Home Colunas Lista | Cavaleiro da Lua: Os Episódios Ranqueados

Lista | Cavaleiro da Lua: Os Episódios Ranqueados

Oscar e Isaac arrasando em suas performances.

por Ritter Fan
5,K views

Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Cavaleiro da Lua é uma série diferentona dessa Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel e, por isso mesmo, muito bem-vinda. No lugar de focar no super-herói fantasiado, focou no drama psicológico, de certa maneira lembrando a abordagem inovadora de WandaVision, mas sem alcançar o mesmo nível de qualidade. Com isso, abriu-se espaço para Oscar Isaac brilhar como Steven Grant, britânico vendedor de loja de museu que é fã de egiptologia que, não demora a descobrirmos, compartilha sua mente com o americano mercenário Marc Spector, em uma excelente representação do transtorno dissociativo de personalidade.

Com uma ambientação que tenta ao máximo ser autêntica às raízes egípcias do personagem cujos poderes se originam do deus Khonshu, que tem sua própria agenda, a minissérie (que, espero, se torne série alguma hora) flerta com uma abordagem aventuresca à la Indiana Jones ao mesmo tempo em que tenta mergulhar profundamente na mente fragmentada do protagonista. Essa “dupla personalidade” da série é, também, seu ponto fraco, pois, por melhor que seja o esforço do showrunner Jeremy Slater, ele acaba não conseguindo trabalhar a contento nem uma coisa, nem outra, por vezes soltando os freios completamente com porralouquices divertidas até, mas razoavelmente constrangedoras.

Por outro lado, a mitologia é bem construída, ampliando o UCM para esse lado em tese mais místico e divino (até resolverem dizer que os deuses egípcios a que somos apresentados vêm lá de Stargate SG-1) e a direção de Mohamed Diab anda no fio da navalha entre o que pode e não pode ser feito em termos de sangue e violência com base no Manual Marvel de Produção. Além disso, o uso de elipses para (não) mostrar a pancadaria sob o ponto de vista de alguém com o transtorno em questão é um artifício usado brilhantemente por toda a minissérie e que acrescenta ao seu frescor e autenticidade.

XXXXXXXXXXX

Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

6º Lugar:
The Tomb

1X04

Ah, Jeremy Slater, você estava indo tão bem com Cavaleiro da Lua e a expectativa de um episódio integralmente focado em Marc, Steven e Layla em razão do aprisionamento de Khonshu e a impossibilidade de se invocar o traje tinha absolutamente tudo para dar certo do começo ao fim. Infelizmente, porém, não foi isso que aconteceu, pois, no lugar de continuar a abordagem camp de corrida de obstáculos pela areia atrás de uma relíquia macabra que não é o falcão maltês, mas sim a jacaroa egípcia, o showrunner apostou na reviravolta psicológica – psiquiátrica? – nos minutos finais de The Tomb, mergulhando em uma linha narrativa que já vinha sendo suficientemente bem explorada com os conflitos entre o britânico Steven e o americano Marc dentro de uma mesma pessoa.

5º Lugar:
Gods and Monsters

1X06

Uma dessas “liberdades estranhas” é a cômica luta de kaijus no platô de Giza, com a mega-Ammit (captura de performance de Sofia Danu e voz de Saba Mubarak), recém-alimentada por almas colhidas por Harrow no Cairo, saindo no tapa em câmera lenta com o recém-libertado über-Khonshu que, pelo visto, pode ficar gigante aleatoriamente. Confesso que, dentro do contexto do vale tudo que é o universo de super-heróis, essa escolha criativa nem foi a coisa mais sem pé nem cabeça que vi recentemente, mas, muito sinceramente, não gostei dessa maneira de se manter os dois deuses entretidos. Pareceu-me preguiçoso transformar os dois em papel de parede de computador enquanto a ação para valer acontece em primeiro plano, criando um enorme facilitador narrativo para empecilhos conhecidos como personagens exageradamente poderosos ou que, em tese – por serem deuses – deveriam ser exageradamente poderosos (pois esses dois tem poderes bem mixurucas, se pararmos para pensar).

4º Lugar:
Asylum

1X05

Como já disse algumas vezes ao longo das críticas da minissérie, o que a destaca das demais séries de super-heróis que temos por aí é que o super-herói fantasiado, por melhor que seja os uniformes, é constantemente mantido em segundo, talvez até terceiro plano. E faço essa ressalva como um elogio caso alguém tenha alguma dúvida, pois essa escolha de Jeremy Slater abriu e continua abrindo um amplo espaço para Oscar Isaac brilhar em seu papel duplo. Asylum tem o grande defeito de ser extremamente corrido, pois tudo o que vemos em 50 minutos, pela mera temática principal e pela variedade de outros elementos, incluindo aí a ótima deusa hipopótamo Taweret (voz e captura de performance de Antonia Salib) que expande a mitologia da série sem se desviar da efetiva mitologia egípcia, simplesmente merecia uma minissérie própria, ou uma segunda temporada de Cavaleiro da Lua. Há vasta riqueza trabalhada em tempo exíguo que acaba prejudicando tanto o lado psicológico quanto o aventuresco da série.

3º Lugar:
The Goldfish Problem

1X01

Com seu ritual diário, que inclui retirar as amarras que o prendem à cama, a areia que cerca seu leito e a fita adesiva da porta, além de alimentar seu peixe dourado com uma – não, peraí, duas, ou seria uma? – barbatana, já percebemos que “algo” não está certo com Grant e ele sabe disso. Não demora e ele é “teletransportado” para alguma cidade germânica sem fazer ideia do que faz lá e porque raios ele tem um escaravelho de ouro na mão e, pior ainda, com uma voz incorpórea consideravelmente sem paciência reclamando dele (F. Murray Abraham excelente como um Konshu debochado). Os espectadores, então, são levados em uma literalmente insana sequência de ação que simplesmente não tem ação alguma, em um momento genial do roteiro de Jeremy Slater que, em uma tacada só, usa naturalmente a combinação de humor e drama psicológico para marcar bem o tamanho dos problemas mentais de Steven Grant que também é Marc Spector, claro, mas isso será visto adiante. Isaac tira de letra essa abordagem perturbada e ao mesmo tempo cômica, deixando qualquer um curioso pelo que ele será capaz de fazer com as outras personalidades que viverá.

2º Lugar:
Summon the Suit

1X02

Em outras palavras, Slater não exatamente joga seguro, pois temos que combinar que o que a grande maioria do público quer não é um drama psicológico, mesmo que com pitadas naturalmente cômicas – naturalmente, pois elas vêm da confusão mental de Grant -, mas sim ver a pancadaria básica de um super-herói uniformizado contra seus inimigos. No primeiro episódio, o enfaixado Cavaleiro da Lua com a tal “armadura cerimonial de Khonshu” aparece literalmente no último minuto apenas e, agora, em Summon the Suit, só com um pouco mais de 35 minutos de projeção e mesmo assim na versão intermediária, de terno branco e máscara (ou Coronel Sanders psicótico como Spector bem caracteriza), com direito a um hilário “pouso de super-herói” falho e mantendo a personalidade de Grant. Fica evidente que há um esforço grande da produção em criar um excelente equilíbrio entre drama psicológico e série de super-herói, algo que obviamente não tem pretensão de chegar ao que podemos ver um pouco em Patrulha do Destino com Crazy Jane e que vimos com ainda mais abrangência e imersão em Legion, mas é, sem dúvida alguma, algo a ser elogiado na série que não parece se contentar apenas com o banal.

1º Lugar:
The Friendly Type

1X03

A Enéade é muito bem trabalhada, vale dizer, com um design de produção caprichado ali no interior da pirâmide de Quéops e um roteiro que anda no fio da navalha entre a abordagem séria e a jocosa, com Khonshu mostrando como sua forma de “usar” seu avatar é intrusiva e violenta em completa antítese aos demais deuses que cercam o pátio central. Claro que há uma certa conveniência em somente Yatzil/Hathor (Díana Bermudez) mostrar alguma compaixão por Marc, com os demais correndo para aceitar tudo o que Harrow diz com aquele tom de voz de áudio de relaxamento zen sem no mínimo dos mínimos fazer algum tipo de investigação divina. Seja como for, o que eu quero ver agora é a Enéade formando uma Liga da Justiça de deuses egípcios, pois não tem ideia melhor para vender boneq…, ops, figuras de ação do que essa.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais