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Crítica | Olhos Famintos: Antes e Agora – O Documentário

Uma análise retrospectiva do processo de composição de Olhos Famintos.

por Leonardo Campos
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Neste documentário de 36 minutos sobre o processo criativo de Olhos Famintos, lançado em 2001, temos um elucidativo panorama sobre o fascinante do trabalho por detrás de uma das franquias de terror mais icônicas da década de 2000. Depois dos medalhões do subgênero slasher entre os anos 1970 e 1980, Candyman e Ghostface foram dois grandes novos monstros que marcaram as telas. A chegada desta criatura, alada e similar a uma gárgula, estabeleceu mais uma figura macabra no painel de monstros icônicos do cinema. Produzido em 2016, o filme foi uma estratégia de marketing inteligente para o relançamento em mídia física dos dois primeiros filmes da série, além de promover a preparação para Olhos Famintos 3. Acompanhando a equipe na criação do projeto, o documentário apresenta uma abordagem analítica que explora as escolhas no design de produção, na direção de fotografia e diversos outros setores envolvidos.

Essas reflexões revelam não apenas as dinâmicas internas de produção, mas também a complexidade e a paixão que moldaram o resultado final que conquistou críticos e público. Victor Salva, o diretor e roteirista, é uma figura central no documentário, e sua relação com o gênero do terror é particularmente reveladora. Salva menciona Os Pássaros, de Alfred Hitchcock, como um de seus filmes prediletos, destacando como o mestre do suspense influenciou sua estética e narrativa. Essa referência demonstra uma apreciação pelos clássicos do gênero, sinalizando que ele não apenas cria filmes de terror, mas também entende a história e a evolução do gênero. Além de Hitchcock, Salva também admite a influência de Steven Spielberg, enfatizando a profundidade emocional e a construção de histórias nas obras do diretor.

Com uma mãe que tinha medo de filmes de terror e o incentivava a assisti-los, o realizador traz uma perspectiva única sobre como sua infância moldou sua carreira. Essa dicotomia de medo e fascínio pelo sobrenatural permeia Olhos Famintos, proporcionando uma visão mais rica e sombria do que poderia ser apenas mais um filme de terror. Embora Salva seja a voz mais proeminente no documentário, outros colaboradores, como Ed Marx, editor do filme, também oferecem insights valiosos sobre o processo criativo. Marx fala sobre sua infância com os monstros clássicos da Universal, o que moldou suas escolhas estéticas no filme. Essa conexão emocional é crucial, pois demonstra que as decisões criativas são frequentemente ancoradas em experiências pessoais. Para a equipe de produção, o impacto do renomado Francis Ford Coppola como produtor foi um fator significativo no sucesso do filme.

A história de como Salva apresentou a proposta inicialmente à Sony, que fez diversas exigências, mostra os desafios enfrentados durante o desenvolvimento do projeto. A intervenção de Coppola, que levou Olhos Famintos para a MGM mantendo a visão original de Salva, foi um ponto de virada crucial. O documentário efetivamente destaca como a paixão e a visão de um produtor podem superar as expectativas de um estúdio, que inicialmente acreditava que o filme seria um fracasso. As escolhas criativas no filme são examinadas em detalhes, especialmente em relação à edição e à direção de fotografia. Victor Salva é explícito sobre suas preferências estéticas, evitando a edição rápida ao estilo MTV que se tornou comum em muitos filmes da época.

Em vez disso, ele optou por planos mais contemplativos, que permitem que o espectador se conecte mais profundamente com a história e os personagens. No campo da cinematografia, o documentário ilustra como a equipe desenvolveu um estilo visual único, evitando a habitual iluminação azulada geralmente associada a filmes de terror contemporâneos. Essa decisão não convencional ajudou a criar uma atmosfera distinta que se tornou um marco do filme. Além disso, o diretor revela seu arrependimento por não ter documentado as audiências de teste para o personagem do Creeper, que acabou sendo interpretado por Jonathan Brecker.

Essa escolha foi fundamental para encantar os produtores, mostrando como, mesmo em momentos cruciais, as decisões criativas são muitas vezes impulsionadas por uma mistura de intuição e estratégia. Surpreendentemente, apesar das dúvidas da MGM sobre o potencial comercial do filme, a produção superou todas as expectativas, tornando-se um sucesso inesperado nas bilheteiras. Lançado em um final de semana considerado pouco relevante, o filme não apenas desafiou a noção de que os estúdios sempre sabem o que é comercialmente viável, mas também reafirmou a importância da visão criativa. O documentário fornece uma narrativa rica que explora esses processos como uma forma de arte, celebrando a contribuição de todos os envolvidos na criação de Olhos Famintos.

Olhos Famintos: Antes e Agora (Jeepers Creepers: Then and Now) – EUA, 2016
Direção: Victor Salva, Tom Tarantini
Roteiro: Victor Salva, Tom Tarantini
Elenco: Gina Philips, Justin Long, Victor Salva, Tom Luse, Jonathan Breck, Patricia Belcher, Brian Penikas, Bennett Salvay
Duração: 36 min.

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