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Crítica | It: Bem-Vindos a Derry – 1X06: Em Nome do Pai

Caindo na armadilha.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e de tudo sobre It.

Em Nome do Pai foi o primeiro episódio da série prelúdio do Universo It de Andy Muschietti que me trouxe real satisfação quando a tela preta veio e os créditos começaram a subir. E já não era sem tempo, pois estamos falando de nada menos do que o antepenúltimo capítulo da primeira temporada que vinha caminhando de maneira errática, apoiando-se em bengalas narrativas infantis (e não estou falando do núcleo adolescente) para contar uma história cansada, desfocada, ainda que melhorando em incrementos mínimos de semana a semana. Agora, a melhoria foi sensível, com a convergência de núcleos de personagens que vimos em Rua Neibolt, 29 chegando ao seu ponto alto aqui e, melhor ainda, sem invencionices bobalhonas e sem apoiar-se demasiadamente em computação gráfica e sim na boa e velha – e costumeiramente infalível – construção de uma atmosfera incômoda, mas não se esquecendo de momentos de ternura.

Começando com um misterioso prólogo em preto e branco em que vemos o sanatório Juniper Hill em 1935 com uma enfermeira inexplicavelmente levando uma menina até o subsolo onde as duas se deparam com Pennywise, cena essa que não só serve de tira-gosto para a futura segunda temporada em que esse despertar da Coisa será abordado, como também para abrir espaço para uma história de origem que explica, mesmo que de leve, o porquê de ela ter adotado a persona do palhaço dançarino, com direito ao uso assustador de Ingrid Kersh, enfermeira e amiga da pobre Lilly Bainbridge e amante de Hank Grogan que se revela, também, como Periwinkle, persona palhaçal que ela criou como uma forma doentia de tentar achar seu pai, o Pennywise original, presumivelmente possuído (ou algo assim) pela criatura extradimensional. Como se não bastasse todas as manobras sobrenaturais da própria Coisa, fica claro que Periwinkle teve participação importante na armadilha que o Black Spot se torna e que, aqueles que assistiram os filmes e/ou leram o livro, conhecem bem o que acontecerá.

Apesar de ter gostado dessas revelações todas e na forma como o encadeamento da narrativa leva quase todos os personagens até o Black Spot para ficarmos pendurados aguardando o pior no próximo episódio, foi sensível para mim o quanto a temporada andou de lado para chegar a esse ponto, fazendo com que as peças tenham permanecido espalhadas por tempo demais, somente para serem juntadas aqui de maneira açodada, prejudicando um pouco o resultado final que teria se beneficiado demais de calma e tranquilidade, permitindo mais tempo para Lilly chegar ao ponto desesperador e solitário em que se encontra quando faz suas descobertas no sótão de Ingrid. Por outro lado, mesmo inicialmente tendo torcido para Marge queimar no fogo do inferno, sua redenção (ah, como eu detesto arcos de redenção…) funcionou bem, seja quando ela põe as patricinhas de Derry para correr, seja em razão de sua aproximação ao diminuto cubano-americano Rich, com Matilda Lawler e Arian S. Cartaya formando um simpaticíssimo casalzinho, com direito até mesmo a Rich comandando a bateria do bar dos soldados afrodescendentes. De maneira semelhante, gostei de ver o desespero palpável em Ronnie e sua explosão com Lilly – indevida, mas compreensível -, tudo derivado da prisão e depois fuga de seu pai, até o momento em que ela é levada por Charlotte para revê-lo, e isso sem falar na conexão dela com Will.

Apesar de o núcleo adulto ter perdido um pouco de espaço aqui, ele se mantém constantemente presente, seja por meio de Charlotte tentando salvar Hank, seja pelas revelações sobre Ingrid ou, claro, a conversa entre Leroy e Dick que, apesar de descambar para um didatismo completamente desnecessário que explica o que já sabíamos, tem um tom interessante que perturba Leroy ainda mais e não melhora em nada o desespero interior que Dick sente por Pennywise ter aberto a caixa do poder de ver pessoas mortas que havia sido trancada há décadas. A não recuperação instantânea de Dick me chamou atenção, pois cansei de ver filmes e séries que criam um grande momento para determinado personagem, para ele estar perfeitamente adaptado ao novo status quo na cena seguinte. Não há nada disso em Em Nome do Pai, com Chris Chalk, mesmo aparecendo relativamente pouco, mais uma vez dominando as sequências com a luta contra sua “iluminação”.

Mesmo demorando a encontrar chão sólido para firmar-se, It: Bem-Vindos a Derry finalmente mostrou que pode ser mais do que uma série apenas “boazinha” (e isso com boa vontade), trabalhando bem a convergência narrativa de seus núcleos, trazendo revelações boas e preparando o terreno para que seus dois episódios finais encerrem os arcos de seus personagens sem economizar em finais infelizes. Afinal, vamos combinar que, por mais que tenhamos simpatizado com alguns personagens e com seus dramas, a verdadeira torcida vai mesmo para Pennywise e, agora, também Periwinkle, sua sidekick quase tão aterradora.

It: Bem-Vindos a Derry – 1X06: Em Nome do Pai⁩ (It: Welcome to Derry – 1X06: In the Name of the Father – EUA, 30 de novembro de 2025)
Desenvolvimento:
Andy Muschietti, Barbara Muschietti, Jason Fuchs (baseado em romance de Stephen King)
Showrunners:
Jason Fuchs, Brad Caleb Kane
Direção:
Jamie Travis
Roteiro:
Jason Fuchs, Cord Jefferson, Brad Caleb Kane
Elenco: 
Clara Stack, Amanda Christine, Blake Cameron James, Arian S. Cartaya, Matilda Lawler, Taylour Paige, Jovan Adepo, Chris Chalk, James Remar, Peter Outerbridge, Rudy Mancuso, Stephen Rider, Alixandra Fuchs, BJ Harrison, Kimberly Norris Guerrero, Joshua Odjick, Madeleine Stowe, Miles Ekhardt, Bill Skarsgård
Duração:
57 min.

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