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Crítica | Vikings: Metal

por Erik Blaz
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“Será que esquecemos os nossos deuses tão depressa? Por um punhado de prata, alguns elogios vazios e a promessa de uma salvação que mal compreendemos? Eu prefiro morrer.”
-Erik

Você esta na Noruega. Aproximadamente no ano 700 d.C., onde boa parte da Europa nórdica se vê tomada por igrejas cristãs e tendo sua cultura e religião sendo exterminadas, deixadas de lado, muitas vezes, pelo próprio povo pagão.

Este é basicamente o começo para o conto de Brian Wood em Vikings: Metal. Para aqueles que desconhecem, Brian Wood é um escritor e ilustrador estadunidense que já esteve envolvido em grande projetos, de games até quadrinhos. Em 2007 ele começaria seu primeiro grande trabalho para a DC Comics, roteirizando fabulosos contos sobre o povo do norte europeu, por muitos, conhecidos como Vikings!

Wood estudou por anos a cultura nórdica e suas histórias (tanto mitológicas quanto reais) deixando-nos 50 edições de contos fictícios sobre os nórdicos. No conto ao qual você, leitor, acompanha nossa crítica, o escritor nos mostra até onde as pessoas podem ir por suas ideologias ou pela corrupção, mais precisamente, o que motiva o homem?

O Começo é direto e nos deixa curiosos para saber o que esta acontecendo, uma ótima jogada do escritor. Nosso protagonista chama-se Erik, um jovem cuteleiro norueguês que mal chegou aos seus 20 anos de idade. Ele acredita que seu país esta afundando na corrupção dos missionários cristãos e mais do que tudo, precisa fazer algo a respeito. Ingrid, a coadjuvante, é uma bela moça albina com forte raiz na cultura de seus ancestrais. Ela foi “resgatada” pelos missionários e usada por eles, sendo vítima de abusos tanto por parte dos padres como freiras.

Juntos, os dois amantes investem em uma brutal rota de vingança na tentativa de salvar sua terra e suas tradições, criando um rastro cheio de sangue e carnificina. A dupla deixa sua marca a cada aldeia ou cidadela que passa, queimando igrejas, mutilando os acólitos e não poupando nem os simpatizantes.

A violenta cruzada que ambos acabam decidindo tomar, poderia ser excepcionalmente perfeita se Wood não tivesse inserido um tom mais místico, sombrio e colocando não os “cristãos corruptos” como a base do antagonismo no enredo, mas sim, utilizando a própria crença viking como vilã. Mas como assim? De princípio, nos é mostrado algo comum entre os Vikings, uma certa “degustação” de cogumelos da região, que causavam na época, várias alucinações temporárias com objetivo de chamar o famoso Berserker dentro do guerreiro. Sendo assim, nos vem repentinas duvidas se o que vemos ali é real ou imaginação da mente de nosso protagonista.

Ao passar do conto é evidente que há uma entidade mitológica presente na história, o que acaba infelizmente, confundindo o leitor e distorcendo a ideia de “O que motiva o homem?” ou novamente dizendo, quem é o real vilão.

A questão é que, a luta por uma terra onde as antigas tradições prevalecem nada mais é que algo pressionado pelos deuses. Ora, quem ousaria ir contra a vontade de um ou mais deuses?

Vikings: Metal tem um começo que nos prende, mas um meio um pouco mais fraco, deixando de lado o realismo e perdendo de certa forma a proposta de crítica em cima da religião e até onde seus ideais podem chegar. Porém, Wood é cuidadoso com os elementos da cultura pagã, como no exemplo da deusa Hulda e outras tantas referências.

O ilustrador da rodada é Riccardo Burchielli, que já trabalhou antes com o escritor em ZDM – Terra de Ninguém. Seus desenhos, na maior parte da revista, combinam com a ideia do que Wood quis passar.

Mesmo não chegando ao nível ou seguindo uma linha próxima do conto anterior (Vikings: A Viúva do Inverno), é uma boa história para se ler e guardar no hall de suas comics!

 Vikings: Metal
(Northlanders: Metal #30-34
, EUA, 2008/2010)
 Roteiro: Brian Wood
 Arte: Riccardo Burchielle
 Cores: Dave McCaig
 Capas: Massimo Carnevale
 Editora: Vertigo Comics
 Editora no Brasil: Panini Comics
 Páginas: 110 (196 páginas o encadernado)

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