Na manhã do dia 4 de outubro de 2025, o Plano Crítico esteve presente na coletiva de imprensa da 49ª Mostra SP, que acontecerá entre os dias 16 e 30 do respectivo mês. Com a presença dos principais financiadores e representantes do evento, tivemos uma visão geral da edição, que vai exibir 373 títulos de 80 países, distribuídos em 52 salas de cinema, espaços culturais e CEUs espalhados pela capital paulista. Antes da coletiva, foi oferecido aos críticos e jornalistas um café da manhã temático, inspirado no filme Bugonia, de Yorgos Lanthimos, que foi exibido logo após as perguntas e respostas com a imprensa.
A diretora da Mostra, Renata de Almeida, conduziu as falas sobre o conteúdo central dessa edição, que conta com cartaz assinado pelo escritor português Valter Hugo Mãe. A vinheta deste ano foi apresentada, assim como a vinheta da 2ª Mostrinha. Entre os destaques cinematográficos, o filme de abertura será Sirât, de Oliver Laxe, vencedor do prêmio do júri do Festival de Cannes. Outro momento importante será a vinda do diretor iraniano Jafar Panahi a São Paulo para apresentar Foi Apenas um Acidente, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, e receber o Prêmio Humanidade. Este ano, a honraria será entregue a três personalidades: além de Panahi, a diretora martinicana Euzhan Palcy e os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne serão reconhecidos por suas contribuições ao cinema e à defesa de questões humanistas, sociais e políticas. A Mostra acompanha o trabalho de Panahi desde 1995, quando exibiu e premiou O Balão Branco, seu primeiro longa, e agora celebra sua trajetória, suas lutas políticas e sua liberdade.

Cartaz de Bugonia logo na entrada do Espaço Petrobras de Cinema.
Outro ponto que chamou a atenção foi o anúncio das duas ficções científicas do mexicano Guillermo del Toro: Frankenstein, aplaudido no último Festival de Veneza, e Cronos, primeiro filme do diretor para o cinema, exibido na 17ª Mostra. Também fomos apresentados ao filme de encerramento desta 49ª edição: Jay Kelly, do norte-americano Noah Baumbach, que será exibido após a cerimônia de premiação, em 30 de outubro. A programação traz ainda dezenas de filmes que foram destaque nos principais festivais internacionais, como Pai Mãe Irmã Irmão, de Jim Jarmusch (Leão de Ouro em Veneza); O Som da Queda, de Mascha Schilinski; Urchin, de Harris Dickinson, e No Other Choice, de Park Chan-wook, entre muitos outros que demonstram a curadoria robusta e eclética que marca esta edição.
O Prêmio Leon Cakoff será entregue a duas personalidades distintas do meio cinematográfico e cultural. O roteirista e diretor Charlie Kaufman recebe o reconhecimento por sua contribuição histórica e presente ao cinema, com a Mostra realizando a primeira exibição no Brasil do curta Como Fotografar um Fantasma, que estreou no Festival de Veneza e será apresentado na sessão de abertura. Kaufman estará presente no evento para uma conversa com o público. O segundo homenageado com o Prêmio Leon Cakoff é Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica. Mauricio, que já havia assinado o cartaz oficial da 35ª edição da Mostra, em 2011, volta a contribuir artisticamente ao assinar o pôster da 2ª Mostrinha. Como parte dessa homenagem, a programação exibe três produções recentes da turma do Limoeiro e uma cinebiografia inédita, dirigida por Pedro Vasconcelos, que revela as origens do artista e o nascimento desses personagens que fazem parte do imaginário nacional.

Café da manhã temático, com elementos que veríamos no filme Bugonia.
A 2ª Mostrinha, programa dedicado à infância para a formação de uma nova geração de espectadores, tem 13 longas-metragens e sete curtas, realizando sessões gratuitas e pagas entre 17 e 30 de outubro. A abertura da seção acontece em 16 de outubro, na Sala São Paulo, com O Diário de Pilar na Amazônia, de Eduardo Vaisman e Rodrigo Van Der Put, produção brasileira inédita inspirada na série de livros de Flávia Lins e Silva. Entre os destaques internacionais está Maya, Me Dê um Título, que o cineasta francês Michel Gondry criou como homenagem à filha, e Olá Frida!, animação franco-canadense sobre a infância da artista plástica Frida Kahlo. A Mostrinha ampliou o número de sessões, com 26 telas nos CEUs e exibições em diversos equipamentos do Circuito Spcine, além de espaços como CineSesc e Espaço Petrobras de Cinema.
Obras restauradas integram a seleção, com destaque para Minha Rainha, filme mudo de 1932 dirigido por Erich von Stroheim e estrelado por Gloria Swanson, cuja versão restaurada traz materiais inéditos não censurados e será apresentada pelo restaurador Dennis Doros, que participará de uma mesa sobre restauro com a equipe da Cinemateca Brasileira. Entre os brasileiros restaurados estão Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes, que comemora 21 anos da primeira exibição na Mostra, e Um Céu de Estrelas, de Tata Amaral, que completa três décadas. O festival também aborda questões ligadas à causa palestina com títulos como Era uma Vez em Gaza, dos gêmeos palestinos Arab Nasser e Tarzan Nasser, e Palestina 36, de Annemarie Jacir. Para lembrar dos 80 anos da bomba atômica de Hiroshima, a Mostra exibe Alma Errante – Hibakusha, curta do brasileiro Joel Yamaji sobre o sobrevivente Takashi Morita, e Chuva Negra, do japonês Shohei Imamura, em sessão dupla especial no Sato Cinema, seguida de apresentação musical de Rosa de Hiroshima. Além de longas e curtas, o evento apresenta quatro séries: a documental Primavera nos Dentes – A História do Secos & Molhados; Mr. Scorsese; Choque de Cultura – A Série e Lona Preta.
A 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo reúne produções de 80 países que vão desde grandes potências cinematográficas até nações com cinematografias emergentes. O júri desta edição é composto por nomes de peso: o produtor sul-africano Atilla Salih Yücer, o produtor brasileiro Daniel Dreifuss, a cineasta portuguesa Denise Fernandes, a realizadora colombiana Laura Mora e o crítico-chefe da revista Variety, Peter Debruge. O evento mantém sua tradição de itinerância, levando filmes para Manaus e Belém em outubro, e promovendo exibições em dez unidades do Sesc pelo interior paulista entre novembro e dezembro. Também disponibiliza recursos para 81 filmes da seleção através da plataforma MLoad e dos próprios arquivos, garantindo que pessoas com deficiência auditiva e visual possam participar plenamente da experiência cinematográfica.
Foi uma manhã intensa, que terminou com um filme que promete dividir opiniões. Voltamos a nos falar no dia 16 de outubro, quando publicarei a minha crítica de Bugonia, iniciando oficialmente a nossa cobertura crítica aqui no site. Por hora, agradeço ao meu amigo Roberto Honorato pelas fotos e a vocês, leitores, por acompanharem conosco mais uma Mostra SP! Ainda tem muita coisa pela frente! Bons filmes para todos nós!