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Lista | Satoshi Kon – Os Filmes Ranqueados

por Kevin Rick
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Desde a sua estreia em longas-metragens, com o filme Perfect Blue (1997), Satoshi Kon apresentava características de deturpação da realidade, do tempo e da perspectiva, utilizando a animação como meio de exteriorizar sua criatividade ilimitada cheia de críticas sociais, metalinguagem, surrealismo e visões existenciais sobre o Cinema e sua própria Arte. Infelizmente, o cineasta japonês faleceu bastante jovem, com apenas 46 anos de idade, mas deixou um belo legado com sua curta filmografia. Aqui, eu faço meu próprio ranking dos 4 longas-metragens do diretor, mas gostaria também de deixar uma menção honrosa para um de seu melhores trabalhos: a minissérie Paranoia Agent. Concordam ou discordam? Comentem, deixem sua própria lista e vamos debater!

 

4° Lugar: Atriz Milenar

À medida que Chyoko conta sua história de vida para Genya, o cineasta brinca com a realidade na sua montagem ao misturar os eventos do passado da protagonista com suas obras fílmicas. Uma homenagem ao Cinema, especialmente à Sétima Arte japonesa, no qual Satoshi move a fábula romântica de Chyoko em busca de um artista e dissidente político que se opõe à Guerra Sino-Japonesa, o qual ela ajudou a escapar e recebeu uma chave como lembrança, através de gêneros e subgêneros do cinema japonês. Películas sobre cortesãs, samurais, ninjas e sci-fi futurista tomam turnos em uma belíssima animação noventista que transpassa imageticamente o clássico e o histórico cultural japonês, e desenvolve uma ode simbólica ao situar o nosso relacionamento com o Cinema, a forma que ele nos molda, ensina e emociona através da narração da atriz milenar sobre essa eterna forma de arte.

 

3° Lugar: Padrinhos de Tóquio

A belíssima animação semi-realística  serve a esta construção de uma fábula urbana, em uma direção que mais preza pelo ambiente sujo, cheios de sacolas de lixos e caixas de papelões, e também nos vários planos abertos que evidenciam os arranha-céus e a modernidade japonesa que parece estar engolindo, subjugando ou ignorando os personagens principais. Satoshi Kon sai da sua deliciosa zona de conforto para entregar um filme natalino bastante diferente, focado nas minoridades e na marginalidade, com um trio principal falho, exagerado, quase que anti-heróis, envolvidos em uma sucessão de tramas bem poucos natalinas como assassinato, violência contra sem-teto e sequestro infantil. Curiosamente, esse fator real, cruelmente humano, é envolto na magia de natal, emocionando, divertindo e ensinando sobre a vida. Satoshi Kon homenageia o “espírito natalino”, mas com sua própria originalidade.

 

2° Lugar: Paprika

Paprika é uma belíssima animação que aborda de forma esplêndida o curioso e atrativo mundo dos sonhos, trazendo à vida pensamentos dos mais fantasiosos e fenomenais. Para quem gostou de A Origem, de Christopher Nolan, terá um motivo a mais para assistir Paprika, pois a influência da obra japonesa no longa hollywoodiano é completamente nítida, algo que só agrega valor para ambos os filmes.

 

1° Lugar: Perfect Blue

Satoshi Kon utiliza o alcance artístico praticamente ilimitado da animação para oferecer o surreal na estética sombria e realista de um horror psicológico sobre obsessão, perseguição e loucura. Eu descreveria a duração da fita como a escalação vagarosa de um pesadelo, no qual a protagonista começa enfrentando a fama, a indústria artística e seu senso de propósito, acabando em conflito com um antagonista obcecado, e, por fim, o crescimento de todos esses terrores na sua distorção da realidade. O que é real? Quem é o assassino? Quem é Mima? Várias são as perguntas levantadas durante a jornada da obra, e após o desfecho, o que fica com o espectador é a sensacional experiência desorientadora e obsessiva na bela imaginação de Satoshi Kon.

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