Home Colunas Lista | The Mandalorian – 3ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | The Mandalorian – 3ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Esse é o caminho... para a frustração...

por Ritter Fan
3,2K views

Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Para eu chegar à avaliação final acima – a “nota” – apelei para dois artifícios que eu nunca uso. O primeiro deles foi efetivamente fazer a média das notas dos episódios, que resultou em, exatamente, 2,6875. O segundo foi fazer uma efetiva comparação com as séries live-action comparáveis de Star Wars lançadas até agora (o que significa que Andor ficou de fora, pois colocá-la como qualquer forma de comparação com as demais é um desserviço à excelência de Tony Gilroy), com The Mandalorian tendo levado, respectivamente, 4 e 5 HALs, O Livro de Boba Fett 2 HALs e, finalmente, Obi-Wan Kenobi 3 HALs. Colocando isso tudo no liquidificador, cheguei à conclusão que a média aritmética fazia sentido, até porque é evidente, pelo menos para mim, que a série solo de Boba Fett é muito inferior à terceira de Mandalorian pela simples razão de ela ser uma mixórdia completa que destrói um personagem icônico ao mesmo tempo que desfaz o arco de Din Djarin e Grogu nas duas temporadas iniciais de The Mandalorian. No segundo caso, apesar de Obi-Wan Kenobi ter seus diversos problemas, sua única temporada até agora foi mais consistente que a gangorra da terceira temporada. E, claro, as temporadas 1 e 2 de The Mandalorian parecem, como alguns leitores apontaram, ter sido feitas por outra equipe criativa (e muito mais competente, obviamente).

E, claro, o grande problema deste terceiro ano de The Mandalorian não foi Jon Favreau ter tentado expandir o universo, fazer a temporada de trampolim para outras séries, tirar Din Djarin do protagonismo para abrir espaço para Bo-Katan ou mesmo trazer de volta o Grogu. O problema foi um só: o showrunner simplesmente perdeu a mão e não conseguiu fazer de maneira eficiente nada do que se propôs, entregando uma temporada tonalmente perdida, narrativamente enlouquecida e visualmente decepcionante. Afinal, com apenas duas exceções mais voltadas para a ação – The Pirate e The Return – Favreau não conseguia se decidir entre contar uma história só e acabou contando todas muito mal. Din Djarin perdeu a relevância e tornou-se um coadjuvante em sua própria série e Bo-Katan, que tinha tudo para ganhar um grande desenvolvimento, deixou a desejar com a incapacidade de os roteiros entregarem à personagem algo mais do que o óbvio ululante.

Além disso, Grogu não mostrou a que veio, nem de longe justificando o pecado capital que foi desfazer o arco das duas primeiras temporadas e a mitologia mandaloriana parece que foi construída em um guardanapo de um diner em não mais do que 15 minutos de tão idiota e inconsistente que é, com os acontecimentos ocorrendo na base da “orelhada”, ou seja, na medida da conveniência da história. Até mesmo o grande vilão, Moff Gideon, foi desperdiçado, primeiro sendo transformando em um personagem cartunesco com um plano bobalhão digno do Cérebro (sim, de Pinky e o Cérebro) e, depois, sendo eliminado da maneira mais tosca possível.

O terceiro ano de The Mandalorian, portanto, foi uma enorme decepção, um desperdício de potencial sob qualquer ponto de vista que não seja unicamente o do autodenominado “fã verdadeiro” sedento pelas malditas referências e menções a nomes do universo expandido para fazê-lo dar gritinhos de felicidade. Din Djarin e Bo-Katan mereciam muito mais do que serem transformados em dois personagens potencialmente bons em busca de um autor minimamente decente…

8º Lugar:
Guns for Hire

3X06

Chega a ser inacreditável que Favreau tenha retornado à “fórmula Trilogia Prelúdio” de trabalhar a direção de arte para criar Plazir-15, em que o estilo carnavalesco impera, seja com péssimos figurinos espalhafatosos (tão ruins que nem para uma animação da Barbie eles prestam), seja com ambientações assépticas como um hospital e sem um pingo de real inspiração ou mesmo de espaço vivido, mesmo considerando que, em tese, aquele lugar ali foi recentemente reconstruído. E, como se isso não bastasse, a grande ameaça são droides defeituosos, uma escolha da escola georgelucasiana de criar ameaças que não têm absolutamente peso algum. E não adianta dizer que as presenças de Jack Black, de Christopher Lloyd e de Lizzo (essa eu nunca tinha ouvido falar antes do episódio e tive que pesquisar para poder dizer que agora eu sei quem é, mas que continuo sem o menor interesse nela ou no que ela faz) compensam um pouco os problemas, pois, para mim, elas só os agravam. Não só o episódio se transforma no ridículo chamariz de fã bobão que chamo de “olha lá fulano”, como as atuações dos três são terríveis e olha que eu gosto de Lloyd (Black nem tanto e Lizzo… bem…).

7º Lugar:
The Convert

3X03

Na verdade, sendo bem sincero, Kloor e Favreau parecem ser aqueles péssimos estudantes que, de longe, tentaram “colar” a prova de Tony Gilroy, resultando em uma versão que sem dúvida lembra o material de Andor, mas que, justamente por isso, convida a comparações diretas e, via de consequência, faz tudo parecer uma versão aguada e mal ajambrada da fantástica série estrelada por Diego Luna. Sou o primeiro a admitir, porém, que The Convert é o típico episódio que pode ser retroativamente melhorado pelo que ainda está por vir, pois os eventos que culminam com Elia Kane (Katy O’Brian) traindo o cientista e, em seguida, ao que tudo indica, apagando completamente sua memória, não foram explicados aqui. Seria Kane uma agente de Moff Gideon com o objetivo de impedir que a tecnologia de clonagem fosse levada à Nova República? Esse parece ser o caminho, mas independente de suposições, pouca coisa realmente funciona no episódio.

6º Lugar:
The Foundling

3X04

E esses objetivos, que não são lá muito complexos, temos que combinar, o episódio alcança, ainda que de maneira desinteressante e formular, beirando o burocrático, em um roteiro que tem cheiro, cara e gosto de filler, especialmente quando mergulha no passado de Grogu e desnecessariamente revela como o pequeno Padawan escapou da Ordem 66. Esse interlúdio em Coruscant me deu dois calafrios. O primeiro quando eu achei que a fuga de Grogu fosse tomar quase todo o restante do episódio, como foi a incrivelmente maçante história do Dr. Pershing em The Convert, mas ainda bem que tudo foi razoavelmente econômico e logo voltamos para o resgate do mandaloriano Ragnar. O segundo foi quando eu vi Ahmed Best aparecendo para salvar Grogu como o Mestre Jedi Kelleran Beq, já que o ator é mais conhecido por ter vivido o insuportável, patético, ridículo e absolutamente imbecil Jar Jar Binks, na Trilogia Prelúdio. Sei muito bem que Best não tem culpa pelo personagem que foi contratualmente obrigado a viver, mas eu não consigo encará-lo sem me lembrar de um dos piores personagens da ficção científica de todos os tempos. Soma-se a isso um chroma key de qualidade inferior se comparado com o restante do episódio, e todo esse flashback de Grogu poderia não ter existido, pois ele nada acrescenta.

5º Lugar:
The Spies

3X07

Querem ver como Favreau se perde completamente em sua tentativa de expandir esse universo? Peguem como exemplo a sequência pré-título de The Spies que é composto de duas conversas holográficas, uma de Elia Kane com Moff Gideon e outra de Gideon com o Gabinete das Sombras. Essas sequências são, lá no fundo, remendos narrativos que o roteiro co-escrito por Favreau e o queridinho Dave Filoni marreta no episódio para criar aquela aparência de coesão, aquela ideia de uma bem construída preparação da chegada do Grão Almirante Thrawn e o quanto os oficiais remanescentes do Império batem cabeça, cada um com seu próprio plano maligno. É disso que eu falo. O problema não está no plano de Favreau, mas sim na forma como ele coloca esse plano em movimento, pois todo esse preâmbulo poderia ser trabalhado de maneira muito mais cuidadosa ao longo da temporada e não servindo de momento expositivo para fã dar gritinhos e soltar lágrimas no sofá da sala porque ouviu o nome de seu personagem favorito do Universo Expandido. Confesso que eu ri em incredulidade desse início canhestro.

4º Lugar:
The Mines of Mandalore

3X02

O mais curioso de The Mines of Mandalore não é que ele oferece o primeiro vislumbre da superfície de Mandalore aos espectadores, os trolls (ok, alamitas) que atacam Din Djarin, ou o ciborgue primo do General Grievous que captura Mando para tirar seu sangue(???) ou até mesmo o gigantesco e mítico mitossauro que mais do que previsivelmente aparece no final, mas sim o fato de o episódio basicamente tornar o anterior, The Apostate, uma completa inutilidade que só parece existir mesmo para ser um “primeiro episódio de temporada”. Afinal, toda a ginástica que vimos lá girava em torno da tentativa de recuperação de IG-11, mas se o objetivo do mandaloriano era apenas fazer do androide um medidor de qualidade de ar, algo que qualquer sonda vagabunda poderia fazer (incluindo aí o coitado do eternamente quebrado R5-D4), fica evidente que tudo não passou de uma enrolação safada de Jon Favreau.

3º Lugar:
The Apostate

3X01

Como era de se esperar, isso não acontece em The Apostate. E digo isso na boa, sem condenações (por enquanto), pois, como primeiro episódio de uma nova temporada mais de dois anos depois da anterior (sem contar com a 2.5, claro), o mais importante erra arrumar a casa e apontar a direção que será tomada. E o problema então aparece, pois o que parece guiar Din Djarin (Pedro Pascal), agora, é seu desejo de expiar seus pecados do passado que o levaram a se desviar do caminho de seu culto radical de mandalorianos que proíbe que ele remova o capacete diante de outras pessoas. Trata-se de um fiapo narrativo pouco convincente que faz do protagonista um sujeito obcecado por seguir um credo que, convenhamos, não faz o menor sentido, especialmente considerando tudo o que o personagem passou até agora em termos de crescimento. E, sendo bem sincero, o negócio de “banhar-se nas minas agora destruídas de Mandalore” mais parece uma sidequest de videogame daquelas que só quem quer zerar 100% do jogo realmente persegue.

2º Lugar:
The Return

3X08

The Return é ação na veia que Rick Famuyiwa conduz de maneira eficiente sem se perder demasiadamente em cortes excessivos e pancadaria desnorteadora e, principalmente, sem ficar amarrado a um roteiro expositivo cheio de inserções canhestras de fan service, referências sob a desculpa de preparar algo supostamente mais abrangente. O episódio é, na verdade, o mínimo que se poderia esperar de uma série que acertou em cheio com suas duas primeiras temporadas e que, ao que tudo indica, deveriam ter sido as únicas. Mesmo assim, confesso que minha vontade de assistir um quarto ano dessa série é quase inexistente. Uma pena…

1º Lugar:
The Pirate

3X05

O retorno de Gorian Shard e seus piratas à Nevarro era algo perfeitamente esperado, claro, mas o roteiro de Favreau finalmente conseguiu criar um senso de ameaça decente, mesmo que estabelecendo uma ainda razoavelmente forçada e completamente didática possível conexão do pirata com Moff Gideon e o começo da Nova Ordem por intermédio das desconfianças do piloto Carson Teva, da Nova República, para quem Greef Karga pede ajuda no melhor estilo “ajude-me, Obi-Wan Kenobi, você é minha única esperança“. Os primeiros 10 ou 15 minutos de projeção serviram para trabalhar essa conexão, ligando pontos como a letargia burocrática da Nova República, o fato de que os planetas que ainda não são membros oficiais da república estão indefesos e, claro, a sombra do que restou do Império. Não foi dos melhores começos dados os elementos discursivos óbvios do roteiro, eu sei, mas pelo menos Favreau pareceu mostrar esforço em organizar seu pensamento disperso.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais