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Lista | The Romanoffs – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

por Ritter Fan
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Temporada:

Acho que nunca me decepcionei tanto com algum filme ou série como me decepcionei com The Romanoffs. Não, a série está longe, mas muito longe de ser uma das piores que já assisti, mas o ponto é que, sendo uma criação de Matthew Weiner, que também dirigiu todos os episódios, esperava ter salpicado quase todos os episódios com cinco estrelas, no mínimo quatro. Afinal de contas, estamos falando da mente criativa que nos trouxe Mad Men, uma das melhores séries de TV já feitas e que está inabalável no meu Top 2 pessoal. Era simplesmente impossível esperar algo que, no agregado, fosse apenas medíocre, mas é exatamente isso que aconteceu.

Claro que as expectativas altas podem ter atrapalhado a percepção sobre os episódios da nova série, mas tenho para mim que isso não foi fator preponderante, ainda que tenha sim influenciado. O ponto é que Weiner parece ter confundido sofisticação com explicação, partindo de uma premissa para seus episódios – pessoas que são ou acham que são descendentes dos Romanov, última família imperial russa massacrada na Revolução de 1917 – para criar narrativas que carregam o didatismo extremo como elemento em comum. E, pior, um didatismo para para tramas que são longe de serem complexas, carregando com isso qualquer chance dos elencos se sobressaírem.

Há episódios muito bons, notadamente House of Special Purpose e Expectation, mas mesmo eles não são espetaculares. O restante fica entre o pouco acima do mediano, o mediano e o muito ruim mesmo, algo que jamais esperaria dizer de uma obra de Weiner. A premissa misteriosa que deixou muita gente extremamente curiosa sobre como seria a série desembocou em uma série toda empolada, mas completamente sem substância. Visuais lindos, opulência em toda esquina, mas tudo muito vazio e perdido.

Chega a ser triste afirmar que a sensacional abertura da série, que reencena, ao som de Tom Petty & the Heartbreakers, o fuzilamento da família real, a mítica fuga da princesa Anastasia e a “chegada” dos Romanov aos dias atuais, é o que de melhor Matthew Weiner tem a oferecer. Seja como for, porém, espero que o showrunner não desista e continue tentando triunfar novamente de forma que possamos um dia olhar para trás e concluir que The Romanoffs foi apenas um soluço em sua carreira.

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Tradicionalmente em nossas coberturas por episódio de temporadas, elaboramos nosso ranking dos episódios, que segue abaixo. Concordam? Discordam? Têm sua própria lista? Mandem seus comentários e vamos conversar! E não se esqueçam de clicar nos links para lerem as críticas de cada um deles.

8º Lugar: Panorama

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O raciocínio de Weiner é maniqueísta, canhestro, bobalhão, simplista e banal. E Panorama, infelizmente, pode ser classificado da mesma forma, com uma história extremamente didática que, ainda por cima, parece por vezes ser um guia turístico da cidade do México que ficaria perfeito no Discovery Channel ou algo do gênero. Claro que a fotografia pode deslumbrar por vezes, mas isso se dá muito mais porque o episódio é repleto de tomadas em planos gerais de documentários de turismo do que pela técnica em si.

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7º Lugar: Bright and High Circle

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No final das contas, o que poderia ser uma discussão interessante acaba sendo um episódio que perde seu objetivo e descarrila logo após sua metade, caminhando claudicante e erraticamente até seu fim que é literalmente uma lição de moral que não diz nada com nada. Bright and High Circle sequer parece ter sido escrito ou dirigido por Weiner. Ao tentar misturar uma defesa pessoal, ele se aproxima demais do resultado e perde o foco, com a seriedade que a questão precisa indo para o inferno das boas intenções.

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6º Lugar: End of the Line

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O ponto é que, já chegando ao final do episódio, Anka (Kathryn Hahn) e Joe Garner (Jay R. Ferguson), o casal americano que vai até Vladivostok (War! – eu sempre tenho que exclamar o nome do jogo quando falo ou escrevo o nome dessa cidade russa…) em 2008 para adotar uma criança, têm uma discussão ferrenha que aborda aborto e adoção de maneira franca e dolorosa e que fatalmente reverberá na mente dos espectadores, seja qual for sua posição sobre os assuntos. Sem entregar o ouro, pois não quero dar spoilers, essa discussão aguerrida em um quarto de hotel é o ponto nodal do capítulo, que parece ter sido inteiramente construído em torno dela, e lida fundamentalmente com o sentido mais profundo de paternidade. Não é fácil ouvir o que eles falam – cada um com seus bem erigidos argumentos – e não é fácil, depois, ruminar sobre as questões. E a consequência da conversa também é de esmigalhar corações, com um final cheio de dúvidas e apreensões. Sei que fui críptico, mas é que o momento, que não é exatamente uma surpresa, pois o longa de Matthew Weiner não se presta a isso, terá mais efeito sem uma preparação prévia fora do episódio.

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5º Lugar: The Violet Hour

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A grande estrela dessa configuração é mesmo o apartamento, sem nenhum demérito do elenco. O design de produção é meticuloso ao combinar opulência com vazio, imediatamente passando ao espectador quem exatamente é Anushka: uma relíquia de tempos passados que se vale de uma suposta realeza para manter seu espaço em uma sociedade que não liga nada para isso. Até mesmo seu preconceito contra Hajar, obviamente horrível e inaceitável, ganha um tom alegórico, claramente exagerado para servir de crítica social de veia cômica, o que, de certa forma é exatamente o que o apartamento – com vista parcial para a Torre Eiffel – passa quando a câmera passei por seus diversos cômodos: pé direito alto, candelabros de cristal, closets que são verdadeiros quartos, mas tudo sem vida, exalando mofo, com papel de parede desgastado, com pisos sem brilho. Uma verdadeira tumba de um faraó.

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4º Lugar: The Royal We

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Usando uma fotografia que só tem cores vivas nos shows farsescos no navio, Weiner emula a aridez do casamento de Michael e Shelly, algo que se reflete no epílogo, que torna a ganhar mais cores e uma “solução” estranha, mas que funciona. No entanto, o primor técnico com que o roteiro é executado não cura os problemas visíveis do episódio, mesmo que ele possa facilmente ser classificado como bom. É como ver algo meramente burocrática, às vezes genuinamente interessante, mas não muito mais do que isso.

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3º Lugar: The One That Holds Everything

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O problema está, mais uma vez, no irritante didatismo que faz com que o episódio seja uma sucessão de explicações detalhadas para o que estamos vendo na tela, em uma redundância cansativa e completamente inaceitável para alguém do naipe de Weiner. A tragédia na vida de Simon, por exemplo, é repisada tantas vezes e de tantas maneiras diferentes que eu sinceramente nem mais acho que Weiner está subestimando o espectador, mas sim que ele simplesmente não consegue narrar uma história com começo, meio e fim no breve intervalo de 80 minutos. O mesmo vale para todo o desenvolvimento do começo da vida adulta de Simon em Hong Kong e para sua relação com seu pai. É como ver um disco arranhado que a agulha tenta avançar, mas encontra uma intransponível barreira pela frente.

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2º Lugar: Expectation

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Mesmo com um pouquinho mais de Slattery e com a ponta ilustre de Diane Lane, o grande destaque mesmo de Expectation é Amanda Peet. A atriz, apesar de começar forçando a teatralidade ao ponto de incomodar – a sequência do café da manhã é estranha, para usar um adjetivo simpático – não demora em capturar o espectador, especialmente depois que Weiner lida com a discussão entre Julia e Daniel na famosa livraria Strand (esqueçamos o teletransporte que eles fazem da rua 57 para a 12, claro…) em uma sequência inteligentemente filmada e posteriormente explorada. A atriz se entrega e literalmente se desmonta. Ainda muito bonita, Peet não tenta esconder o esforço que sua Julia faz para justamente parecer assim a todo custo e sua ebulição cerebral, que traz cenas constrangedoras como a do carregador de celular no canteiro de um bar e a volta de táxi do aeroporto com os sogros de sua filha, ganha um ar legítimo e doloroso, urgente. A mentira de sua vida, de algo lá no fundo de sua mente, vai, ao longo da progressão narrativa, ganhando mais espaço até ocupar a integralidade de seus momentos em uma espiral quase enlouquecedora.

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1º Lugar: House of Special Purpose

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O roteiro, que Weiner co-escreveu com Mary Sweeney, trabalha a partir do que nós, espectadores, entendemos ou esperamos dos clichês de bastidores. A atriz voluptuosa e desejada por todos que parece ter subido na carreira por dormir com diretores e atores, a diretora rabugenta e excêntrica que abusa do elenco, o ator que segue “O Método” para atuar e não sai de seu personagem, o agente (Reiser) que tem mais o seu interesse na cabeça do que o de sua cliente, o investidor apaixonado pela atriz e assim por diante. É uma literal coleção de estereótipos e clichês ambulantes que foram meticulosamente criados para corroborar o raciocínio de um leigo sobre uma produção, mas que não é efetivamente leigo se olharmos mais profundamente para a História do Cinema. E os roteiristas sabem disso e usam isso a seu favor.

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