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Lista | Agents of S.H.I.E.L.D. – 6ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

por Ritter Fan
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Nota da temporada
(não é uma média):

É sintomático e inescapável. Muita gente até gostou da 6ª temporada de Agents of S.H.I.E.L.D., mas usando apenas o microcosmo dos sempre excelentes comentaristas aqui do Plano Crítico, é perfeitamente possível constatar a falta de empolgação do que diria ser a totalidade de quem escreveu positivamente, com argumentos bem elaborados (ou seja, eliminando os poucos do “adorei e pronto”). E olha que estamos diante de uma temporada encurtada de 13 episódios apenas, com um tempo de produção maior do que o normal e orçamento robustecido, o que automaticamente trazia a obrigação de resultar não em uma temporada meramente “boa” ou “legal” ou “divertida”, mas sim na melhor ou pelo menos em uma das melhores de toda a série. E, convenhamos – mesmo aqueles mais satisfeitos – que não é isso que ocorreu. Nem de longe na verdade.

O que ocorreu foi que, literalmente pela primeira vez na história da série, uma temporada ficou perdida, sem rumo, à deriva mesmo, começando com duas tramas interessantes, a procura do Fitz original pelo espaço e a chegada na Terra de uma quadra de alienígenas liderada por Sarge, um sujeito exatamente igual ao Diretor Coulson, mas que nunca decolaram de verdade, com uma pegada mais claramente infanto-juvenil, repleta de uma comicidade deslocada e diferente (para pior) do que tudo que veio antes. Agents of S.H.I.E.L.D., a série que caminhava constantemente para um lado mais sombrio e pesado, com maravilhosos desenvolvimentos de personagens, de repente perdeu sua identidade e tornou-se uma bobagem genérica que poderia muito bem ter vindo da CW. Estou exagerando? Tenho para mim que não, especialmente considerando o que os showrunners nos ensinaram a esperar da série ao longo desses anos todos.

Claro que toda série que se alonga acaba chegando ao seu ponto de exaustão, mas o gancho deixado pela temporada anterior em relação a Fitz tinha tudo para trazer uma abordagem infalível à penúltima temporada da série, mas a escolha por um caminho cheio de invencionices e malabarismos para trazer um pseudo-Coulson de volta, no lugar de acrescentar complexidade, acabou levando toda a narrativa a uma sinuca de bico que não tinha muita história para contar, forçando roteiros repletos de piadinhas ruins, saídas fáceis, contradições e a uma solução tenebrosa, daquela que só é “boa” se for na base do “podia ter sido pior”, com o season finale duplo sendo o mais fraco season finale de toda a série até agora. Ou seja, estávamos acostumados a esperar sempre mais ou pelo menos algo do mesmo nível do que o que veio antes, mas a nova temporada que, repito, tinha a enorme vantagem de ter poucos episódios e mais orçamento, além de personagens consolidados e um público cativo, conseguiu mostrar que toda regra tem uma exceção e essa exceção foi daquelas de tropeçar e cair rolando escada abaixo.

Em uma análise que não levasse em consideração as circunstâncias cercando cada temporada, a e a 6ª ficariam em pé de igualdade. Mas, relativizando a coisa ao levar em consideração o que mencionei logo acima – número de episódios, orçamento e série consolidada versus temporada inaugural ainda testando as águas -, não tenho outra escolha do que considerar a 6ª a pior temporada de Agents of S.H.I.E.L.D. até agora, batendo na “trave” do mediano, algo inédito para a série como um todo. Agora é torcer para que a temporada final redima esse pecado no ano que vem.

Vamos, então, ao ranking dos episódios?

13º Lugar: Fear and Loathing on the Planet of Kitson

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O roteiro de Brent Fletcher e Craig Titley é inábil em sair do burocrático ou em reempacotar o clichê de maneira minimamente original. E a direção de  Jesse Bochco fica limitada ao que parece ser uma queda repentina no orçamento da série, que de repente lembra mais Buckaroo Banzai do que o que a série vinha mostrando com consistência.

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12º e 11º Lugares: The Sign e New Life

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Em outras palavras, a dobradinha The Sign e New Life voltou à pegada infanto-juvenil do começo da temporada, fazendo uso de momentos pseudo-cômicos como a briga entre Fitz e seu neto Deke para ocupar espaço narrativo. Em Scooby-Doo, nós pelo menos esperamos e queremos isso tudo. Em Agents of S.H.I.E.L.D. esse final duplo pareceu a encarnação da preguiça dos roteiros. Vejam por exemplo Flint. Ele foi “criado” pelo monólito com base nos pensamentos de Mack e Yo-Yo, em um twist interessantíssimo ao final de From the Ashes. O que então é feito com ele? Unicamente o estritamente necessário para a trama andar, já que era necessário alguém como poderes suficientes para recriar os monólitos. Feito isso, ele é literalmente defenestrado da estrutura narrativa como se ele nunca tivesse existido, juntamente com Piper que, em tese, seria alguém importante para ajudar em campo considerando o enxame de zumbis.

10º Lugar: Toldja

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E, no final das contas, se pararmos para pensar, mesmo com um episódio que não era para ser um filler, acabou que as tramas não avançaram tanto assim. Fomos apresentados a Izel, que trouxe com ela as perguntas quem ela é e o que quer e descobrimos como matar os E.T.s voadores. Pronto, é o resumo da ópera. Acho que, a essa altura do campeonato, já era para estarmos um pouco mais adiantados na trama principal. Talvez se Sarge tomar de vez o controle da mão de Mack, a coisa realmente passe a andar. Caso contrário, a temporada arrisca tornar-se mediana, algo que AoS, depois de sua 1ª temporada, nunca foi.

9º Lugar: Code Yellow

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Apesar de ter começado muito bem, a sexta temporada de Agents of S.H.I.E.L.D. ainda não parece ter encontrado um terreno totalmente sólido para prosperar. Parece estranhamente haver pouca história para episódios demais, o que obriga que elementos narrativos relativamente simples sejam estendidos na forma de episódios inteiros. Esse foi o caso do episódio anterior com os Chronicons exterminadores e, agora, ainda que de maneira menos saliente, de Code Yellow com seu morcego-facehugger. Mas está mais do que na hora do foco começar a aparecer.

8º Lugar: The Other Thing

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Gostei muito do ritmo que Lou Diamond Phillips, estreando na direção da série, imprimiu ao episódio de forma a eficientemente fazer as duas linhas narrativas chegarem a um ponto em comum. Não foi nada espetacular em termos técnicos, mas ele soube manejar bem o roteiro carregado de George Kitson, encadeando muito bem a montagem e trabalhando paralelamente as histórias de forma que as revelações fossem complementares, evitando redundâncias.

7º Lugar: Missing Pieces

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Todo o elenco principal está impecável em suas caracterizações, carregando o peso de todas as suas experiências e perdas passadas em olhares, gestos e em sua mais do que perfeita química de relacionamento. Se talvez o roteiro tenha dado relativamente pouco destaque a Yo-Yo, isso é compensado por uma atriz compenetrada e perfeitamente no controle de sua persona das telinhas. Chloe Bennet, que começou muito mal na série não só como seu personagem genérico, mas também com sua atuação bem limitada, para usar um eufemismo, é literalmente uma outra pessoa, provavelmente a atriz que mais desenvolveu-se em termos dramáticos até agora.

6º Lugar: Window of Opportunity

6X02

As caracterizações um tantinho clichê de cada um deles podem até cansar um pouco, com Sarge sendo o durão, Pax o de bom coração, Snowflake a louquinha e Jaco o “segurança de boate”, mas a relação entre eles funciona imediatamente dentro das limitações impostas pelas construções dos personagens. Claro que o destaque é Clark Gregg, que faz muito bem seu papel de Coulson do mal, convencendo-nos de seu novo personagem, mas de certa forma sem nos deixar esquecer de sua versão original.

5º Lugar: From the Ashes

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Outros bons momentos foram resultado da cada vez mais azeitada dupla Yo-Yo e Mack, misturando à perfeição ternura e pancadaria. Toda a manipulação de Izel e toda a troca verbal entre os dois – às vezes os três – ganhou corpo e espaço no episódio, mesmo que o clímax tenha que ter sido na versão filme B de Caçadores da Arca Perdida lá naquele templo maia bem mequetrefezinho, coitado, mas que são ossos do ofício em séries como essa. Espero só que a abertura do portal de Izel não fique só na promessa e que os episódios finais nos deem algo mais do que pedras e pilares de isopor, já que nem mesmo a volta surpresa de Flint (Coy Stewart) parece apontar para algo que saia do confinamento do templo.

4º Lugar: Collision Course (Part I)

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Seja como for, apesar da apresentação tardia de Izel na temporada, o episódio funcionou muito bem graças a um roteiro esperto, fragmentado em diversos pequenos núcleos que equilibrou bem ação com texto expositivo e revelações potencialmente interessantes, deixando-nos com um interessante cliffhanger para a Parte 2. E isso sem prescindir de humor, marca registrada especialmente desta temporada, mas que, até agora, não havia sido bem utilizado.

3º Lugar: Collision Course (Part II)

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Quando digo que as sequências de Yo-Yo souberam estabelecer um bom equilíbrio entre drama e ação, a maior prova disso é quando ela recruta Jaco, o grandalhão de bom coração para o lado da S.H.I.E.L.D. no lugar de simplesmente nocauteá-lo ou novamente prendê-lo em algum lugar. O resultado disso é o belo sacrifício do personagem achando que acabou de vez com a ameaça representada por Izel sem saber que ela, claro, não morreu coisa nenhuma e está de alguma forma lá dentro do agente Davis. Como eu posso dizer isso com tanta certeza? Bem, além do misterioso sumiço dela (algo que Sarge diz que aconteceu também em Chronica-2), temos a volta de Piper para a temporada, garantia absoluta de que ela será a “agente coadjuvante” da vez quando Davis for revelado como a vilã de cabelo rosa (ou algo do gênero).

2º Lugar: Leap

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A dinâmica entre os personagens em todas as cenas que levam ao confronto na ponte de comando e, depois, durante o embate, foram eficientes em criar suspense, tensão e, claro, toda essa vibe de um Hercule Poirot tentando deduzir quem é o criminoso em um ambiente confinado e com apenas algo como 30 minutos para tudo ser resolvido. A direção de Garry A. Brown extrai o melhor do entrosamento do elenco, com o roteiro de Drew Z. Greenberg sabendo explorar as características de cada um, inclusive as de Deke, com o personagem sendo muito bem usado para desviar nossa atenção em momento-chave.

plano critico Agents of S.H.I.E.L.D LEAP

1º Lugar: Inescapable

6X06

É por causa de episódios como Inescapable que eu assisto Agents of S.H.I.E.L.D. Nenhuma outra série mais mainstream baseada em quadrinhos consegue ser tão criativa e fazer tanto com tão pouco. E a reunião da melhor dupla da série em uma estrutura de “espaço confinado” que ao mesmo tempo não é tão confinado assim e que se utiliza de basicamente tudo o que de mais importante aconteceu nas últimas temporadas em uma viagem para dentro da mente dos personagens é a prova de que AoS tem muito mais a oferecer do que episódios cômicos bobinhos.

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