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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 3X03: A Wanted (Inhu)Man

por Ritter Fan
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estrelas 4

Aviso: Há SPOILERS do episódio e da série. Leia as críticas dos outros episódios, aqui.

O terceiro episódio da 3ª temporada de Agents of S.H.I.E.L.D. não tem pirotecnias e personagens novos. Ele aborda, como o título deixa entrever, a caçada da A.T.C.U. ao coitado do Lincoln, que parece não dar sorte com nada e a readaptação à vida “comum” de Simmons, além do início da estratégia de médio prazo de Hunter e May para chegar a Ward. Mas é nesse episódio que realizei de verdade o quão bem desenvolvida a série se tornou.

Não estou falando que ela é a oitava maravilha do mundo, mas, para uma série baseada em quadrinhos (ou seria inspirada apenas?) seu caminho tem sido de correção de rumo e de surpresas a cada esquina, fugindo completamente da fórmula cansada e cansativa de “vilão da semana”, característica que a marcou na metade da 1ª temporada e que basicamente é a regra de todas as demais séries baseadas em quadrinhos das TVs abertas americanas. Em A Wanted (Inhu)Man, um episódio claramente de pausa e diversificação, a estratégia de Jed Whedon de compartimentalizar as histórias em pequenos núcleos mostra sua força, permitindo que vários personagens sejam manobrados e aprofundados sem que se perca de vista a ação e sem que a produção tenha que recorrer a demonstrações de super-poderes a todo segundo para um público inquieto.

O primeiro núcleo desse episódio envolve Lincoln, o inumano caçado e Skye, ops… Daisy e Mack fazendo de tudo para evitar que a A.T.C.U. de Rosalind o capture. Mas, no lugar de apenas mais uma pancadaria de uma agência contra a outra, o roteiro de Monica Owusu-Breen insere informações da vida pregressa, pré-inumana de Lincoln e, com isso, seu personagem alcança outras dimensões bem mais complexas do que a de xamã de super-seres com um rosto bonito. Vemos um personagem amargurado por um passado que cisma em voltar para perturbá-lo e o melhor é que as informações vão sendo salpicadas de maneira orgânica, sem explicações detalhadas e desenhadas em um quadro negro. Por outro lado, a interação da A.T.C.U. com a S.H.I.E.L.D. – e de Coulson com Rosalind – vai além do tiroteio sem fim. Aliás nem tiroteiro há, na verdade, apesar das várias ameaças. A narrativa ganha interessantes contornos políticos que podem gerar frutos interessantes agora que Coulson prometeu cooperar com a caçada inumana empreendida por sua quase cara-metade (novamente, a química entre Clark Gregg e Constance Zimmer se mostra perfeita). Seria o começo da efetiva reconstrução da S.H.I.E.L.D.? Tenho para mim que não é tão simples assim e que as coisas piorarão muito entre as agências antes de efetivamente melhorarem, isso se melhorarem…

O segundo núcleo lida com a volta de Simmons e envolve primordialmente Fitz e um pouco Bobbi, mais como conselheira. Simmons está evidentemente perturbada física e mentalmente por sua experiência de meses no tal planeta desconhecido (no passado?) e começamos a perceber que Jed Whedon não tem intenção alguma de simplesmente reintegrá-la à equipe como se nada tivesse acontecido. E isso é ótimo, pois tinha esse receio quando a história do monólito acabou repentina e precocemente em Purpose in the Machine. A sequência final, com Simmons afirmando que precisa (não que “quer” ou “gostaria”) voltar ao planeta pode gerar bons frutos se bem explorada e novamente reacendeu em mim a chama de ver o lado galático do Universo Cinematográfico Marvel sendo também abordado na série (torço muito para que a briga entre Perlmutter e Feige não afetem essa interação!).

O terceiro núcleo é, de todos, o mais, digamos, surreal, com Hunter e May galgando degraus para chegar até a HYDRA e, consequentemente, Ward. Achei surreal pela forma como isso foi trabalhado, com um “clube da luta” vilanesco que, diferente da versão cinematográfica, não tem regra alguma (e Hunter perguntando sobre isso antes da luta começar foi claramente uma piscadela à obra de Fincher). Por outro lado, também, foi delicioso ver May, a “pequena mulher oriental”, chutando três bundas de uma vez só e surpreendente descobrir que Hunter efetivamente, ainda que sem querer, matou seu oponente.

E todas essas linhas narrativas são costuradas com uma montagem entrecortada, com corte rápidos, mas que nunca confundem o espectador. A fotografia, cada vez mais sombria e nervosa, também eleva a série a algo mais do que uma historinha de seres super-poderosos. Não me parece haver medo de abordar um lado sombrio ao mesmo tempo que mantendo brincadeiras e piadinhas aqui e ali, como o momento em que Rosalind chega em seu carro vintage para total deslumbramento de Coulson (aliás, falando nisso, só eu sinto falta de Lola?).

Agents of S.H.I.E.L.D. está amadurecendo a olhos vistos e a ampliação de seu universo intra-muros sem recorrer a bobagens como “vilões da semana” é impressionante. Se isso vai se manter por toda a temporada são outros quinhentos, claro. Mas tenho a impressão que será uma viagem no mínimo curiosa.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 3X03: A Wanted (Inhu)Man (EUA, 2015)
Showrunner: Jed Whedon
Direção: Garry A. Brown
Roteiro: Monica Owusu-Breen
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Nick Blood, Adrianne Palicki, Henry Simmons, Luke Mitchell, Constance Zimmer, Matthew Willig, Andrew Howard, Juan Pablo Raba, William Sadler, Scott Heindl
Duração: 41 min.

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