Home Colunas Lista | The Expanse – 6ª Temporada: Os Episódios (e Temporadas) Ranqueados

Lista | The Expanse – 6ª Temporada: Os Episódios (e Temporadas) Ranqueados

Os episódios, a temporada, a série inteira.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

Avaliação da série como um todo:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

A temporada final de The Expanse teve menos episódios que o normal, mesmo ainda tendo muita coisa a resolver. E, como se isso não bastasse, o showrunner ainda introduziu toda uma linha narrativa nova, na forma de preâmbulos passados no planeta Laconia em cada capítulo, sem fazer as linhas narrativas convergirem e sem resolver a questão ali apresentada. Em outras palavras, o ano final da série nasceu com um problema de estrutura, até porque não houve anúncio de continuidade da série ou do desenvolvimento de outra que venha a encerrar completamente a história.

No entanto, essa foi uma escolha 100% consciente da produção e, se o espectador souber fazer as pazes com ela – eu fiz, mas entendo perfeitamente quem não fizer -, creio ser inafastável a conclusão que todo o lado humano entre os personagens principais e todo conflito bélico envolvendo Inners e Belters foi resolvido de maneira excepcional, ao mesmo tempo deixando o foco no desenvolvimento de personagens e criando oportunidades para sequências de ação de tirar o fôlego. Afinal, The Expanse sempre foi sobre seus personagens e não exatamente sobre a protomolécula e tudo o que deriva daí, pelo que o último ano, ao não perdê-los de vista para fazer o que seria mais fácil, ou seja, encher os episódios de fogos de artifício, já merece todo espeito.

Claro que houve seus percalços, como um primeiro episódio de recapitulação que pouco avançou a narrativa e uma solução para Marco Inaros que, em termos narrativos, foi tirada da cartola um episódio antes e que precisava ser mais bem desenvolvida e trabalhada. No entanto, no final das contas, um dos raros exemplares de série sci-fi fundamental fincada no realismo acabou muito bem, resultando em um conjunto completo de seis temporadas de se tirar o chapéu. Um grande feito que, espero, retorne um dia para uma mais do que merecida continuação.

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Como estamos diante da última temporada de uma série, preparamos DOIS rankings, o primeiro de temporadas, da menor melhor até a melhor e, depois, nosso tradicional ranking de episódios da temporada final para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos e temporadas. Qual foi sua temporada e seu episódio preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

Ranking das Temporadas

6º Lugar Quarta Temporada 2019
5º Lugar Primeira Temporada 2015/16
4º Lugar Sexta Temporada 2021/22
3º Lugar Terceira Temporada 2018
2º Lugar Segunda Temporada 2017
1º Lugar Quinta Temporada 2020/21

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RANKING DOS EPISÓDIOS DA 6ª TEMPORADA

6º Lugar:
Strange Dogs

6X01

Considerando que a 5ª temporada acabou bem recentemente, ainda no começo de 2021, os eventos cataclísmicos lá abordados ainda estão relativamente frescos na mente do espectador e, mesmo que não estivessem, um episódio inicial de alta qualidade saberia servir de lembrete e também de avanço narrativo, nem que ele tivesse que recorrer a um recap detalhado em seu início. O problema é que Strange Dogs, apesar de começar de forma intrigante em um dos planetas colonizados além do anel, reverte para uma posição quase que exclusivamente feita de “vale a pena ver de novo”. Eu sei que a ação começa meses depois do fim da temporada anterior, mas, se formos espremer de verdade o roteiro, ele não oferece nada realmente novo.

5º Lugar:
Why We Fight

6X05

No entanto, o restante dos acontecimentos do episódio são… decepcionantes. A começar pelo momento Cemitério Maldito no preâmbulo com a jovem Cara revivendo seu irmão com a ajuda dos “cães estranhos”, passando pela descoberta, por Naomi, dos problemas causados pelo uso constante dos anéis e até mesmo a conversa de “auto-ajuda” de Bobbi com Amos, tudo é marretado didaticamente na narrativa, sem que sintamos a gravidade ou o drama do que ocorre. No caso de Cara, é difícil imaginar o que será desse “milagre” em Laconia para essa série aqui (não dá para ficar pensando que, talvez, um dia, alguém se digne a anunciar uma continuação), com apenas um episódio pela frente e que, no anterior, introduziu o Almirante Duarte aparentemente como um grande vilão e o personagem simplesmente não reaparece aqui nem para dizer um “oi”. A descoberta de Naomi sobre o anel não tem ressonância dramática alguma e mais parece uma preparação “safada” para permitir o encerramento da série no próximo episódio. E, finalmente, aquela conversa com Amos, por melhor que tenha sido a intenção de Daniel Abraham e Ty Franck, ninguém menos do que os autores da série de livros que deram origem à série e que eles assinam sob o nom de plume James S. A. Corey, pareceu deslocada e na fronteira desconfortável entre o expositivo óbvio ululante e o brega, algo que também acontece na conversa entre Inaros e Rosenfeld Guoliang, sua segunda-em-comando.

4º Lugar:
Azure Dragon

6X02

E as sequências de ação são, mais uma vez, o ponto alto da série, com uma perseguição espacial realista – ou que pelo menos convence por parecer realista – que usa a física dos objetos no vácuo do jeito clássico da série, trabalhando ângulos, distâncias, arquitetura sonora e tudo mais que compõe sua linguagem audiovisual de forma a subverter as expectativas de uma abordagem tipicamente hollywoodiana para a ficção científica. Aqui, o menos é mais e a condução da direção de Jeff Woolnough é exemplar mais uma vez, já que ele faz questão de deixar em evidência o elenco mesmo considerando a dificuldade desse feito em meio a trajes e capacetes espaciais e a velocidade com que tudo acontece.

3º Lugar:
Force Projection

6X03

Aliás, a decisão de Holden de desarmar o explosivo do míssil que seria o fim de Inaros foi um momento muito interessante. Vemos a câmera focando na tristeza do olhar de Naomi ao ver o filho no fundo da tela e percebemos sua vontade de salvá-lo, mas, ao mesmo tempo, seu pensamento prático pensando no tamanho da vitória que seria eliminar Marco Inaros e basicamente encerrar a revolução. Quando Holden age sem que Naomi peça ou tenha qualquer reação visível para ele, vemos o sacrifício de alguém realmente apaixonado que se recusa a causar essa gigantesca tristeza ao seu amor. Na frieza de pensamento, a conclusão é de que ele agiu erroneamente, já que isso pode significar a morte de outros milhares (milhões?) de pessoas, mas, aqui, ele agiu com o coração e o coração, muitas vezes, é completamente irracional, ainda que não sem razão.

2º Lugar:
Babylon’s Ashes

6X06

Mas que fique bem claro que eu não abriria esse sorriso se a resolução do conflito bélico em Babylon’s Ashes fosse decepcionante. Seria demais para o meu coração. Portanto, é com bastante felicidade que constato que o roteiro que Daniel Abraham e Ty Franck (os autores da série de livros que assinam com o pseudônimo James S. A. Corey) escreveram juntamente com o próprio showrunner leva à série a um excelente, quase irretocável final nesse lado da história. Mesmo começando lá em Laconia, com o garoto ressuscitado fugindo com a irmã pela floresta e um misterioso Almirante Duarte sorridente, quando a história principal começa, ela já começa em um ritmo vertiginoso que não arrefece em momento algum, nem mesmo no dénouement com James Holden e Camina Drummer dando uma rasteira bem dada em Avasarala e seu projeto de entidade independente para regular o tráfego pelo anel.

1º Lugar:
Redoubt

6X04

Afinal, essa minutagem é limitadíssima e o tipo de enfoque que a série está dando para os conflitos pessoais exige tempo, muito tempo para realmente funcionar. Esse é o caso das consequências do desarmamento da ogiva nuclear por Holden no episódio anterior. É absolutamente magnífico a forma tripartite como isso é trabalhado aqui, com um roteiro afiado de Dan Nowak que nos faz pensar sobre o que ocorreu sob diferentes olhares, relativizando nossa reação imediata na linha que Holden desperdiçou uma oportunidade de ouro de acabar a guerra. Quando Amos o confronta, Holden se fecha e se recusa a conversar sobre o assunto, de certa forma querendo preservar a si mesmo e também Naomi. Mas o peso da coisa toda o faz confessar para sua companheira que recebe a novidade não com algum sentimento clichê, daqueles feitos para serem relacionáveis. Naomi tentou converter Filip, tentou ser a mãe que ele não teve, tentou se sacrificar pelo filho como toda mãe, em tese, deveria fazer na cabeça especialmente de homens que não fazem ideia o que é a maternidade. E Naomi fez as pazes com sua decisão de abandonar Filip e com a possibilidade de ele morrer no conflito. É por isso que vemos sua reação ao olhar o filho na tela quando o míssil está indo em sua direção, mas sem que ela faça um comentário sequer. Holden é que decide por ela, mas sem ela saber, que ele não quer que ela olhe para ele como o assassino do filho. Pesado, complexo e um momento de atuações magistrais de Steven Strait e Dominique Tipper, momento esse que indubitavelmente se beneficiaria ainda mais de tempo, o que me leva de volta ao preâmbulo e aos minutos preciosos que ele “rouba”.

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