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Lista | Top 10 – Os Melhores Filmes de Martin Scorsese

por Luiz Santiago
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A classificação que vocês veem neste TOP 10 foi feita a partir da minha lista (Satã Gado) e da lista do Ritter Fan. Abaixo de cada lugar, deixo os pontos acumulados de cada obra, somando a colocação em ambas as listas. No caso de empate, a colocação foi definida a partir do melhor critério possível: a minha ditadura estética. Para ler as críticas de cada filme, basta clicar nos links ou nas imagens.

Agora é com vocês! Digam se já viram todos esses filmes do mestre Martin Scorsese, quais outros filmes dele vocês já viram, se gostam do diretor e quais são os seus 10 filmes favoritos dele.

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10. Depois de Horas

3 pontos

Há o entretenimento inerente da comédia maluca na obra, mas, junto a isto, de maneira subjacente reside o desespero do seu protagonista e seu fardo. O mundo, ao menos sua versão noturna, mostra ser pouco convidativo para pessoas como Paul Hackett, operadoras de computador ordinárias. Por consequência, a maior tragédia do ser medíocre é ter que se contentar com a sua própria mediocridade. “Eu quero viver”, exclama o personagem, ironicamente aquele que só se sente verdadeiramente confortável quando dentro de um casulo, a estátua humana de papel machê, que encaminha-o para o esperado encerramento do seu pesadelo. Logo depois, no entanto, mora o começo de outro, mas pelo menos esse é um que Paul já está acostumado a viver.

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9. Silêncio

4 pontos

Silêncio é um filme que certamente não agradará a todos e ele tem mesmo seus defeitos, notadamente uma duração que tenta emular a passagem de tempo da obra de Endō, mas que acaba criando elipses mal resolvidas e arrastadas, além da presença de diversos “falsos finais” que agravam a impressão de que o filme é ainda mais longo do que seus mais de 160 minutos. No entanto, é difícil sair incólume quando os créditos começam a rolar tamanha a relevância das questões que são levantadas pela obsessão de Scorsese em nos trazer sua visão sobre a fé.

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8. A Última Tentação de Cristo

6 pontos

Visto a proposta da obra, é curioso atestar o quão absurdas são as críticas de grupos religiosos para com o filme, uma vez que, mesmo que seja chocante assistir Jesus casando, por exemplo, o longa mostra com clareza como ele abriu mão de viver uma vida terrena para tornar-se algo maior, mesmo com todas as dúvidas, medos e tentações para agradar seu lado carnal. Como alguém pode se ofender com isso? Se Scorsese peca é por não trazer um Jesus idealizado que as pessoas gostariam de ver. Aliás, talvez seja justamente isso que incomode, atestar que o “salvador da humanidade” pode ser tão humano quanto nós.

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7. O Lobo de Wall Street 

6 pontos

Conduzindo um grande time de excelentes atores, apresentando cenas icônicas, sensuais (aquela sequência de Margot Robbie “fazendo figa” para o personagem de DiCaprio é uma verdadeira tortura) e completamente malucas, Scorsese escancara aqui os bastidores de um sonho paradisíaco descontrolado, que ao mesmo tempo que traz uma tonelada de prazeres, abre espaço para a mesma quantidade de problemas. Uma obra sobre curtir a vida adoidado, ultrapassando todos os limites possíveis… até que algo venha e interrompa a curtida.

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6. Cassino

10 pontos

Cassino pode, no seu conjunto, até ser realmente inferior a Os Bons Companheiros, mas essa percebida inferioridade é apenas relativa dentro da carreira de Scorsese, já que não seria exagero afirmar que o épico de quase três horas é mais outra obra-prima em sua filmografia e isso mesmo depois de reconhecer que sua segunda metade não tem o mesmo gabarito da primeira. Viciante em níveis diferentes do começo ao fim e com atuações irretocáveis, especialmente de Sharon Stone, Cassino aposta todas as suas fichas na opulência visual e e ganha quase todas as apostas.

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5. A Invenção de Hugo Cabret

13 pontos

Nas últimas cenas, vemos Georges Méliès sendo finalmente reconhecido e reverenciado. O evento lembra um pouco os Oscar Honorários, momentos de justa homenagem a diretores essenciais. O reconhecimento de grandes artistas é sempre tocante, tais ocasiões são uma oportunidade de dedicar aos gênios os seus devidos lugares. O filme de Scorsese é um retrato apaixonado feito por um homem sempre preocupado com a sobrevivência dos artefatos históricos, e representa uma ótima chance para o público de conhecer Méliès, o rei das trucagens, o mágico, o fabricante de sonhos, o francês que pousou na lua muito antes dos americanos.

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4. Touro Indomável 

13 pontos

Essa estética de estilização das coisas está diretamente ligada ao campo dos sonhos: associamos a câmera lenta, por exemplo, a um sonho, já que não é possível nos movimentarmos desta maneira quando estamos acordados. Ao mesmo tempo, a própria suntuosidade da imagem em si remete a um mundo paralelo, onde tudo é mais bonito. Desta forma, a representação de sentimentos cruéis e de uma ideia de isolamento contidas na sequência inicial do filme acabam se tornando, diante do espectador, uma bela paisagem fílmica, cuidadosamente tramada para enfeitiçar os olhos daqueles que buscam no Cinema a válvula de escape para suas vidas – na maioria das vezes nem tão sofridas como a do Touro Indomável. Depois da porrada inicial, não há nada além de pura e simples obra-prima: filme-quadro; quadro-filme. O Scorsese à beira da morte era um Scorsese mais vivo do que nunca, e sua excepcional Arte explodia na tela, inflamada em violência, sangue, grito, terror, e: música.

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3. Os Bons Companheiros

15 pontos

Em sua conclusão, Os Bons Companheiros quebra a quarta parede para envolver diretamente o espectador em suas indagações finais. O filme conquista o público exatamente por mexer em algo escondido profundamente nele – o desejo de transgressão. Jimmy Conway e sua camarilha trazem à tona a sede de insubordinação do homem comum, submetido a tantas leis, regras e obrigações sociais ao longo de toda a vida e sem receber, muitas vezes, a devida contrapartida. Não se trata, de forma alguma, de uma justificativa rasteira ao crime, que é praticado da forma mais ignóbil durante todo o longa-metragem. Mas uma coisa é certa: quando Tommy DeVito atira enfurecido contra a câmera, Martin Scorsese sabe muito bem o que deseja despertar em seu público.

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2. Taxi Driver

19 pontos

O que mais impressiona em Taxi Driver, mais de quarenta anos após seu lançamento, é notar o fascínio inesgotável da obra entre quaisquer gerações. Em dias em que o amor à humanidade é uma declaração quase que obrigatória, é curioso pensar que um personagem tão avesso a isso, que personifica tanto mal-estar, consiga se comunicar tão bem com todos nós. Travis Bickle lembra, através da direção emotiva e cheia de ansiedade de Scorsese, que uma boa dose de repulsa entre os homens sempre será um ingrediente natural da vida. É algo para perturbar, de fato, os que esperam por um mundo perfeitamente feliz e harmonioso. O filme de Martin Scorsese pode ser muito bem guardado para elucidar nossos piores dias ou para nos salvar de nossas piores tolices.

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1. O Irlandês

19 pontos

Na reflexão sobre a vida, sobre o fim de uma Era, sobre a velhice e o contraste da essência calejada de um indivíduo com os novos tempos em torno dele (notem que, nesta mesma safra, Era Uma Vez em… Hollywood e Dor e Glória fazem exatamente a mesma reflexão, em tempos e abordagens distintas) temos por fim a divulgação de uma lenda contrastada com o medo final de seu narrador… e o filme sobre esse dilema, mostrando os últimos momentos de alguém com um passado grandioso. Este é O Homem Que Matou o Facínora da nossa Era, com uma revisão de carreira no crepúsculo de uma década, na mudança do público e do jeito de se produzir, exibir, entender e discutir a Sétima Arte. O Irlandês é um filme histórico feito sob medida para quem realmente ama CINEMA. A obra que concentra a essência do trabalho de Martin Scorsese e apresenta uma linha de abordagem que será melhor compreendida, fortalecida e relevante à medida que o tempo passar. Em outras palavras, eis aqui um clássico.

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