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Crítica | The Walking Dead – 3ª Temporada

por Ritter Fan
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  • Observação: Há spoilers da temporada e da série. Leiam a crítica de todas as demais temporadas, dos games e das HQs, aqui.

The Walking Dead é uma série parecida com os zumbis que retrata: em momentos ela corre, noutros para completamente e seus personagens parecem desprovidos de vida em todos os momentos. Não que ela não contenha momentos de brilhantismo, mas eles são poucos e esparsos demais. Leia sobre a primeira temporada, aqui e sobre a segunda temporada, aqui.

A 3ª Temporada abre com um episódio que é um desses exemplos de brilhantismo e que acende a chama da esperança de que, finalmente, a série sairá da mesmice e das confusões e cumpra promessas não realizadas, características que a marcaram até esse momento (e quem estiver lendo essa crítica com espuma saindo da boca, por favor, note que o fato de ela ser um sucesso comercial não quer dizer necessariamente que (a) ela é boa e (b) todo mundo tenha que gostar). Seed, dirigido por Ernest Dickerson, com roteiro de Glen Mazzara, abre com o grupo de Rick Grimes (Andrew Lincoln) meses depois da fuga da fazenda de Hershel (Scott Wilson) e com Lori (Sarah Wayne Callies) extremamente grávida.

Eles agora formam um grupo coeso e esse primeiro episódio funciona para mostrar justamente isso: eles atuam como uma unidade militar, sem precisar falar um com o outro e com uma precisão assustadora. É a versão profissional do grupo de amadores que vimos na temporada anterior. Isso torna a premissa da narrativa muito interessante e esse gancho poderia ter aberto muitas possibilidades, mas não é exatamente o que acontece.

Emulando o “arco da prisão” dos quadrinhos em que a série foi baseada, eles finalmente encontram um lugar semi-seguro para morar (uma prisão, obviamente), mas têm que exterminar os zumbis que lá residem. De outro lado, vemos Andrea (Laurie Holden) muito doente, sendo ajudada pela silenciosa Michonne (Danai Gurira) que a salvara quando, na temporada anterior, ela se separou do grupo principal.

Quando Andrea e Michonne são levadas pelo ressuscitado Merle Dixon (Michael Rooker) para Woodbury, uma cidade murada comandada pelo aparentemente simpático Governador (David Morrissey), Andrea abraça a oportunidade de lá permanecer, enquanto que Michonne detesta a ideia. No entanto, o mais importante é o estabelecimento da verdadeira personalidade do Governador que se mostra alguém que – como nos quadrinhos – basicamente quer exterminar com os residentes da prisão assim que descobre sua existência.

Enquanto o Governador tem um arco evolutivo satisfatório, com a atuação de Morrissey facilmente se destacando como a melhor da temporada, a maioria dos outros personagens são muito mal explorados. Andrea trai seu caráter diversas vezes e se torna, talvez, a mais burra personagem de toda a série até agora. Sim, ela é alguém que tenta ver bondade em qualquer tipo de ato, mas tudo tem um limite e o showrunner (Glen Mazzara) ultrapassa esse limite diversas vezes, transformando-a em alguém que não podemos mais acreditar como personagem. Ela se transforma na proverbial “loira burra”, para desespero das mulheres que acompanham essa série.

Michonne, a adorada ninja dos quadrinhos, é reduzida a uma versão sem graça de Mutley, aquele cachorro rabugento do Dick Vigarista. Ela não faz nada que não seja olhar com olhar mortal para todo mundo e fazer beicinho. Só faltou aquela risadinha, mas isso exigiria a demonstração de emoção, o que parece ser impossível não para a atriz em si, mas para o roteiro limitado da série. Sua função, na temporada inteira, é ser cool para agradar os fãs e, mesmo assim, falha miseravelmente, pois acaba sem objetivo dentro da narrativa (ou por grande parte dela, ao menos).

Carl (Chandler Riggs), filho de Rick, também é muito mal aproveitado, pois é retratado como uma criança taciturna que, obrigado a cometer um ato inenarrável, não muda de personalidade, não se desenvolve de maneira interessante ou minimamente crível. Quando ele finalmente tem cenas que potencialmente fariam valer seu arco de desenvolvimento, elas são curtas e pouco exploradas.

E o que acaba acontecendo, com tudo isso, é uma narrativa que vai aos tropeços, sem empolgar, arrastando-se como os zumbis para um desfecho absolutamente anti-climático e desnecessariamente mal resolvido no episódio Welcome to the Tombs, que fecha temporada depois de longos e desnecessários 16 episódios (é a maior temporada até agora). Sou o primeiro a defender que filmes – e séries – adaptados de seu material original devem ser alterados, mas, aqui, Mazzara arranca a alma dos quadrinhos de Kirkman e faz uma aventura com zumbis (às vezes) no lugar de um estudo sobre a maldade humana.

Mas, como falei lá no começo, a temporada não é desprovida de momentos memoráveis. Seed está aí para provar justamente isso, assim como When the Dead Come Knocking, que trata da tortura de Glenn (Steven Yeun) e Maggie (Lauren Cohan) pelo Governador e seus capangas e o episódio que fecha a primeira metade da temporada, Made to Suffer, que envolve o resgate dos dois. É digno de nota, também, o episódio que fecha o arco de Merle – This Sorrowful Life – que reúne suspense e lampejos de criatividade e de direção segura por parte de Greg Nicotero.

The Walking Dead tem sido uma oportunidade desperdiçada e a 3ª Temporada não melhora essa percepção. Quem sabe, na 4ª, Mazzara acerta o tom?

The Walking Dead – 3ª Temporada (EUA, 2012/2013)
Showrunner: Glen Mazzara
Roteiro: Vários
Direção: Vários
Elenco: Andrew Lincoln, Laurie Holden, Norman Reedus, Chandler Riggs, Steven Yeun, Lauren Cohan, Michael Rooker, Scott Wilson, Sarah Wayne Callies
Duração: 678 min.

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