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Lista | As Melhores Histórias do Homem Animal

por Luiz Santiago
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Homem Animal (Animal Man)  — Bernhard “Buddy” Baker — foi criado por Dave Wood (roteiro), Carmine Infantino e George Roussos (arte e finalização) na revista Strange Adventures #180, com data de capa de setembro de 1965.

A presente lista traz as melhores histórias do Animal Man, considerando as publicações de seu primeiro título solo até a versão dos Novos 52, a mais recente abordagem dedicada exclusivamente a ele na DC, até o momento em que monto essa lista (janeiro de 2020). E aí, vocês conhecem o personagem? Gostam dele? Quais são as melhores histórias do Homem Animal para vocês?
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15. Praga Vermelha

Red Plague  (1994 – 1995)

Do horror ao cinismo mesclado com economia verde, eterno retorno, feminismo e messianismo, Delano finaliza a sua participação na revista do Homem Animal. Provavelmente houve uma conversa dele com Jerry Prosser, autor das 10 edições seguintes (e finais) do título para a continuidade de toda essa bagunça deixada, mas, para o leitor, fica aquela sensação de decisão não muito sábia. Seja como for, há um bom tom de resiliência e aprendizado. Todo mundo amadureceu durante esta jornada. A faxina ainda precisa ser feita, mas nada impede um bom uísque, banho quente de banheira e uma conversa com pessoas queridas antes de voltar a pensar no que fazer com tantos eventos excêntricos.

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14. Os Últimos Dias do Homem Animal

Last Days of Animal Man  (2009)

A participação da Liga não chega exatamente a atrapalhar mas oferece desvios temporários sem os quais a minissérie passaria bem melhor. Claro que não são tão incômodos como a apresentação de Prismatik, mas eles aparecem em todo o miolo da aventura. O convite feito a Buddy, o diálogo meio infantil com a esposa e os filhos e a ótima cena final são chamados do autor à reflexão. O tempo passa e as coisas se apagam. É preciso saber viver diante do nosso “novo eu” em cada fase da vida. Antes do nosso “último dia” definitivo, existirão dezenas de “últimos dias” de coisas que deixaremos de fazer por maturidade, capacidade ou habilidade. As surpresas podem nem sempre ser agradáveis, mas elas chegam. E fugir não é uma opção válida. Em sua queda — ou a caminho de um outra fase de ascensão — o Homem Animal nos ensina esta valiosa lição de entendimento e aceitação de si mesmo. O fim é só um novo começo.

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13. Volta ao Lar

Countdown to Adventure  (2007 – 2008)

As duas principais consequências imediatas aqui são as mudanças administrativas em Rann após o horror que passou nas mãos de Steven “Champ” Hazard, acenando para políticas de não-segregação e de cuidadosa linha de sucessão e métodos de luta para a proteção do planeta (sinceramente, acho que isso já deveria ser uma realidade para eles) e uma importantíssima descoberta do Homem Animal em relação aos seus poderes e sua relação com o Campo Morfogenético — algo posteriormente utilizado por Jeff Lemire, em um contexto de crise muito particular para Buddy, no excelente arco Babilônia em Hollywood e Evolua ou Morra!. Isso é que é voltar para casa com tudo!

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12. Nascido Para Ser Selvagem

Born To Be Wild  (1990 – 1991)

A sucessão do trabalho de Morrison encontrou em Milligan um caminho igualmente aberto para a loucura; para referências científicas, simbólicas e também para o Universo DC, com o detalhe de criar mais coisa nova ao invés de usar o catálogo da editora. Nascido Para Ser Selvagem é um ótimo trabalho, divertido, e que sustenta bem o peso de vir depois de um momento adorado do Homem Animal, tanto para os leitores quanto para os críticos. Como apontei antes, não é uma fase livre de erros, mas estes aparecem mais no final e estão quase que unicamente relacionados ao ajuntamento das migalhas espalhadas através dos volumes. Ao terminar a aventura, o leitor não será capaz de rejeitar uma grande fatia de pizza, com bastante pimenta, assim como gostava o Homem de Lugar Nenhum. E talvez irá querer comê-la encostado em um Dente-de-Sabre, em plena mata de chão quente e úmido, como um ancestral qualquer de uma Terra muito distante teria (ou terá, ou teve?) feito…

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11. Mundo Podre: Reinos Vermelho e Verde

Rotworld: The Red Kingdom & The Green Kingdom  (2012 – 2013)

Aqui cabe de tudo: os que negam que existe um problema gigantesco acontecendo; os que são egoístas demais para fazerem algo sequer em sua própria bolha; os que se sacrificam para fazer do mundo um lugar melhor, mesmo sem ter certeza que isso valerá a pena… A trama cria uma possibilidade de mundo que, mesmo com a resolução maior, acaba tendo trágicas (e compreensíveis) consequências para os dois principais heróis envolvidos. E talvez essa seja a grande lição final de Mundo Podre. Brincar com a Natureza sempre tem um preço. E ele pode ser cobrado imediatamente ou demorar um pouco para ser processado, mas é uma certeza inquestionável de que a conta virá. Seja Verde ou Vermelho, seja bom ou mau, a Podridão estará sempre à sua espera.

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10. Presas e Garras

Tooth and Claw  (1993)

Presas e Garras mostra mais uma vez que Delano é capaz de criar um cenário de horror diferente, colocando o inimaginável dentro das regras do jogo de mercado, numa publicação como a do Homem Animal. Mesmo quando não logra uma finalização perfeita, o autor nos põe em uma situação de luta contra a extinção em uma reflexão sobre a cobrança da natureza pelo que é seu, conversa que, se era importante em 1993, imaginem agora, em pleno negacionismo do aquecimento global no século XXI e permissão sem precedentes dos governos para que determinados grupos econômicos explorem até onde der os recursos disponíveis. Algo muito ruim ainda vai acordar e nos fazer ver que esta foi a pior estratégia a ser usada, desde o início.

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9. Animal vs. Homem e A Extinção é Eterna

Animal vs. Man / Extinction is Forever  (2012)

Através de uma arte e finalização que respeitam a proposta do roteiro ao mostrar o avanço do Podre sobre o Vermelho e o Verde, além de uma aplaudível coloração, com criação de atmosferas muito bem pensadas para cada contexto dramático (além do uso precioso da cor vermelha), as histórias de A Extinção é Eterna e Animal vs. Homem pavimentam muito bem o caminho para a guerra que está por vir. Uma preparação intensa e fortemente reflexiva para uma guerra que, se bem entendemos, segue hoje em andamento, com a ação do homem em larga destruição das camadas de vida do planeta onde vive. Pena que no nosso caso, o socorro só pode vir de nós mesmos, e em nível mundial. Imaginem só.

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8. Formas Misteriosas

Mysterious Ways  (1993 – 1994)

O ponto central de Formas Misteriosas é a movimentação da nossa perspectiva para o divino (ou as muitas formas de divindades), para a evolução e para a transformação dos corpos, seja no físico, seja na mente. Toda a proposta é excelente e carregada de conteúdo filosófico, doses de existencialismo e até indicações de pedagogia e arte. O conceito é bem pensado, mas para aglutinar toda essa gama de referências o autor precisou deixar algumas boas possibilidades pelo caminho, diminuindo aqui e ali a nossa empolgação, que agora caminha a passos largos para o encerramento de mais um importante capítulo, o penúltimo de toda esta jornada. Depois da fase de James Delano existe apenas mais uma, escrita por Jerry Prosser, que ficou na revista até o seu cancelamento na edição #89, em novembro de 1995, quando o primeiro título solo do Homem Animal, depois de sete anos, chegou ao fim.

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7. A Caçada

The Hunt  (2011 – 2012)

Volto a dizer que a arte mais “bagunçada” ou “agressiva” de Foreman combina bastante com o tema da revista. Chega a ser verdadeiramente assustador o modo como as coisas más surgem nesse título — em texto e em arte –, isso porque não há aquela aparição do tipo “buuuu” do monstro para os mocinhos, sendo mais fortes o contexto psicológico e interdimensional. O contexto e as motivações certas tornam tudo ainda mais forte e aumentam a aura de bizarrice em torno do Podre, tornando-o medonho a cada página. Com o fim da primeira parte da caçada e um crossover pela frente, fica aquela sensação de ameaça absoluta à vida no planeta que não dá para resistir. Um baita retorno do Homem Animal.

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6. Babilônia em Hollywood e Evolua ou Morra

Hollywood Babylon / Evolve or Die!  (2013 – 2014)

Já o final é extremamente simbólico. Me lembrou bastante o exercício de encarnação em diversos corpos que o próprio Homem Animal fizera em Carne e Sangue. Um final lírico, sentimental, um pouco melancólico mas na medida certa para o ideal de Ciclo da Vida, de Morrer & Renascer que tanto se falou aqui. E que bom que as coisas terminaram desta forma. Coerentes. Sem uma interferência no equilíbrio do Vermelho, mesmo que para o “bem” pessoal. Uma verdadeira lição sobre o respeito à vida e aos mais diversos caminhos que ela toma para se fazer valer. A grande charada da evolução.

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5. Espécie Anormal

Splinter Species  (2013)

Sem facilitar caminhos para o herói e sem cair em um dramalhão insuportável, a revista do Homem Animal segue em alta para o seu derradeiro momento. Jeff Lemire faz da dor de uma família o pano de fundo de uma busca que não só coloca a morte em perspectiva — como parte um caminho, uma fase do ciclo da vida que precisa se completar para que o funcionamento das forças vitais da Terra sigam fluindo –, mas mostra que independente do lugar, tempo e espaço, sempre haverá aquele tipo de pessoa ou grupo de indivíduos que usarão da força, do discurso de superioridade e incitação à segregação, ódio e morte aos diferentes para poder ascender ao poder. Com uma arte e cores que seguem respeitando muito bem a noção de “revolução e fraqueza da carne” sustentada pelo enredo (destaque absoluto para as excelentes cenas no Vermelho), Espécie Anormal é mais um lembrete de como é difícil alcançar o equilíbrio na vida. E a mostra do que acontece quando o desequilíbrio tem espaço para agir.

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4. Origem das Espécies

Origin of the Species  (1989)

Colocando a guerra em vários frontes externos e internos para o seu personagem, Grant Morrison faz com que nos aproximemos cada vez mais dele e torna ainda mais relevante a sua presença no mundo dos heróis e das pessoas comuns. Nós simpatizamos com o Homem Animal e suas lutas, se não com todas, pelo menos com a maioria delas. É impossível não mergulhar na narrativa e esperar impacientemente para a resolução de todos os mistérios.

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3. Carne e Sangue

Flesh and Blood  (1992 – 1993)

O final da última edição traz um pequeno adendo com arte de Russell Braun. Nele, temos os desenhos e uma pequena história de Cliff sobre o Kannibal Kid, um garoto vivendo em um mundo pós apocalíptico que já na primeira parte traz algo chocante: ele comeu os pais para sobreviver. Delano não deixa apenas sugerida a terrível recente experiência do garoto mas coloca isso como parte da existência dele, nas brincadeiras com a irmã (com um fundo de verdade, como sempre) e nas histórias de terror que escreve e desenha, claramente uma transposição fictícia de suas experiências ao lado do tio. Assim como o pai e a mãe, Cliff provou os muitos caminhos possíveis que o instinto humano pode percorrer para preservar a vida. E assim como eles, não está livre de cicatrizes externas e internas. Um brinde de toda a experiência da carne inteligente.

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2. O Evangelho do Coiote

The Coyote Gospel  (1988 – 1989)

Durante todo esse tempo, o leitor ainda pode ver performances excelentes de Ellen (ela lutando contra o Mestre dos Espelhos é excelente) e o um drama de Cliff, filho de Buddy que sofre bullying e é ajudado pelo Caçador de Marte; além de problemas familiares que são organicamente mesclados à vida heroica do Homem Animal. Não é à toa que o personagem tenha saído da obscuridade e ganhado o amor do público. O trabalho de Grant Morrison aqui é realmente algo para se apaixonar.

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1. Deus Ex Machina

1989 – 1990

O final da saga do Homem Animal sob a pena de Grant Morrison é uma das mais prazerosas experiências que podemos ter em uma leitura de HQ. O toque metalinguístico do autor faz toda a diferença, e seu humor, melancolia, confissões e exploração precisa e cuidadosa dos personagens ao longo de um grande número de edições, criando atalhos que levam a um único caminho no final de tudo é, em uma palavra, sublime. Poucas vezes nós temos o impulso imediato, ao terminar uma longa aventura, de chamar o roteirista de louco, gênio e inúmeros variantes dessas palavras, tudo ao mesmo tempo. Mas isso acontece aqui. Impulso coroado pela vontade de começar a ler toda a obra novamente. Pois é. Este run é bom a esse nível. A sagração merecida e definitiva para o Homem Animal.

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