Home QuadrinhosArco Crítica | The Instruments of War e Space Invaders (Doctor Who Magazine #481 a 484)

Crítica | The Instruments of War e Space Invaders (Doctor Who Magazine #481 a 484)

por Luiz Santiago
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Os dois arcos aqui criticados foram publicados na Doctor Who Magazine (DWM) entre setembro e novembro de 2014 e março de 2015. A primeira história, The Instruments of War, é uma aventura do Doutor e Clara em dois lugares diferentes, no Saara e em Londres. A segunda, Space Invaders!, é em um mega depósito especial, depois do século 22.
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The Instruments of War

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Deserto do Saara / Londres
Tempo: 1941 / 1641

Dividida em três partes, essa história se passa entre FlatlineIn the Forest of the Night, e mostra o Doutor tentando levar clara para ver a feira de inverno sobre o Tâmisa congelado, em 1641. Acontece que há um “pequeno erro de cálculo” e a TARDIS vai parar no Deserto do Saara, 300 anos depois, em plena Segunda Guerra Mundial.  O Doutor e Clara são capturados pelos oficiais nazistas e são interrogados de maneira rápida, mas nada é revelado. A história começa então a avançar para um território estranho e pouco confortável em termos de realidade.

Primeiro, o fato de Erwin Rommel ser retratado como um homem bom que, “por acidente”, está servindo ao regime nazista. Péssima escolha e péssima representação do roteirista Mike Collins, que poderia fazer, dentro da campanha dos Afrika Korps, todo e qualquer tipo de abordagem, mas resolveu tomar esse caminho de apologia completamente injustificável. E vejam, eu não estou querendo simplificar a coisa toda e dizer que todos os soldados a serviço do regime eram do naipe daqueles que estavam no alto escalão. Todavia, a campanha no norte da África não se diferenciava em nada do que se fazia no Velho Continente. Não há uma forma de trabalhar isso em poucas páginas de quadrinhos e sem contexto e problematização, fica bem difícil aceitar uma “outra visão” da História.

O grande impasse é justamente ético, na retratação de uma personalidade histórica questionável. A confusão aumenta um pouco mais quando temos um Rutan e um grupo de Sontarans no deserto, tornando tudo mais difícil para os soldados do local e para o leitor engolir o roteiro… Claro que nem tudo aí é de se jogar fora e a abordagem geral para a arma Warsong, a relação do Doutor com os Sontarans e o fato de Clara, mais uma vez, estar separada do Doutor e ter que agir sozinha torna a trama aceitável na linha mais mediana possível.

A arte de Collins e David A Roach é boa, com alguns quadros melhores que outros, mas funcional o tempo inteiro. A forma como eles carregam o “despertar” da Warsong pelas páginas finais é belo e ao mesmo tempo aterrorizante. O que impede que a história seja totalmente aproveitada é o fato de o roteiro carregar um bom número de questionáveis colocações históricas e misturar intenções entre os vilões em um drama de guerra que poderia ser mais instigante e interessante. Vale a leitura, mas não há nada de muito louvável em The Instruments of War.

The Instruments of War – DWM #481 – 483 (Reino Unido, 2014)
Roteiro: Mike Collins
Arte: Mike Collins
Arte-final: David A Roach
Cores: James Offredi
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Space Invaders!

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Enormous Storage Co.
Tempo: pós-2122

A arte dessa história de uma única parte é uma ótima forma de mostrar dimensões de espaços e monstros. Ela não é tão bem concebida como no caso de Blood of Azrael, mas ainda assim, é interessante. A trama desse arco se passa entre Last Christmas e The Doctor’s Meditation, e supostamente é uma forma do roteirista Mark Wright criticar a nossa mania de juntar, colecionar, acumular coisas… normalmente objetos que não “prestam para nada”, por assim dizer.

O problema de Space Invaders! é que o enredo é curto e as ações são pouco ou nem um pouco desenvolvidas. A relação do Doutor e Clara está voltando ao normal e isso nós conseguimos perceber, mas falta organicidade na forma como os eventos dessa história se apresentam. Tudo bem que não há nada de complexo em jogo, há apenas um leilão onde se vende um Rigellan Hyper-Kraken, fato faz o Doutor entrar em desespero tão logo se dá conta do que está acontecendo. Por saber o tamanho do problema, ele tenta impedir que todas as espécies ali presentes no depósito sejam devoradas pela libertação da mamãe Kraken, mas os esforços, claro, são inúteis.

Por um lado, ver Clara tomando as rédeas da situação e se estruturando muito bem ao momento de crise ajuda o leitor a gostar um pouco mais da história. Mas não existem muitos pontos aplaudíveis ou um desenvolvimento digno de memória. A história é mais uma pequena viagem do Doutor e uma companion a um lugar improvável que lhes fará encontrar um alien malvado e lutar contra ele. Same old, same old

Space Invaders! – DWM #484 (Reino Unido, 2015)
Roteiro: Mark Wright
Arte: Mike Collins
Arte-final: David A Roach
Cores: James Offredi

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