Home Colunas Lista | Star Trek: Picard – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | Star Trek: Picard – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Ranqueando a derrocada de Picard.

por Kevin Rick
1,9K views

Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Olha, vocês me perdoem, mas não estou afim de falar mais muita coisa desta segunda temporada de Picard. O ano até começou promissor com o cenário fascista e autoritário criado por Q e a história de viagem no tempo, mas depois a série descambou totalmente quando chegaram na Los Angeles do século XXI. Os roteiros dos episódios se tornaram completamente ridículos, sem qualquer senso de dramaturgia, progressão narrativa, arcos de personagens e diálogos minimamente interessantes. A direção não tinha muito o que fazer sem um material que fosse pelo menos ok, então tivemos uma temporada recheada de sequências sem criatividade e ritmo insosso. O primeiro ano da série não foi lá incrível, cheio de fanservice e tramas genéricas, mas a segunda temporada foi só… estúpida.

 XXXXXXXXXXX

Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Alguém conseguiu gostar da temporada? Mandem suas listas e comentários!

 

10º Lugar:
Farewell

2X10

O episódio inteiro é uma sucessão de pessoas sentadas e conversando sobre seus rasos problemas emocionais com os diálogos mais bregas, os bordões mais piegas e as resoluções mais ridículas que eu já vi numa produção televisiva. Não tem trama, não tem desenvolvimento de personagem, não tem conflito, não tem dinâmica, tensão, arcos, aventura, intrigas, não tem nada. São só pessoas verbalizando o que deveria ter sido construído narrativamente. Nós vemos Picard conversando com Talinn sobre seus traumas infantis que ainda estão em pauta por algum motivo que não entendo, considerando que já tivemos DOIS episódios para este conflito dramático imbecilmente desenvolvido. Aí nós vemos Talinn declarando seu amor materno para Renée, num outro momento sem efeito dramático já que o texto nunca deu importância para a astronauta. E aí vemos outra pessoa derramando suas emoções para outra pessoa e assim por diante, num loop interminável de sentimentalismo barato e anticlímax similar a um último capítulo de novela – e nem é uma novelinha boa.

9º Lugar:
Watcher

2X04

Watcher é uma bomba. Um episódio simplesmente aleatório no corpo de produção de Picard. Direção, atuação, roteiro, abordagem temática, tom narrativo, ritmo, encadeamento dramático, diálogos, nada, simplesmente nada funciona no episódio. Não temos boas conversações, senso de diversão ou emoção, muito menos aventura ou ficção científica, e, na verdade, não temos nem um nível básico de narrativa coesa. Não sei definir isso aqui não. A série não é e nunca foi espetacular, mas isso é uma anomalia. Um produto desagradável que insulta a inteligência de quem está assistindo, insulta a franquia e seus personagens, e insulta o audiovisual como um todo.

8º Lugar:

Hide and Seek

2X09

De alguma forma, Hide and Seek fica ainda pior quando lembramos que este é o penúltimo episódio da temporada e que passamos as últimas três semanas com zero desenvolvimento da trama principal. O capítulo final terá que resolver tudo na correria, provavelmente com as mesmas facilitações narrativas que vemos aqui, como os discursos vazios, reviravoltas tediosas, direção medíocre e inexistente mitologia. Tá difícil. Pelo menos veremos o Q.

7º Lugar:
Monsters

2X07

Mostre, não fale. Nos envolva na história para que possamos refletir sobre os conflitos desses personagens. Chega a ser um insulto à inteligência do espectador por parte dos roteiristas ao mastigar tudo aos mínimos detalhes. Sem falar nas desinteressantes tramas secundárias, com a dupla dinâmica de Sete de Nove e Raffi procurando uma Jurati que destrói vidros (uau!) em vídeos de câmera de segurança (esses roteiristas não tem noção do que é boa aventura), e, pior ainda, Ríos que ficou subjugado a uma trama de flerte a temporada toda, arriscando toda a missão por causa disso (situação bem fora do personagem rígido que ele era no início da série). E tudo fica ainda pior quando notamos que Monsters não traz progresso para a história principal, deixando Q e a trama de Renée marinando enquanto Picard fica de bate-papo com cada figura que aparece, para que, no final, vejamos o novo antagonista da história: o FBI. Uhul… Reviravolta tão boa quanto a deportação de Ríos ou Picard sendo atropelado…

6º Lugar:
Two of One

2X06

Two of One também acentua meus problemas com a direção da história. A reviravolta cretina do “cientista maluco” e a possível trama dentro da mente de Picard, parecem desvios de curso pouco recompensadores, como já havia acontecido naquela historinha do Ríos preso ou então das críticas sociais que foram completamente esquecidas. É assustador como a produção tem pouco empenho em criar qualquer nível básico de fascínio com a missão de viagem no tempo e seus desdobramentos, ou de criar interesse pelos personagens em ação. O diretor Jonathan Frakes até tenta imprimir algum sentimento visual (o plano de Jurati andando na rua é lindão), mas o material que ele tem em mãos é muito apático, constrangedor e chato. Que missão de gala chatinha viu.

5º Lugar:
Mercy

2X08

Então esta escolha por aglutinar novas subtramas sem propósito, incluindo aí o romance pastelão de Rios ou os experimentos de Soong, demonstram a falta de qualidade do roteiro da série. A narrativa principal sobre salvar o futuro parece nem importar tanto assim, sendo explorada aos trancos e barrancos, com aparições pontuais de Q e certas simplificações bobas da aventura (a convocação do antagonista; o fato dele explicar seu dilema; a parceria forçada entre a Borg e Soong; aquela equipe de forças especiais brotando na história; etc). A trama da Rainha Borg, aliás, parece ser mais importante e urgente do que a missão Europa, o que é tanto outra mudança de curso estranha da história (gostava mais da dinâmica da rainha no grupo do que como antagonista) quanto desinteressante, seja na aventura urbana de Sete e Raffi, seja nas reviravoltas cretinas da temporada (me importo tanto com a assimilação daqueles soldadinhos quanto com Picard sendo preso pelo FBI…). Mercy pelo menos não tem os momentos constrangedores de outros episódios, mas mantém o ritmo apático, os dramas bobos (Rios que o diga), a aleatoriedade de como a narrativa é desenvolvida e, claro, o desinteresse com os eventos da missão.

4º Lugar:
Fly me to the Mooon

2X05

Falem o que quiser de Setting Itself Right, mas o episódio teve, para mim, minha cena favorita da série toda até agora que, duvido, terá algum tipo de competição. Falo, claro, do filé de epiderme que a Dra. Headwood tira da coxa de uma LJ deliciosamente sadomasô com o que parece ser um cortador de queijo. Meu único problema com esse fantástico momento que está para sempre arquivado em minha gaveta mental de momentos memoráveis da televisão, é que ele é curto demais. Queria ter tido mais tempo para saborear a “ralação”, o rosto de puro prazer de LJ e o de admiração da proto-Mengele. Sei que provavelmente essa confissão fala mais de mim do que da cena, mas tudo bem, faz parte…

3º Lugar:
Assimilation

2X03

São as cenas entre Picard, Jurati e a Rainha Borg que me fazem considerar Assimilation um capítulo razoavelmente bom. A situação que dá título ao episódio contém boas doses de mistério em seu jogo por busca de informações e escolhas difíceis, inclusive com certa tensão em torno da quase-assimilação da doutora. O papel de interação ativo da Rainha Borg, além da interpretação perversamente carismática de Annie Wersching, proporciona ótimos embates com Picard, enquanto Alison Pill continua arrasando no mix de humor, curiosidade e conflito interno de Jurati. A situação de suspense com o trio, aliada com os ótimos efeitos especiais do episódio e um trabalho de direção competente de Lea Thompson (especialmente nos enquadramentos no interior da nave), seguram um episódio chatinho com suas preparações, problemas de continuidade de tom narrativo, e principalmente algumas aventuras pouco satisfatórias numa Los Angeles quente e sem perspectiva de um futuro melhor.

2º Lugar:
The Star Gazer

2X01

The Star Gazer é um começo promissor para a segunda temporada de Picard. Ainda temos problemas crônicos, como o fan service bobo, principal calcanhar de Aquiles da série, além do texto pouco convincente em seus diálogos óbvios e clichês, mas há o início de uma aventura aparentemente mais engajadora do que o desfile de explicações do ano inaugural, e a manutenção da abordagem pessoal e analítica do protagonista que faz a série andar. Veremos como Picard e companhia enfrentam o psicodélico e divertido Q, e se o protagonista encontrará as respostas que procura em uma nova jornada nas estrelas.

1º Lugar:
Penance

2X02

Em suma, Penance é um episódio gostosinho e bem divertido, uma aventura cheia de pequenos mistérios. Interessante pontuar como os temas do show coexistem na abordagem, como no próprio começo do episódio entre Q e Picard, como também em questões auto reflexivas num mundo espelhado, principalmente com Sete de Nove voltando a ser humana e o próprio arco de autoanálise do protagonista. Só tenho duas reclamações: a narrativa continua ignorando a transformação de Picard na temporada anterior; e gostaria que o cenário totalitário fosse mais explorado antes deles voltarem no tempo. No mais, eu estava esperando um capítulo abastado de comentário político e social considerando o ambiente autoritário e fascista (ainda existente ali no subtexto e no design de produção), assim como dramas isolados com a dispersão do elenco, mas os roteiristas nos trouxeram um episódio com leves toques de suspense e muito charme.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais