Home Colunas Lista | A Casa do Dragão – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | A Casa do Dragão – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Uma dinastia quebrada.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

Depois do final decepcionante de Game of Thrones, existia muita expectativa em torno de uma nova obra no Universo tão rico de Westeros. Um prelúdio sobre a Dança dos Dragões parecia o período histórico perfeito para ser retratado nas telinhas e conquistar o público de volta. A guerra civil dos Targaryens é um evento famoso, que contextualiza o passado de Porto Real, traz curiosidade mitológica e nos apresenta à Era dos Dragões comandando Westeros.

Interessante, então, como os roteiristas do spin-off negaram um tom épico e grandiloquente em torno das criaturas, que são basicamente notas de rodapé e “simples” ferramentas de poderio militar na história. O foco narrativo está na dinastia e nos dramas da família real, pelo menos na primeira temporada, já que os próximos anos do seriado devem ter muitas batalhas e cidades pegando fogo. Há, claro, uma caráter introdutório por parte dos roteiros, nos situando das situações que levaram à guerra civil, e também uma pegada novelesca e melodramática com os barracos de família e escândalos da história, mas o seriado conseguiu entreter com muita tensão, bons arcos de personagens (principalmente Viserys) e interessantes reflexões temáticas sobre patriarcado e o papel feminino no contexto feudal/medieval/monárquico deste mundo, transformando A Casa do Dragão numa mistura de George R.R. Martin e Jane Austen.

O escopo diminuiu, os cenários são limitados, cada episódio cobre apenas um evento familiar, o trabalho cênico é bastante teatral, e seguimos, em linhas gerais, apenas uma trama. Tudo muito diferente de GoT, não é mesmo? Apreciei demais essa abordagem diferenciada, apesar de não alçar o mesmo nível de genialidade narrativa da série original. Vejo isso principalmente no lado político que se tornou simplório e funcional, e também na falta de uma característica ambígua às figuras da série (maniqueísmo não combina com o jogo de fantasia de Martin). Os diversos saltos temporais e elipses também atrapalharam a fluidez da história e de alguns arcos de personagens, com o maior exemplo sendo Daemon. No final, porém, o saldo é positivo.

Eu falo melhor e mais detalhadamente sobre essas questões nos textos de cada episódio, que podem ser conferidos nos links abaixo. Sem mais delongas, vamos ao ranking? Digam aí o que acharam deste primeiro ano da produção e deixem suas listas!

10º Lugar:
O Príncipe Canalha

1X02

Se Os Herdeiros do Dragão é um ótimo episódio de introdução, O Príncipe Canalha é um bom episódio de transição. De forma enrolada, estagnada e um pouco tediosa, o segundo episódio nos dá muitos prenúncios e pistas do que veremos nos próximos capítulos, começando pela morte de Viserys através de diabetes; o provável conflito entre Rhaenyra e os Hightower pela coroa; a aliança dos príncipes canalhas para tomar o Trono de Ferro; e, claro, as misteriosas figuras que vemos no início e no final da montagem, insinuando bem-vindos conflitos políticos e militares para estimular as brigas monárquicas. Confesso, porém, que esse episódio me levantou receios, pois leva A Casa do Dragão para o caminho que temia: focar demais nos melodramas e menos nas conspirações políticas.

9º Lugar:
O Rei do Mar Estreito

1X04

O Segundo de Seu Nome pode ser lembrado e exaltado por seus efeitos especiais com dragões, imagens violentas, um inimigo visualmente expressivo e suas grandes set-pieces de batalha – um tanto mal dirigidas na minha opinião, com muitos planos contidos que não mostram o campo de batalha. Mas o episódio é melhor para mim mais pelo outro lado narrativo, de dramas familiares em uma falsa celebração, de relacionamentos e conversas íntimas, e de bons conflitos nas cortes, apesar dessa trama de sucessão precisar de mais esquemas, traições e mistérios para oferecer substância política e desdobramentos intrigantes.

8º Lugar:
O Conselho Verde

1X09

A cena final de O Conselho Verde é praticamente simbólica. Em um episódio que fala tanto sobre ascensão ao poder, assistimos a dicotomia entre os impotentes (mulheres, crianças, pobres) e os que são corrompidos pelo controle. Podemos ver isso claramente com Aegon II, que vai do medo à soberba poucos segundos após receber a glória do povo. O ato de Rhaenys, então, não é simplesmente um cliffhanger, mas carrega um significado: depois de tantos anos de subserviência, ela escolhe lutar pela herdeira. Alicent, porém, continua servindo. Preferiria mais ambiguidade nessa Guerra Civil, mas a história está claramente dividindo lados. Veremos como será o desfecho para o começo desse embate.

7º Lugar:
O Segundo de seu Nome

1X03

O Segundo de Seu Nome pode ser lembrado e exaltado por seus efeitos especiais com dragões, imagens violentas, um inimigo visualmente expressivo e suas grandes set-pieces de batalha – um tanto mal dirigidas na minha opinião, com muitos planos contidos que não mostram o campo de batalha. Mas o episódio é melhor para mim mais pelo outro lado narrativo, de dramas familiares em uma falsa celebração, de relacionamentos e conversas íntimas, e de bons conflitos nas cortes, apesar dessa trama de sucessão precisar de mais esquemas, traições e mistérios para oferecer substância política e desdobramentos intrigantes.

6º Lugar:
A Rainha Preta

1X10

Como reiterei nas críticas dos últimos episódios, a falta de ambiguidade para os lados da Guerra Civil está sendo um aspecto negativo para mim. Felizmente, existe um vácuo que nasce de Rhaenyra escolher a guerra por emoção e não razão: a vitória do sistema patriarcal. Chega a ser pessimista, não é mesmo? Bem característico de GoT nesse sentido, apesar do maniqueísmo. Tanto Alicent e Rhaenyra preferiam outra rota, mas vão acabar botando fogo em tudo. Também ajuda bastante quando o estopim da guerra é uma sequência tão espetacular quanto Vhagar comendo Arrax e Lucerys. Ei, Viserys nos avisou que os Targaryens não controlavam os dragões, se lembram? Esse poderio militar vai à guerra agora, liderados por mulheres, mas exatamente como os homens querem.

5º Lugar:
A Princesa e a Rainha

1X06

Apesar dos vários pormenores, A Princesa e a Rainha ainda é um bom episódio sobre os dramalhões familiares dos Targaryen, agora todos frustrados e exaustos com a falta de uma resolução para o problema de sucessão. Eu estava esperando o início de um novo capítulo em A Casa do Dragão, mas foi mais como ver um segundo piloto depois de um prólogo. O seriado vai precisar fazer melhor na sua reta final, muito melhor.

4º Lugar:
O Rei das Marés

1X08

Há algumas simbologias para seu adeus. Sua saída da sala de jantar é paralela à entrada de um prato de porco, que inicia as novas tensões com Aemond provocando os filhos de Rhaenyra. É naquela conversa com a ausência do rei que a Guerra Civil efetivamente se inicia. Os últimos suspiros de Viserys são melancólicos, terminando o período de paz de seu reinado. O Rei das Marés, enfim, marca o final dos saltos temporais e carimba o início da Dança dos Dragões.

3º Lugar:
Os Herdeiros do Dragão

1X01

Minha única ressalva com Os Herdeiros do Dragão é a sensação de familiaridade, como se o roteiro não quisesse tomar riscos para contar sua história. Mas, bem, é o proverbial “menos é mais”, com um episódio de estreia que resgata a essência da série original esquecida nos seus últimos anos, fazendo uma introdução eficiente para outro período de tempo em Westeros com personagens com potencial de serem fascinantes. O design de produção está deslumbrante, a trilha sonora continua suntuosa e retornar a este mundo de fantasia é reconfortante, mas o maior destaque do episódio de estreia é o cuidado do roteiro para estabelecer uma intriga palaciana que desperta curiosidade, personagens verdadeiramente complexos e o início de uma nova luta por poder. Acredito que será uma jornada fantástica pela História e dinâmicas familiares da Casa do Dragão.

2º Lugar:
Iluminamos o Caminho

1X05

No entanto, Iluminamos o Caminho é um episódio tão bem construído e contextualizado como o desfecho do ato de abertura da série que é difícil encontrar muitos criticismos até em suas tramas e situações mais óbvias. O “inverno está chegando” por muito tempo foi o ponto aguardado em GoT, enquanto aqui é o início da guerra civil. Aparentemente, acabamos de ver a calmaria antes da tempestade comprimida em cinco episódios, às vezes um pouco corrido, seguro e direto demais para meu gosto, mas com ótima organização para sinalizar os motivos do fim da paz na Dinastia Targaryen, algo representado pela melancolia de Viserys como um rei passivo e sem desafios, e sua derrocada em um casamento sangrento e cheio de ratos querendo a coroa.

1º Lugar:
Driftmark

1X07

Além disso tudo, é importante notar como Driftmark é um episódio tenso. Seja uma tensão constrangedora no ato inicial, seja uma tensão de momentos específicos (Aemond montando o dragão, a luta dos garotos ou até uma tensão de luto que percorre os personagens), o episódio vai pacientemente se encaminhando para um clímax que é encenado como um grande escândalo, com direito a uma sequência de exagero melodramático quando Alicent ataca Rhaenyra. Também é um ótimo momento para continuar discutindo dramaticamente os contrastes das protagonistas, entre a princesa que explora diversões e libertinagem, e a rainha subserviente.

 

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