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Lista | Alfonso Cuarón – Os Longas Ranqueados

Um ranking versátil como seu diretor.

por Iann Jeliel
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Cuarón

Dos três grandes cineastas mexicanos da sua geração (Alejandro Gonzalez Inarritu, Guillermo Del Toro), Alfonso Cuarón talvez seja o mais versátil, muito porque começou sua carreira como apenas um assistente, depois passou também a ser fotógrafo, roteirista, montador, produtor, dentre outras áreas do conhecimento cinematográfico que o permitiu apresentar um vasto repertório em sua filmografia. Com filmes extremamente distintos uns dos outros e separados por uma distância considerável de tempo, Cuarón foi do trio, aquele que mais amadureceu conforme os anos. Seu cinema, acima de tudo, quer falar sobre como o ambiente nos molda ou pode nos moldar. Para explorar esses moldes ele já usou o drama sensual, a fantasia realista, a comédia de erros e a ficção científica.

Há um equilíbrio comum em suas narrativas na valorização de seus personagens, adjunto ao  contexto em que estão, tanto na forma como ele filma, como na maneira pela  qual escreve os próprios roteiros. O traveling lateral alongado nos planos (que ele tanto domina tecnicamente), ajudam o público a penetrar no  universo criado com mais firmeza, além de nos colocar como observador das ações do ambiente de um modo participativo. É perceptível que Cuarón não tem um ritmo próprio, mas sim, se adequa a o que a história pede e nesse sentido, qualquer pessoa que se identificar com a narrativa vai acabar embarcando com mais facilidade. A capacidade de adequação do diretor para cada caso é impressionante e se reverbera na forma na qual ele leva sua filmografia, sendo a maioria adaptações literárias com uma visão muito clara do diretor da obra transportada, nunca sendo somente uma transferência de conteúdo.

Hoje (28/11/2021) o cineasta completa 60 anos de idade e desse modo, surgiu a oportunidade de trazermos aquele tradicional ranking de filmografia, ordenando seus 8 longas-metragens (curtas e séries não foram considerados) como diretor (desconsiderando aqueles filmes que ele foi apenas assistente de direção, roteirista ou outras funções), do pior ao melhor. Como, eu, colunista que vos escreve (Iann), fui o único a participar da lista, vale ressaltar que ela representará única e exclusivamente minha opinião. Portanto, a classificação final não irá refletir na avaliação das críticas que foram escritas por diversos outros colunistas e assim, deixarei meus breves comentários opinativos para justificar cada posição. Contudo, também haverá links nos títulos para as respectivas críticas completas, não deixem de lê-las!

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8° Lugar: Amor em Tempo de Histeria

Uma comédia de erros adolescentes que brinca com assuntos sérios de maneira irresponsável e sem graça. A discussão acerca da AIDS num período em que ela vivia seu ápice de assombramento na sociedade é colocada como problemática só porque é um impedimento dos jovens a transar. Há um fundo sátiro na construção dessa mensagem, mas que definitivamente traz um dos poucos momentos da filmografia do cineasta que faltaram sensibilidade.

Cuarón .

7° Lugar: Grandes Esperanças

É um bom filme prejudicado pelo amplo espaçamento temporal dos acontecimentos narrativos, tão dispersos que parecem não ter um conectivo temático uniforme. Talvez Cuarón não tenha sabido lidar com a adaptação ou o seu estilo não encaixasse nela, pois, é nítido como o cineasta conta a história por cenas-chave (muito bem-feitas) que são insuficientes para demonstrar o desenvolvimento da ideia. Sobra-se boas atuações e uma sensualidade inegável como motor do entretenimento.

Cuarón .

6° Lugar: A Princesinha

Clássico da infância de muita gente e que particularmente gostava mais quando era mais novo. Seu otimismo exacerbado no final parece pouco plausível num olhar adulto, mas é inegável que Cuarón conduz a história com enorme destreza e sutileza. O realismo fantástico em que a personalidade progressista da protagonista é o grande artefato mágico tem seus encantos.

Cuarón .

5° Lugar: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

Quando a proposta de adaptação e estilo do diretor dão o match ideal. Cuarón concebe uma transição precisa da deixa do clima de fantasia juvenil para a fantasia mais madura, ampliando a mitologia da franquia e ao mesmo tempo explorando os conceitos isolados como nenhum outro Harry Potter no cinema. Ótimo filme, meu favorito da saga, embora, não esteja mais acima da lista porque nunca fui grande fã do universo de magia.

Cuarón .

4° Lugar: E Sua Mãe Também

Sobre a descoberta de identidade, tanto sexual dos dois protagonistas, quanto de um país que estava no período ápice de sua emergência. É interessantíssimo como os subtextos políticos e desbravou pelo coming of age se complementam através de um tema comum: o sexo, no seu estado mais puro, belo e sensual.

Cuarón .

3° Lugar: Roma

Um passeio íntimo pelas memórias de um diretor visitando os demônios da realidade que o próprio viveu, para espelhar em problemáticas que se mantêm vivas até hoje. A lente como um telespectador onipresente do acompanhamento de uma vida pouco mostrada em tela e que precisava ser mostrada por completo, a fim de partilhar todas as angústias, anseios e dores da sua protagonista (Yalitza Aparico absolutamente fantástica!). Com pelo menos três sequências extraordinárias (a cena da praia, da guerra civil e do parto), Roma é cinema na sua forma mais pura e sensível. Para o surto do nosso querido Luizito e Riqquer Fan, ele abre o pódio!

Cuarón .

2° Lugar: Gravidade

Cuarón não traz somente um exercício de gênero no espaço extremamente imersivo – ao tecnicamente simular com perfeição nos movimentos de câmera em plano-sequência a exata sensação de estar flutuando na gravidade zero –, como faz essa fantástica experiência sensorial ser um sopro de ressignificação da importância da vida. Sandra Bullock literalmente renasce num local onde a sobrevivência parece impossível para provar que independente de não ter o que perder ou a quem sentir falta, vale a pena lutar pela vida.

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1° Lugar: Filhos da Esperança

Uma das melhores ficções científicas do século justamente por apresentar suas complexidades na melhor característica do seu diretor enquanto observador de entornos. Basicamente a construção de mundo pós-apocalíptico é praticamente inteira formada nos fundos da imagem que acompanham a jornada road-movie de proteção da esperança em uma distopia completamente desumana. Tematicamente riquíssimo, tecnicamente catártico e alegoricamente surpreendente, sem dúvidas, Filhos da Esperança é a obra-prima de Alfonso Cuarón.

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E aí? Concorda? Discorda? Comentem e coloquem a sua ordem dos filmes que viram do diretor nos comentários!

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