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Lista | As Melhores Séries de 2021

O melhor que a TV ofereceu em 2021.

por Iann Jeliel
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Fim de ano é tempo de retrospectivas. Relembrar o que de melhor consumimos no ano através de listas. Seguindo o formato adotado em 2020 (com listagens separadas de cada colunista, mas, desta vez, podendo ser, apenas, ou TOP 5, ou TOP 10 e não mais qualquer múltiplo de cinco), começamos nossa maratona de rankings pessoais pelas melhores séries de 2021. Antes de tudo, vale destacar os critérios que determinam as séries elegíveis:

  • Focamos nas temporadas de séries (ou numa minissérie completa) lançadas em 2021 e não na série como um todo, muito menos em somente um episódio;
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  • Só temporadas de séries ou minisséries lançadas oficialmente no Brasil, seja por streaming, seja por exibição em TV aberta, foram elegíveis.
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  • Só temporadas de séries ou minisséries que começaram em 2021 e acabaram em 2021 ou que começaram em 2020 e acabaram em 2021 foram elegíveis. Em outras palavras, temporadas de séries ou minisséries que começaram em 2021 e que só acabarão em 2022, não puderam entrar.
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  • Haverá links para as críticas da maioria das séries para acessar. As que não tiverem, assim que a crítica sair, a postagem será devidamente atualizada. Cuidado com possíveis SPOILERS nos comentários em aspas!

E aí, quais as suas séries favoritas do ano? Mande para nós seu Top! Ou se você assim como eu, vê poucas séries, elenque aí quais as que viu desse ano e aproveite as dicas! Ah, claro, não deixe de compartilhar conosco qual (ou quais) das listas você se identificou mais. Boas séries a todos!


TOP 5 – Iann Jeliel

Minha ideologia para assistir séries (“não começo uma, até terminar a outra”) não me permite ver tantas temporadas de lançamento quanto meus companheiros, mas em comparação com o ano passado, houve um salto considerável no número de assistidos. Era até suficiente para montar um Top 10 (19 temporadas), mas, ainda assim, optei por somente um Top 5, filtrando minhas escolhas que, em sua maioria, tiveram uma qualidade questionável (de 3 HAL’s para baixo). Com isso, deixo claro que deixei passar vários títulos que eventualmente podem ser melhores que os presentes. Tomara que ano que vem consiga selecionar melhor o que assisto. Enfim, sem mais enrolação, vamos para o ranking.
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5° – The White Lotus – 1ª Temporada

Mike White – HBO MAX

Como artifício narrativo maroto – e, sendo bem sincero, desnecessário – para fisgar o espectador logo no início, a temporada de apenas seis episódios começa no final dessa semana de férias em que descobrimos que alguém morreu no resort e que seu corpo está sendo carregado no avião comercial para o continente. As perguntas que resultam daí só são respondidas nos últimos minutos do último episódio, mas o que realmente interessa, o que realmente importa em termos narrativos, é o que está entre uma ponta e outra e não a revelação em si que, de certa forma, pode decepcionar quem esperar que ela seja um momento climático sensacional ou algo do gênero.

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4° – Perdidos no Espaço – 3ª Temporada

Zack Estrin – Netflix

A 3ª e última temporada da série vem para dar um fim digno à história, algo que o showrunner faz de maneira competente com dois episódios a menos do que o tamanho regulamentar e com duração em média menor de cada um dos oitos capítulos, o que empresta uma cadência melhor à narrativa que começa mais ou menos um ano após os eventos da temporada anterior, com Judy, Will, Penny e as demais crianças da Resolute (além da Dra. Smith e do Robô, claro) vivendo em um vale com atmosfera de um planeta de outra forma destruído e constantemente bombardeado por asteroides e Maureen, John, Don (e Debbie, pois ela é essencial) e os demais adultos em um anel de naves Júpiter orbitando sóis duplos para se manterem escondidos de SAR e seu exército de robôs malignos.

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3° – Loki – 1ª Temporada

Michael Waldron – Disney+

A primeira temporada de Loki não é só conceitualmente vistosa, visualmente inventiva enquanto épico de sci-fi, como narrativamente acopla sua proposta a um novo descobrimento da identidade do seu personagem-título. As inúmeras variantes de Loki, por exemplo, servem de apoio para definir um estudo fascinante da amálgama narcisista e traíra do deus da mentira, que só consegue ser enganado, literalmente, por ele mesmo. A partir dessa conclusão existencialista, abre-se diversos comentários interessantíssimos que vão da metalinguagem (com a autoconsciência de Loki ao pertencimento de uma ficção de alguém maior), passando até por analogias religiosas (Loki é Adão e é Eva num centro de criação que não sabe tudo e que tem páginas em branco) e o confronto de verdades absolutas para criar algo novo. Quem diria que com WandaVision e What If… (dadas as premissas), seria Loki a obra da Marvel com mais culhão para pirar nas ideias em grande estilo.

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2° – The Beatles: Get Back

Peter Jackson – Disney+

Em termos fílmicos, escolhe-se iniciar de maneira dramática, terminando com um grand finale, como a estrutura de um longa. A ideia de Peter era fazer do Rooftop Concert, que encerra o documentário, o momento catártico; sendo assim, tudo aquilo que o documentário constrói antes torna o icônico show no telhado brutalmente emocionante. No todo, há um valor documental muito grande nesta produção, que consegue colher, com maestria, a personalidade de todos os integrantes. Nem sempre os documentários conseguem pegar o que de melhor seus objetos têm para oferecer – mas aqui, não. Paul McCartney é, de fato, um líder. Percebe-se que sem ele as coisas não andariam. São hilários os momentos entre John Lennon e Paul M., eles têm um entrosamento muito bom que, mesmo não querendo, dá liga para o humor do filme.

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1° – Round 6 – 1ª Temporada

Hwang Dong-Hyuk – Netflix

Hwang Dong-Hyuk, criador da série, possui uma visão com autenticidade visual inegável sobre o universo que está criando: no figurino peculiar dos organizadores dos jogos; no design de produção vistoso das salas onde ocorrem os seis jogos nos quais 456 cidadãos lutam para sobreviver e vencer; na escolha cuidadosa e de belíssimo gosto para enquadramentos estilosos, buscando comunicar algo além do que é falado nos diálogos da cena. Mas também tem uma visão de autenticidade discursiva: Round 6 não é só sobre luta de classes e é bem mais que sobre a espetacularização da violência – ainda que ambas as coisas sejam pautas.

Round 6

TOP 5 – Davi Lima

Desde 2019 que comecei a ver The Witcher tentei assistir mais série. Deu certo, mas nada se aproxima dos maratoneiros das séries novas que lançam no final de semana na Netflix, ou novos lançamentos que surgem na prestigiada Apple +. Mas por nerdice e por me render ao marketing assisti todas as séries da Marvel. Star Wars nem conta, já que mal se considera série, e sim uma história ‘tão tão distante’ numa ‘Galáxia há muito tempo atrás’. Então está aqui uma lista pouco plural, mas de um esforçado em assistir séries novas. Vai dar certo.
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5° – WandaVision

Jac Schaeffer – Disney+

A TV é tema audiovisual de Wandavision. Buscou-se o clássico formato de segredos que puxavam episódios, até revelar uma fórmula Marvel expandida em contexto bem menor do que aparentava querer chegar. É uma minissérie mais introspectiva do que aparenta e usa os artifícios da TV mais interessante que alguns julgam.

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4° – Loki – 1ª Temporada

Michael Waldron – Disney+

Poderia ser um telefilme do Loki, pois até seria parte da metalinguagem da série retomar as fortes produções televisas no streaming com uma estética TVA. Mas não, é uma série da Marvel que manteve constância cada capítulo como capítulo, e não episódio. O que mais me impressiona em Loki é sua dimensão de cada vez mais sem variar a sensação que vai entregar mais necessariamente. É o sentimento de uma progressão retilínea que pairou qualidade nesse ‘Top 5’.

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3° – Star Wars: The Bad Batch

Dave Filoni – Disney+

Para alguns é só mais uma série para acalentar os fãs de Star Wars por um período que não tem filmes da saga. E é verdade. Mas existe uma visão nessa animação que aprimora arquétipos que Star Wars já tinha mostrado – a criança especial – e novos rumos para os interessantes Clones com histórias próprias. O começo parece simples, com pouco fogo, porém fundamenta a abertura da franquia para novas ondas para surfar.

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2° – Star Wars: Visions – 1ª Temporada

Kanako Shirasaki – Disney+

Para os fãs de anime: assistam. Para os fãs de Star Wars: agora vocês saberão que tipo de fãs são. Star Wars não é ocidental nem oriental, por completo, por isso séries episódicas como Visions esbanjam o cerne “universal” que a franquia contém.

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1° – Small Axe

Steve McQueen – Disponível no Brasil através do GloboPlay em 2021

Uma verdadeira minissérie de filmes que mostram bem que a luta contra o racismo é mais complexa e bem mais abrangente do que se imagina. Em termos de história cada episódio é uma aula sobre a realidade.

Lovers Rock

TOP 10 – Ritter Fan

O ano de 2021 foi um ano de séries para mim. Claro que nem cheguei a arranhar a superfície da quantidade de obras ofertadas pelos mais diversos canais e serviços de streaming, mas gosto de pensar que pelo menos as mais importantes eu conferi. Como é uma lista limitada a 10 colocações, tive que fazer cortes profundos, pelo que aproveitarei esse texto introdutório para citar minhas menções honrosas, que completariam um top 20: For All Mankind S02, Sweet Tooth S01, Expresso do Amanhã S02, Filmes que Marcam Época S02Mayans M.C S03., M.O.D.O.K. S01, Superman & Lois S01, Perdidos no Espaço S03, The White Lotus S01 e Star Wars: Visions S01.
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10° – WandaVision

Jac Schaeffer – Disney+

Homenageando nada menos do que seis décadas de sitcoms americanas, com Wanda criando, com seus poderes, um mundo seguro em que ela vive a vida perfeita com o Visão e seus dois filhos gêmeos e usando isso como a principal estrutura narrativa e instrumento de marketing, a minissérie trabalha com carinho e originalidade o luto de uma mulher que perdeu todos aqueles que amava. Na medida em que a narrativa progride, exatamente como essa “realidade falsa” que ela construiu começa a ruir, a ousadia da premissa vai se esvaindo e sendo substituída por uma estrutura decididamente mais batida, mais comum, mas mesmo assim muito bem executada, novamente mostrando que, mesmo lidando com o que poderia ser taxado de formulaico, a série triunfa.

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9° – Ted Lasso – 2ª Temporada

Bill Lawrence, Jason Sudeikis, Joe Kelly, Brendan Hunt – Apple TV+

Se o drama pessoal do protagonista é importantíssimo para a evolução da série, a notícia ainda melhor é que a 2ª temporada democratiza ainda mais sua minutagem para abordar os personagens que gravitam ao redor do técnico em histórias que não necessariamente dependem ou realmente se conectam com a de Ted Lasso. Esse é, diria, mais ainda que a adição da dimensão de saúde mental, o verdadeiro trunfo da temporada. Não que o ano inaugural não tivesse feito esforços nessa direção, mas era mais do que natural que o grande foco ficasse mesmo em Lasso e em seus maneirismos e sua profunda e quase inacreditável bondade.

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8° – Star Trek: Lower Decks – 2ª Temporada

Mike McMahan – Paramount+

Temos que tirar o chapéu para Mike McMahan. Ele realmente conseguiu, já na 2ª temporada de Star Trek: Lower Decks, estabelecer uma sólida base para sua série que lida com os “figurantes” da franquia, equilibrando muito bem o fantástico e rico uso de uma enorme coleção de referências de maneira inteligente e certeira com a construção de uma mitologia expansiva própria, desenvolvendo Mariner, Boimler, Tendi e Rutherford – juntos e separadamente – como personagens completos e tridimensionais em aventuras dos mais variados níveis de criatividade.

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7° – The Expanse: 5ª Temporada

Mark Fergus, Hawk Ostby – Amazon Prime Video

A temporada deu uma aula de como trabalhar núcleos separados de maneira lógica e bem estruturada, sem abandonar personagens e sem perder o ritmo ou criando linhas narrativas separadas por um abismo de qualidade. Mesmo que a jornada de autodescoberta de Amos Burton na Terra e, claro, a odisseia de Naomi Nagata para tentar reconciliar-se com seu filho, levando-a a gigantescos sacrifícios físicos e mentais, tenham sido merecidamente os pontos de maior destaque, todos os demais – Avasarala, Holden, Alex e Bobbi – tiveram tempo de tela que, mesmo variando muito, foi significativo para o desenvolvimento de seus personagens e da história sendo contada. Foi como ver um quebra-cabeças sendo elegantemente montado aos poucos, formando um conjunto harmônico de se tirar ao chapéu ao final.

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6° – Black Summer – 2ª Temporada

Karl Schaefer, John Hyams – Netflix

A paisagem eminentemente nevada e florestal da temporada é outro fator que favorece tomadas esteticamente muito bonitas, o que funciona muito bem para amplificar o contraste entre o mundo ideal, apesar dos zumbis, e o mundo sujo, feio, violento e doente da Humanidade. E falo aqui inclusive das protagonistas, pois Rose e Anna não são personagens agradáveis e a direção de John Hyams e Abram Cox não faz a menor questão de amenizar essa característica. Aliás, isso vale para quase todos os personagens, inclusive e especialmente o ex-soldado Ray Nazeri (Bobby Naderi), introduzido nesta temporada e que ganha um arco interessantíssimo (dentro do conceito espartano da série, claro), inclusive com uma dolorosa “história de origem”.

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5° – Hacks – 1ª Temporada

Lucia Aniello, Paul W. Downs, Jen Statsky – HBO Max

Os roteiros dos 10 episódios da série são estruturados a partir da noção já estabelecida de fatos pretéritos – o sucesso de Vance e o fracasso de Daniels -, algo que é colocado no colo do espectador de maneira muito clara, mas razoavelmente indireta. E essa – além da presença de Smart, claro – é que faz Hacks realmente funcionar. O que vemos é, sem pressa, mas sempre com uma cadência gostosa, o descortinamento da vida pregressa de Vance, do que a levou ao ponto em que está e o que isso significou para ela e o que potencialmente inspirou outras muheres a fazerem.

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4° – Entrelinhas Pontilhadas – 1ª Temporada

Zerocalcare – Netflix

O roteiro é repleto de questões cotidianas, prosaicas como ir a um banheiro de boate ou restaurante ou como um apartamento de um solteirão é dividido (aliás, é impressionante ver tanta realidade sendo jogada em nossa cara!), o que empresta uma leveza enganosa à série que intercala assuntos mais difíceis e complexos como amor platônico e relacionamentos abusivos, tudo sem que a narração onipresente ou os econômicos diálogos perca seu ritmo ou altere a direção da narrativa macro. Tudo o que vemos e ouvimos faz parte de um todo complexo, sem saídas fáceis e repleto de alegrias e decepções chamado vida, a mesma vida que nos bombardeia inclementemente todos os dias com velocidade muito superior a que Zerocalcare tenta imprimir à sua história.

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3° – The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade

Barry Jenkins – Amazon Prime Video

Ao criar uma atmosfera do que poderia chamar de fábula – mas daquelas originais, pesadas e não aguadas para o público infantil – Jenkins permite que Cora expanda seus horizontes e veja um mundo que ela não faz ideia que poderia existir e que, em muitos aspectos, não é lá tão melhor do que o que ela nasceu. Em termos técnicos, o que o cineasta coloca na telinha chega a ser até um crime que seja feito para a telinha. The Underground Railroad é monumental em elenco, cenários variados, figurinos, a fotografia inacreditável de James Laxton e a trilha sonora arrebatadora de Nicholas Britell, ambos já parceiros de Jenkins.

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2° – Mare of Easttown

Brad Ingelsby – HBO

O que realmente está no coração da série são seus personagens, todos eles umbilicalmente interligados seja por laços familiares, profissionais ou por amizade, cada um deles com problemas humanos, relacionáveis, que, guardadas as devidas proporções, estão ao nosso redor ou dentro de nossas próprias casas no cotidiano. Aliás, é justamente por ser um excelente reflexo da vida como ela é – e não apenas da vida como ela é em uma cidadezinha da costa leste americana – que a criação de Brad Ingelsby, por incrível que pareça um produtor e roteirista de carreira ainda acanhada, incomoda e, por consequência, se auto sabota no bom sentido da expressão, ou seja, tornando realmente doloroso acompanhar a jornada de Mare.

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1° – Succession – 3ª Temporada

Jesse Armstrong – HBO

Sempre me pego indagando como uma série que só tem personagens execráveis e que mostra o pior da humanidade pode ser tão apaixonante e tão poderosa nas mensagens que passa a ponto de eu ficar triste quando uma temporada acaba e tenho que esperar a próxima. Succession é um desses raros exemplos em que cada quadro é milimetricamente construído para estabelecer um ecossistema podre sobre os bastidores dos super-ricos, aquela percentagem tão ridiculamente ínfima de pessoas e ao mesmo tempo tão influente e poderosa.

TOP 10 – Kevin Rick

2021 foi provavelmente o ano que mais assisti séries de televisão. Algo em torno de 60 temporadas, se estivermos contando catálogos – sim, isso é um absurdo! Mas foi um ano meio atípico para o tipo de conteúdo que assisto nas telinhas. Quase não vi animes, e por isso peço perdão para quem acompanha o Plano Otaku no site – aliás, Attack on Titan apenas não entrou na lista pela temporada ter sido dividida em partes. E também assisti poucas séries clássicas, como normalmente prefiro. Fiquei bastante no campo de lançamentos, muito por conta do site, e acabei me deparando com muita mediocridade. No entanto, sempre há muita coisa boa para falar da mídia artística que mais cresce atualmente! Sem mais delongas, vamos ver a listinha.
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10° – Round 6 – 1ª Temporada

Hwang Dong-Hyuk – Netflix

O enfoque narrativo vai ficando cada vez mais num grupo seleto com o qual simpatizamos, ou no mínimo, reagimos a suas atitudes – os “vilões” – pela boa construção de seus arquétipos e entrega marcante de todos do elenco. Ao focar nos melhores personagens, os jogos em que eles estão ficam mais viscerais, emocionantes, com peso nas perdas. Destaque evidente para o quarto jogo, do sexto episódio, intitulado Gganbu. Disparadamente, o melhor entre os nove episódios – ainda que todos mantenham uma constante de qualidade, especialmente no ritmo – pela enorme sensibilidade no tratamento das inevitáveis mortes que acontecem ali. É simplesmente devastador!

Round 6.

9° – Loki – 1ª Temporada

Michael Waldron – Disney+

… a premissa da série – a existência de uma agência temporal que tem como função organizar a linha temporal principal, apagando os desvios e que precisa caçar a Lady Loki que está causando confusão – merece elogios e ganha um belo desenvolvimento com discussões filosóficas sobre livre arbítrio e determinismo, e, acima de tudo, um trabalho de direção de arte fora de série na criação da repartição pública setentista, mas atemporal, que é a TVA. .. Loki revela-se como uma inegável grande diversão, mas que, por sua “obrigação” de ser o motor de partida da Fase 4 do UCM, sacrifica bastante sua coesão narrativa e seu encerramento.

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8° – Sweet Tooth – 1ª Temporada

Jim Mickle – Netflix

Apesar de a série contar com uma fotografia majoritariamente diurna, com paisagens neozelandesas belíssimas, ela conta uma história que nasce da intolerância, incompreensão, hubris e violência humanas. Mickle e Schwartz apenas elegeram não mostrar tudo nos seus mínimos detalhes, deixando a violência sempre imediatamente fora das beiradas dos enquadramentos de forma a deixar a imaginação correr solta, algo que sequer é tão necessário já que o mero fato de crianças serem usadas em experiências já deveria ser o suficiente para deixar qualquer um revoltado.

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7° – Invencível – 1ª Temporada

Robert Kirkman, Cory Walker, Ryan Ottley – Amazon Prime Video

Primeiro que a idealização de Kirkman à obra é um paradoxo: ele quer homenagear o mito de super-heróis ao mesmo tempo que o satiriza, tirando sarro de clichês e trazendo muita, muita – em negrito e itálico mesmo – violência. E o encadeamento dado ao primeiro episódio relembra bastante os primeiros volumes, mas, novamente, apresentado de modo bem mais ágil, inicialmente deixando o espectador em um aconchego narrativo da típica jornada do herói.

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6° – Arcane – 1ª Temporada

Christian Linke, Alex Yee – Netflix

Os três primeiros episódios de Arcane contam uma história de origem trágica, enquanto ao mesmo tempo apresenta para seu espectador este rico universo adaptado de League of Legends. trinca do meio da série é pura expansão de mitologia, inserindo novas tramas e personagens em uma construção de mundo cada vez mais ampla e intrincada, especialmente com a parte política – ainda que não acho a série tão tematicamente profunda como tem sido enaltecida por aí. Era, então, de se imaginar que os três episódios finais seguissem uma rota de conclusão com um clímax de gancho para a próxima temporada, como é comum em séries de televisão. E até certo ponto a animação adota esse percurso, mas, de certa forma, o trio final da 1ª temporada me surpreendeu.

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5° – Cenas de um Casamento

Hagai Levi – HBO MAX

Começando com uma entrevista por uma aluna de psicologia que pretende fazer uma tese sobre casais heterossexuais e monogâmicos, Scenes from a Marriage rapidamente transmite duas características que acompanham o público ao longo da obra: invasão de privacidade e uma sensação desconfortável. À medida que as perguntas da estudante ficam cada vez mais intrusivas, sentimos inicialmente uma intromissão na vida íntima do casal, o que consequentemente causa incômodo, tanto para a audiência quanto para os protagonistas. Ambas sensações servem a um propósito narrativo: desnudar a aparência superficialmente bela do matrimônio do casal.

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4° – Star Wars: Visions – 1ª Temporada

Kanako Shirasaki – Disney+

… que fantástico é assistir a nova antologia animada da Disney+Star Wars: Visions, composta por nove curtas animados com duração de 13 a 21 minutos produzidos por sete estúdios japoneses. Livres de sequências temporais, do superestimado conceito lógico de cânone, e de estilos visuais comuns da franquia, a série abraça a maravilha ilimitada desta galáxia, reafirmando-a como SW é uma experiência de Universo o qual retornamos em uma viagem expansionista para conhecer personagens e narrativas onde tudo pode acontecer.

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3° – The Beatles: Get Back

Peter Jackson – Disney+

Torna-se inesquecível para a memória coletiva, sobretudo um objeto de valor inestimável, a descoberta de cenas em que, por exemplo, Paul McCartney está tentando achar os arranjos perfeitos para a composição de Don’t Let me Down; ou mesmo quando num impulso criativo tem a ideia para Get Back. A função documental é executada com sucesso. Com isso, é este núcleo duro, típico de uma grande produção, que a direção de Peter Jackson articula no documentário, que transforma um material embaralhado, de quase 60 horas de imagem e mais de 150h de áudio, numa peça de valor incalculável e de um apego sentimental marcante ao longo de um pouco mais de 8 horas de filme.

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2° – Mare of Easttown

Brad Ingelsby – HBO

Como um labirinto sem saída, a aparência calma do local é rasgada violentamente pelo antigo desaparecimento, ainda muito presente por outdoors e cartazes por todo lugar e pelo recente assassinato, verdadeiras chagas que deixam a população inquieta e com os olhares virados para a protagonista e sua percebida desídia, ainda que seja justamente o contrário, na realidade. A fotografia lembra muito a de Os Suspeitos ou, mais recentemente – e também da HBO – I Know This Much Is True, com uma monocromia dominante, com paleta de cores não saindo muito de tons de marrom de forma a manter a opressão, mas, aqui, sem exatamente criar aquela desesperança infinita, algo que o comando de Craig Zobel, que dirige todos os episódios, deixa claro com uma decupagem que alterna o horror com o amor com enorme facilidade.

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1° – Succession – 3ª Temporada

Jesse Armstrong – HBO

Com um elenco afiadíssimo em todas as posições comandado por Brian Cox e Jeremy Strong, a temporada faz uma profunda análise de cada um dos herdeiros da família, revelando sua motivações para fazerem o que fazem, além da submissão deles ao patriarca mesmo nas condições mais adversas, só sendo capazes de encontrar motivos para se unirem quando o império construído por Logan Roy passa a ser ameaçado pela ascensão da GoJo, comandada por Lukas Mattson, representante da nova geração de magnatas. O final, com a possível e surpreendente aquisição do antigo conglomerado pelo novo, tem a possibilidade de alterar a dinâmica da série no vindouro quarto ano.

TOP 10 – Handerson Ornelas

Apesar de ter gastado tempo me dedicando a longas temporadas de Sopranos, me surpreendi bastante ao fazer essa lista e constatar que havia assistido um compilado bem diverso de séries esse ano. Tanto que, no fim, nenhuma série do MCU entrou aqui, embora tenha apreciado todas, umas mais (Loki S01, Gavião Arqueiro), outras menos (What If S01, Falcão e o Soldado Invernal). Mas não teve como, quem realmente me ganhou em 2021 foi a HBO, basta ver as séries presentes no pódio. Ainda teve espaço para surpreendentes obras nacionais, comédias inteligentes, um sucesso coreano avassalador e excelentes animações.
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10° – Mythic Quest – 2ª Temporada

Rob McElhenneyCharlie DayMegan Ganz – Apple TV+

Em seu segundo ano, Mythic Quest mantém sua altíssima qualidade, mas diminuindo o tom cômico que marcou sua estreia e focando mais em drama, o que é inegavelmente uma surpresa e, diria, muito bem-vinda, já que abre mais espaço para o elenco mostrar sua qualidade, especialmente o veteraníssimo F. Murray Abraham, cujo personagem ganha uma belíssima história de origem, com direito a não apenas um, mas dois episódios integralmente dedicados a ele. Mas Ian e Poppy, que trilham caminhos separados por quase toda a temporada, também ganham muita atenção, com a insegurança e infantilidade de Ian marcando o finalzinho da temporada.

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9° – Manhãs de Setembro – 1ª Temporada

Josefina Trotta – Amazon Prime Video

Uma série nacional de peso, com um plot brilhante e uma execução de respeito. Manhãs de Setembro acompanha Cassandra, uma mulher trans motogirl em São Paulo que vê a música como sua grande paixão. No entanto, surge uma surpresa na vida de Cassandra que a obrigará a rever muitas de suas prioridades, se tornando um obstáculo para aquilo que ela mais valoriza: sua independência. Uma obra emocionante e memorável, que conta com uma espetacular atuação de Liniker e um roteiro sensível e sutil.

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8° – Rick and Morty – 5ª Temporada

Justin Roiland, Dan Harmon – HBO MAX

Estou falando tudo isso, pois o último episódio da 5ª Temporada, Rickmurai Jack, é um desfecho que trabalha muito bem a dinâmica tóxica (e mitologia) entre Rick e Morty, insere o típico humor negro e irreverente da animação com camadas dramáticas para a dupla, além de brindar o público com ótimos twists cliffhangers que foram sugeridos há muito tempo com o melhor antagonista da série. Dessa forma, ele merecidamente recebe louvores como um dos melhores episódios em toda a série.

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7° – Round 6 – 1ª Temporada

Hwang Dong-Hyuk – Netflix

Diria que o “dorama” é principalmente um estudo da mutabilidade humana em sociedade.Um estudo obviamente evidenciado pelas circunstâncias extremas de vida ou morte colocadas por cada jogo, como também por contextos explorados previamente. As dificuldades que cada personagem principal enfrenta na selva de concreto, nos dois primeiros episódios, trazem muito bem a motivação que os faz participar da brincadeira mortal, por vontade própria. Esse desenvolvimento prévio é fundamental, não só para simpatizamos com a maioria, mas para termos uma base de suas personalidades em que enxergamos como elas mudaram quando pressionadas pelas situações extremas, porque, de certo modo, elas já estavam vivendo.

Round 6.

6° – O Caso Evandro

 Ivan Mizanzuk – GloboPlay

Apesar de ser um amante de podcasts e ter conhecimento dos muitos elogios rotineiros ao Projeto Humanos, nunca havia ouvido o podcast. Por um lado talvez tenha sido melhor, uma vez que o fato de não saber absolutamente nada sobre o famoso Caso Evandro provavelmente aumentou o impacto ao assistir o documentário do Globoplay. Uma história inacreditável, assustadora e revoltante – uma série que não deixa qualquer espectador ileso durante sua jornada repleta de surpresas.

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5° – Hacks – 1ª Temporada

Lucia Aniello, Paul W. Downs, Jen Statsky – HBO Max

A história pessoal da jovem perdida que se vê basicamente obrigada a criar piadas novas para uma old hack cujo valor ela simplesmente não enxerga demora demais a engrenar, com Hannah Einbinder, não exatamente por culpa dela, claro, demorando a encontrar espaço diante da enorme e poderosa presença de Jean Smart na telinha. É uma luta ingrata e nem sempre dá certo, algo que talvez pudesse ter sido corrigido com um material que contextualizasse sua personagem mais no começo de sua jornada, para torná-la identificável para além de um instrumento de conflito de gerações.

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4° – Invencível – 1ª Temporada

Robert Kirkman, Cory Walker, Ryan Ottley – Amazon Prime Video

A adaptação veio com um certo buzz em torno de seu lançamento, mas parece que a Amazon Prime conseguiu mais um hit anual sobre o heroísmo de uma perspectiva adversa. A animação já foi renovada para mais duas temporadas, e aposto que os quadrinhos estão, merecidamente, recebendo mais atenção, e parece que Kirkman conseguiu mais uma vez estabelecer uma de suas HQ’s no meio televisivo. Invencível veio, felizmente, para ficar, chocar, emocionar e satirizar o tão amado mito heroico.

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3° – The White Lotus – 1ª Temporada

Mike White – HBO MAX

O ecossistema de personagens é muito bem conduzido e desenvolvido nos poucos capítulos da temporada que mais ou menos ecoam o número de dias de permanência de cada um dos três grupos , cada um deles com seu objetivo narrativo claro que discute desde relacionamento abusivo, passando por carência extrema que leva ao desenvolvimento de relacionamentos puramente interesseiros e chegando à injustiças históricas como a tomada de terras nativas pelo invasor branco, a posição da mulher na sociedade, machismo, preconceito e assim por diante.

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2° – Mare of Easttown

Brad Ingelsby – HBO

É importante que o espectador tenha em mente que essa é uma série para ser contemplada por sua jornada, não pelo seu fim, para que o micro e não o macro seja sorvido, para que a emoção venha de pequenas explosões sentimentais como a que Helen (Jean Smart, absolutamente incrível para variar), mãe de Mare, demonstra em apenas alguns breves segundos quando conversa com a filha sobre culpa e sobre perdão, lá pelo último episódio, em uma cena prosaica e completamente despretensiosa. Sim, há excelentes sequências de ação, como a que ocorre no inesquecível quinto episódio (Illusions), mas mesmo elas são breves, realistas e de certa forma anticlimáticas como, por exemplo, é uma marca de The Wire, obra de mesmo calibre, o que muito claramente indica que nosso foco precisa ser no desenvolvimento dos personagens, especialmente Mare, claro.

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1° – Succession – 3ª Temporada

Jesse Armstrong – HBO

Se o showrunner Jesse Armstrong já havia sido capaz de chegar próximo da perfeição nas duas temporadas anteriores, aqui, no 3º ano da série, ele parece muito facilmente chegar ao ponto mais alto de sua criação, lidando com a desconstrução do clã Roy a partir da traição de Kendall – ou talvez seja melhor dizer libertação – e os efeitos de sua decisão sobre o império do pai. Dando esperança de que o que ele fez poderá resultar em algo realmente bom, a temporada logo puxa o tapete do espectador e mostra que a crueldade de Logan Roy não tem limites e que lutar contra um filho usando os demais como instrumentos de seu poder é brincadeira de criança para ele, e isso enquanto não só se livra da prisão, como também escolhe o próximo presidente e luta para fortalecer sua empresa.


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