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Crítica | Os Inumanos (Amazing Adventures #1 a 10)

por Luiz Santiago
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estrelas 3,5

Depois de serem apresentados em um arco da revista do Quarteto Fantástico (abarcando as edições #44 a 48) e terem sua origem contada nas histórias secundárias de O Poderoso Thor, os incomparáveis Inumanos passaram a receber um pouco mais de atenção da Marvel, dividindo a revista Amazing Adventures (em seu segundo volume) com a Viúva Negra. Com um time variado de roteiristas e artistas, as 10 edições que o grupo apareceu neste título ampliaram o seu leque de ações, mostrando um pouco mais sobre o comportamento e a personalidade de cada um, além de expor aquele que seria o fio condutor de toda a saga: a difícil relação dos inumanos com os humanos, mutantes e outras raças. A impressão que o leitor tem é de que eles são naturalmente azarados e sempre acabam caçados, agredidos ou aprisionados. E como se não bastasse, o próprio reino em Attilan, que deveria ser o lugar onde ficariam em paz, é um lugar de conflitos políticos.

As duas primeiras edições da revista, Os Inumanos e Amigos Contra Amigos, formam um pequeno arco, tendo o Quarteto Fantástico como coadjuvante. Nelas vemos Maximus, irmão louco de Raio Negro, criar um cenário onde pretende dar um golpe de Estado e tomar o poder,  algo que no começo parece ser bobo demais para dar certo, mas que seria o pontapé para uma reação em cadeia a ocupar todas as oito edições seguintes. Com roteiro e arte de Jack Kirby, a história tem um tom de intriga que vai crescendo, terminando com uma mensagem de reflexão dos Inumanos para o Quarteto. Já nas duas edições seguintes, também com Kirby no comando, temos a aventura contra o Mandarim, iniciada com um patrulhamento simples dos Inumanos para a área em torno do Grande Refúgio e o encontro com o maluco dos muitos anéis.

Nesta segunda história Kirby imprime de maneira muito mais vivaz o seu estilo, talvez porque o lugar e as forças envolvidas misturavam tecnologia e magia, o que sempre foi bom ver nos traços do artista, que também recebe uma ótima finalização e coloração nas duas edições. Na revista de número cinco, porém, Jack Kirby deixa o barco e a saga dos Inumanos é assumida por Roy Thomas no roteiro e Neal Adams na arte, ambos dando uma mudança significativa ao que vinha sendo posto, embora tenham preservado a essência sugerida por Kirby. Com uma excelente diagramação, maior realismo e finalização mais sombria, a trama vê duas tragédias acontecerem: Maximus é libertado de sua prisão em Attilan e Raio Negro é atingido por um jato de energia que o ligava ao irmão, fazendo com que tivesse amnésia, sendo ajudado então por um garoto chamado Joe, sobrinho de um mafioso.

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Os Inumanos contra um enlouquecido Magneto.

Mesmo com a mudança do roteiro para as mãos de Gerry Conway na edição #7, seguem-se as constantes desgraças do Inumanos. O principal braço da Família Real é exilado (ou se auto-exila, ao fugir de Maximus, agora dominando Attilan mentalmente) e passam a procurar Raio Negro que, ainda padecendo de amnésia, irá viver na cidade, acompanhando do garoto Joe e sendo manipulado para fins escusos. Em suas duas últimas edições desenhando a revista, Adams explora com perfeição os protestos e a violência urbana, enquanto Conway captura muito bem as exigências do movimento negro nos Estados Unidos nos anos 70, impasses que acabam até com a interferência de Thor, na edição #8.

O encerramento dessa fase dos Inumanos é dado nas edições #9 e 10, com o grupo lutando contra Magneto, em uma história que não tem o mesmo brilho que as anteriores mas consegue entregar uma linha grandiosa de enfrentamentos, em um roteiro mais cheio de manias vilanescas, aproximando-se dos principais demonstrativos que conhecemos muito bem das HQs de super-heróis. Ideais de fidelidade a um líder e o retorno do discurso de inadequação dos Inumanos na Terra vêm à tona mais uma vez, também explorados pela arte bojuda de Mike Sekowsky, que mesmo não tendo muita criatividade na diagramação consegue alguns ótimos quadros de luta e ótimos destaques para heróis e vilões em primeiro plano.

No todo, esta fase serviu para colocar os Inumanos frente a dificuldades de relacionamento com seus “primos de espécie”, além de levantar questões familiares, históricas e políticas dentro de fora de Attilan. Se durante todo o tempo os autores tivessem uma revista inteira (cerca de 24 páginas) para explorar tais conceitos, o resultado sairia bem melhor. Apesar de carregar diálogos e situações bem ingênuas, essas aventuras da Amazing Adventures são uma ótima introdução ao escopo de luta e problemáticas dos Inumanos que todo fã do grupo deveria conhecer.

Os Inumanos — Amazing Adventures #1 a 10 (Amazing Adventures Vol.2 — The Inhumans) — EUA, 1970 – 1972
Roteiro: Jack Kirby (#1 a 4), Roy Thomas (#5 e 6), Gerry Conway (#7 a 10)
Arte: Jack Kirby (#1 a 4), Neal Adams (#5 a 8), Mike Sekowsky (#9 a 10)
Arte-final: Chic Stone (#1 a 4), Tom Palmer (#5 e 6), John Verpoorten (#7 e 8), Bill Everett (#9), Frank Giacoia (#10)
Letras: Sam Rosen (#1, 5, 6, 10), Artie Simek (#2 a 4, 7 e 8), Jon Costa (#9)
Capas: Jack Kirby, John Romita, Frank Giacoia, John Buscema, John Verpoorten, Neal Adams, Joe Sinnott, Morrie Kuramoto, Gil Kane
Editoria: Stan Lee

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