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Crítica | Absolute Lanterna Verde – Vol. 1: Sem Medo

Sem medo de mexer na mitologia dos Lanternas.

por Ritter Fan
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A não ser que a DC Comics altere o calendário e adiante o início do já anunciado Absolute Arqueiro Verde do primeiro trimestre de 2026 para o ano corrente, Lanterna Verde é o último novo super-herói – ou, no caso, grupo de super-heróis – a ser introduzido em sua versão Universo Absolute em 2025, completando um total de seis até o momento nesse projeto até agora muito bem sucedido em termos gerais de qualidade e também de vendas, que faz a mímica bem atrasada do clássico Universo Ultimate da Marvel Comics que, como sabemos, está em sua segunda versão. Aqui, Al Ewing no roteiro não se faz de rogado e não tem receio algum de virar de cabeça para baixo os conceitos por trás da mitologia dos Lanternas, criando uma história de origem que, de uma toada só, cria diversos humanos laureados pelo poder de OA e que já introduz o conceito de Lanternas de outras cores.

Não é, porém, pelo menos não nesse começo, nada que chegue próximo ao nível de qualidade do que Corinna Bechko e Gabriel Hardman fizeram com os personagens nos dois volumes de Lanterna Verde: Terra Um, além de a história sofrer com o mesmo tipo de problema incorrido por Jeff Lemire no primeiro arco de Absolute Flash, que é o afã de introduzir uma quantidade grande demais de personagens conhecidos em um espaço limitado, sacrificando a história no processo. A vantagem de Ewing sobre Lemire é que o artifício usado para reunir  todos os principais personagens em um local só é mais sólido e coeso, evitando a dispersão e a impressão de “episódios introdutórios” para cada um deles.

A narrativa começa com a ação já em andamento e inicialmente focando em um Hal Jordan caminhando por uma estrada que corta um deserto visivelmente perturbado e escondendo sua mão até que um policial o para e o obriga a mostrá-la, o que leva a uma reação extremada e, ao que tudo indica, impossível de ser controlada, que mata aquele que parecia ameaçar Jordan, um recurso narrativo que, claro, tem como objetivo chocar o leitor e deixar já bem claro que, pelo menos nesse início, o Jordan que vemos aqui é muito diferente do original. Quando ele chega a um restaurante de beira de estrada e a mesma coisa acontece em uma escala maior, eis que Sojourner “Jo” Mullein aparece já como uma Lanterna Verde e entra em conflito com Jordan, conflito esse que é usado para “explicar” o que levou os dois a esse ponto por meio de flashbacks.

O uso de aspas em “explicar” não foi sem querer, pois Ewing não exatamente explica, mas sim lida com a chegada de Abin Sur (que parece um Bib Fortuna com quatro braços) à cidade de Evergreen, o isolamento do lugar por um escudo de força invisível e só penetrável por objetos dourados (ou, talvez, amarelos, mas o foco em dourado é grande) e o início de um “julgamento” de toda a população local pelo alienígena, sem que ele exatamente esclareça o que está fazendo, o que, obviamente, leva a conflitos e graves falhas de comunicação, só para usar um eufemismo. Parte dessa população é composta pelos já citados Hal Jordan, um colecionador e comerciante de brinquedos (???) e Jo Mullein, uma ex-policial e agora arquiteta, além de Guy Gardner, o xerife local e John Stewart, arquiteto que trabalha com Jo, com o nome de Alan Scott sendo mencionado como o fundador de um restaurante gerenciado por seu filho Todd Rice que, nos quadrinhos do universo normal, se torna o Manto Negro.

Com isso, como disse, (quase) todos os ovos principais estão em uma mesma cesta e Ewing consegue criar origens simultâneas a todos os Lanternas mais relevantes, só deixando Kyle Rayner de fora, mas mesmo assim encontrando espaço para citar pelo menos o primeiro nome dele em determinado momento, ainda que muito rapidamente e sem consequências, cada um preservando suas características principais no arco e que não necessariamente batem com as versões tradicionais, como é principalmente o caso de Hal Jordan, que tem extrema dificuldade de controlar seu medo, e de Guy Gardner, que se mostra equilibrado e razoável na forma como lida com a situação impossível que se coloca à frente dele. A introdução de Hector Hammond como aparentemente a versão dândi de Lex Luthor e grande vilão dos Lanternas, o que acontece na edição #4, é um tanto quanto jogada, só mesmo para permitir que seu uso, no arco seguinte, não pareça tirado da cartola de Ewing, mas sua presença é insignificante e só serve mesmo para tomar espaço de uma contextualização melhor para o que  afinal aconteceu em Evergreen.

Ao final do arco, Absolute Lanterna Verde deixa o leitor ainda em dúvida sobre como essa mitologia reimaginada dos Lanternas funciona, mas fornece peças o suficiente para atiçar a curiosidade pelo que está por vir. Tomara que Al Ewing saiba expandir seus conceitos sem tumultuar mais ainda sua narrativa, algo que a arte de Jahnoy Lindsay esforça-se para organizar e para criar visuais impactantes que remetem a tudo o que já conhecemos sobre os personagens, mas sem simplesmente repeti-los. É um bom começo, mas ainda muito solto e enigmático – e talvez bagunçado – demais para realmente ter a cara de um arco completo e satisfatório.

Absolute Lanterna Verde – Vol. 1: Sem Medo (Absolute Green Lantern – Vol. 1: Without Fear – EUA, 2025)
Contendo: Absolute Green Lantern #1 a 6
Roteiro: Al Ewing
Arte: Jahnoy Lindsay
Cores: Jahnoy Lindsay
Letras: Lucas Gattoni
Editoria: Ash Padilla, Andrew Marino, Katie Kubert, Chris Conroy
Editora: DC Comics
Datas originais de publicação: 02 de abril, 07 de maio, 04 de junho, 02 de julho, 06 de agosto e 03 de setembro de 2025
Páginas: 176

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