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Lista | A Roda do Tempo – 3ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

O Dragão, a Feiticeira e os Amaldiçoados.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Eu meio que poderia repetir aqui tudo que escrevi no texto do ranking dos episódios da segunda temporada. Os problemas da produção são os mesmos desde o ano de estreia, com mudanças aqui e ali em relação à alguns arcos, mas de maneira geral, é fácil perceber as deficiências da adaptação do material de Robert Jordan. Neste terceiro ano, os roteiristas continuam errando no ritmo e na estrutura da história, com muitos momentos arrastados e descartáveis no início da temporada, para então termos muita correria e atropelo na reta final, com pouco espaço no meio para desenvolvimento dos personagens, de núcleos inteiros que soam mal desenvolvidos (Torre Branca, por exemplo) e principalmente da mitologia, que segue surpreendentemente superficial depois de tantos anos. A falta de um bom antagonista também segue sendo um grande problema para mim, com Lanfear e Moghedien tampando alguns buracos, mas em nenhum momento dessa temporada tivemos alguém como a Renna para elevar o drama.

Não sei se vale a pena martelar os erros da série aqui, até porque nos episódios semanais já me repeti bastante, então acho que vale a pena focar nos acertos. O principal deles é a mudança de Rand, que foi da figura mais sem sal de todas para um protagonista de leve respeito, com nuances e com uma presença que tornou sua trajetória bem curiosa de acompanhar, com destaque máximo para os eventos de O Caminho para a Lança – também o capítulo de melhor worldbuilding do ano. Egwene e, de certa forma, Moiraine (um pouco subutilizada até o terço final da temporada) também seguem como boas personagens. Senti falta de mais tempo de tela para Lan e para a nova adição da Elaida, mas os dois também são destaques. A direção, o design de produção, a fotografia e os efeitos especiais continuam como pontos positivos, em um universo que é visualmente rico mesmo quando os roteiristas não se aproveitam da lore. Ainda assim, é difícil não ficar meio indiferente com uma produção que tem bons momentos, mas que no quadro geral segue bem medíocre. Se eventualmente tivermos uma quarta temporada, não sei se algo irá mudar, mas espero que sim, porque por mais ranzinza ou, pelo que alguns me disseram, desinteressado que eu possa soar, realmente sou interessado nesse mundo de fantasia, tanto que esse ano ainda trarei críticas da série literária.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

 

8º Lugar: Uma Questão Carmesim

3X02

Uma Questão Carmesim tem um início curioso. Em um flashback, vemos Morgase Trakand (Olivia Williams), a mãe de Elayne, vencendo a guerra da sucessão para assumir o trono de Andor. É, mais uma vez, uma abertura violenta… mas relativamente vazia e gratuita, já que não temos contexto e não conhecemos as figuras em torno do conflito. Ainda assim, a cena serve para estabelecer o quão implacável é Morgase, dando base para sua chegada na Torre Branca para levar Elayne de volta para casa. Junta-se isso ao enfraquecimento das Aes Sedai, talvez ainda com membros infiltrados, e a participação de Elaida (Shohreh Aghdashloo, sempre fantástica e reconhecível por conta de sua voz marcante), que traz aquele aspecto de um coadjuvante maquiavélico, e temos um palco que mistura ali elementos políticos e uma trama palaciana para impulsionar o enredo.

7º Lugar: Vencer a Sombra

3X01

Vencer a Sombra tem um pequeno salto temporal de um mês depois da batalha em Falme, onde vemos Liandrin ser convocada perante o Salão da Torre Branca para ser julgada como membro da Ajah Negra. Para surpresa das Aes Sedai – e não tanto da audiência – várias outras bruxas se revelam amigas das trevas, dando início a uma batalha extremamente violenta, em que diversos personagens morrem, incluindo Ihvon, a figura de maior expressão que deixa a série durante o combate. Confesso que a abertura frenética me surpreendeu, com um trabalho de direção intenso, dispondo de efeitos especiais eficientes e caminhos narrativos interessantes, passando pela fuga de Liandrin, o enfraquecimento das Aes Sedai e o escalonamento do conflito entre os dois lados da história.

 

 

6º Lugar: Sementes da Sombra 

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No mais, temos mais um episódio protocolar, sem muitos destaques. Em Dois Rios, temos alguns momentos ligeiramente comoventes no arco chatíssimo de Perrin virando líder do vilarejo, enquanto do lado Rand pouca coisa efetivamente acontece para além de alguns diálogos crípticos, mais pesadelos, tensões sexuais e uma leve expansão sobre as tradições e as culturas dos Aiel. A pequena subtrama de Lan me chamou atenção, porém, bem como o bloco final de Liandrin, com a presença de Moghedien infiltrada no local. Sementes da Sombra continua a progressão vagarosa e fragmentada da série, mas pelo menos tem alguns momentos de maior destaque do que o episódio anterior.

 

5º Lugar: A Sombra da Noite 

3X06

A Sombra da Noite é mais um episódio protocolar desta série que parece ter tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas com poucos elementos que realmente chamam a nossa atenção. Entre os diversos núcleos da série, o texto de Rammy Park até que desenvolve razoavelmente bem alguns arcos, prepara alguns ganchos importantes para a reta final da série e borbulha a tensão para o que parece ser um momento definidor sobre Rand, se irá enlouquecer ou não como o Dragão Renascido, mas a sensação de enrolação e de um vai e vem chato me decepcionaram aqui depois da dobradinha promissora que tivemos nos dois últimos capítulos. Não é um episódio de todo ruim, mas, novamente, vou me repetir: a estrutura fragmentada da história simplesmente não está funcionando, apesar da montagem se esforçar bastante para dar algum senso de ritmo; não tanto por causa do conceito de uma história de fantasia de vários núcleos, mas porque alguns blocos não funcionam.

 

4º Lugar: Aquele Que Vem Com a Aurora

3X08

As melhores dinâmicas do episódio também estão nesse núcleo, com destaque para a participação de Lanfear, que precisa começar a traçar respostas e contra-ataques depois da traição de Rand. Por mais maniqueísta que ela possa ser, com poucas camadas ali de latitude dramática (muitas delas envolvendo ciúmes), a vilã tem presença e carisma, trazendo algum nível de urgência para um episódio de certa forma letárgico em sua falta de grandes antagonistas. A batalha com Moiraine tem bons efeitos especiais e é bem dirigida – aliás, que episódio lindão em sua fotografia do deserto -, a despeito de mais conveniências, como o fato de Moiraine sobreviver e contra-atacar com uma espada atravessada pelo estômago ou então como Lanfear subitamente fica fraca. São bons momentos que, também, são mais preparativos, toada de todo o episódio, que se reserva a jogar muita coisa com a barriga, e mesmo assim soa corrida, para a gente ver a quantidade de coisa acumulada, fruto de uma temporada cheia de buracos narrativos. Penso que o texto até faz um milagre, deixando Aquele Que Vem Com a Aurora ser relativamente funcional, estabelecendo bastante coisa para uma nova temporada que, a contrário da opinião pública, quero sim que aconteça, mas desde que a equipe criativa passe a explorar melhor esse mundo, sua mitologia e seus personagens conceitualmente fascinantes. Fica a expectativa.

 

3º Lugar: Os Olhos-Dourados

3X07

Fiquei em conflito enquanto assistia Olhos-Dourados, porque, por um lado, o penúltimo episódio da temporada é inteiramente focado em um único núcleo, o que normalmente significa uma qualidade maior dentro da série, mas, por outro lado, esse foco é na trama de Perrin e de Dois Rios, de longe a linha narrativa mais frágil e convencional do seriado. Ainda assim, o resultado final é razoável, com um capítulo que explora o novo papel do personagem titular como líder do vilarejo em uma pequena vitória improvável contra o mal, no que é sua típica batalha de fantasia – bem genérica, como vou falar mais à frente – com o grupo mais fraco perseverando com alguns sacrifícios e algumas tentativas de se criar momentos memoráveis.

 

2º Lugar: Tel’aran’rhiod

3X05

Caramba, como tem coisa acontecendo em Tel’aran’rhiod, o quinto episódio dessa temporada, que leva em seu título o nome do mundo dos sonhos sobreposto ao mundo real e paralelo aos sonhos comuns, onde os personagens podem ser fisicamente feridos ou mortos, como tem acontecido com Egwene. Indo no extremo oposto de O Caminho para a Lança, o roteiro de Ajoke Ibironke faz uma ginástica gigantesca para conseguir abordar o que parece ser vinte núcleos diferentes em apenas um capítulo, tanto para reorganização da narrativa depois de alguns ganchos do início da temporada, como a viagem de Nynaeve, Mat e Elayne ou a passagem no teste de Rand, Aviendha e Moiraine, quanto para movimentar as diversas tramas do seriado, que parece cada vez mais fragmentado. Não gosto dessa abordagem (mais pela falta de controle dos roteiristas do que pelo conceito), preferindo quando a produção tece capítulos mais contidos e focados em determinados blocos.

 

1º Lugar: O Caminho para a Lança

3X04

O Caminho para a Lança é o episódio mais sólido da temporada até aqui. Isso acontece, inicialmente, pela abordagem exclusiva do roteiro, que foca integralmente no núcleo protagonizado por Rand, onde vemos o personagem, Moiraine e Aviendha passarem por um teste em Rhuidean, uma espécie de cidade sagrada para os Aiel. O design do local chama atenção, com uma espécie de névoa e colunas de cristal que se erguem para o céu, dando um aspecto espiritual e de certa forma futurista dentro desse universo, sem falar, claro, do tom enigmático. É a primeira vez na temporada que eu sinto a narrativa se movendo sem travas, penso que por conta da estrutura focada em uma única trama. Eu entendo que o universo seja rico, com muitos elementos de lore e personagens variados, mas é normalmente nesses episódios assim que a série consegue ter mais densidade dramática, como, por exemplo, o capítulo de Egwene sofrendo nas mãos de Renna.

 

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