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Crítica | Godzilla Vs. Vingadores (2025)

Preguiça...

por Luiz Santiago
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Para quê, não é, gente? Para quê a Marvel ainda publica essas coisas? Em mais uma edição desta horrenda saga de ação intitulada Godzilla vs. Marvel, agora, com o lagartão atômico enfrentando os Vingadores (na verdade, os “Novos Vingadores”), temos um texto de David Walker que tenta inventar a roda em cima do “absurdo épico”, mas acaba tropeçando em escolhas que destroem qualquer potencial de impacto ou coerência. O time central de heróis em cena, aqui, é formado por Capitão América (Steve Rogers), Luke Cage, Mulher-Aranha, Wolverine, Homem-Aranha e Homem de Ferro, e tudo isso se passa na Terra-616, a Terra principal da Marvel. Na luta contra Godzilla e Fin Fang Foom, o grupo se perde em um tom cômico forçado e infantilizado que impede qualquer crença na gravidade do confronto, e a ideia de que Fin Fang Foom, um dragão milenar, age movido por ciúmes por não ser mais chamado de “rei dos monstros” é bizarra, transformando um conceito com potencial mitológico numa motivação risível.

Enquanto a narrativa se esforça para criar um ambiente de caos controlado, com a S.H.I.E.L.D. (leia-se: Maria Hill) tentando entender os eventos após a batalha, temos uma colcha de retalhos onde cada personagem (incluindo os jovens do Kaiju Chasers United e seu robô Jet Jaguar) parece contar uma versão diferente dos fatos, sem que isso gere qualquer suspense ou complexidade. É tudo em nome do ~humor~, sabem. O autor escolhe um caminho insistente, que tenta arrancar risadas com comentários sobre os danos causados à infraestrutura da cidade — algo que até poderia ser engraçado se o contexto e a sequência dos diálogos fossem escritos para cérebros com QI acima de zero. Essa tal “leveza forçada” contrasta com toda a ideia da série, fazendo os personagens trocarem farpas bobas que, novamente, seriam interessantes num contexto em que não existisse apenas isso. 

A arte de Georges Jeanty, embora competente para o propósito geral da trama (há até uma ótima página bem diagramada e genuinamente engraçada, na entrevista final com Fin Fang Foom), não consegue subir tantos níveis acima da história a ponto de nos fazer esquecer a fragilidade da aventura. Tudo parece sufocado por um contexto burocrático que tenta ser engraçado o tempo todo. Pensar no legado de Godzilla no universo Marvel, onde ele já enfrentou vários times e personagens de peso, faz com que um troço como esta edição seja ainda mais enraivecedor. A falta de uma história que respeite a magnitude desses encontros, somada à escolha de um tom que trivializa tanto os heróis quanto os monstros, termina num trabalho que só desperdiça o tempo do leitor. 

Sinceramente? Pra mim, já deu. O confronto aqui poderia ter sido uma celebração do glorioso absurdo dos quadrinhos, mas, em vez disso, se tornou um exercício de infantilização rasa, onde o desejo de ser engraçado e “hiper acessível às massas” sufocou qualquer chance de criar algo minimamente aceitável em seu conjunto. Talvez o maior desafio para obras assim seja encontrar um equilíbrio entre a irreverência e o respeito pelo peso de seus ícones, mas, neste caso, o resultado é um vazio narrativo que nos faz questionar o que ainda pode ser feito quando a criatividade se curva à necessidade de preencher páginas e páginas sem dizer nada de novo ou aproveitável.

Godzilla Vs. Vingadores (Godzilla vs. Avengers) — EUA, 18 de junho de 2025
Roteiro: David Walker
Arte: Georges Jeanty
Arte-final: Karl Story
Cores: Frank D’Armata
Letras: VC’s Cory Petit
Capa principal: Leinil Francis Yu, Frank D’Armata
Editoria: Alanna Smith
24 páginas

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