Home Colunas Lista | Blade Runner: Black Lotus – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | Blade Runner: Black Lotus – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

A primeira série do universo Blade Runner.

por Ritter Fan
4,2K views

Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

A franquia Blade Runner, apesar de surpreendentemente nunca ter encontrado o tipo de sucesso que merecia nos cinemas, é muito afeita à expansão e ao formato de série. E Black Lotus é o primeiro empreendimento nesta direção, depois de Blade Runner 2049 ganhar curtas-prelúdios, um deles, Blackout 2022, inclusive em animação e o universo receber tratamento na forma de quadrinhos pela Titan Comics.

Black Lotus, porém, joga seguro talvez demais e nos apresenta a uma replicante nova, Elle, que deseja se vingar daqueles que a usaram como mera caça em um jogo cruel. Apesar de a ambientação ser perfeita, com a Los Angeles futurista e sombria criada por Ridley Scott e replicada por Denis Villeneuve ter sido mantida, o design e a animação dos personagens de feições humanas deixa muito a desejar, especialmente nos detalhes, como rostos e cabelos. Por outro lado, o CGI das sequências de ação, especialmente da pancadaria franca, funciona satisfatoriamente, com alguns momentos, como a luta final entre Elle e Water Lily, merecendo real destaque.

A história demora a se desenvolver e a temporada tem escolhas inexplicáveis como um episódio inteiro dedicado a um flashback de tudo o que aconteceu antes e a introdução de uma personagem, a policial Alani Davis, que não tem função alguma na história, além de ser mortalmente ferida mais para o final. Nem mesmo a conexão direta com Niander Wallace, Jr. personagem vivido por Jared Leto na continuação do clássico de 1982, ajuda a melhorar de verdade a narrativa, que caminha aos trancos e barrancos, ainda que se destaque nas sequências de pancadaria.

No final das contas, a série é um esforço válido para uma primeira tentativa, ainda que pouco ambicioso. Fica a esperança que, mais para a frente, a franquia ganhe mais séries – em animação e live-action – que continuem a expansão desse fascinante universo, mas com qualidade mais próxima aos filmes da franquia.

XXXXXXXXXXX

Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

13º Lugar:
The Davis Report

1X08

Confesso que a última coisa que eu esperaria em uma série animada com 13 episódios de 22 minutos cada era um capítulo quase todo dedicado a recapitular o que aconteceu. Não só isso é típico apenas de séries com infinitas temporadas, cada uma com 24 episódios de 45 minutos, como dá a entender que os eventos dos sete episódios anteriores são complexos o suficiente para levar a esse “vale a pena ver de novo” baseado em flashbacks, mas desta vez com narração da policial Alana Davis sendo interrogada pelo investigador Alan Chen (Yuuya Uchida/Greg Chun) em razão de sua proximidade com o rastro de mortes deixado por Elle.

12º Lugar:
Requerimentos Necessários para Ser Humano

1X03

Meu ponto é que Requerimentos Necessários para Ser Humano (para que esse título enorme se o título em inglês é The Human Condition, ou, em tradução direta, A Condição Humana?) oferece pouquíssimos incrementos à história para realmente parecer um episódio que mereça uma análise em apartado. Obviamente, os problemas com a plasticidade dos humanos e androides de aparência humana continua firme e forte. Na verdade, mais forte ainda, já que o terceiro capítulo investe muito tempo na conexão entre Elle e Joseph, que atirou nela no cliffhanger anterior e a levou a seu apartamento, permitindo que estudemos cada expressão, cada movimentação dos dois e isso é um problema para o CGI escolhido para (des)animar os personagens vivos. Chega a realmente incomodar os cabelos que desobedecem as leis da física e as expressões imutáveis de cada um dos dois, como dois bonecos de cera que, de repente, ganharam vida. Mas isso é algo que não pretendo mencionar a cada crítica, pois não mudará mesmo, cabendo a nós apenas tentarmos nos acostumar e lutar para tornar a experiência de se atravessar esse Vale da Estranheza menos distrativa.

11º Lugar:
Tudo que Não Somos

1X02

Confesso que Elle, apesar de mostrar habilidade com uma katana e também com os próprios punhos, ainda é uma personagem muito… banal para realmente se destacar. Claro que isso pode mudar – e eu espero que mude! -, mas, por enquanto, ela não é mais do que um fio condutor para a reapresentação desse sempre fascinante universo, algo que a animação faz muito bem, com cenários em computação gráfica realista que recriam à perfeição a atmosfera escura, suja, mas ao mesmo tempo muito colorida e vibrante da Los Angeles desse futuro distópico. A sensação de que o espectador está de volta a esse ambiente cyberpunk é completa e muito satisfatória, com a trilha sonora composta por Michael Hodges e Gerald Trottman conseguindo emular tanto o trabalho de Vangelis quanto o de Benjamin Wallfisch e Hans Zimmer nos dois longas, o que amplifica a imersão quase que instantaneamente.

10º Lugar:
Cidade dos Anjos

1X01

Essa premissa é, diria, muito batida e, portanto, exige algo mais em termos narrativos para funcionar de verdade, evitando as armadilhas inerentes a ela, como o empilhamento de mistérios em cima de segredos. A boa notícia é que com apenas dois episódios lançados simultaneamente e que funcionam como um só – e eu desconfio que a temporada toda será assim, com capítulos encaixados muito proximamente ao imediatamente anterior, dando impressão de um longa-metragem dividido em 13 partes -, o roteiro de Sameer Hirlekar não tenta esconder o óbvio e já deixa evidente que Elle é uma Replicante, algo primeiro visto no clássico reflexo em seus olhos e, depois, textualmente, para não deixar dúvidas. Mas a má notícia é que falta o “algo mais”.

9º Lugar:
Almas Artificiais

1X12

E os primeiros segundos me enganaram direitinho. Estava com a pipoca pronta para ver exatamente o que eu queria ver, somente para tudo ser interrompido bruscamente pela chegada da polícia e as duas fugirem, cada uma para seu lado. Que decepção… Foi o equivalente audiovisual ao coito interrompido, aquela quebra de expectativa que não é boa por subverter conceitos, mas sim somente por ser uma quebra de expectativa ou, talvez melhor dizendo, um adiamento da pancadaria para o último episódio, algo que poderia ser interessante se  sua substituição, aqui, não fosse outra decepção, ainda que não exatamente gigantesca ou daquelas que nos fazem perder a esperança por uma série.

8º Lugar:
A Caça às Bonecas

1X04

No entanto, assim como a premissa da falta de memória de Elle, a caçada não é terrivelmente original como ponto de partida para a personagem. Black Lotus, até agora, não mostra muita ousadia em sua história, não passando de uma costura não particularmente inspirada de tropos narrativos que ainda não disse a que veio. Não há as discussões mais existenciais dos filmes ou, talvez melhor ainda, do romance que deu origem a tudo, mas sim, apenas, uma aventura de ficção científica como tantas por aí. Em outras palavras, falta aquele elemento que realmente diferencie a série de seus pares e a faça realmente parecer parte do Universo Blade Runner para além da replicação da Los Angeles distópica cyberpunk.

7º Lugar:
Todas as Boas Memórias

1X11

Todas as Boas Memórias é outro filler, se pararmos para pensar friamente, pois nada mais é do que um intervalo criado para a introdução da replicante albina com figurino de filme pornô passado no século XIX (nós créditos ela se chama Water Lily) que vimos apenas brevemente antes. Ela é enviada para acabar com Elle de uma vez por todas, já que “Júnior” não confia em Joseph para fazer esse serviço que ele lhe pede no começo do episódio. Essa ordem, aliás, não é levada à cabo justamente pelo que vemos em Clair de Lune, com a solução sendo o processo de eliminação completa das memórias da replicante protagonista, algo que também sabemos que não poderia acontecer e esperamos algo que interrompa o processo, que acaba sendo uma combinação da hesitação do simpático implantador de memórias e, claro, a chegada da assassina literalmente programada para matar.

6º Lugar:
Pressão

1X05

Marlowe, de seu nome retirado do clássico personagem Philip Marlowe, criado por Raymond Chandler, passando por sua caracterização soturna, estoica e com sobretudo é o arquetípico policial de filmes noir, uma versão talvez mais fria e violenta de Deckard e até mesmo de K, mas que combina perfeitamente com a ambientação desse universo. Seu carrão vermelho retrô futurista é o que realmente o diferencia dos demais e estabelece aquela aura de renegado que ele parece cultivar quando mostra estar pouco se lixando para as ordens do chefe de polícia Earl Grant, que começa uma caçada à Elle, mas sem revelar suas verdadeiras intenções.

5º Lugar:
Realidade

1X07

E isso nos leva ao ponto focal do episódio que é o retorno de Elle à sua vingança, desta vez indo atrás do Doutor M (Akio Nojima/Henry Czerny), nome extraído de Josephine. Como mencionei na crítica anterior, a temporada vem se aproximando de parte da estrutura narrativa do Blade Runner original, em que Roy Batty e seus discípulos sobem a escada da hierarquia de suas origens por intermédio dos assassinatos de todos aqueles responsáveis por sua criação, até chegar ao recluso “Deus” Eldon Tyrell. Elle faz exatamente o mesmo, mas com o objetivo de se vingar e, claro, compreender quem exatamente ela é e porque ela existe.

4º Lugar:
Sombras de Memórias

1X06

Sombras de Memórias é uma demonstração do que Black Lotus pode ser, funcionando tanto como um bom representante do tipo de ação frenética que a série pode ter, como uma ótima introdução às questões angustiantes afeitas à Elle e suas memórias implantadas e sentimentos programados, o que nos permite um pouco mais de tempo para observar a complexidade dos seres sintéticos deste fascinante universo.

3º Lugar:
Livre Arbítrio

1X09

Já estava claro antes, mas Livre Arbítrio termina de mastigar uma circunstância importante para a própria existência da protagonista: ela não é mais do que um instrumento de Niander Wallace Jr. em sua ambiciosa tentativa de tomar de assalto os negócios do pai e focar seus esforços na criação de Replicantes perfeitamente obedientes, fazendo de Black Lotus, na verdade, a história de origem do personagem cego que conhecemos em Blade Runner 2049. A conversa dele com o pai, em que ele se despede de seu genitor é de uma frieza impressionante, com uma boa condução da direção em não exagerar na vilania do Final Boss da série. A retirada do pouco de véu que ainda existia sobre esse assunto na série ainda em seu nono episódio pode significar boas coisas para seu desenvolvimento, pois sua base narrativa não pode ser para sempre focada na vingança de Elle.

2º Lugar:
Clair de Lune

1X10

A nova e trágica personagem, que tem consciência de seu futuro – ou da falta dele – em um roteiro que lembra muito O Cliente Tem Sempre Razão, conto que se passa no universo de Sin City e que abre a respectiva adaptação audiovisual de 2005, é uma literal boneca Barbie morena, de cabelo plástico que desce pelo ombro, com um rosto que vive de fazer o que só posso chamar de caricaturas de emoções. Chega a ser constrangedor que deixem produzir uma obra da franquia Blade Runner com esse nível abissal de qualidade visual. E é claro que Selene é, apenas, a mais evidente das falhas, já que os problemas se repetem com Joseph e também com Marlowe, este último com cabelos formando uma espécie de “raio” no local que se conectam com sua testa.

1º Lugar:
Hora de Morrer

1X13

Pode ter sido por vias tortuosas e erráticas, com decisões narrativas um tanto quanto frustrantes e outras completamente equivocadas, mas Black Lotus acabou da forma que tinha que acabar. Não houve surpresas – o que é bom – e, melhor ainda, houve um esforço considerável de Eugene Son em paralelizar os momentos finais do filme original de 1982 a partir do ponto em que Roy Batty encontra-se com seu criador Eldon Tyrell e chegando ao famoso monólogo “hora de morrer” de onde o episódio pega emprestado seu título.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais