Home Colunas Lista | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Ranqueando a primeira sitcom da Marvel Studios.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Estrutura de sitcom, quebras da quarta parede, participações especiais ilustres como as de Wong, Emil Blonsky e, claro, o Demolidor com uniforme amarelo, hilários personagens de décima quinta categoria da Marvel Comics, vilã influencer, vilão principal que é um tapa na cara dos preconceituosos, final genial, autoconsciente carregado de críticas e autocríticas, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis definitivamente não é a típica série da Marvel Studios. A Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel começou com uma dramaticamente ousada série encabeçada por personagem feminina e chega a seu fim – no tocante a séries, pois ainda há Pantera Negra 2 vindo por aí – com uma comicamente impactante série encabeçada por personagem feminina, personagem essa que, arrisco dizer, tornou-se a melhor personagem nova desse universo, independente do sexo.

Apesar de todo o seu repertório de convidados especiais e de artifícios narrativos, o grande destaque da série fica mesmo com Tatiana Maslany que, com seu carisma contagiante, suas atuações que capturam exatamente a pequena Jennifer Walters e a grande Mulher-Hulk e sua vitalidade em cena, é capaz de dominar a tela e, mais ainda, estabelecer rapport com todos os personagens que gravitam ao seu redor, dos veteranos Mark Ruffalo e Tim Roth aos contemporâneos Ginger Gonzaga e Charlie Cox. A atriz é o coração da série que lida com uma mulher tentando conciliar suas duas identidades em meio a um mundo que não lhe dá qualquer chance de errar.

Outro grande destaque é a showrunner Jessica Gao que não tem nenhum pudor em colocar a série no meio do furacão crítico das inclementes redes sociais e de um número considerável de gente do tipo que, nelas, vive embaixo de pontes com o único objetivo de bloquear a passagem de qualquer um que queira atravessar o rio. Gao cria uma série que literal e diretamente dialoga com o mundo moderno e faz isso com generosas doses de cutucadas ferinas que pontilham e são integradas à narrativa, para que muitas carapuças sejam vestidas. Além disso, ela não deixa que em nenhum momento a estrutura da série seja pervertida por demandas do estúdio, usando o último episódio justamente para um olhar muito engraçado – mas que é também sério – sobre não só o status quo da Marvel Studios, mas, também, da Indústria do Entretenimento em geral (pois não é só a Marvel que vive de fórmula, ainda que as oito séries produzidas pelo estúdio mostrem que chamá-la de formulaica começa a ficar sem sentido).

Claro que o CGI tem problemas, mas eles não me incomodaram mesmo quando o Vale da Estranheza ficou evidente, já que isso era inevitável em uma situação como essa, em que apenas uma personagem humana – só que grande e verde – com captura de performance interage quase que 100% do tempo com humanos de aparência normal ao seu redor. Não há CGI de qualidade suficiente para resolver esse problema e o que foi feito acaba funcionando bem na maioria do tempo.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis foi o perfeito encerramento das séries da Fase 4 do UCM e desde já deixará saudades. Fica a torcida, então, para que Tatiana Maslany retorne em uma segunda temporada e, mais do que isso, tenha oportunidade de, depois, integrar os Vingadores reformulados em um dos vindouros filmes ao lado de Kate Bishop, Ms. Marvel, Lobisomen na Noite, Capitã Carter e outros.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

9º Lugar:
A Normal Amount of Rage

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Em A Normal Amount of Rage, primeiro episódio da série, o espectador é brindado com uma versão dessa origem por intermédio do uso do artifício do enquadramento, ou seja, com Jennifer Walters (Tatiana Maslany) se preparando para fazer um discurso de encerramento de um caso no tribunal, mas parando o ensaio para quebrar a quarta parede – outra característica de seus quadrinhos – e retornar alguns meses no tempo para explicar porque ela é uma Hulk, como sua amiga e paralegal Nikki (Ginger Gonzaga) diz logo antes. Com isso, vemos Jennifer e Bruce (Mark Ruffalo) – com sua transformação completamente controlada por um gadget preso ao seu braço – viajando de carro e alegremente conversando quando uma nave de Sakaar (aquele planeta para onde o Hulk foi mandado em Thor: Ragnarok, estabelecendo o primeiro mistério da série, aliás) aparece do nada e causa um acidente que faz com que o sangue de Bruce se misture com o de Jennifer, imediatamente transformando-a na Mulher-Hulk.

8º Lugar:
Is This Not Real Magic?

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Óbvio que isso vai de cada um, mas confesso que nenhuma das duas histórias funcionou muito bem para mim em termos cômicos. O humor em The People vs. Emil Blonsky me pareceu mais vivo e menos dependente de repetição de gags como aqui, ainda que, interessantemente, Is This Not Real Magic? tenha sido o episódio tecnicamente mais eficiente e fluido, com uma conversa dinâmica entre as linhas narrativas paralelas, incluindo sequências de ação com a Mulher-Hulk dando sopapos em pequenos demônios libertados por Blaze para ajudar “Wongers” e um encerramento que soube finalmente introduzir um “novo assunto” sem que ele parecesse uma cena pós-crédito como foi o caso da Gangue da Demolição na semana passada.

7º Lugar:
Superhuman Law

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Até mesmo sua contratação pelo advogado veterano Holden Holliway (Steve Coulter) em um bar suspeitamente parecido com Cheers, tem aquele gostinho de sitcom oitentista, algo que é amplificado exponencialmente quando ele revela para ela, em plena recepção de seu prestigiado escritório (como Jen é inocente…), que seu interesse é em seu alter-ego esmeralda, mesmo que a transformação ali, naquele momento, a faça ter que se adaptar com a roupa esgarçada e com os sapatos que não mais cabem. No entanto, vale qualquer esforço para te uma sala de quina toda envidraçada em andar alto, não é mesmo?

6º Lugar:
Just Jen

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Novamente, a direção de Anu Valia se destaca, mesmo que ela tenha que lidar com duas histórias sem tangenciamento direto que não sejam os temas antitéticos (casamento x separação). A diretora prova que sabe conduzir narrativas paralelas tão bem quanto uma narrativa una como no episódio anterior, e  mesmo considerando que o roteiro de Kara Brown, apesar de se esforçar, é claramente menos inspirado do que o de Dana Schwartz. E falo aqui muito mais do lado do Senhor Imortal (David Pasquesi) e seu divórcio óctuplo do que o de Jen tentando ser Jen no casamento de alguém que sequer gosta muito. Não que o pareamento de Nikki com Mallory não tenha sido excelente, mas o texto é muito dependente de gags semelhantes para funcionar bem todo o tempo.

5º Lugar:
The People vs. Emil Blonsky

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E que tramas são essas? Bem, a primeira e principal é a continuada tentativa de Walters de conseguir a liberdade condicional para Emil Blonsky apesar de sua fuga da prisão para ir lutar na China contra Wong. Isso torna possível trazer o quase onipresente Mago Supremo (Benedict Wong) para a série em um papel atrapalhado e, por isso mesmo, muito simpático e irresistível. Aliás, tudo que gira ao redor do personagem de Tim Roth é impagável, seja sua postura zen, sua aparentemente franca mudança desde O Incrível Hulk até agora, a presença salvadora de Wong, e, claro, a tropa de mulheres que se apaixonaram por ele via correspondência enquanto ele estava na prisão. É tão bobo que é impossível não abrir um sorriso com a interação de todos ali na cela de alta tecnologia do ex-Abominável.

4º Lugar:
Mean, Green and Straight Poured into These Jeans

1X05

Mean, Green, and Straight Poured Into These Jeans é o primeiro episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis que não conta com pontas ilustres ou uso de superpoderes, retirando da série, assim, tudo que a vinha caracterizando para além do discurso abertamente feminista que vinha irritando muita gente e, mesmo assim, o resultado foi mais do que sólido, potencialmente o melhor capítulo até agora. Isso só demonstra que a obra desenvolvida por Jessica Gao tem fôlego próprio e sabe capturar muito bem o espírito da super-heroína verde, prima do Hulk, com uma pegada decididamente leve, bem estruturada e que conta com Tatiana Maslany carregando o protagonismo nas costas sem parecer estar fazendo qualquer esforço.

3º Lugar:
Ribbit and Rip It

1X08

Se eu pudesse fazer uma diferenciação entre essa “nova” versão do Demolidor e a antiga para além do traje (ninguém perguntou, mas eu ainda prefiro o vermelho, apesar de ter gostado muito do design e do tom de cores desta versão – mas meu verdadeiramente favorito é o preto de uma fase dos quadrinhos), diria que o super-herói cego que vemos, aqui, é mais quadrinhos e menos realista. Talvez possamos dizer que ele evoluiu vertiginosamente desde os eventos da terceira temporada de sua série solo e, agora, aproxima-se da versão mais, digamos, completa que povoa as HQs, isso pelo menos em termos de lutas e atletismo extremo, o que o leva a ser tonalmente mais UCM do que ele era antes. Mesmo assim, esse é, sem dúvida alguma, o Demolidor e eu achei excelente que o roteiro tenha aberto espaço para o ensaio de uma cena de “luta de corredor”, somente para a Mulher-Hulk chegar e “estragar” a festa com sua delicadeza verde. Aliás, vamos combinar que Maslany e Cox têm química perfeita, seja como Jen e Matt, seja como Mulher-Hulk e Demolidor, a ponto de eu já estar torcendo para que, em futuro próximo, possamos ver os dois juntos novamente.

2º Lugar:
The Retreat

1X07

Se, depois de assistir The Retreat, o antepenúltimo episódio do que espero que seja apenas a primeira temporada de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, você não ficou com vontade de ver um spin-off estrelado pelo Abominável (Tim Roth) comandando uma equipe formada por Destruidor (Nick Gomez), Porco-Espinho (Jordan Aaron Ford), Homem-Touro (Nathan Hurd), El Águila (Joseph Castillo-Midyett) e Sarraceno (Terrence Clowe), a única coisa que eu posso dizer é que você precisa de um retiro espiritual para dar mais valor às coisas boas da vida. Não tem anúncio de retorno de Hugh Jackman ao papel de Wolverine ou de um filme dos Thunderbolts que seja mais relevante do que uma série – ou longa-metragem – com esse formidável grupo de perturbados vilões de categoria Z do Universo Marvel.

1º Lugar:
Whose Show Is This?

1X09

Desde seu cold open que brilhantemente refaz a abertura da célebre série de 1977 do Incrível Hulk (desconfio que até usando sequências da obra original), passando pela reunião dos bros de masculinidade frágil em uma espécie de grupo anti-“fêmeas” e chegando ao falso final apoteótico e sem sentido que é interrompido pela protagonista para ela então desancar o UCM e o próprio Kevin Feige, que é introduzido em sua versão robótica K.E.V.I.N. (seria pedir muito um especial só desse personagem?), com direito a corte seco e elipse narrativa com o Demolidor de brinde caindo do céu, tudo é uma diversão só, que faz troça de tudo e de todos, olhando para dentro e para fora. Em termos de quebra de quarta parede, o que Jessica Gao faz, aqui é, basicamente, uma aula magna (Deadpool 3 terá que cortar um dobrado agora!) que é, também, uma das mais memoráveis sequências de todo o Universo Cinematográfico Marvel. E não, não estou exagerando.

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