Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Smugglers (Arco #28)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Smugglers (Arco #28)

por Luiz Santiago
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estrelas 3,5

Equipe: 1º Doutor, Ben, Polly
Espaço-tempo: Cornualha, Inglaterra, c.1696

Ben e Polly assumem pela primeira vez o posto de companions do Doutor, nesse penúltimo arco com William Hartnell vivendo o Time Lord. A TARDIS se materializa em Cornwell (Cornualha), no século XVII, e os vilões da vez são piratas, com destaque para o temido Samuel Pike.

The Smugglers inicia a 4ª temporada da série clássica, trazendo filmagens em locação, algo que para os espectadores dos arcos do 1º Doutor é uma benção, já que no início da série tínhamos uma clara preferência por filmagens em estúdio. Assim, um pouco de “liberdade” nas filmagens, como a que temos aqui, ajuda-nos a ter uma diferente visão da aventura – um processo ao qual fomos nos acostumando compassadamente a partir de O Reino do Terror.

Em diversos aspectos, podemos comparar o comportamento de Ben com o de Steven, do ceticismo ao fato de questionar o Doutor, mas, no final das contas, acabar concordando com ele. O que nos causa uma impressão diferente, na verdade, é a idade de Ben, que faz com que seus questionamentos não sejam tão levados a sério – o que não é ruim, pois evita que ele seja taxado como “chato” já no início de sua jornada na TARDIS. Além disso, o fato dele ser um marinheiro e ter um sotaque, gírias e apelidos bem bacanas (como o clássico “Duquesa”, dado a Polly) tornam ele um jovem cético e um pouco sombrio, quase como uma extensão mais solta daquele rapaz mal humorado que Polly e Dodo encontraram no pub Inferno, em Londres, no arco anterior.

O conturbado relacionamento entre Ben e Polly é rapidamente transformado em afeição. Se no primeiro encontro entre eles Ben talvez achou que estivesse sendo paquerado e quis se fazer de difícil – terminando por deixar-se levar para a diversão e passar a provocar Polly -, a partir do momento em que se tornam passageiros da TARDIS, os dois jovens se unem para tentar entender o que está acontecendo. Ben é sempre o mais difícil para aceitar a questão da viagem do tempo, enquanto Polly tem fé no Doutor e assume qualquer coisa extraordinária como possível. A dualidade parece abrir espaço para conflitos ferrenhos, mas, nesse arco, que serviu para a apresentação dos novos companions, funcionou muito bem.

Infelizmente trata-se de uma reconstituição. E nesse caso é realmente um grande “infelizmente”. As fotografias estáticas não nos permitem apreciar por completo a beleza do local e a grandiosidade da produção/locação do arco, que ainda contava com a equipe da temporada passada em praticamente todo o setor técnico. Nos poucos segundos em que aparecem cenas filmadas, especialmente nas tomadas externas, percebemos uma forte dose de realismo nas locações, algo que só podemos imaginar como igual para todo o restante da saga, o que engrossa ainda mais a curiosidade e o lamento.

Talvez pela primeira vez tivemos uma grande quantidade de bebida alcoólica sendo consumida em um episódio de Doctor Who, como também grande uso de violência não velada. Na maior parte das vezes anteriores as mortes eram poucas, em elipse, ou apenas postas nas entrelinhas do roteiro ou citadas, nunca realmente trabalhadas na tela. Aqui, temos diversas mortes violentas, fator que traz um diferencial para o arco.

The Smugglers não apresenta inimigos alienígenas mas traz inimigos tão malignos e ameaçadores quanto. O Homem, por sua ganância e, em alguns casos, pelo uso de qualquer tipo de artifício para conseguir o que quer, torna-se um verdadeiro vilão, algo que já havíamos presenciado na série e que voltamos a presenciar aqui. O cliffhanger do arco traz uma curiosa mudança de temperatura dentro da nave e sabemos que a jornada seguinte, The Tenth Planet, traz pela primeira vez na série os Cybermen, em uma base na Antártida. É contra eles que o 1º Doutor lutaria nessa sua aventura final, antes de, enfim, se regenerar pela primeira vez.

The Smugglers (Arco #28) – 4ª Temporada – Season Premiere

Roteiro: Brian Hayles
Direção: Julia Smith
Elenco principal: William Hartnell, Michael Craze, Anneke Wills, Michael Godfrey

Audiência média: 4,47 milhões

4 Episódios (exibidos entre 10 de setembro e 1º de outubro de 1966).

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