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Lista | As Melhores Séries de 2020

por Ritter Fan
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Como de praxe, aqui estamos fazendo a nossa listinha de melhores séries e minisséries do ano! As diferenças dessa lista de 2020 para as dos anos anteriores é, primeiro, que dessa vez deixamos a critério de cada redator escolher o tamanho de seu “TOP”, desde que em múltiplos de cinco, claro, porque ninguém é de ferro. Além disso, assim como na lista de melhores filmes de 2020, deixamos todos os TOPs aparentes, sem um TOP geral único. Dessa forma, o leitor poderá ter acesso às mais diferentes opiniões e composições de listas para as produções lançadas neste ano pandêmico.

Agora vamos falar das regras:

  • Focamos nas temporadas de séries (ou na minissérie completa, caro) e não na série como um todo;
  • Só temporadas de séries ou minisséries lançadas oficialmente no Brasil foram elegíveis. Portanto, séries como Raised by Wolves e Fargo ficaram de fora;
  • Só temporadas de séries ou minisséries que (1) começaram em 2019 e acabaram em 2020 ou (2) começaram em 2020 e acabaram em 2020 foram elegíveis. Em outras palavras, temporadas de séries ou minisséries que começaram em 2020 e que só acabarão em 2021, como a 5ª temporada de The Expanse, não puderam entrar.

E aí, o que acharam das nossas listas? Com qual ou quais listas você se identificou mais? Pegaram algumas dicas de séries ou minisséries para assistir? Não deixem de comentar e deixar também o seu TOP [INSERIR NÚMERO] do ano! Boa séries a todos!

P.s.: O Luiz Santiago fica desde já de castigo, sem direito a publicar nada no site por três meses em razão de seu ERRO INDESCULPÁVEL na indicação de  seu 1º lugar.


Top 20 – Ritter Fan

Tudo o que não li de quadrinhos em 2020 eu devo ter focado em séries, pois vi muita coisa e muita coisa boa, das mais diferentes fontes, sejam as mais tradicionais como HBO ou os mais variados serviços de streaming disponíveis por aqui. Minha lista de 20 ainda sofreu cortes de muita série que poderia ter entrado, fora as que tive que deixar de lado em razão das regras acima, como a querida última temporada de Agents of S.H.I.E.L.D., que encerrou uma era do Universo Cinematográfico Marvel.

E, como se pode ver abaixo, foi um grande ano de séries, tanto completamente inéditas como novas temporadas de séries já em andamento, o que conseguiu me deixar em tremendas dúvidas sobre minha ordem de preferência, especialmente no caso dos dois primeiros lugares.

20º – Expresso do Amanhã: 1ª Temporada

Graeme Manson (TNT)

A dupla protagonista – ou será que o mais correto seria dizer a dupla formada pelo protagonista Andre Layton e pela antagonista Melanie Cavill? – ganhou os holofotes desde o começo, com destaque particular para Jennifer Connelly, peça essencial para o bom funcionamento do trem, mas também para a manutenção do status quo. Desde o início o espectador percebe e sente sua dureza, mas também algo mais que a torna uma personagem ambígua e muito interessante, com ótimo desenvolvimento ao longo da temporada. Infelizmente, porém, o Andre Layton de Daveed Diggs não tem o mesmo impacto, com o ator deixando a desejar e com seu papel escrito de maneira pouco chamativa, mesmo que seja ele o pivô da revolução classista que marca o excelente clímax da temporada.

19º – Patrulha do Destino: 2ª Temporada

Jeremy Carver (DC Universe/HBO Max)

Este ano tivemos uma expansão dos sentimentos da equipe, uma adição maior e mais profunda dos problemas pessoais de cada um e um foco na criação das personas heroicas de cada um deles. Cliff e Rita tiveram os seus momentos de “série dentro da série” para mostrar o quanto estão animados para essa coisa de “ser super-herói” e Larry assumiu o chamado para uma missão, o que é um enorme passo. Mais uma sensacional temporada de um série que veio para nos trazer alegria e loucuras no meio do insano ano de 2020. Nem a pandemia conseguiu estragar a montagem da temporada. Que coisa maravilhosa! Vem logo Terceira Temporada!

18º – Lovecraft Country: 1ª Temporada

Misha Green (HBO)

Existem duas séries de TV intituladas Lovecraft Country. A primeira delas e a melhor tem nove episódios surpreendentes em um formato inédito de semi-antologia de horror com cada um laureando um sub-gênero como casa mal-assombrada, horror corporal, horror cósmico etc. tendo como pano de fundo os EUA dos anos 50 com as Leis Jim Crow de segregação racial a pleno vapor. Não é uma série discreta em suas lições históricas e nem na forma como expõe seus mistérios, mas o elenco e os roteiros são realmente de se tirar o chapéu, com personagens inesquecíveis. Essa série, encerrada em Rewind 1921, sem dúvida deixa um monte de perguntas sem respostas, mas que poderiam ser trabalhadas e desenvolvidas em um segundo ano.

17º – Tales from the Loop: 1ª Temporada

Nathaniel Halpern (Amazon)

Usando essa estrutura solta ma no troppo, Halpern nos pede para nos recostarmos no sofá e degustar com calma e paciência sua série, sem – e isso é particularmente importante – buscar respostas definitivas para tudo. A procura de explicações científicas, mágicas ou extraterrestres para o desfile narrativo-visual que passa diante de nossos olhos é um exercício em futilidade que tem o potencial de desapontar muita gente. A racionalização não é o objetivo aqui, mas sim a observação tranquila, sem a afobação e a ansiedade típicas de séries lançadas “por temporada” em serviços de streaming.

16º – Grace and Frankie: 6ª Temporada

Marta Kauffman, Howard J. Morris (Netflix)

Em outras palavras, no lugar de correr para “apagar” Nick da vida de Grace e fazê-la voltar à casa de praia com Frankie, os roteiros usam essa circunstância – que sim, nada contra a própria premissa da série, o que a torna justamente mais valorosa – para criar uma história relevante ao redor, unindo as duas ainda mais e formando um trio, já que a hilária Joan-Margaret aboleta-se junto à Frankie, para evitar a solidão da hippie octogenária (septuagenária na série). Toda essa dinâmica é muio bem trabalhada, inclusive a que coloca Nick na equação como o marido genuinamente apaixonado por sua nova esposa e que tenta fazer de tudo para agradá-la, inclusive permitir Frankie e sua vida muito mais do que o razoável. É bem verdade que há momentos em que Nick desaparece da história, deixando Grace e Frankie no cenário da casa de praia como se juntas morassem, mas, mesmo que isso incomode um pouco, não é algo que realmente desfaça o casamento sem desafazê-lo, mas sim uma escolha perfeitamente lógica de manter o relacionamento das duas como mola mestra desse lado da história.

15º – Dark: 3ª Temporada

Baran bo Odar, Jantje Friese (Netflix)

Se a grande reviravolta ao final da temporada anterior foi a revelação de que existia pelo menos um universo paralelo, nos oito episódios de encerramento os roteiros constroem em cima dessa premissa não só abordando bem mais do que os momentos temporais que vimos anteriormente, indo brevemente até 1822 até, como também lidando com “entretempos”, o que inteligentemente quebra a expectativa dos 33 em 33 anos que vinha sendo a regra, além de revelar que, na verdade, os dois mundos que a série vinha abordando são, na verdade, resultado de uma experiência com máquina do tempo de um mundo de origem ou Terra Prime (só para usar linguajar de quadrinhos), levando a um final de “gente virando pó” que inevitavelmente lembra o estalo de Thanos em Guerra Infinita.

14º – I Know This Much is True

Derek Cianfrance (HBO)

Com seis episódios girando em torno de uma hora cada um, a produção da HBO dirigida por Derek Cianfrance, que a co-escreveu com Anya Epstein, é um pesado drama psicológico que aborda a vida de Domenico “Dominick” Birdsey, um pintor de casas que vive sua vida dedicando-a aos cuidados com seu irmão gêmeo Thomas, que sofre de esquizofrenia e vive entrando em saindo de um sanatório há pelo menos 20 anos. Com ambos vivido de maneira assombrosa por Ruffalo, o ponto de partida da história é um evento traumático na vida de Thomas em que ele, em uma biblioteca, saca uma faca Kukri e corta sua mão direita em uma espécie de sacrifício a Deus para tornar o mundo melhor.

13º – DEVS

Alex Garland (FX on Hulu)

Não esperem respostas finais, claro, mas Garland passei muito eficientemente pelos conceitos, com um roteiro que, até o já mencionado ponto que marca a metade da história, não se apoia demais em textos expositivos, costurando, ainda, uma atmosfera levemente hitchcockiana ajudada pela ambientação em São Francisco e arredores que logo remete o espectador geograficamente à Um Corpo que Cai.  O problema vem a partir do quinto episódio, mais especificamente o quinto e sexto capítulos, pois eles são utilizados para pegar na mão o espectador que porventura não tiver entendido muita coisa – e sério, a história nem é tão complicada assim para isso acontecer – e levá-lo pelos meandro “técnicos” que é o cerne do projeto Devs, localizado em um gigantesco ovo Fabergé quadrado no meio de uma floresta belíssima, não muito longe da sede principal da Amaya, que tem uma bizarra (e assustadora, diria) estátua gigantesca da finada filha de Forest como decoração principal.

12º – The Boys: 2ª Temporada

Eric Kripke (Amazon)

No entanto, o balanço da temporada foi muito positivo, com um encerramento eficiente que amarra pontas soltas e refaz todo o tabuleiro, transformando as duas temporadas em, essencialmente, um alongado prelúdio para a base dos quadrinhos. Com os Rapazes agora potencialmente atuando como um grupo fundeado e sancionado pela CIA, os Sete enfraquecidos e a Vought mostrando seus tentáculos na política americana, o futuro da série parece mais promissor do que nunca!

11º – The Outsider

Richard Price (HBO)

Essa característica da série é amplificada pela qualidade de seu elenco. Ben Mendelsohn vive o detetive Ralph Anderson que, depois de recolher provas inequívocas, prende Terry Maitland (Jason Bateman) sob suspeita de assassinato, o que desencadeia uma série de eventos que fazem a minissérie transitar de uma obra procedimental para o sobrenatural, ou seja, aquilo que marca grande parte das obras de Stephen King. Mas muito mais importante do que a natureza mista da narrativa é a forma como Mendelsohn vive seu torturado personagem, um homem que não só precisa encarar aquilo que acabou de fazer, como também lidar com a morte de seu filho, vítima de câncer, algum tempo antes. A dor que Anderson sente é palpável em cada olhar, em cada palavra que ele solta e, mais ainda, a dor que ele acaba infligindo por agir como acaba agindo espalha-se como uma epidemia que toma de assalto todos os envolvidos. A força do trabalho do ator, que interage muito com a também excelente Mare Winningham, que vive Jeannie, esposa de Ralph, é impressionante, provavelmente seu melhor trabalho dramático até agora.

10º – The Plot Against America

David Simon, Ed Burns (HBO)

A visão intimista, de dentro da para fora, é essencial para a minissérie funcionar de verdade, assim como o passo vagaroso da narrativa. Começando em junho de 1940, com o início da campanha de Lindbergh e terminando em setembro de 1942, o período coberto exige pulos temporais de meses que acontecem por episódio e que vão trazendo alterações à vida dos Levin como um pequeno recorte do que acontece na nação como um todo. É, mal comparando, como se as paredes ao redor dos Levin fossem se fechando vagarosamente, deixando-os entristecidos, enraivecidos, ansiosos e, finalmente, desesperados. O que a série tenta passar é uma sensação de impotência de “não ter o que fazer” que cria uma atmosfera claustrofóbica e tensa, em uma tentativa de mimetizar o nascimento de um regime totalitarista a partir de pontos de vista profundamente humanos, longe dos meandros políticos do próprio governo.

9º – Primal: 1ª Temporada

Genndy Tartakovsky (Cartoon Network)

Poucas animações realmente são desafios criativos auto impostos por seus idealizadores. E não, não falo do padrão da indústria que é basicamente entupir episódios de personagens bizarros, escatologia, referências e tudo mais para fazer cérebros geeks e nerds explodirem. Falo de pessoas como o russo Genndy Tartakovsky que, depois de seu Samurai Jack, volta para o Adult Swim para uma série quase que integralmente sem diálogos, com apenas dois personagens e que se passa em sua própria versão do mundo pré-histórico. E, é claro, doses gigantescas de violência explícita, porque ninguém é de ferro.

8º – Ted Lasso: 1ª Temporada

Bill Lawrence, Jason Sudeikis, Joe Kelly, Brendan Hunt (Apple TV+)

Nos tempos cínicos em que vivemos, é bem possível que uma série como Ted Lasso sofra todo o tipo de preconceito simplesmente por ser positiva até a raiz do cabelo, quase que como um conto de fadas, com um protagonista que, na medida em que o conhecemos mais, revela-se como um ser humano tão humano, tão compreensivo, tão doce e tão inteligente que ele simplesmente não pode existir, nem mesmo em uma obra de ficção. No entanto, é exatamente por isso, que Ted Lasso é um pequeno tesouro que, justamente em nossos tempos, precisa ser descoberto e apreciado.

7º – Homeland: 8ª Temporada

Howard Gordon, Alex Gansa (Showtime)

E, então, veio a oitava temporada que volta ao tema da Trilogia Brody, mas mantém o foco na conexão entre Carrie e Saul, com os showrunners entregando uma narrativa que cuida do aspecto macro, mas que dedica muito tempo aos protagonistas, colocando Carrie sob suspeita de traição. Apesar de inserir dois importantes personagens novos que caem quase que de paraquedas – o conselheiro presidencial John Zabel e a espiã Anna Pomerantseva – os aspectos emocionais se sobressaem, com um final intimista e quase lírico que altera a relação entre Carrie e Saul e reposiciona a agente bipolar como uma nova agente infiltrada no seio russo como uma forma de, de um lado, a personagem continuar a fazer o que gosta e, de outro, funcionar como uma maneira de ela expiar seus pecados. Um final sem dúvida digno para uma das melhores personagens de séries da história recente.

6º – Perry Mason: 1ª Temporada

Rolin Jones, Ron Fitzgerald (HBO)

Anunciada primeiro como uma minissérie, mas ganhando o status de série quando nem bem passava da metade, o retorno de Perry Mason, depois de 27 anos distante do audiovisual não poderia ter sido melhor. Contando uma história de origem inédita do clássico personagem que Erle Stanley Gardner imortalizou a partir de 1933, a HBO e os showrunners Rolin Jones e Ron Fitzgerald colocaram nas telinhas uma obra que já nasce clássica não só pela incrível transformação do protagonista de detetive desgrenhado, mal vestido e depressivo em um advogado esperto, capaz de dobrar a lei para fazer Justiça, como também pela magnífica escolha do elenco principal e pela cuidadosa reconstrução de época, imergindo o espectador na Los Angeles corrupta, mas economicamente ascendente dos anos 30, apesar da Grande Depressão.

5º – Mythic Quest: Raven’s Banquet: 1ª Temporada

Rob McElhenney, Charlie Day, Megan Ganz (Apple TV+)

Co-criado por Rob McElhenney, criador e ator da longeva It’s Always Sunny in Philadelphia, juntamente com Charlie Day e Megan Ganz, ambos produtores executivos de IASIP, com Ganz tendo também contribuído para o sucesso de CommunityModern Family e The Last Man on EarthMythic Quest já nasce com pedigree e não faz nem um pouco feio, muito ao contrário, conseguindo reunir o que de melhor cada nome por trás de seu desenvolvimento trouxe, ao mesmo tempo que mantendo-se sempre fresca e diferente do que já vimos antes. Ainda que McElhenney faça em tese o papel principal, o narcisista egomaníaco Ian Grimm, criador do jogo e seu diretor criativo, com direito a uma sala que fica acima de todos os demais reles mortais, os roteiros criam um excelente equilíbrio para todo o elenco.

4º – After Life: 2ª Temporada

Ricky Gervais (Netflix)

É tudo maravilhosamente natural na forma como os diálogos são travados, com um elenco mais do que inspirado em passar um realismo que chega até a ser doloroso, com problemas como solidão, separação e amor das mais variadas naturezas sendo albergados em um conjunto harmônico e delicioso que é perfeitamente capaz de tirar sorrisos em um minuto e lágrimas no minuto seguinte. Melhor ainda, apesar de os personagens coadjuvantes ainda continuarem gravitando ao redor de Tony, eles ganham mais vida própria nesse segundo ano, notadamente Matt (Tom Basden), seu genro, e Roxy e Pat. Gervais, ao fazer isso, fortalece seu pequeno ecossistema e entrelaça as histórias mais firmemente, porém sem jamais perder de vista o foco em seu sofrido Tony que – não canso de dizer – é um personagem fascinante pela forma aparentemente “fácil” como ele expõe a variedade e extensão de suas emoções, trabalhando pesar, ternura, alegria e gratidão, dentre outros, de maneira muito fluida, sem que os passos sejam marcados como esquetes temáticas.

3º – The Mandalorian – 2ª Temporada

Jon Favreau (Disney+)

A manutenção da simplicidade narrativa, com episódios econômicos em duração, um cuidado gigantesco com os efeitos práticos e digitais que nos faz retornar à Trilogia Original somado a sequências de ação variadas e espetaculares já teriam diferenciado a 2ª temporada da 1ª, mas o que realmente impressiona é a capacidade de Favreau de inserir fan service a serviço da temporada e não só para os fãs. Podemos revirar os olhos e dizer que o uso de personagens como Bo-Katan, Boba Fett, Ahsoka Tano e, claro, Luke Skywalker, teve como objetivo atrair os fãs das mais variadas idades e preparar o terreno não para uma ou duas séries derivadas, mas sim nada menos do que três, mas isso seria um injusto comentário reducionista. O que Favreau faz chega ao ponto de ser arte em termos de fan service, algo que, convenhamos, o UCM, que ele ajudou a construir, também foi pródigo. O showrunner soube usar o vasto material que tinha à disposição de maneira a cumprir suas funções basilares de agradar fãs e de cumprir uma agenda corporativa, mas sem parecer gratuito e sem colocar o fan service à frente da história.

2º – The Crown: 4ª Temporada

Peter Morgan (Netflix)

Tomarei a liberdade de ser mais uma vez hiperbólico: poucas vezes na vida vi um relacionamento – seja fictício ou real – na televisão ou no cinema com as camadas de complexidade que Morgan criou para o casal-estrela da temporada. No lugar de fazer o que o imaginário popular “exige”, ou seja, canonizar Diana e colocar todo o peso da culpa em Charles, Morgan cria um fascinante estudo sobre a tragédia da fusão da paixão com amor, casamento e obrigação sob a égide da Coroa Britânica. Se Diana foi levada a autoflagelar-se com sua terrível bulimia, abordada da maneira mais elegante possível, vale destacar, por não ver seu amor por Charles ser correspondido por mais do que por alguns minutos ao longo de anos e por não sentir sequer uma fagulha de apoio da Família Real, o foco na tristeza de Charles, sua completa impossibilidade de escolher, e sua paixão – talvez obsessão – por Camilla Parker-Bowles (Emerald Fennell) é um triunfo de roteiro.

1º – Better Call Saul: 5ª Temporada

Vince Gilligan, Peter Gould (AMC)

No entanto, a 5ª temporada dá uma magnífica rasteira no espectador e revela que a história de Kim é tão importante quanto a de Jimmy e que o futuro da personagem definitivamente não está decidido. Claro, ela sem dúvida ainda poderá morrer, mas tenho para mim que esse momento passou e sua consolidação foi de tal maneira que creio que os showrunners imaginam outro futuro para ela. Teorias à parte, o que realmente interessa é o sensacional trabalho dramático de Rhea Seehorn. Sem dúvida a atriz sempre foi um destaque, mas, aqui, sua personagem teve grande destaque e Seehorn simplesmente explodiu nas telas, por vezes até sombreando o também sempre sensacional Bob Odenkirk (parece que o jogo virou, não é mesmo?). E o mais interessante é que tudo fez perfeito sentido se pensarmos, em retrospecto, na forma como a personagem foi trabalhada em “fogo baixo”.

Top 10 – Kevin Rick

Antes de começar a lista, gostaria de pontuar duas ocorrências na minha “grade” de séries vistas no ano de 2020. A primeira é a falta de bons lançamentos de animes. Não sei se é porque deixei algo passar, mas foi um dos anos mais fracos de novidades no gênero para mim. E, infelizmente, dois dos melhores animes do ano, Attack on Titan e Jujutsu Kaisen, não podem entrar na minha lista de acordo com as regras – mas definitivamente estariam. A outra observação é sobre The Crown, que não pude conferir, mas que sigo há vários anos, e tenho certeza que entraria facilmente na lista. Dito isso, vamos lá!

10º- A Maldição da Mansão Bly

Mike Flanagan (Netflix)

Depois do sucesso no formato adotado em 2018 com o ótimo desempenho obtido em A Maldição da Residência Hill, era inevitável que Mike Flanagan, criador do programa, investisse no amplo repertório cultural de casas assombradas em nosso imaginário. Na primeira incursão, tivemos um giro macabro e mergulho profundo no clima fúnebre de A Assombração da Casa da Colina, romance de Shirley Jackson que já inspirou muitos filmes e produtos culturais que traduziram o seu conteúdo para outros suportes narrativos. Desta vez, o realizador trouxe para os nove episódios de A Maldição da Mansão Bly, o universo fantasmagórico de Henry James e seu clássico A Volta do Parafuso, publicação conhecida por ter encontrado algumas ressonâncias no excepcional Os Outros e no recente Os Órfãos. Com um time mais amplo de roteiristas e diretores no comando da produção, o formato anterior se mantém, isto é, um esquema estético deslumbrante e um clima ominoso a gravitar constantemente em torno dos personagens.

9º- The Midnight Gospel: 1ª Temporada

Pendleton Ward, Duncan Trussell (Netflix)

Eu assisti essa série animada no começo do ano meio que sem querer, e uau, que surpresa maravilhosa! Tente imaginar um podcast de ficção científica/fantasia à base de LSD. Isso seria Midnight Gospel.

8º- GDLK

France Costrel (Netflix)

Na esteira de sucesso de séries documentais que a Netflix vem produzindo, GDLK (ou High Score, no título original) se promoveu com um marketing de documentário sobre a “história dos games”. Esse talvez seja seu maior erro, abrindo espaço para comentários e reviews na internet afirmarem que a série apenas arranha a superfíce da história dessa mídia, o que por si só não é mentira, mas demonstra uma enorme inocência e inexperiência com documentários de alguém que afirma tal ponto como demérito sem se aprofundar nas reais intenções da obra. GDLK se trata de uma série documental extremamente preocupada no fator humano da mídia games, consistindo em pessoas compartilhando suas experiências e paixão pelos games, com ênfase na parte criativa do desenvolvimento.

7º – Dark: 3ª Temporada

Baran bo Odar, Jantje Friese (Netflix)

Se a grande reviravolta ao final da temporada anterior foi a revelação de que existia pelo menos um universo paralelo, nos oito episódios de encerramento os roteiros constroem em cima dessa premissa não só abordando bem mais do que os momentos temporais que vimos anteriormente, indo brevemente até 1822 até, como também lidando com “entretempos”, o que inteligentemente quebra a expectativa dos 33 em 33 anos que vinha sendo a regra, além de revelar que, na verdade, os dois mundos que a série vinha abordando são, na verdade, resultado de uma experiência com máquina do tempo de um mundo de origem ou Terra Prime (só para usar linguajar de quadrinhos), levando a um final de “gente virando pó” que inevitavelmente lembra o estalo de Thanos em Guerra Infinita.

6º – The Boys: 2ª Temporada

Eric Kripke (Amazon)

No entanto, o balanço da temporada foi muito positivo, com um encerramento eficiente que amarra pontas soltas e refaz todo o tabuleiro, transformando as duas temporadas em, essencialmente, um alongado prelúdio para a base dos quadrinhos. Com os Rapazes agora potencialmente atuando como um grupo fundeado e sancionado pela CIA, os Sete enfraquecidos e a Vought mostrando seus tentáculos na política americana, o futuro da série parece mais promissor do que nunca!

5º- Bojack Horseman: 6ª Temporada

Raphael Bob-Waksberg (Netflix)

Bojack Horseman é uma série que começou meio capenga, como uma sátira de Hollywood, mas com certa dificuldade em desenvolver narrativamente o que queria fazer com o enredo e com o próprio protagonista. Felizmente, a sitcom animada foi encontrando seu caminho, e a temporada final, a minha favorita da série, expõe como o show foi capaz de crescer e evoluir muito além da sátira, tornando-se um dos melhores estudos de personagem na televisão. Bojack está eternizado como um dos mais intrigantes e bem construídos protagonistas na história da TV. Pra quem assistiu – e não tem coração de pedra -, só me diga, por quanto tempo você chorou no final?

4º- Haikyuu!!: 4ª Temporada

Taku Kishimoto (Crunchyroll)

O que mais dizer de Haikyuu? O shounen de esporte criado por Haruichi Furudate não é apenas um dos melhores animes esportivos da década, mas sim um dos melhores shounen da história. Ainda acho a 3ª Temporada a melhor do conjunto da obra, mas o quarto ano da equipe Karasuno é um fenomenal passeio sorridente e emocional pela vida desses jovens viciados em vôlei. Hinata, Kageyama e todo o resto dos corvos ganharam respeito nos Nacionais, e fica a ansiedade pela confirmação da 5ª Temporada!

3º – The Mandalorian – 2ª Temporada

Jon Favreau (Disney+)

A manutenção da simplicidade narrativa, com episódios econômicos em duração, um cuidado gigantesco com os efeitos práticos e digitais que nos faz retornar à Trilogia Original somado a sequências de ação variadas e espetaculares já teriam diferenciado a 2ª temporada da 1ª, mas o que realmente impressiona é a capacidade de Favreau de inserir fan service a serviço da temporada e não só para os fãs. Podemos revirar os olhos e dizer que o uso de personagens como Bo-Katan, Boba Fett, Ahsoka Tano e, claro, Luke Skywalker, teve como objetivo atrair os fãs das mais variadas idades e preparar o terreno não para uma ou duas séries derivadas, mas sim nada menos do que três, mas isso seria um injusto comentário reducionista. O que Favreau faz chega ao ponto de ser arte em termos de fan service, algo que, convenhamos, o UCM, que ele ajudou a construir, também foi pródigo. O showrunner soube usar o vasto material que tinha à disposição de maneira a cumprir suas funções basilares de agradar fãs e de cumprir uma agenda corporativa, mas sem parecer gratuito e sem colocar o fan service à frente da história.

2º- Ozark: 3ª Temporada

Bill Dubuque, Mark Williams (Netflix)

Ozark é uma série que já nasceu sendo comparada a marcos televisivos como Breaking Bad e Better Call Saul, o que é um tanto injusto pensando que ambas estão entre as melhores produções da história da TV. Mas é espetacular como os criadores da série, Bill Dubuque e Mark Williams, a cada temporada, têm se desvencilhado das comparações e criado sua própria identidade e marco no gênero. Esta última temporada é uma aula de drama familiar misturado à narrativa criminosa, criando um thriller fenomenal que termina com um bang tão grande que você só pode ficar boquiaberto e aplaudir o desfecho.

1º – Better Call Saul: 5ª Temporada

Vince Gilligan, Peter Gould (AMC)

No entanto, a 5ª temporada dá uma magnífica rasteira no espectador e revela que a história de Kim é tão importante quanto a de Jimmy e que o futuro da personagem definitivamente não está decidido. Claro, ela sem dúvida ainda poderá morrer, mas tenho para mim que esse momento passou e sua consolidação foi de tal maneira que creio que os showrunners imaginam outro futuro para ela. Teorias à parte, o que realmente interessa é o sensacional trabalho dramático de Rhea Seehorn. Sem dúvida a atriz sempre foi um destaque, mas, aqui, sua personagem teve grande destaque e Seehorn simplesmente explodiu nas telas, por vezes até sombreando o também sempre sensacional Bob Odenkirk (parece que o jogo virou, não é mesmo?). E o mais interessante é que tudo fez perfeito sentido se pensarmos, em retrospecto, na forma como a personagem foi trabalhada em “fogo baixo”.

Top 10 – Roberto Honorato

Não preciso lembrar você de como 2020 foi um tremendo desastre em quase todos os aspectos, mas pelo menos tivemos algumas boas séries, desde estreias, novas temporadas e até alguns retornos surpreendentemente positivos. Eu tenho o péssimo hábito de ficar na zona de conforto e assistir quase exclusivamente séries de ficção científica, mas acho que esse ano consegui diversificar um pouco e, das dez escolhidas, decidi misturar um pouco também algumas animações, que tiveram grande destaque esse ano.

10º – Truth Seekers: 1ª Temporada

Jim Field Smith (Amazon)

O que realmente me chamou a atenção nessa série foi a promessa de termos um reencontro da dupla Simon Pegg e Nick Frost, mais conhecidos pela excelente trilogia de Edgar Wright (apelidada pelos fãs de Trilogia Cornetto: Shaun of the Dead, Hot Fuzz e World’s End). E por mais que Pegg faça apenas aparições bem pontuais, Frost é carismático o suficiente para carregar a absurda trama de um técnico de instalação elétrica que, nas horas vagas, utiliza seu conhecimento sobre o sobrenatural para investigar todo tipo de assombração. Mas o que começa como um hobby, logo se transforma em uma jornada para evitar um mal mais forte do que ele imaginava. Uma ótima surpresa que está escondida na Amazon Prime Video.

9º – O Gambito da Rainha

Scott Frank, Allan Scott (Netflix)

O preço da genialidade sob a óptica feminina revela que até mesmo na identificação de dons especiais a feminilidade é reprimida. O Gambito Rainha é estruturalmente convencional, pensando nas escolhas de roteiro típicas para tal contagem de história. Trata-se da velha jornada de origem, ascensão, queda (durante um grande desafio), demônios internos e a máxima glória de uma figura extraordinária em uma atividade específica. Não se engane, no entanto, que a minissérie criada por Scott Frank tem nessa atividade específica o diferencial, afinal, as qualidades narrativas da produção da Netflix vão muito além da exploração íntima da mística do tabuleiro de xadrez, configurando-se em um exímio estudo da complexidade dramática de sua protagonista, como também uma excelente reflexão acerca da repressão do machismo estrutural para a constante criação de mentes geniais femininas.

8º- Bojack Horseman: 6ª Temporada

Raphael Bob-Waksberg (Netflix)

A última temporada de Bojack Horseman é, como esperado, uma despedida dolorosa, tanto quanto a jornada de seu protagonista. Finalmente lidando com os traumas e os crimes do passado, a estrela de Hollywoo parece estar em um caminho claro para a redenção, mas sem deixar de sofrer as consequências, o que faz dessa a temporada mais sombria da série, mas também a que melhor trabalha o equilíbrio entre drama e comédia. O humor continua lá, e não tira o espaço para o encerramento dos arcos de Todd, Princess Carolyn, Mr. Peanutbutter e Diane. Um desfecho emocionante para uma das animações mais corajosas dos últimos anos.

7º – Curb Your Enthusiasm: 10ª Temporada

Larry David (HBO)

Mesmo depois de dez temporadas, Curb Your Enthusiasm não perde o fôlego e continua entregando o mesmo nível de piadas e o humor sarcástico e observador de Larry David, que dessa vez debate a distância aceitável entre pessoas em um restaurante, frutas artificiais, a oportunidade de ser interpretado por Jon Hamm e a satisfação de se dar ao esforço de fazer algo difícil apenas para justificar um rancor. Mas também há tópicos mais delicados, como a cultura do cancelamento, que David aborda da maneira que só ele consegue. Essa nunca foi uma comédia acessível para todos, mas se você é fã de Seinfeld ou também não aguenta as obrigações e regras não escritas da etiqueta social, então Curb é a série perfeita.

6º – The Mandalorian – 2ª Temporada

Jon Favreau (Disney+)

A manutenção da simplicidade narrativa, com episódios econômicos em duração, um cuidado gigantesco com os efeitos práticos e digitais que nos faz retornar à Trilogia Original somado a sequências de ação variadas e espetaculares já teriam diferenciado a 2ª temporada da 1ª, mas o que realmente impressiona é a capacidade de Favreau de inserir fan service a serviço da temporada e não só para os fãs. Podemos revirar os olhos e dizer que o uso de personagens como Bo-Katan, Boba Fett, Ahsoka Tano e, claro, Luke Skywalker, teve como objetivo atrair os fãs das mais variadas idades e preparar o terreno não para uma ou duas séries derivadas, mas sim nada menos do que três, mas isso seria um injusto comentário reducionista. O que Favreau faz chega ao ponto de ser arte em termos de fan service, algo que, convenhamos, o UCM, que ele ajudou a construir, também foi pródigo. O showrunner soube usar o vasto material que tinha à disposição de maneira a cumprir suas funções basilares de agradar fãs e de cumprir uma agenda corporativa, mas sem parecer gratuito e sem colocar o fan service à frente da história.

5º – Tales from the Loop: 1ª Temporada

Nathaniel Halpern (Amazon)

Usando essa estrutura solta ma no troppo, Halpern nos pede para nos recostarmos no sofá e degustar com calma e paciência sua série, sem – e isso é particularmente importante – buscar respostas definitivas para tudo. A procura de explicações científicas, mágicas ou extraterrestres para o desfile narrativo-visual que passa diante de nossos olhos é um exercício em futilidade que tem o potencial de desapontar muita gente. A racionalização não é o objetivo aqui, mas sim a observação tranquila, sem a afobação e a ansiedade típicas de séries lançadas “por temporada” em serviços de streaming.

4º – After Life: 2ª Temporada

Ricky Gervais (Netflix)

É tudo maravilhosamente natural na forma como os diálogos são travados, com um elenco mais do que inspirado em passar um realismo que chega até a ser doloroso, com problemas como solidão, separação e amor das mais variadas naturezas sendo albergados em um conjunto harmônico e delicioso que é perfeitamente capaz de tirar sorrisos em um minuto e lágrimas no minuto seguinte. Melhor ainda, apesar de os personagens coadjuvantes ainda continuarem gravitando ao redor de Tony, eles ganham mais vida própria nesse segundo ano, notadamente Matt (Tom Basden), seu genro, e Roxy e Pat. Gervais, ao fazer isso, fortalece seu pequeno ecossistema e entrelaça as histórias mais firmemente, porém sem jamais perder de vista o foco em seu sofrido Tony que – não canso de dizer – é um personagem fascinante pela forma aparentemente “fácil” como ele expõe a variedade e extensão de suas emoções, trabalhando pesar, ternura, alegria e gratidão, dentre outros, de maneira muito fluida, sem que os passos sejam marcados como esquetes temáticas.

3º – DEVS

Alex Garland (FX on Hulu)

Não esperem respostas finais, claro, mas Garland passei muito eficientemente pelos conceitos, com um roteiro que, até o já mencionado ponto que marca a metade da história, não se apoia demais em textos expositivos, costurando, ainda, uma atmosfera levemente hitchcockiana ajudada pela ambientação em São Francisco e arredores que logo remete o espectador geograficamente à Um Corpo que Cai.  O problema vem a partir do quinto episódio, mais especificamente o quinto e sexto capítulos, pois eles são utilizados para pegar na mão o espectador que porventura não tiver entendido muita coisa – e sério, a história nem é tão complicada assim para isso acontecer – e levá-lo pelos meandro “técnicos” que é o cerne do projeto Devs, localizado em um gigantesco ovo Fabergé quadrado no meio de uma floresta belíssima, não muito longe da sede principal da Amaya, que tem uma bizarra (e assustadora, diria) estátua gigantesca da finada filha de Forest como decoração principal.

2º – Avenue 5: 1ª Temporada

Armando Iannucci (HBO)

A premissa é muito simples: um luxuoso cruzeiro espacial de algumas semanas sofre um acidente que o retira de seu curso normal, ampliando a estimativa de retorno para mais de três anos. Está instalado o completo caos em espaço confinado que coloca à prova a humanidade de todos ali. Mas Iannucci não se preocupa em criar personagens realistas ou colocar o lado sci-fi da história em primeiro plano. Ao contrário, o que vemos desfilar diante das telas poderia acontecer em qualquer outro lugar (um prédio em chamas como em Inferno na Torre, um navio afundando como em O Destino do Poseidon e assim por diante), mas as pessoas que populam a gigantesca nave cujo nome batiza a série são meramente arquétipos que somente funcionam de verdade porque a escolha do elenco foi inspiradíssima.

1º – Better Call Saul: 5ª Temporada

Vince Gilligan, Peter Gould (AMC)

No entanto, a 5ª temporada dá uma magnífica rasteira no espectador e revela que a história de Kim é tão importante quanto a de Jimmy e que o futuro da personagem definitivamente não está decidido. Claro, ela sem dúvida ainda poderá morrer, mas tenho para mim que esse momento passou e sua consolidação foi de tal maneira que creio que os showrunners imaginam outro futuro para ela. Teorias à parte, o que realmente interessa é o sensacional trabalho dramático de Rhea Seehorn. Sem dúvida a atriz sempre foi um destaque, mas, aqui, sua personagem teve grande destaque e Seehorn simplesmente explodiu nas telas, por vezes até sombreando o também sempre sensacional Bob Odenkirk (parece que o jogo virou, não é mesmo?). E o mais interessante é que tudo fez perfeito sentido se pensarmos, em retrospecto, na forma como a personagem foi trabalhada em “fogo baixo”.

Top 5 – Luiz Santiago

Os meus tempos de seriador ficaram para trás… Por conta do Plano Crítico, eu ainda mantenho o mínimo de produções conferidas anualmente, basicamente as que eu faço cobertura. Como não tenho problema nenhum em largar séries ou colocar na geladeira por centenas de anos (mesmo as que eu gosto muito, como The Mandalorian), a lista de “não conferidas” ou “conferidas pela metade” só vai crescendo a cada ano. Em 2020, além dessas cinco indicadas abaixo, só vi mais duas séries. E é isso, minha gente. Do que eu vi, porém, aí estão classificadas as melhores… se bem que apenas os 2 primeiros colocados são classificações “com gosto”.

5º – Utopia: 1ª Temporada

Gillian Flynn (Amazon)

O contexto da série é extremamente oportuno, embora as leituras que alguns articulistas estão fazendo sobre a ligação direta (como inspiração) entre Utopia e COVID-19 esteja, em absolutamente tudo, errada. A questão viral é algo diretamente ligado a epidemias vistas até 2013 e 2014, pois a base dos roteiros de Gillian Flynn e Ryan Parrott é justamente a versão original da série. Sem contar que esta versão foi inteiramente filmada antes do fechamento das produções causado pela pandemia. O que é válido fazer é uma ligação contextual entre a crise viral do mundo atual e a série, mas esta crise não foi a inspiração para os roteiros. Interessante notar que o comportamento da população, da medicina, da imprensa e de empresas farmacológicas é muitíssimo similar ao que vemos no mundo real, e se o espectador tem um pouquinho a mais de memória, certamente há de se lembrar que não mudou muito em relação a outras crises do tipo — a diferença é que esta é mais duradoura.

4º – Legends of Tomorrow: 5ª Temporada

Greg Berlanti, Marc Guggenheim, Andrew Kreisberg, Phil Klemmer (The CW)

Para mim, esta 5ª Temporada foi inesperadamente interessante. Vocês sabem que eu comecei temendo pela repetição da premissa em relação à temporada anterior, mas acabei gostando bastante da trajetória, embora tenha me decepcionado um tantinho na reta final, que vejo consideravelmente aquém daquilo que foi construído e prometido pelo show neste ano. O bom é que tivemos mais uma temporada elogiável da série, com um episódio soberbo (o da TV) e mais aquelas loucuras bacanas que a gente só encontra aqui em LoT mesmo. Até a próxima temporada, galera!

3º – Hollywood: 1ª Temporada

Ian Brennan, Ryan Murphy (Netflix)

 

2º – The Umbrella Academy: 2ª Temporada

Steve Blackman, Jeremy Slater (Netflix)

Esta 2ª Temporada começa exatamente do ponto em que terminamos no ano anterior, ou seja, com Five (Aidan Gallagher) transportando os irmãos para um outro tempo e espaço, com o intuito de fugir da destruição do mundo causada por Vanya (Ellen Page), cuja construção e desenvolvimento ganha novas cores neste segundo ano, inclusive virando a chave de sua classificação pura e simples como a ‘vilã da família’, escolha arriscada, mas que os roteiros conseguem abordar de forma inteligente dentro daquilo que este ano do show também propõe: uma jornada de libertação, tardio amadurecimento e novas interações para o grupo.

1º – Patrulha do Destino: 2ª Temporada

Jeremy Carver (DC Universe/HBO Max)

Este ano tivemos uma expansão dos sentimentos da equipe, uma adição maior e mais profunda dos problemas pessoais de cada um e um foco na criação das personas heroicas de cada um deles. Cliff e Rita tiveram os seus momentos de “série dentro da série” para mostrar o quanto estão animados para essa coisa de “ser super-herói” e Larry assumiu o chamado para uma missão, o que é um enorme passo. Mais uma sensacional temporada de um série que veio para nos trazer alegria e loucuras no meio do insano ano de 2020. Nem a pandemia conseguiu estragar a montagem da temporada. Que coisa maravilhosa! Vem logo Terceira Temporada!

Top 5 – Handerson Ornelas

Esse ano me dediquei bem mais ao mundo do cinema do que das séries, ironicamente logo no ano onde os cinemas tiveram imenso impacto pela pandemia. Mas me refiro em termos de lançamentos mesmo, já que as longas temporadas de Mad Men e The Americans dominaram bastante meu 2020. De qualquer forma, vi o suficiente para que ficasse um tantinho difícil a seleção de minhas séries favoritas deste ano, dizendo muito como 2020 – mesmo com todos os pesares – ofereceu um catálogo invejoso de séries. Entre a completa diversão que tive com The Boys e The Mandalorian, o maravilhoso sci-fi de Alex Garland em Devs (uma das obras do gênero que mais se manteve comigo nos últimos anos), a completa explosão de adrenalina que tive na melhor temporada de Ozark e meu completo fascínio pelo brilhantismo de Better Call Saul, a TV me proporcionou grandes momentos esse ano. E claro, consolidou Better Call Saul como, definitivamente, minha série preferida.

#JusticeForRheaSeehorn

5º – Primal: 1ª Temporada

Genndy Tartakovsky (Cartoon Network)

Poucas animações realmente são desafios criativos auto impostos por seus idealizadores. E não, não falo do padrão da indústria que é basicamente entupir episódios de personagens bizarros, escatologia, referências e tudo mais para fazer cérebros geeks e nerds explodirem. Falo de pessoas como o russo Genndy Tartakovsky que, depois de seu Samurai Jack, volta para o Adult Swim para uma série quase que integralmente sem diálogos, com apenas dois personagens e que se passa em sua própria versão do mundo pré-histórico. E, é claro, doses gigantescas de violência explícita, porque ninguém é de ferro.

4º – The Boys: 2ª Temporada

Eric Kripke (Amazon)

No entanto, o balanço da temporada foi muito positivo, com um encerramento eficiente que amarra pontas soltas e refaz todo o tabuleiro, transformando as duas temporadas em, essencialmente, um alongado prelúdio para a base dos quadrinhos. Com os Rapazes agora potencialmente atuando como um grupo fundeado e sancionado pela CIA, os Sete enfraquecidos e a Vought mostrando seus tentáculos na política americana, o futuro da série parece mais promissor do que nunca!

3º – DEVS

Alex Garland (FX on Hulu)

Não esperem respostas finais, claro, mas Garland passei muito eficientemente pelos conceitos, com um roteiro que, até o já mencionado ponto que marca a metade da história, não se apoia demais em textos expositivos, costurando, ainda, uma atmosfera levemente hitchcockiana ajudada pela ambientação em São Francisco e arredores que logo remete o espectador geograficamente à Um Corpo que Cai.  O problema vem a partir do quinto episódio, mais especificamente o quinto e sexto capítulos, pois eles são utilizados para pegar na mão o espectador que porventura não tiver entendido muita coisa – e sério, a história nem é tão complicada assim para isso acontecer – e levá-lo pelos meandro “técnicos” que é o cerne do projeto Devs, localizado em um gigantesco ovo Fabergé quadrado no meio de uma floresta belíssima, não muito longe da sede principal da Amaya, que tem uma bizarra (e assustadora, diria) estátua gigantesca da finada filha de Forest como decoração principal.

2º- Ozark: 3ª Temporada

Bill Dubuque, Mark Williams (Netflix)

Ozark é uma série que já nasceu sendo comparada a marcos televisivos como Breaking Bad e Better Call Saul, o que é um tanto injusto pensando que ambas estão entre as melhores produções da história da TV. Mas é espetacular como os criadores da série, Bill Dubuque e Mark Williams, a cada temporada, têm se desvencilhado das comparações e criado sua própria identidade e marco no gênero. Esta última temporada é uma aula de drama familiar misturado à narrativa criminosa, criando um thriller fenomenal que termina com um bang tão grande que você só pode ficar boquiaberto e aplaudir o desfecho.

1º – Better Call Saul: 5ª Temporada

Vince Gilligan, Peter Gould (AMC)

No entanto, a 5ª temporada dá uma magnífica rasteira no espectador e revela que a história de Kim é tão importante quanto a de Jimmy e que o futuro da personagem definitivamente não está decidido. Claro, ela sem dúvida ainda poderá morrer, mas tenho para mim que esse momento passou e sua consolidação foi de tal maneira que creio que os showrunners imaginam outro futuro para ela. Teorias à parte, o que realmente interessa é o sensacional trabalho dramático de Rhea Seehorn. Sem dúvida a atriz sempre foi um destaque, mas, aqui, sua personagem teve grande destaque e Seehorn simplesmente explodiu nas telas, por vezes até sombreando o também sempre sensacional Bob Odenkirk (parece que o jogo virou, não é mesmo?). E o mais interessante é que tudo fez perfeito sentido se pensarmos, em retrospecto, na forma como a personagem foi trabalhada em “fogo baixo”.

Top 5 – Iann Jeliel

Geralmente não me dou o luxo de ver tantas séries no ano por um extremismo na hora de assisti-las. Trata-se do bom e velho “não começo uma, até terminar a outra”, porque eu não consigo começar nada sem terminar (e sim, essa filosofia já me rendeu uns maus bocados). Venho desapegando um pouco disso, e esse ano bati meu próprio recorde de temporadas vistas num ano só, passando da casa das 50, o que para alguém ainda novo nesse mundo de séries, é muita coisa. A maioria foi coisa velha, mas vi o suficiente (oito séries) de 2020 para montar pelo menos um Top 5. Espero que ano que vem consiga ver o suficiente para fazer 10 e obviamente ver mais dos vários títulos que provavelmente deixei passar no ano.

5° – Vikings: 6ª Temporada

Metade final da última temporada, já tinha passado da hora de encerar certos ciclos, principalmente esse de guerrilhas entre os irmãos de Ragnar que já havia se desgastado há muito tempo na série. A mid season finale ainda tinha deixado em aberto a morte de Bjorn, o que me preocupou bastante quando o início do primeiro episódio desta nova parte, intitulado King of Kings, não deu continuidade aos eventos da que parecia ser a última batalha. Em minha cabeça, isso era sinônimo de que teríamos mais 10 episódios para reorganizar o tabuleiro e montar uma nova, e de fato, última batalha entre os irmãos, e a série se encerraria dessa forma, o que honestamente seria um balde imenso de água fria. Felizmente, acabei sendo pego desprevenido por uma resolução imediata desse conflito já no primeiro capítulo, que se demonstrou como um dos episódios mais marcantes da série, dando o desfecho verdadeiramente épico que Bjorn merecia em um dos pouquíssimos momentos em que a série realmente abriu mão da fidedignidade histórica e abraçou o caráter mitológico de suas figuras.

4° – Westworld: 3ª Temporada

 Jonathan Nolan, Lisa Joy (HBO)

A impressão que eu tenho agora é que esses 4 capítulos iniciais foram um grande preâmbulo temático e que o contra-ataque de Serac ou o avanço ainda maior de Dolores é que trarão os elementos mas duradouros da 3ª Temporada, em termos de camadas secundárias. Se for mantido o fantástico nível de ação que tivemos aqui, mais um coeso entrelaçamento dos fatos, estamos em boas mãos. Que venha, então.

3º – Tales from the Loop: 1ª Temporada

Nathaniel Halpern (Amazon)

Usando essa estrutura solta ma no troppo, Halpern nos pede para nos recostarmos no sofá e degustar com calma e paciência sua série, sem – e isso é particularmente importante – buscar respostas definitivas para tudo. A procura de explicações científicas, mágicas ou extraterrestres para o desfile narrativo-visual que passa diante de nossos olhos é um exercício em futilidade que tem o potencial de desapontar muita gente. A racionalização não é o objetivo aqui, mas sim a observação tranquila, sem a afobação e a ansiedade típicas de séries lançadas “por temporada” em serviços de streaming.

2º – O Gambito da Rainha

Scott Frank, Allan Scott (Netflix)

O preço da genialidade sob a óptica feminina revela que até mesmo na identificação de dons especiais a feminilidade é reprimida. O Gambito Rainha é estruturalmente convencional, pensando nas escolhas de roteiro típicas para tal contagem de história. Trata-se da velha jornada de origem, ascensão, queda (durante um grande desafio), demônios internos e a máxima glória de uma figura extraordinária em uma atividade específica. Não se engane, no entanto, que a minissérie criada por Scott Frank tem nessa atividade específica o diferencial, afinal, as qualidades narrativas da produção da Netflix vão muito além da exploração íntima da mística do tabuleiro de xadrez, configurando-se em um exímio estudo da complexidade dramática de sua protagonista, como também uma excelente reflexão acerca da repressão do machismo estrutural para a constante criação de mentes geniais femininas.

1º – Better Call Saul: 5ª Temporada

Vince Gilligan, Peter Gould (AMC)

No entanto, a 5ª temporada dá uma magnífica rasteira no espectador e revela que a história de Kim é tão importante quanto a de Jimmy e que o futuro da personagem definitivamente não está decidido. Claro, ela sem dúvida ainda poderá morrer, mas tenho para mim que esse momento passou e sua consolidação foi de tal maneira que creio que os showrunners imaginam outro futuro para ela. Teorias à parte, o que realmente interessa é o sensacional trabalho dramático de Rhea Seehorn. Sem dúvida a atriz sempre foi um destaque, mas, aqui, sua personagem teve grande destaque e Seehorn simplesmente explodiu nas telas, por vezes até sombreando o também sempre sensacional Bob Odenkirk (parece que o jogo virou, não é mesmo?). E o mais interessante é que tudo fez perfeito sentido se pensarmos, em retrospecto, na forma como a personagem foi trabalhada em “fogo baixo”.


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