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Crítica | The Good Doctor: O Bom Doutor – 5ª Temporada

Apesar de intrigante, drama médico começa a se tornar trivial em suas propostas dramáticas.

por Leonardo Campos
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A quinta temporada de The Good Doctor: O Bom Doutor, exibida entre 2021 e 2022, reafirmou a presença inegável do drama médico na televisão contemporânea, especialmente ao apresentar 18 episódios que mantêm os espectadores envolvidos. No centro da narrativa continua o jovem cirurgião Shaun Murphy, brilhantemente interpretado por Freddie Highmore, cuja história pessoal, marcada pela autismo e pela síndrome de savant, torna suas vivências no Hospital San Jose St. Bonaventure particularmente impactantes. Contudo, com o passar das temporadas, o que poderia ser uma narrativa enriquecedora e inovadora começou a apresentar indícios de um certo cansaço, com a trama caindo na armadilha do que já foi visto em outras produções do gênero. A genialidade de David Shore na criação de uma série que combina desafios médicos com questões humanas e emocionais é inegável, mas a sensação de retomada exaustiva de temas permeia os episódios, colocando em dúvida a originalidade de suas tramas e a profundidade de seus conflitos.

Apesar de sua popularidade, a produção enfrentou críticas sobre a repetição de temas e a falta de frescor em suas histórias. A série, que conquistou uma base de fãs fiel, muitas vezes recorre a reviravoltas que ecoam o que já foi explorado em outras séries hospitalares, fazendo com que o público se sinta como se estivesse assistindo a um ciclo interminável de situações semelhantes. Casais envolvidos em dilemas amorosos, disputas de poder internas e o drama cotidiano de um hospital tornam-se recursos reutilizados que, embora seguros e familiares, podem também soar previsíveis. A presença da familiaridade é uma faca de dois-gumes: para uma parte da audiência, o que se busca é essa sensação reconfortante de assistir algo que se encaixa em um padrão já conhecido. Portanto, a jornada de Shaun e seus colegas demonstra a busca dos realizadores equilibrar sua essência original e a necessidade de evoluir narrativamente, com episódios na média dos 40 minutos, alguns emocionantes, outros relativamente tediosos.

Uma das mudanças mais notáveis nesta quinta temporada é a ausência de Antonia Thomas, que interpretava a Dra. Claire Browne, um dos personagens centrais nas temporadas anteriores. Sua partida marca um ponto de virada significativo, que poderia ter oferecido à série uma oportunidade de renovar seus enredos e explorar novas dinâmicas. Contudo, mesmo na sua nova configuração, The Good Doctor: O Bom Doutor se mantém com casos intrigantes que, em muitos momentos, flertam com o absurdo e o melodrama. Desde diagnósticos surpreendentes, como o de um menino que descobre ter câncer cervical durante uma amigdalectomia de rotina, até complexas questões éticas, como a recusa de um paciente em aceitar um tratamento que poderia resultar em fraquezas permanentes. Esses casos, enquanto fascinantes e imprevisíveis em sua essência, revelam uma tendência a depender de soluções dramáticas que, embora interessantes, acabam criando uma percepção de baixa qualidade narrativa ao longo da temporada.

Além disso, o humor também encontra espaço em uma série que, por natureza, trata de temas sensíveis e muitas vezes trágicos. O episódio em que os médicos consomem acidentalmente cogumelos mágicos após um jantar revela um lado mais leve e despretensioso da série, contrastando com a gravidade de outras situações enfrentadas pelos personagens. Essa abordagem pode ser atraente para alguns espectadores, mas também levanta questionamentos sobre a intensidade e seriedade que um drama médico deve transmitir. Em suma, apesar da série ainda ser considerada um programa interessante para fãs do gênero, as suas repetidas soluções narrativas e a queda em termos de profundidade dramática indicam que a série precisa urgentemente de uma revitalização, para que consiga não apenas reter sua audiência atual, mas também atrair novas gerações de fãs que buscam uma narrativa mais robusta e inovadora. A proposta de um drama médico é sempre desafiadora, mas na quinta temporada, The Good Doctor: O Bom Doutor esteve em um ponto de inflexão que determinou seu futuro e relevância no panorama televisivo: popularidade ampla, mas perda gradual de qualidade narrativa.

The Good Doctor: O Bom Doutor – 5ª Temporada (Idem, Estados Unidos/Canadá – 2021/2022)
Criação: David Shore, Daniel Dae Kim
Direção: Mike Listo, Michael Patrick Jann, David Straiton, Steven DePaul, Seth Gordon
Roteiro: Lloyd Gilyard Jr., Jae-Beom Park, David Renaud, Karen Struck, Mark Rozeman, Johanna Lee
Elenco: Freddie HighmoreNicholas Gonzalez, Antonia Thomas, Chuku Modu, Beau Garrett, Irene Keng, Hill Harper, Richard Schiff, Tamlyn Tomita, Will Yun Lee, Fiona Gubelmann, Christina Chang, Paige Spara
Duração: 45 min. por episódio (18 episódios no total)

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