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Entenda Melhor | Doctor Who: Antecedentes de um Renascimento

Russell T. Davies e o revival de Doctor Who.

por Rafael Lima
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Quando foi criada em 1963, ninguém imaginava que Doctor Who se tornaria uma série tão importante para a cultura britânica e para a ficção científica como um todo, permanecendo por 26 temporadas no ar. Em 1989 quando Doctor Who foi cancelada, a série estava longe de ter a audiência de antes, mas ainda tinha uma base sólida de fãs. Nos dezesseis anos em que ficou fora da TV, Doctor Who manteve um universo expandido contínuo através de livros, HQs e audiodramas. Foi um período importante para a marca, pois permitiu a diversos escritores dar continuidade à história da série de modo a explorar modelos narrativos diferentes dos vistos no programa de TV. Entre esses artistas estava Russell T. Davies, que escreveu o romance Damaged Goods para o selo Doctor Who New Adventures, da editora Virgin.

Russell T. Davies começou a sua carreira como roteirista e produtor da BBC em 1985, conseguindo algum sucesso ao emplacar algumas minisséries de fantasia infanto-juvenil, segundo ele próprio, fortemente influenciadas por Doctor Who.  Mas os seus maiores sucessos em sua fase pré Doctor Who só viriam após ele sair da emissora em 1994, escrevendo uma porção de minisséries para um público mais adulto. A consagração viria com Queer As Folk, de 1999, um drama sobre a comunidade gay de Manchester que espelhava a própria vida de Davies como homossexual. Embora de curta duração, a série foi um grande sucesso de crítica, levando vários prêmios, e lhe deu poder de barganha para procurar a BBC e propor uma ideia que acalentava há tempos: um revival de Doctor Who.

Davies queria que o revival fosse uma sequência da Série Clássica e não um reboot, como outras propostas oferecidas para a emissora após a fracassada tentativa de restaurar o programa com o telefilme de 1996 que apresentou o 8º Doutor (Paul McGann). Mas ele sabia que precisava apelar tanto para os fãs antigos, quanto conquistar um novo público. Era preciso, portanto, achar um jeito de não ter que lidar com 26 anos de continuidade do show sem alienar os velhos fãs, e aí entra a Guerra do Tempo.

Na série, a Time War foi um conflito entre os Daleks e os Time Lords que só acabou quando o Doutor se viu obrigado a causar um genocídio contra as duas espécies para salvar o universo. A Guerra do Tempo foi usada como dispositivo de enredo para tornar a mitologia da série mais simples e acessível. Não era preciso explicar a complexa mitologia dos Time Lords, pois eles foram extintos. A longa rivalidade do Doutor com os seus arqui-inimigos, os Daleks, seria simplificada pela por este fatídico evento, diminuindo a importância dos conflitos vistos na Série Clássica, e assim por diante.

As atualizações com o tipo de história que podia ser contada em Doctor Who, feitas pelo universo expandido, também foram absorvidos por Davies em sua visão para a nova fase do programa. A série, inclusive, adaptaria diretamente histórias do universo expandido, como o episódio Dalek, que adapta o audiodrama da Big Finish chamado Jubilee, e o arco Human Nature/The Family Of The Blood, que adapta o romance Natureza Humana. Além disso, muitos autores do universo expandido foram convidados para escrever a série, como Mark Gatiss; Gareth Roberts; Paul Cornell; e é claro, Steven Moffat.

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