto filme, e segundo em parceria com a Netflix, depois de iBoy. Escrito pelo estreante Brent Dillon, As Passageiras carregava expectativas por sua trama sobre vampiros, que contaria com direção de Randall logo após seu mais elogiado título, lançado há dois anos, em 2019. Sendo Bram Broker e seu Drácula os precursores popular para a base do subgênero dos sanguessugas, a mitologia vampiresca se tornou uma rica fonte de entretenimento que se estende em livros, jogos, animes, séries e filmes – e até novela -, compondo abordagens intrínsecas e criativas acerca das criaturas imortais e com sede sangue. No caso de Night Teeth (título original), a dúvida que emerge é: o que ele tem a acrescentar? Ou, o que seu enredo tem a dizer?

Não é como se fosse a pior história de vampiros apresentada em um filme, mas pode ser uma das mais ocas ao trazer a típica guerra humana contra bebedores de sangue, e o que o roteiro de Dillon transmite, é muita ostentação que não chega a lugar algum. A trama que se desenrola ao longo de duas noites, apresenta Benny (Jorge Lendeborg Jr.), que a fim de ganhar uma grana extra, atua como motorista por uma noite para duas passageiras excêntricas, com uma lista de paradas determinadas, até ele se dar conta de elas são o que parecem e que ele está no meio de algo que desconhecia.

Terror? Só que não. A proposta muito atraente dava o indício de explorar essa dinâmica de um motorista com duas vampiras como passageiras de uma maneira mais independente, mas o que Night Teeth destaca em seu escopo, é que um bairro em Los Angeles mantinha uma trégua de décadas entre humanos e vampiros, mas que estaria sendo quebrada quando um sádico vampiro decide romper esta linha a fim de conquistar a liderança sobre os dois lados, mas para isso, precisaria derrubar aquele que se apresenta como o equilíbrio desta trégua, o humano Ray (Raúl Castillo), e até membros da própria comunidade. A questão é que todo esse movimento parece ter sido pensado pela metade nas linhas do roteiro, porque, quanto mais a trama “avança”, mas a falta de propósito e empolgação ficam evidentes na execução.

Qual a ideia das paradas para a dupla de vampiras? Uma festa aqui e ali, autoridades corruptas que protegem seus rastros de sangue, um pingente que identifica quem compõe a cúpula vampiresca pela cidade. Adagas e balas especiais para atingir os sanguessugas. Todos esses elementos são percebidos, mas que não são capazes o suficientes de abranger esta mitologia insossa que se apoia em vários recortes genéricos de romance, enquanto usa como plano de fundo uma trama de vampiros que se debruça sobre um thriller de ação familiar com lacunas incompletas e tecnicamente muito empenhado em valorizar sua estética, dando um belo show com a fotografia de Eben Bolter.

O “melhor” artifício de As Passageiras, se encontra em seu protagonista, fio condutor desta narrativa emendada de muitas outras. O seu arco é também genérico, mas é o que sobressai, ao construir, claro, o ápice coming of age nesta trama noturna perigosa que ele não esperava embarcar e ter como escape dos problemas pessoais, a paixão e atração por uma vampira. Com muito uso de câmera lenta e luzes néon, a produção vai explorando esse ponto de virada para seu protagonista, que, em sua incongruência, assim, na mesma noite, se vê dividido em que lado realmente está lutando nessa “guerra”. 

Não é o pior filme de vampiro feito, mas no fim da guerra, se tem mais néon do que sangue, e quem perde, é o entretenimento.

As Passageiras (Night Teeth – EUA, 2021)
Direção: Adam Randall
Roteiro: Brent Dillon
Elenco: Jorge Lendeborg Jr, Debb Ryan, Lucy Fry, Raúl Castillo, Alfie Allen, Sydney Sweeney, Megan Fox, Alexander Ludwig
Duração: 107 minutos

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