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Crítica | O Sangue de Drácula

Um dos primeiros dos numerosos filmes sobre Drácula realizados na profícua década de 1970.

por Leonardo Campos
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Depois do império vampírico da Universal, estabelecido na primeira metade do século XX, a Hammer investiu na mitologia em torno destes monstros por meio de narrativas de um colorido intenso e desenvolvimento sem grandes preocupações dramáticas, salvaguardadas algumas poucas exceções, tais como O Vampiro da Noite e Drácula: O Príncipe das Trevas, as melhores versões do icônico personagem criado pelo escritor irlandês Bram Stoker para as telas de cinema. Sem o mesmo apuro estético e demarcação da cronologia de seus antecessores, ainda temos a proposta onde geralmente o novo filme começa emulando situações do que havia acontecido no desfecho da produção predecessora, mas em sua estrutura geral, O Sangue de Drácula parte para o vale-tudo, isto é, insere o famoso conde sedutor e sanguinolento em tramas cada vez mais acometidas pela repetição da fórmula defasada, em especial, pelo fato da década de 1970 ter sido sufocada por numerosas realizações cinematográficas focada na jornada do vampiro oriundo da literatura, lá em 1897.

Na quarta aparição de Christopher Lee como o Conde Drácula, acompanhamos logo na abertura o tom de pesadelo. O experiente comerciante Weller (Roy Kinnear) retorna de uma viagem de negócios e se indispõe com os jovens que estão na mesma carruagem. Assim, é enxotado de maneira violenta e covarde da condução. Ao se deparar com Drácula agonizando na estrada, como no final de O Perfil do Diabo, ele assiste aterrorizado ao processo de decomposição do vampiro, transformado em um pó vermelho. Lógico que, diante das demandas narrativas, o personagem vai guardar este conteúdo, tendo em vista a necessária ressuscitação do monstro para o filme se desenvolver. Há um corte para Londres. Somos apresentados a um grupo de jovens, dentre eles, Alice Hargood (Linda Hayden) e Paul Paxton (Anthony Higgins).

A dupla se gosta, mas o pai desaprova a união, haja vista o seu manto da moralidade vestido com vigor para estabelecimento da velha hipocrisia. Num movimento de acontecimentos estranhos, fincados no bizarro, temos encontros de personagens num bordel situado nos fundos de uma casa de caridade, um lorde sinistro chamado Courtley (Ralpoh Bates), a oferta de um pacto que promete uma vida mais animada, mas em compensação, tem a sua cobrança bem definida na posteridade, além do sangue de Drácula, guardado lá no começo da história, servindo de drinque para culminar no retorno do vampiro que, em sua saga de vingança, se torna afetuoso com a mocinha da trama, num  espiral de mortes, sensualidade, sangue e situações parecidas com o que já tinha sido realizado nas travessias do personagem por este universo criado pela Hammer.

Como mencionado anteriormente, falta qualidade estética em O Sangue de Drácula, caso façamos o processo de comparação com as empreitadas anteriores. Ao longo de seus 91 minutos, o filme dirigido por Peter Sasdy, cineasta guiado pelo roteiro de Anthony Hinds mergulha os seus personagens na mesma atmosfera gótica de sempre: castelo abandonado, corredores sombrios e gélidos, apodrecimento dos espaços, sensação de pesadelo, tom nebuloso nas paisagens, ícones voltados ao macabro, em linhas gerais, os elementos que compõem a visualidade deste estilo, supervisionados por aqui pelo design de produção de Scott MacGregor.  Aqui, são recursos bem utilizados, mas devido ao constante retorno ao universo em questão, se torna um conjunto de imagens que os nossos olhos já estão saturados de contemplar. Na direção de fotografia, Arthur Grant entrega movimentos burocráticos, acompanhados pela trilha sonora de James Bernard, numa trama irregular, mas com alguns momentos interessantes sobre luxúria, satanismo, os impactos do tédio e até mesmo o parricídio.

O retorno do vampiro é demarcado no mesmo ano, com As Cicatrizes de Drácula.

O Sangue de Drácula (Taste the Blood of Dracula, Reino Unido – 1970)
Direção: Peter Sasdy
Roteiro: Anthony Hinds
Elenco: Christopher Lee, Geoffrey Keen, Gwen Watford, Linda Hayden, Peter Sallis, Anthony Higgins, Isla Blair, Martin Jarvis, Roy Kinnear
Duração: 92 min.

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