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Crítica | Predador: Terras Selvagens – Prelúdio do Filme

A única caçada que tem aqui é a de níqueis...

por Ritter Fan
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Sempre que eu acabo de ler um desses prelúdios de filmes em quadrinhos da Marvel Comics, minha pergunta para mim mesmo é por que diabos eu insisto com isso sabendo de antemão qual será o resultado em 90% das vezes. Afinal, para cada prelúdio bacana como o de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, há uma infinidade de porcarias que seguem a linha do prelúdio de Alien: Romulus. Mesmo os de mais qualidade não agregam muito e os ruins só realmente irritam, pois eles não só escancaram a natureza de caça-níquel que eles invariavelmente têm, como, ironicamente, revelam o potencial que eles poderiam ter se a editora levasse a sério seus esforços. O prelúdio de Predador: Terras Selvagens, como vocês já podem imaginar por esses meus comentários ácidos, é da categoria do de Alien: Romulus, mas com a desvantagem de ele sequer abordar alguma coisa que se relaciona diretamente ao filme.

O roteiro de Ethan Sacks, porém, começa prometendo algo mais, com alguns alienígenas tendo problemas em sua nave e entrando em estase na esperança de serem resgatados, com 10 mil anos se passando até o começo da HQ com o yautja Dek e seu irmão Kewi em uma missão para o pai deles de obter uma peça de tecnologia dos destroços da referida nave, com Dek reclamando que esse não é um trabalho para um caçador e Kewi, apesar de estar ali a seu lado, inexplicavelmente mandando o mais jovem sozinho para recuperar o MacGuffin da vez. Mas toda a promessa acaba na premissa. Eu mencionei que esse prelúdio não lida diretamente com o filme, mas a verdade é que ele parece ser uma “cápsula” que resume a temática do longa de Dan Trachtenberg, com Dek tendo que lidar tanto com tecnologia alienígena como com as ameaças naturais da lua onde está, com uma inteligência artificial altamente eficiente na criação quase instantânea de armamentos e do uso da fauna e flora local fazendo de tudo para impedir que Dek faça o que quer fazer, por ela achar que ele é uma ameaça aos alienígenas nas câmeras de estase.

O que segue, daí, é a pancadaria descerebrada típica de filmes de ação hollywoodianos, com Sacks não se esforçando mais para criar as condições para algo mais sutil e inteligente como no primeiro filme da franquia ou algo frenético, mas muito inspirado, que podemos ver em Terras Selvagens. É, apenas e tão somente, uma I.A. que cria robôs armados até os dentes contra um yautja jovem também armado até os dentes, como se eles estivessem em um ringue de luta de MMA em que tudo vale, menos limão no olho. A arte digital de Elvin Ching, com finalização de Oren Junior e cores de Juancho Vélez é comportada e limpa talvez até demais considerando que a nave invadida por Dek está nessa lua há 10 mil anos, mas ela é dinâmica o suficiente para dar conta das demonstrações bélicas e físicas necessárias para tornar a briga entre yaujta e máquina algo agradável de se seguir. É um agradável do tipo “okayzinho”, mas, mesmo assim, há que se dar valor à arte que não atravanca uma história pouco inspirada, dando-lhe nem que seja um discreto sopro de vida.

Havia espaço e oportunidade para que esse prelúdio oferecesse um pouco mais do cotidiano em Yautja Prime e do clã de Dek, explorando a relação dele com seus irmãos e com seu pai. Havia até mesmo a possibilidade de a história deixar Dek em segundo plano para colocar outro yautja de sua família no protagonismo, talvez com Dek ainda bem mais novo. Mas o que Ethan Sacks oferece é o básico sem risco e sem esforço mental algum, um trabalho mecanizado e repetitivo que decepciona já nas primeiras páginas e que segue decepcionando a cada nova página, mesmo com o esforço da equipe desenhista. Claro que não é o fim do mundo em termos de quadrinhos, pois segue o padrão desse tipo de prelúdio, mas é, inegavelmente um desperdício de oportunidade que poderia abrir horizontes para algo com um mínimo de relevância sobre a mitologia dos yautja em geral e do filme em particular. Infelizmente, porém, tudo o que o leitor recebe é uma historieta cansada que transformar cada virada de páginas em algo automático e entorpecido. Quem sabe no próximo?

Predador: Terras Selvagens – Prelúdio do Filme (Predator: Badlands, EUA – 2025)
Roteiro: Ethan Sacks
Arte: Elvin Ching
Arte-final: Oren Junior
Cores: Juancho Vélez
Letras: Clayton Cowles
Editoria: Kaeden McGahey, Austin Hatch, Martin Bird, C.B. Cebulski
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: 12 de novembro de 2025
Páginas: 28

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