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Crítica | Final Fantasy VI

por Guilherme Coral
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 estrelas 5

Sendo um gamer, é muito provável que você já tenha, ao mínimo, ouvido falar de Final Fantasy VI. Enquanto o de número sete é o mais famoso, mainstream eu ousaria dizer, é FFVI que detém o amor da maioria dos fãs da série.

O sexto jogo da franquia marcou a substituição de Hironobu Sakaguchi por Yoshinori Kitase e Hiroyuki Itou como diretores do game. Sakaguchi permaneceu como produtor. Vale lembrar que o jogo foi lançado no ocidente para SNES como Final Fantasy III, tendo o nome posteriormente corrigido para a numeração original nas versões para outros consoles.

O game se inicia com uma cinemática que nos conta sobre a Guerra dos Magi que ocorreu mil anos antes dos eventos que presenciamos no jogo. Foi uma guerra entre usuários de magia que chegou perto de destruir o mundo. Com o seu término, a magia deixou de ser utilizada e, com o tempo, esquecida. Até que o Império Gestahliano passou a utilizar Espers para reviver esse poder antigo.

Wedge e Biggs dessa vez são imperiais

Wedge e Biggs dessa vez são imperiais

Não é preciso dizer que esse Império tem certas tendências expansionistas e uma sede insaciável por poder. Ainda mais obvio, é o surgimento de um grupo rebelde para combater Gestahl, intitulados os Returners. No meio dessa trama, está Terra Branford (ou Tina, na versão americana de SNES), uma usuária de mágica que tinha sua mente controlada pelo Império.

Esse controle mental se encerra durante a missão que abre o jogo. Terra é mandada com mais dois soldados, Wedge e Biggs (Star Wars?), para a cidade de Narshe, onde devem encontrar o Esper lá localizado e levarem de volta para o Império. Depois de uma resistência por parte das tropas locais, Wedge e Biggs são mortos pelo Esper que, então, deixa Terra desacordada.

Salva por um morador de Narshe, Terra tem sua tiara de escravo (slave collar) retirada, acabando assim com seu controle mental. A partir desse ponto, a menina é coloca no meio de eventos que acabariam tornando-a a única esperança do grupo rebelde. Assim como na maioria dos jogos da série, a história parece ser a mais simples possível – é através dos detalhes e desenvolvimento dos personagens, contudo, que Final Fantasy VI se torna único.

Embora o Império seja constantemente uma ameaça no jogo, o verdadeiro vilão é Kefka Palazzo, a mão direita do Imperador Gestahl. Kefka é provavelmente a figura de maior insanidade em toda a franquia, veste-se como um palhaço e atua como o mago da corte, seguindo as ordens do imperador. Tão logo, contudo, descobrimos que ele tem seus próprios objetivos em mente. Desde o início do jogo sua maldade já é deixada em evidência pelos seus próprios diálogos e pelas tropas imperiais que conversam entre si em medo da loucura do palhaço. A risada de Palazzo é uma das marcas de FFVI.

Ao contrário dos vilões anteriores da série, Kefka não é distante dos protagonistas, fazendo diversas aparições frente a frente dos personagens principais ao longo de todo o jogo. Vale ressaltar, também, que seu poder não é nada grandioso no início do game, ele progride conforme a história se desenrola, culminando em sua aparição final como último chefe, em sua forma “divina”, marcando o início de uma caracterização recorrente na série quando se trata do último inimigo.

Kefka, após envenenar uma cidade inteira

Kefka, após envenenar uma cidade inteira

Também, de forma única até então na série, Kefka se revela como um personagem profundo, em detrimento dos vilões anteriores que eram perversos simplesmente porque assim foram criados. Palazzo é fruto da primeira experiência do Império com a magia e, ao mesmo tempo que garantiu poderes à cobaia, garantiu sua insanidade. Sua crueldade desmedida e desprezo pela vida acaba progredindo, ao longo da história, para o niilismo, realizando diversos questionamentos sobre o propósito da vida humana. Life… dreams… hope… Where do they come from? And where do they go…? Such meaningless things… I’ll destroy them all!

Também fruto de experiências imperiais, Terra tem um paralelo traçado automaticamente com o palhaço, é o que ele deveria ter se tornado. A protagonista tem como seu traço mais marcante a inocência – com o término de seu controle mental, ela se torna confusa e pouco a pouco tem suas memórias reavivadas, em meio a diversos questionamentos sobre sua identidade.

Novamente quebrando o lugar comum no qual a série se encontrava, FFVI nos tira da ambientação de fantasia comum à série e nos coloca em um universo steampunk. Então espere ver diversas máquinas e tecnologias à vapor, castelos de metal, sem falar no tom mais sombrio que o jogo automaticamente adquire.

Esse tom sombrio é amplificado pela própria trama que é do início ao fim mais adulta, com alguns momentos de alívio cômico. Tal fator permanece nos próximos dois jogos da franquia.

A jogabilidade permanece, em geral, a mesma de Final Fantasy V. O active-time battle, agora já solidificado na franquia, faz o seu retorno. As batalhas estão mais dinâmicas que nunca, embora o grinding ainda seja necessário (é um JRPG afinal, não dá para fugir muito disso).

A inovação em termos de mecânica se encontra na equipe. Ela pode contar com até quatro membros dentre os 14 disponíveis (o maior número na série toda) e adquiridos ao longo da história. É possível alterar os membros da equipe nos save points e enquanto fora de cidades ou dungeons. Assim como em FFIV, cada personagens possui habilidades únicas – através dos Espers e de acessórios, contudo, é possível ensinar habilidades novas para cada um deles – o jogador já experiente pode fazer de um personagem o que ele quiser, desde um mago poderoso até um lutador.

Em alguns pontos do game, os personagens são divididos em equipes diferentes, cada uma realizando determinada tarefa. Tais momentos, para a felicidade dos jogadores que visam um balanceamento da equipe, não duram muito, ocorrendo somente quando a história assim o pede.

Não posso encerrar esta crítica sem antes falar da trilha sonora do game. Sem exageros, ela é uma obra de arte, definitivamente uma das melhores de toda a franquia, se não for a melhor. Peças como Terra’s Theme marcam o início do jogo, já nos colocando no clima mais adulto da obra. A música mais marcante, contudo, é Dancing Mad, tocada em partes nos estágios da batalha final contra Kefka. Em sua realização, Nobuo Uematsu, tomado pela loucura do palhaço, alega ter trabalho em cima dela sem parar, até a música adquirir seus 14 minutos de duração, se tornando uma das mais icônicas (e a mais longa) músicas de toda a franquia.

Não é à toa que Final Fantasy VI é considerado um dos melhores Rpgs já feitos. Ele conta com todos os elementos de sucesso da franquia até então e os insere em uma história nada menos que fantástica. Cada um dos personagens é muito bem trabalhados, principalmente o vilão Kefka, que irá rapidamente cativar qualquer jogador. FFVI não é um jogo que merece ser jogado, ele precisa ser jogado – é uma experiência simplesmente inesquecível.

Final Fantasy VI
Desenvolvedora:
 Square
Lançamento: 2 de Abril de 1994 (Japão), 20 de Outubro de 1994 (EUA)
Gênero: Rpg de Turnos
Disponível para: SNES, PS, GBA, Wii Virtual Console, PSN

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