Home QuadrinhosEm Andamento Crítica | O Espetacular Homem-Aranha: #25 a 38 e Anual #2 (1965-1966)

Crítica | O Espetacular Homem-Aranha: #25 a 38 e Anual #2 (1965-1966)

por Gabriel Carvalho
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Contém spoilers..

“Não tinha certeza se Stan ia gostar da ideia da máscara cobrindo o rosto do personagem, mas eu a fiz porque ela esconderia um rosto claramente adolescente. E também daria um toque de mistério ao personagem…”. – Um pouco dos bastidores da criação do Homem-Aranha.

Stephen J. Ditko (1927 – 2018)

Depois de fazer-nos enfrentar o Duende Verde em um estúdio de Los Angeles, sofrer as calúnias do Clarim Diário, que ousou nos chamar de covardes, e sermos paralisados pelo jogo mental do Mystério, Steve Ditko teria, em sua 38° edição como artista de The Amazing Spider-Man, a sua despedida. O criador do Homem-Aranha, junto com Stan Lee, estaria deixando a arte nas mãos de um outro ilustrador – mais jovem e possivelmente até mesmo mais talentoso. No entanto, há algo inexplicável nos traços de Ditko. Eu poderia ficar parágrafos e parágrafos tentando descrever a importância do artista para os quadrinhos, contar sobre sua vida ou sobre as polêmicas que envolveriam sua saída da revista, mas prefiro ater-me a sua contribuição para o personagem que dá nome a esse compilado.

Steve não fora apenas o responsável por criar a arte de trinta e oito edições. Ele também fora responsável por contribuir – e muito – para com as histórias do personagem. Tanto foi que em The Amazing Spider-Man #25, o número que abre nosso terceiro compilado, o co-autor do personagem receberia também a alcunha de co-argumentista das edições daí para frente. Mas curiosamente muitas das histórias anteriores também foram parcialmente, senão quase integralmente, formuladas por Ditko, que desenvolveu não apenas alguns dos mais famosos conceitos estéticos atrelados ao Cabeça de Teia como muita das mais consolidadas questões cotidianas que transformaram um mero super-herói mascarado em uma lenda atemporal. Um agradecimento especial a esse homem por toda sua importância para a cultura popular. Para visualizar outros compilados das edições de Espetacular Homem-Aranha, clique aqui. Na imagem, um autorretrato do próprio Steve Ditko, como feito para a revista The Amazing Spider-Man Annual #1.


The Amazing Spider-Man #25

“Com as notícias de meu brilhante triunfo tornando-se públicas, eu provavelmente serei convidado a me juntar aos Vingadores! Mas provarei minha modéstia recusando!” – Um minuto de silêncio em respeito ao senso de J. Jonah Jameson.

Após noticiar diversas calúnias sobre o Teioso e até mesmo contratar um homem para derrotá-lo, não tardaria muito para que J. Jonah Jameson retomasse sua tentativa assídua em acabar com o Homem-Aranha. Quando o cientista Spencer Smythe chega com projeto de derrotar o herói através de um robô Esmaga-Aranha, as portas se abrem para a mais divertida história do Aranha de 1965. Em paralelo com o objetivo de J. J em derrotar o Aranha (convencido a aceitar a proposta de Smythe graças a Peter que vê no confronto oportunidade de fotos), está Flash Thompson que resolve levar seus ciúmes por Liz Allan para um caminho mais intimidante.

Acaba que Peter começa a fugir tanto de Flash e sua gangue quanto do robô que assume a temível face de Jameson. A aventura torna-se assim extremamente interessante, indo das duas partes da vida de Parker com nenhum respingo de artificialidade. Parece uma história que facilmente seria transportada para um dos mais divertidos episódios da melhor série animada do Homem-Aranha que se poderia pensar. A introdução de Mary Jane Watson também é sensacional, sem seu rosto ser revelado no entanto, o que deixa o charme de sua presença imperar mais do que o charme de sua aparência. Além disso, a “briga” por Peter entre Betty e Liz denota maior recreatividade, sem ficar tediosa como estava em edições anteriores.

Curiosidades:
Primeira aparição de Spencer Smythe e seu Esmaga-Aranha.
Primeira aparição de Mary Jane Watson.
Steve Ditko recebe pela primeira vez créditos como argumentista.
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The Amazing Spider-Man #26 e 27

O interesse de Steve Ditko em histórias mais atreladas à realidade deu margem para alguns dos melhores contos dessa primeira fase do Aranha, como por exemplo, The Amazing Spider-Man #10. Retomando uma narrativa de combate contra a máfia, a dupla se reúne produzindo alguns dos melhores momentos do Aranha até então. Um maior assombramento à figura do Duende Verde é induzido, outro excelente feito dos dois, sendo que suas três participações anteriores mitificaram o personagem. Uma mitificação decorrente de sua identidade secreta ainda permanecer em segredo – tanto aos olhos do público quanto aos olhos de seus criadores.

Com O Homem por Detrás da Máscara do Mestre do Crime e Traga de Volta meu Duende para Mim, a inquieta espera pela revelação de quem seria o Duende e o inédito Mestre do Crime é muito bem explorada, ocorrendo diversas insinuações premeditadas e pistas falsas deixadas, como por exemplo a incessante dúvida do Teioso sobre as verdadeiras intenções de Frederick Foswell, antigo Chefão, e agora aparentemente reabilitado. No final da edição #26, ocorre um clímax deveras angustiante. Com o Homem-Aranha derrotado, o Duende Verde captura-o e tenta tirar sua máscara, não conseguindo ainda pois ela estava presa com teia. De qualquer forma, uma página depois a revista termina trazendo uma brutal ansiedade ao leitor que não sabe absolutamente nada do que acontecerá na seguinte.

A decisão de uma figura nunca antes mencionada ser a aguardadíssima identidade secreta do Mestre do Crime é impressionante e muito disso se credita a Ditko. Há até rumores que apontariam divergências criativas entre Stan e Steve acerca da verdadeira identidade do Duende Verde, que aqui permanece oculta. Sendo esses rumores verídicos ou não, Steve Ditko nunca teria a chance de participar dessa revelação, que ocorre apenas uma edição depois de sua última no comando da revista. Independente do futuro que os aguardaria, eis mais um excelente arco da dupla Lee/Ditko.

Curiosidades:
Primeira aparição do Mestre do Crime.
O filho do Mestre do Crime, Nick Lewis Jr., seria responsável por levar seu legado adiante.
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The Amazing Spider-Man #28

É hora de Peter Parker se formar. Stan Lee, sendo assim, desenvolve a primeira grande mudança na vida do nosso adolescente que deixará a Midtown High School e partirá, muito em breve, para a universidade. Seus desafetos amorosos serão trocados, seus objetivos acadêmicos também, mas seus problemas mundanos permanecerão em constante desarmonia com sua vida de herói. À começar pela premissa da história, que leva o herói – após ter perdido seus dois uniformes e tido que comprar uma fantasia de segunda mão – a tentar recuperar seu traje das mãos de Spencer Smythe, o mesmo cientista de The Amazing Spider-Man #25.

O encontro de Peter com Spencer concilia-se com a chegada de Mark Raxton, que após atacar Smythe acaba tornando-se um super vilão, o Magma. A presença de um cara mau na história soa como uma obrigação de Lee em inserir um confronto super heroico na história, mesmo que anteriormente ele tenha se saído muito bem sem a necessidade de tal. O Magma não é um grande vilão, mas funciona à medida do possível, ou seja, como uma decente batalha escapista. Bons traços e boas coreografias.

Finalmente a hora da graduação chega. Pessoalmente crendo que tal evento seja desnecessariamente antecipado, é bom notar novos ares a caminho do Cabeça de Teia. As duas figuras mais importantes do colegial de Peter, Liz Allan e Flash Thompson, recebem novas direções. Entretanto enquanto a primeira despede-se de nosso protagonista o segundo recebe uma bolsa que o levará a aparecer constantemente em The Amazing Spider-Man por mais um bom e longo período. A participação de J. Jonah Jameson é pontualmente acertada, e a da Tia May é novamente agraciada pela sua ternura materna. Enfim Peter Parker cresceu.

Curiosidades:
Primeira aparição do Magma, com sua origem sendo contada.
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The Amazing Spider-Man #29

De antemão, é necessário comentar sobre a belíssima capa de Nunca Pise em um Escorpião, vigésima nona edição da revista solo do Homem-Aranha. Após 9 edições desde sua primeira aparição, o peso-pesado Escorpião, um dos mais poderosos membros da galeria de vilões do aracnídeo, ganha o seu ansiosíssimo retorno – mesmo que ela nem seja tão fantástica.

The Amazing Spider-Man #29 mostra Mac Gargan em uma tentativa de derrotar seus maiores inimigos, tanto o Homem-Aranha quanto J. Jonah Jameson, o homem que o contratou de início em The Amazing Spider-Man #20. Uma presa mais fácil que o Cabeça de Teia, J. J se vê em uma perigosa – e hilária – enrascada. O confronto entre o Aranha e o Escorpião submersos é muito bem articulado por Steve Ditko. A edição também coloca os pontos nos is necessários para estabelecer-se o vindouro senão já existente relacionamento entre Betty Brant e Ned Leeds. Mesmo que com uma premissa repetida e desenvolvida da maneira mais óbvia possível, Nunca Pise em um Escorpião é mais uma divertida história da dupla Lee/Ditko.

Curiosidades:
Uma conversa entre Jameson e Foswell sobre alguns equipamentos científicos roubados aponta eventos futuros que se revelariam na Saga do Planejador Mestre (The Amazing Spider-Man #31, 32 e 33).
Na mesma conversa entre Jameson e Foswell, há uma menção ao Gato, personagem que estrearia na edição seguinte a esta.
Primeiro indício de uma doença da Tia May ocorre, sendo esta abordada de fato na Saga do Planejador Mestre.
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The Amazing Spider-Man Annual #2

O Maravilhoso Mundo do Doutor Estranho é uma história facilmente categorizada como filler, sendo apenas um bom crossover entre o Homem-Aranha e outro personagem também criado pela dupla Lee/Ditko. O que mais fascina dentro da edição em si é a extraordinária arte de Ditko que insere o misticismo das histórias do Doutor Estranho para dentro do universo do Homem-Aranha. O psicodelismo é uma presença forte no conto, e mesmo que em teoria não faça sentido algum envolver tal noção visual com o herói título da revista, é um recurso no mínimo interessante de ser observado.

A história simplérrima coloca o amigão da vizinhança coincidentemente no encalço dos capangas de Xandu, inédito vilão que está em busca da segunda metade da Varinha de Watoomb. Baseando-se apenas nessa premissa, o roteiro em nenhum momento utiliza da personalidade de Peter Parker, sem aprofundar nenhum aspecto de sua vida social, ou sequer mostrando sua face. Uma leitura descompromissada, que levando a análise para a época de sua devida publicação, visava primordialmente levar os leitores de The Amazing Spider-Man para Strange Tales, antologia de histórias que costumeiramente contava com a presença do famoso mago. Publicidade. Apenas isso.

Curiosidades:
Primeira aparição de Xandu.
– Primeira aparição da Varinha de Watoomb.
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The Amazing Spider-Man #30

Peter Parker e Betty Brant nunca chegaram a ter uma relação solidificada. A figura do Homem-Aranha sempre esteve presente entre os dois, mantendo-os afastados mesmo estando juntos. Quando Ned Leeds, um outro caso amoroso de Betty, a pede em casamento, as coisas parecem estar concretizando uma separação definitiva dos dois amantes. Mesmo que o pedido em casamento de Ned seja uma antecipação nem um pouco bem delineada pela dupla, temos um novo avanço que permite a quebra da monotonia que rondava boa porte dos enfoques românticos que a revista dava. O encontro que Peter Parker tem com Liz Allan é outra contribuição para um futuro adeus definitivo de Betty e Peter, visto que a mesma sempre esteve circundando o relacionamento dos dois.

Quando o Gato rouba J. J, o editor-chefe do Clarim Diário, o mesmo coloca uma recompensa na cabeça do criminoso. Jameson ignora, porém, que o Homem-Aranha é a pessoa mais capaz de capturar o bandido. Ou seja, no final a recompensa iria para o Cabeça de Teia, seu pior inimigo. Por conseguinte, Foswell retorna para a sua identidade secreta de espião e começa a perseguir a figura do Gato, fazendo com que se estabeleça uma maior ligação entre o ex-criminoso e Jameson, seu mandante.

No âmbito heroico da edição, temos mais uma simples aventura, contudo não menos agradável. Uma constante nas aventuras do clássico Aranha, pois mesmo que as histórias não fossem minuciosamente complexas, rebuscadas de peso dramático ou então desenvolvessem estudos mirabolantes e instigantes de personagens, elas tinham, em sua maioria, uma presença forte no imaginário do leitor. Boa parte de tais contos não são tão memoráveis quanto histórias que ainda viriam, todavia a acessibilidade mágica que rondeava as edições permitiu que o sucesso estabelecesse The Amazing Spider-Man como a melhor revista da Marvel Comics da época.

Curiosidades:
Primeira aparição do Gato.
Mais indícios da debilitação da Tia May, que seria explorada na edição seguinte.
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The Amazing Spider-Man #31, 32 e 33

Qualquer um pode vencer uma luta quando o desafio é fácil. Nosso verdadeiro valor… só é demonstrado… quando todas as chances parecem perdidas.” – Soterrado por escombros, o Homem-Aranha luta para se livrar dos destroços acima dele e poder ser capaz de salvar a sua amada Tia May.

Crítica de Anthonio Delbon.

“A Saga do Planejador Mestre é uma tradução aquém do belíssimo e dramático If This Be My Destiny…! original de Stan Lee. Considerado o primeiro arco mais longo e bem trabalhado do Aranha, essa pequena saga de três edições é geralmente lembrada ora por introduzir Harry Osborn e Gwen Stacy ao universo do cabeça de teia, ora por uma específica sequência visual que Steve Ditko nos oferece, onde o herói precisa resistir a um equipamento esmagando-o. Contudo, certamente há mais – muito mais – para se falar dessa história, um marco do brilhantismo da parceria Lee/Ditko. Nela é fincado no coração do leitor o que Peter Parker é em sua essência simbólica, tal como vislumbrado desde sua origem.

Continue lendo a crítica desse arco no link em seu título.

Curiosidades:
Primeira aparição do Professor Miles Warren.
Primeira aparição de Gwen Stacy.
Primeira aparição de Harry Osborn.
O Doutor Curt Connors retorna para as revistas do Homem-Aranha, desde sua primeira aparição em The Amazing Spider-Man #6.
A doença de Tia May relaciona-se diretamente aos eventos de The Amazing Spider-Man #11 e 12.
Pela primeira vez Peter Parker dita o preço de sua fotos para J. Jonah Jameson.
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The Amazing Spider-Man #34

Em A Emoção da Caçada, Kraven carrega o terrível fardo de ser o vilão conseguinte do épico arco A Saga do Planejador Mestre. Primeiramente, somos introduzidos ao fantástico covil do caçador e após tal, ao plano de vingança do homem. A caçada é essencialmente constituída de várias ideias já utilizadas anteriormente, e algumas vezes até melhor. Desacreditar o Homem-Aranha imitando seu uniforme e seu comportamento é um ponto já explorado na já longínqua The Amazing Spider-Man #1. O povo começar a incitar ódio ao Cabeça de Teia também já foi tão – mal – abordado aqui quanto em The Amazing Spider-Man #17. Repetições de ideias, no entanto, não se configuram como uma desdenha da obra, mas como um peso a mais diante de qualquer demérito.

A arquitetação de Kraven é simples, em oposição aos confrontos, estes mais energéticos. Ao final da história tudo parece ter sido um simples conto filler que apenas preenche o espaço entre o pesadelo de Betty Brant e a sua saída do Clarim Diário. As problemáticas na Universidade Empire State foram bem exploradas e consistentes com os eventos anteriores. Peter realmente pareceu estar esnobando Harry Osborn e seus amigos, mas isso não poderia ter sido facilmente reajustado com uma simples desculpa? Felizmente o futuro ainda guardaria ótimos – e terríveis – momentos para Peter, Flash, Harry e Gwen.

Curiosidades:
Kraven se fantasia de Homem-Aranha pela primeira vez. Isso não lhes fazem lembrar de alguma coisa, não?
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The Amazing Spider-Man #35

Quanto mais nos se aproximamos da saída de Steve Ditko da revista, mais percebemos histórias estufadas, com pouco conteúdo imprescindível para a mitologia do personagem. Após ser preso em The Amazing Spider-Man #28, Mark Raxton, o Magma, é solto da prisão por bom comportamento (nenhuma novidade aqui) e decide retornar a vida criminosa (nem aqui). Aos poucos, mesmo buscando esconder sua identidade, o Homem-Aranha vai se aproximando de capturar o vilão novamente. Com nenhum contexto mundano envolto do “grandioso” embate, temos uma história que apenas tem em seu final uma catapulta para as edições seguintes: Peter Parker descobre que Betty Brant saiu do Clarim Diário.

Não posso negar, no entanto, que não achei graça alguma na história. Temos uma das mais engraçadas epifanias de Stan Lee que deliberadamente cede espaço para o letrista Artie Simek produzir uma coleção de quadros com as mais diversas onomatopeias. Sensacional. De resto, uma história exageradamente regular.

Curiosidades:
Durante sua lutra contra Magma, o Homem-Aranha fala que se ele for derrotado ainda terá o Irving Forbush para tomar seu lugar e derrotar o vilão. Forbush é um personagem cômico criado por Stan Lee em 1955, tratando-se de uma piada interna do quadrinista.
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The Amazing Spider-Man #36

Vocês podem até não gostar do Consertador. Não gostar do Camaleão ou do Magma. Nenhum deles, no entanto – e eu gostaria de enfatizar isso – se compara com o vilão da vez, que de tão ruim demorei um tanto para encontrar a devida tradução brasileiro do nome original em inglês, “Looter”. Sendo assim, o Homem-Meteoro, de acordo com sua patética história de origem, é nada mais nada menos que um um cientista fracassado que ocasionalmente encontra um meteoro que caiu na Terra e começa a saquear bancos trajando uma roupa absurdamente estrambólica. Só o conceito do vilão já é fraco, mas as lutas também carecem de qualquer criatividade.

Gwen Stacy ganha um maior papel nessa aventura, tentando chamar a atenção de Peter Parker, que mais parece ter algum tipo de danificação mental, se me perdoem o termo. Não por não notar a garota, mas por aparentar extremo desrespeito as pessoas e depois se culpabilizar como se fosse a vítima. É perceptível que as intenções da dupla Lee/Ditko não foi de trazer antipatia ao personagem, mas não é isso que os dois deixam surpassar. Peter Parker nunca soou tão tedioso quanto nessa revista.

Você realmente vai desdenhar da garota por ela lhe achar inteligente? Eu até entendia o Peter de algumas edições anteriores mas agora suas ações são injustificáveis. E o que comentar daquele confronto final no balão? Maçante, dolorosamente ilógico e muito aquém da qualidade que as revistas do Aranha possuíam no momento.

Curiosidades:
Primeira aparição do Homem-Meteoro.
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The Amazing Spider-Man #37

Depois do fiasco da edição anterior, Stan Lee e Steve Ditko, este em sua penúltima edição na revista, melhorariam a situação, mas não tanto quanto poderia se esperar. A edição começa com Frederick Foswell espionando o Professor Stromm, criminoso que após 10 anos preso consegue a sua liberdade, jurando vingança ao homem que o destruiu. O Homem-Aranha então surge e faz seu senso de humor ser realçado quando surpreende um homem que tenta assassinar Foswell. Daí em diante, ou seja, depois da segunda página, as coisas só desandam. Na universidade, a tensão entre Gwen e Peter aumenta, sem que nenhum dos lados esteja verdadeiramente certo. É incômodo ver Peter desrespeitar a garota a troco do nada, mesmo que Gwen também não demonstre mais muita simpatia. É o famoso ciclo vicioso onde um xinga o outro pelo outro ter xingado ele e ninguém mais sabe quem começou.

A vingança do Professor Stromm também é porcamente impulsionada pelas mentes criativas por detrás desse número. Os robôs são genéricos, e o próprio Stromm seria facilmente esquecido pelos leitores da obra. O que se vale aqui é a introdução definitiva de Norman Osborn, pai de Harry Osborn, e que aparenta não estar muito contente com a intromissão do Homem-Aranha. O que acontece é que a vingança de Stromm é destinada a ele, e diferentemente de pessoas comuns, ser salvo pelo Cabeça de Teia não animou em nada o semblante sério de Osborn. Mas por quê? O final da edição então deixa uma ótima ponta solta que seria – espetacularmente – explorada mais afrente.

Curiosidades:
Primeira aparição do Professor Stromm.
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The Amazing Spider-Man #38

Sabe por que eu te odeio, Leeds? Por que você tem a chance de se casar com Betty! A sombra do… Homem-Aranha… não está entre vocês!” – O Homem-Aranha desabafa com uma estátua semelhante ao rosto de Ned Leeds.

E chegamos enfim a última edição de The Amazing Spider-Man creditada a Steve Ditko. Apenas um Cara chamado Joe é um conto simples que conta a história de um lutador de boxe fracassado, mas que sonha em tornar-se um campeão. Seu empresário acaba vendo numa ponta em um filme B oportunidade de lucro, e esse lutador acaba aceitando a oferta. Durante a gravação, Joe Smith acaba se acidentando e ganhando super poderes dignos dos maiores vilões da Marvel Comics. Seus poderes corrói-o mentalmente provocando um surto no personagem que, diferentemente da extensa galeria de inimigos do Aranha até aqui, não é verdadeiramente mal. Ele é apenas um cara chamado Joe.

Além de seu ótimo antagonista, a história também aborda mais da personalidade de Norman Osborn, que oferece 20.000 a gangue que por um fim no Homem-Aranha. Na vida cotidiana de Parker, um encontro com Ned Leeds, suposto noivo de Brant, mais uma vez o desestabiliza visto que o mesmo começa a ter, como conclusão de seus devaneios, a crença de que Betty nunca poderá ficar com ele. Após dois números absurdamente fracos, a dupla acerta o tom produzindo uma boa história, com bons conceitos e bons personagens. Uma ilustração perfeita do que a dupla fez de melhor com o personagem. Sem essa união não teríamos o Homem-Aranha e definitivamente não teríamos um herói a quem chamar de espetacular.

Curiosidades:
Primeira aparição de Joe Smith.
– Pela primeira vez um super vilão do Aranha não tem um codinome vilanesco.
– Segunda aparição física de Mary Jane Watson, com seu rosto coberto por uma árvore.

The Amazing Spider-Man #25 a 38, Annual #2 (EUA, 1965/6)
Roteiro: Stan Lee, Steve Ditko
Arte: Steve Ditko
Arte-final: Steve Ditko
Letras: Sam Rosen, Artie Simek
Cores: Stan Goldberg
Capas: Steve Ditko, Stan Goldberg, Sam Rosen
Data de publicação: junho de 1965 a julho de 1966
Páginas: 20 por edição, 72 no anual

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