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Crítica | Acapulco – 4ª Temporada

Final enrolado como o narrador.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, a crítica das demais temporadas.

Nada que eu disser ao longo da presente crítica afasta – pelo menos por completo – a conclusão de que Acapulco é uma agradabilíssima jornada de conto de fadas sobre como Maximo Gallardo, um simples funcionário de um resort de luxo em Acapulco, torna-se um magnata bilionário contada por ele mesmo, já rico (Eugenio Derbez no presente e Enrique Arrizon nos anos 80), para seu seu sobrinho Hugo (Raphael Alejandro). Toda a estrutura de narrador não confiável que floreia e romanceia seu passado é um primor e diversão garantida, mas, ironicamente, a quarta e última temporada na série cai no mesmo problema que tornam as histórias de um Maximo mais velho cansativa e até motivo de chacota para seus interlocutores, ou seja, a enrolação infinita que faz de tudo para não chegar ao ponto central, o que acaba desfocando a narrativa e testando a paciência do espectador.

Para tentar animar as coisas, os showruuners trouxeram uma novidade para a derradeira temporada: no lugar de o interlocutor (ou vítima, dependendo de como você encara a coisa) do Maximo adulto ser seu sobrinho, agora ele tem diversos diferentes ao longo dos episódios, já que, com o protagonista tendo se mudado para o Los Colinas que ele comprou para tentar reconquistar sua eterna amada Julia (Camila Perez nos anos 80 e Carolina Gómez no presente), não havia como Hugo ficar por lá ao seu lado na supervisão das obras em razão dos estudos do rapaz. É uma saída boa para tentar sacudir o status quo da série em seu final, mas que, lá no fundo, se formos espremer, não muda absolutamente nada. Maximo continua sendo o falastrão romântico que não reconhece que o erro de diversas de suas atitudes, com histórias longas que tergiversam mais do que efetivamente contam alguma coisa. E, aqui, esse tangenciamento narrativo torna-se ainda mais sensível e cansativo porque, com apenas 10 episódios para amarrar todas as pontas soltas, chega a ser frustrante que tudo aconteça na base da correria, apenas no último episódio.

Aliás, encerrei minha crítica da temporada anterior afirmando que, se Acapulco tivesse acabado por ali, teria ficado feliz com a jornada até aquele ponto, já que as pontas abertas poderiam ser facilmente fechadas mentalmente ou deixadas abertas mesmo, sem grande prejuízo para o conjunto. No entanto, os showrunners fazem questão de encerrar todas as linhas narrativas e, para isso, forçam situações que pouco agregam, como é trazer Diane Davis (Jessica Collins) de volta em papel relevante, criar toda uma linha narrativa nova para entregar um interesse amoroso para Chad (Chord Overstreet) e até mesmo dar um jeito de inserir o começo da carreira literária de Hector (Rafael Cebrián). É compreensível vermos com mais destaque a vida de casal de Memo (Fernando Carsa) e Lorena (Carolina Moreno) e como Sara (Regina Reynoso) acaba nos Estados Unidos, mas, para isso, não precisamos de toda uma história paralela – detetivesca ainda por cima! – que envolve os simpáticos Nora (Vanessa Bauche) e Esteban (Carlos Corona), respectivamente mãe e padrasto de Maximo e Sara, pois são esses pormenores desconectados com a trama central que diluem o poder da narrativa da temporada.

Não sei em que momento os produtores receberam a notícia de que a quarta temporada seria a última da série, se antes de começarem as filmagens ou durante a fotografia principal, mas fica a impressão de que foi em algum momento adiantado durante a efetiva produção, com quase tudo filmado, pois a inserção das resoluções mais importantes, aqueles imediatamente ao redor do Maximo jovem ficaram apertadas nos dois ou três episódios finais e, mesmo assim, de maneira esparsa e extremamente econômica a ponto de ser fácil imaginar que tudo poderia ter sido resolvido com mais um ou dois capítulos já na temporada anterior, se o objetivo era colocar todos os pingos nos “Is”. Se, ao revés, a produção do quarto ano já começou com todos sabendo que esse seria o derradeiro capítulo da história, as escolhas narrativas tornam-se inacreditavelmente irritantes, com 80% do tempo dedicado a caminhos que não levam a lugar algum, com os 20% restantes passando a focar no que importa, mas mesmo assim com algum grau de dispersão, como alguém que sofre de Transtorno do Déficit de Atenção.

Mas, como abri a presente crítica, Acapulco é uma série gostosa de se assistir seja pelas situações, o elenco e a excelente curadoria musical, com sucessos oitentistas americanos cantados em espanhol. Sem dúvida alguma, ela foi além do que deveria ter ido, até porque da primeira até a terceira temporada, a série foi em um surpreendente crescendo, mas o conjunto final, mesmo com a queda representada por seu moroso quarto ano, é mais do que positivo.

Acapulco – 4ª Temporada (EUA – 23 de julho a 17 de setembro de 2025)
Criação: Austin Winsberg, Eduardo Cisneros, Jason Shuman
Showrunner: Austin Winsberg, Chris Harris
Direção: Jamie Elezier Karas, Austin Winsberg, Nicole Treston Abranian, Oscar Almengor, Santiago Limón
Roteiro: Sam Laybourne, Austin Winsberg, Rob Sudduth, Hailey Chavez, Ilse Apellaniz, Bernardo Cubria, Francisco Cabrera-Feo, Celeste Klaus, Maggie Feakins, Gonzalo Lomeli
Elenco: Eugenio Derbez, Enrique Arrizon, Fernando Carsa, Hemky Madera, Damián Alcázar, Camila Perez, Carolina Gómez, Chord Overstreet, Vanessa Bauche, Regina Reynoso, Jessica Collins, Rafael Cebrián, Carlos Corona, Regina Orozco, Carolina Moreno, Lobo Elias, Rodrigo Urquidi, Rossana de Leon, Gala Montes, Jaime Camil, Raphael Alejandro
Duração: 335 min. (10 episódios)

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