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Crítica | Taboo – 1X01: Shovels and Keys

por Luiz Santiago
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estrelas 4,5

Contém spoilers! Confira outras críticas para os outros episódios aqui.

Criada por Chips Hardy, Tom Hardy e Steven Knight, a minissérie Taboo veio acrescentar mais um capítulo de elementos históricos misturados a um bom drama de vingança e relações pessoais à televisão, em 2017. Tendo Ridley Scott como um de seus produtores executivos e Tom Hardy, que além de ser co-criador e co-autor é a estrela do show, Taboo contará com oito episódios, distribuídos pela BBC One e pelo FX.

A trama principal está localizada em Londres, em 1814. O misterioso James Keziah Delaney (Hardy) chega à cidade no dia da morte de seu pai e espanta a todos, pois imaginavam que este herdeiro do Sr. Delaney estava morto há anos, após seu navio ter naufragado na costa da África. Em dez anos, James não havia sido visto por ninguém na região, desde a sua partida. E agora, de volta, ele parece determinado em fazer dos negócios de seu pai uma sólida iniciativa comercial. Além de manter a todo custo as terras de Nootka Sound, na costa do atual Canadá.

O roteiro de Steven Knight aposta mais no mistério e todas as histórias em torno de James Delaney do que em narrações isoladas de tramas a seres desenvolvidas. A aposta, claro, não poderia ser melhor. Tom Hardy faz uma atuação brilhante como um homem perturbado (mas que disfarça muito bem), que viajou bastante, viu e fez muitos horrores e parece não querer deixar que nada entre em seu caminho para que se estabeleça como alguém de relevo na sociedade britânica daquele início de século XIX. A cena final dele com a prostituta, o encontro com ou velho que cuidou de seu meio-irmão ou a bárbara sequência com os funcionários da Companhia das Índias são grandes exemplos dessa amedrontadora determinação.

Existem muitos eventos históricos aludidos ou expostos no texto, todos bem representados “internamente”, mas não nomeados, o que me pareceu cautela demasiada do roteirista. A guerra entre Reino Unido e “Estados Unidos” que é citada, não é a guerra de independência das 13 colônias (que foi entre 1775 e 1783). A Guerra citada pelo chefe da Companhia Britânica das Índias Orientais, Sir Stuart Strange (interpretado pelo ótimo Jonathan Pryce) é a Guerra Anglo-americana de 1812, que se estenderia até 1815 e redefiniria uma parte do território americano, fortaleceria a União e colocaria em cena questões sobre a fronteira com o Canadá. Isso em conta, entendemos por quê as terras de Nootka Sound são importantes para a Companhia e por quê a resistência de James em vendê-las encoleriza Sir Stuart Strange.

Estabelecido o drama pessoal, que sabemos envolver vingança, amores passados (incesto?) e outros mistérios relacionados ao tempo de James na África, além de alguns negócios duvidosos de seu pai, o roteiro executa com precisão os impactos da chegada inesperada desse “fantasma” e os primeiros movimentos e ameaças feitas nos bastidores. A organicidade e fluidez do texto é tamanha, que os 55 minutos do episódio piloto se passam em uma velocidade inacreditável. E terminamos querendo mais.

Valem aqui os destaques para os figurinos e para a direção de arte, duas das mais delicadas criações nesse primeiro capítulo, obedecendo não só a específicos detalhes reais e históricos como também dando uma boa visão da Inglaterra a caminho da Segunda Revolução Industrial, dali a 46 anos. As cenas na cidade e no cais são excelentes, com ótimo desenho de produção e bom arranjo geográfico, que percebemos ser uma constante em todo o episódio, graças à montagem exemplar. Como introdução a esse novo universo televisivo, Shovels and Keys funciona muito bem e tem o mérito de gerar no espectador a ânsia pelos próximos episódios. Bem vindos, senhoras e senhores, a Taboo.

Taboo – 1X01: Shovels and Keys (EUA, Reino Unido, 7 de janeiro de 2017)
Criadores: Chips Hardy, Tom Hardy, Steven Knight
Direção: Kristoffer Nyholm
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Tom Hardy, Edward Fox, Martin Wimbush, Larrington Walker, Oona Chaplin, Jefferson Hall, Jonathan Pryce, Nicholas Woodeson, Richard Syms, Peter Yapp, Jo Cameron Brown, Paul Bigley, Andrew Greenough, Tim Plester
Duração: 55 min.

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