Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Chase (Arco #16)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Chase (Arco #16)

por Luiz Santiago
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estrelas 4

Equipe: 1º Doutor, Ian, Barbara e Vicki
Espaço-tempo: Planeta Aridius – 2170 (?) / Nova York, 1966 / veleiro Mary Celeste, 25 de novembro de 1872 / Gana, 1996 / Planeta Mechanus – 3565 (?) / Londres, 1965

Escrito por Terry Nation, o arco The Chase, penúltimo bloco de histórias da 2ª temporada clássica de Doctor Who, traz uma instigante e dinâmica jornada por diferentes lugares da Terra e do Universo. O ritmo da história lembra bastante o enredo multigeográfico apresentado por Nation em The Keys of Marinus, mas agora a vantagem de ter uma sequência de eventos melhor desenvolvida, embora não perfeita e ainda pontuada por alguns incômodos buracos no roteiro.

The Chase é um arco importante para o 1º Doutor. Nessa história, Ian e Barbara, os antigos professores de Susan, deixam a TARDIS e voltam para a Terra à bordo de uma máquina do tempo dos Daleks, após tê-los derrotado nessa aventura. A despedida da dupla não é filmada. O Doutor e Vicki entram na nave dos Daleks e saem depois. Presumimos que a despedida aconteceu lá dentro, e a julgar pela tristeza do Doutor, não foi algo fácil.

Uma coisa interessante sobre a relação entre o Time Lord e os seus primeiros companions é um senso de cumplicidade muito grande. Não apenas por ter passado muito tempo ao lado deles, mas no caso de Ian e Barbara, talvez por serem a última relação do Doutor com sua neta Susan, que também deixou a TARDIS nessa temporada, no arco The Dalek Invasion of Earth. Uma outra curiosidade é o inimigo principal das aventuras que marcaram as partidas dos primeiros companions. Susan, como já foi dito, partiu após uma luta contra os Daleks. Ian e Barbara também. Acredito que o ódio do Doutor para com esses saleiros gigantes e assassinos tem muito a ver com o sofrimento que o fizeram passar ao longo dos anos.

 Uma instigante jornada

Os dois primeiros episódios do arco mostram uma série de coisas muito interessantes e marcam o que seria a longa sequência de eventos nos quatro capítulos seguintes. Num primeiro momento, temos uma narrativa paralela que ocorre na TARDIS e na máquina do tempo dos Daleks. O Doutor e seus companions observam uma das interessantes funções de uma máquina que levaram do Planeta Xeros, e vemos três situações diferentes serem reproduzidas na “televisão do tempo”: o Presidente Lincoln discursando; os Beatles tocando Ticket to Ride (e descobrimos que essa é a música deles que o Doutor mais gosta), e por fim, a Rainha Elisabeth I, o filósofo Francis Bacon e o poeta e dramaturgo William Shakespeare.

Do lado dos vilões, temos a primeira ordem de perseguição dada pelo Supremo Dalek: eles precisavam encontrar e matar o Doutor.

É a primeira vez na série que temos uma exposição realmente genial dos Daleks e também percebemos alguns bordões serem usados com mais frequência, como o “I obey”, por exemplo, ou o clássico “Exterminate!”. A caça é realmente épica. Primeiro, no Planeta Aridius, onde o Doutor e seu pessoal tem contato com os aridianos e são ameaçados pelas Mire Beasts, os monstros que praticamente extinguiram os oceanos do Planeta. Até o final dessa primeira parte da caçada a sequência de eventos era realmente boa, mas o modo como eles entram na TARDIS, fugindo dos raios dos Daleks, é um tenebroso Deus ex machina.

O evento seguinte à bordo do bergatim Mery Celeste, é engraçado e trágico ao mesmo tempo. A história do veleiro encontrado à deriva e sem uma única pessoa a bordo é “explicada”, nessa sequência: toda a tripulação se lançou ao mar com medo dos Daleks, achando que eram uma figura dentre as muitas lendas dos marinheiros. Como eu disse, é uma situação engraçada, mas trágica. Já os medonhos acontecimentos na Casa dos Horrores em Gana, em 1996, são os que mais parecem estranhos e de difícil explicação, mas são realmente simples: o Drácula, a Lady Grey e o Frankenstein que aparecem não são humanos, são androides, por isso não morrem com os raios dos Daleks.

Por fim, a parada final: o Planeta Mechanus. Mais uma vez, Terry Nation aborda um rompante genial de suas criações: eles criam um robô com as mesmas características do Doutor, a fim de confundir Ian, Barbara e Vicki e matar o verdadeiro Time Lord. Nem é preciso dizer que é realmente interessante essa “mudança de personalidade” e certamente William Hartnell parece estar se divertindo muito interpretando um lado evil de um pseudo-Doutor.

The Chase é um arco pontuado de surpresas e eventos marcantes. A despedida de Ian e Barbara, a primeira aparição de Steven Taylor (embora o cliffhanger para o que aconteceu com ele, ao final, seja péssimo), a primeira atuação genial dos Daleks e uma épica jornada por diferentes lugares são exemplos de coisas que tornam essa história uma das mais inesquecíveis da Segunda Temporada clássica. É uma pena que o roteiro possua absurdos difíceis de serem ignorados e que o acúmulo desses absurdos realmente interfira na qualidade total da obra, que mesmo assim é muito, muito boa.

Em tempo: aparecem ainda nesse arco duas coisas muito importantes para a futura mitologia da série. A primeira é uma chave de fenda. Ela não é sônica, mas é a primeira vez que o Doutor usa essa ferramenta para consertar alguma coisa. A outra é o vórtice temporal em movimento, pelo qual a TARDIS viaja.

The Chase (Arco #16) – 2ª Temporada

Roteiro: Terry Nation
Direção: Richard Martin
Elenco principal: William Hartnell, Jacqueline Hill, Maureen O’Brien, William Russell, Hywel Bennett, Peter Purves

Audiência média: 9,42 milhões.

6 Episódios (exibidos entre 22 de maio e 26 de junho de 1965):
1. – The Executioners
2. – The Death of Time
3. – Flight through Eternity
4. – Journey into Terror
5. – The Death of Doctor Who
6. – The Planet of Decision

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