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Lista | Star Trek: Picard – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

por Ritter Fan
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Temporada:

Muito aguardada pelos fãs de Star Trek, a série que traz de volta o capitão Jean-Luc Picard, de A Nova Geração, para o centro das atenções, era a esperança daqueles que haviam detestado Discovery por “fugir ao espírito da franquia” de ver algo que capturasse o estilo original. Apesar de conseguir essa façanha em dois ou três episódios, a 1ª temporada de Star Trek: Picard cometeu o pecado de prestigiar a nostalgia no lugar de um enredo engajante e bem distribuído ao longo de seus 10 episódios.

Como mencionei várias vezes ao longo das críticas semanais, não há absolutamente nada errado em uma série usar o saudosismo como forma de chamar atenção para si mesma, até porque, hoje em dia, as tão procuradas “referências” parecem muitas vezes ser tudo aquilo que os fãs querem. Infelizmente, porém, os showrunners praticamente usaram essas menções ao passado de Star Trek como verdadeiras muletas narrativas, reintroduzindo personagens queridos como fillers que desviaram fortemente a história que a temporada prometia contar e que muito inteligentemente trabalhava o passado de Picard, notadamente sua relação de profunda amizade com Data e, claro, suas traumáticas assimilações pelos Borgs, ou seja, tudo que era necessário trazer-se de décadas passadas para o presente.

Mas a equipe criativa foi muito além, criando o que poderia muito bem ser chamado de uma estrutura de “fan service da semana”, relegando a potencialmente ótima história principal para as margens. Claro que o retorno de Patrick Stewart ao papel que o consagrou e sua atuação belíssima e carismática como um Jean-Luc Picard ainda extremamente orgulhoso no alto de seus 94 anos ajudou no engajamento do espectador, mas, sozinho, nem mesmo esse grande ator seria capaz de manter a integridade estrutural da temporada.

O resultado foi uma obra que, apesar de conseguir trabalhar bem seu protagonista, levando-o até o “próximo passo lógico”, por assim dizer, falhou em fazer o motor de dobra funcionar sem solavancos enormes que impediram a série de realmente alcançar seu potencial. Quem sabem, na já aprovada 2ª temporada isso não seja corrigido? Resta-nos apenas torcer!

Como em todo final de série que acompanhamos por episódio, elaboramos nossa ranking, que segue abaixo para discussões. Notem que, para ler as críticas completas, basta clicar em cada título.

10º Lugar: The Impossible Box

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Se o episódio anterior não se levou a sério e, por isso, tornou possível aceitar as diversas conveniências que pontilharam a história, aqui acontece justamente o contrário. A narrativa é seríssima e é, para todos os efeitos, o desfecho da “fase um” da série, já que lida com o resgate de Soji por Picard lá no Cubo Borg, agora chamado de O Artefato. Por essa razão é que o roteiro repleto de saídas fáceis cansa demais, começando pela obtenção de uma credencial diplomática em 10 segundos por uma Raffi bêbada pedindo favor a uma agora ex-amiga, parte de um plano mal-ajambrado para justificar a presenta da La Sirena em espaço romulano, continuando com a “sala secreta” com “teletransportador secreto” que faria inveja ao deus ex machina mais conveniente e terminando com a presença heroica de Elnor no momento certo (e que agora pode matar sem sequer ser repreendido, pelo visto…), tudo é construído ao redor de “é assim porque eu quero que seja e que se dane”.

9º Lugar: Nepenthe

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Tudo isso fica parecendo material perfeito para uma HQ ou um livro que focasse o intervalo entre a aposentadoria e a volta de todos esses personagens, mas que, em um episódio que deveria ser “de fuga”, em um momento já adiantado de uma temporada de apenas 10 episódios, torna-se uma torneira que jorra informações completamente desnecessárias apenas para fazer os olhinhos dos fãs brilharem. Novamente, nada contra SE os roteiros não cismassem em pegar a história principal e colocar em segundo, por vezes terceiro plano para que todo personagem “de uso único” da temporada ganhasse seu momento para lembrar do passado.

8º Lugar: Maps and Legends

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Maps and Legends usa esse expediente diversas vezes ao longo de sua duração, tornando o episódio cansativo e didático demais, com doses cavalares de tecno-bobagens para rechear conversas relativamente vazias, como se Michael Chabon e Akiva Goldsman tivessem decidido regurgitar todo o palavreado supostamente técnico para substituir desenvolvimento narrativo. Basta ver a investigação interminável de Picard e Laris no apartamento de Dahj em Boston, que tem como única função verdadeira revelar a existência da Zhat Vash, uma organização romulana ainda mais secreta que a Tal Shiar e que tem como base uma forte política anti-sintéticos. O resto é firula para ocupar tempo de tela, o que nem seria um problema muito sério se algo semelhante não acontecesse novamente na interação de Picard com Agnes Jurati e também entre Soji e Narek no Cubo Borg que, separado da mente cibernética coletiva, ganhou o nome de Artefato.

star-trek_picard Maps and Legends plano crítico episódio

7º Lugar: Absolute Candor

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Depois de introduzir Laris e Zhaban, romulanos da ordem Tal Shiar que Picard salvou e que, agora, trabalham em seu vinhedo e a doutora Agnes Jurati, especialista em androides e de apresentar Raffi, a ex-imediata do almirante, que, por sua vez, introduz o comandante Rios (e seus mais do que convenientes hologramas-paus-para-toda-obra), é chegada a hora de apresentar mais gente do passado de Picard. Não só a ordem das freiras guerreiras Qowat Milat é tirada da cartola como parte do drama de Picard sobre o fim da evacuação dos romulanos depois do ataque em Marte, como os showrunners aparentemente precisavam criar uma espécie de filho postiço para o protagonista que, claro, hoje em dia, é um ninja romulano mortal que faria inveja a Snake Eyes e Storm Shadow juntos.

6º Lugar: Broken Pieces

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Vamos, então, começar pelo que há de negativo ou, melhor dizendo, o que ele representa de negativo para tudo o que veio antes. Sabem os clássicos livros de Agatha Christie, em que ela desenvolve sua história de maneira a levar Hercule Poirot a colocar todos os suspeitos em uma sala para, então, revelar o assassino? Pois bem, Broken Pieces é exatamente o capítulo que aborda a famosa sala. Mas, com todo respeito, os showrunners da série não lambem as botas da sensacional autora britânica e transformaram quase todos os capítulos anteriores, que deveriam levar organicamente à “cena da sala”, em um festival de nostalgia e saudosismo que foi muito além de trazer Jean-Luc Picard de volta de sua aposentadoria.

5º Lugar: The End is the Beginning

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É muita coisa para abordar em tão pouco tempo, sem dúvida, mas o roteiro de Michael Chabon e James Duff consegue equilibrar melhor exposição com ação, entregando um episódio mais redondo que o anterior que, porém, continua com problemas, mais notavelmente o “paraquedismo” de personagens e de saídas fáceis para questões complexas. Mesmo assim, considerando as quase duas décadas que separam a última aparição de Picard em qualquer tela e a retirada do personagem de sua aposentadoria bucólica em seu vinhedo francês, The End if the Beginning, quando visto em conjunto com os capítulos anteriores, estabelece muito bem a premissa da temporada, engajando o espectador nessa nova aventura e prometendo muito para o que vem por aí.

4º Lugar: Et in Arcadia Ego – Part 2

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A velocidade dos eventos demonstra muito claramente, mais uma vez, que a temporada foi desequilibrada em termos de ação, com praticamente tudo o que é mais relevante acontecendo de maneira apertada e econômica em meros 40 minutos do episódio final, aí incluindo a já citada luta de Sete contra Narissa, a união providencial de Narek com Ríos, Raffi e o inútil do Elnor, a revelação de que Jurati estava do lado dos humanos depois de sua “traição”, a traição de Soong, a chegada da frota romulana (estranho que o Zhat Vash seja uma organização super-secreta, mas que tem uma frota desse tamanho…), a chegada da frota da Federação (o comando temporário de Riker, aí sim, é um exemplo de ótimo fan service) e, claro, o plano suicida de Picard. Sobre o plano, aliás, ele é a cara de Picard e, nesse quesito, a temporada foi perfeitamente justa com o legado do personagem. Não há nada que signifique mais a essência do adorado ex-capitão do que um sacrifício altruísta dessa natureza, mesmo que ele tenha que ser atrapalhado por diálogos mal escritos e extremamente expositivos do tipo “o exemplo vem de cima” e tal.

3º Lugar: Remembrance

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Tenho para mim, porém, que Goldsman e Duff mais acertaram do que erraram e isso fundamentalmente porque eles se mantiveram firmes em uma linha mestra que está muito clara no título escolhido para a série: Picard. No lugar de inventarem uma história exógena ao personagem, a dupla de roteiristas criaram algo que efetivamente parte do amado personagem vivido por Patrick Stewart. Não que a história comece em razão de Picard, mas sim porque toda a narrativa parece estar profundamente amarrada na mitologia do personagem. Não só o androide Data (Brent Spiner), que se sacrificou por seu capitão em Nêmesis é fundamental para esse pontapé inicial – e, suspeito, para muito mais do que apenas isso – como toda a conexão de Picard com seres cibernéticos, inclusive sua “possessão” pelos Borgs, é premissa narrativa para o que se desenvolve aqui.

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2º Lugar: Stardust City Rag

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Aliás, diria que foi um toque de gênio trazer Icheb (aqui vivido por Casey King) de volta nem que tenha sido para matá-lo da maneira mais dramática possível. Funcionou bem como flashback de abertura tanto para justificar a fúria de Sete quanto para afagar os fãs de Voyager. Além disso, a montagem clássica de “preparação/execução” de plano esdrúxulo tendo Raffi como mentora na La Sirena e o restante de tripulação no planeta foi de abrir sorrisos de satisfação desde o já citado Picard de boina e tapa-olho, passando pelo hilário grandalhão Sr. Vup (Dominic Burgess) e chegando no capitão Ríos, que finalmente mostra alguma personalidade que não seja uma réplica latina e com folículos capilares de Picard.

1º Lugar: Et in Arcadia Ego – Part 1

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Se a chegada a Coppelius é extremamente tumultuada, com um breve combate espacial interrompido pela chegada de Sete e do Cubo Borg, além das surreais aparições das tais “flores espaciais”, quando a tripulação de Picard está em terra, a história reduz seu ritmo e, mesmo diante da chegada de uma gigantesca frota romulana, tudo vai sendo abordado sem pressa, com Picard reencontrando Sete e Elnor e, depois, todos seguindo para o vilarejo dos sintéticos que é, claro, a Arcádia do título em latim. O equilíbrio entre ação e exposição consegue ser alcançado muito rapidamente, sempre com o objetivo de impulsionar a narrativa.

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