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Plano Detalhe | Yasujiro Ozu e o Aconchego

Quietude e contemplação.

por Luiz Santiago
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De vez em quando, tudo o que eu preciso é silêncio, poucas luzes, observação do horizonte… e ternura. Uma chaleira no fogo e aquele aroma divino de café. Nesses momentos, a poesia das coisas simples me toma com uma delicadeza materna, e é quando penso em Yasujiro Ozu e sua maneira de transformar o cotidiano em quadro de paz, em suspensão do tempo, em gesto quase sagrado.

Nada de grandioso precisa acontecer no Universo ozuano, basta um plano fixo de uma sala vazia, uma sequência de tatames, um ruído branco qualquer e tudo está dito e sentido. Gosto de imaginar uma cena onde um passarinho pousa no parapeito da janela e me observa. Eu, do lado de dentro, o observo também. Ozu fazia disso os seus “planos-travesseiro”, aquelas tomadas de fumaça, paisagens, objetos parados ou em movimento milimétrico que diziam tudo sem alarde.

Nós e o nosso mundo, às vezes, só precisamos disso: pausa, silêncio, suspiros e olhares para o nada.

Quanto mais tempo passa, mais quero o cinema de Ozu me lembrando que viver pode ser um plano fixo e algumas horas de entrega ao minimalismo da alma, emoções e corpo que a gente quase esqueceu. Um momento para deixar os compromissos de lado e encontrar a centelha de algo muito especial que, eventualmente, permitimos cair no asfalto durante a correria do dia-a-dia.

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