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Crítica | The Good Doctor: O Bom Doutor – 6ª Temporada

A penúltima jornada do drama médico criado por David Shore e Daniel Dae Kim.

por Leonardo Campos
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A sexta temporada de The Good Doctor: O Bom Doutor, que teve sua estreia em 3 de outubro de 2022 e se encerrou em maio de 2023, mais uma vez, apresentou uma narrativa repleta de altos e baixos. Criada por David Shore, a série tem como eixo central a vida do Dr. Shaun Murphy, interpretado de forma brilhante por Freddie Highmore, um jovem cirurgião com autismo e síndrome de Savant que, apesar de suas dificuldades, se destaca pelo seu raciocínio analítico. Nesta sexta jornada, além da evolução e complexidade dos personagens, foram evidenciados temas relevantes como perda, superação e resiliência. No entanto, o que se viu foi certa repetitividade que fez a série se assemelhar a outros dramas médicos, resultando em uma narrativa que, por vezes, careceu de originalidade. Na verdade, este é um problema de praticamente todos os dramas médicos contemporâneos: conflitos amorosos em demasia, situações tensas envolvendo ataques cibernéticos, transplantes desafiadores, num painel de acontecimentos que só muda de hospital e de personagens.

Um dos principais acontecimentos da temporada foi o ataque violento que interrompeu o casamento de Shaun e Lea (Paige Spara). Este evento não apenas mudou o rumo da cerimônia, mas também provocou um momento de introspecção para diversos personagens, levando-os a reavaliar suas vidas pessoais e profissionais. A série, que sempre se destacou por suas dinâmicas internas relacionadas ao hospital, aprofundou-se ainda mais nessas relações. O atentado, que ocorreu logo no início da temporada, trouxe à tona questões de ética e moralidade, forçando os personagens a tomarem decisões difíceis e a reconsiderarem suas prioridades. No entanto, apesar desse potencial dramático, a execução destas subtramas nem sempre foi satisfatória, e muitos conflitos se mostraram frágeis e previsíveis.

Além do ataque, a gravidez complicada de Shaun e Lea se tornou um dos focos da temporada, explorando ainda mais a vulnerabilidade dos personagens em um contexto de estresse emocional intenso. Enquanto isso, o Dr. Alex Park (Will Yun Lee) enfrentou a dissolução de seu casamento com a Dra. Morgan Reznick (Fiona Gubelmann) devido a discordâncias sobre a maternidade, um tema que, apesar de relevante, foi abordado de maneira a parecer um clichê. O retorno de Alex à relação e a adoção de uma criança pelo casal, embora visem mostrar crescimento e reconciliação, acabaram contribuindo para uma narrativa que, em alguns momentos, flertou com a superficialidade. Essa falta de profundidade nas relações interpessoais, que gradativamente se tornaram genéricas, diminuiu o impacto emocional que a série poderia evocar ao longo de seus episódios de 40 minutos.

Ainda assim, a série não se esqueceu de abordar questões éticas centrais ao ambiente hospitalar. A Dra. Audrey Lim, interpretada por Christina Chang, passou por uma grande transformação ao perder o movimento das pernas durante o atentado, apenas para recuperar a mobilidade através de uma cirurgia proposta por Shaun e pelo Dr. Glassman. Este arco dramático trouxe uma camada adicional à narrativa, destacando a resiliência e a capacidade de superação humana frente às adversidades. Em contraste, as tentativas de aprofundar a relação entre os personagens foram muitas vezes ofuscadas pela necessidade de atender às expectativas do público em termos de conflitos românticos e dramáticos, resultando em uma abordagem que poderia ter sido muito mais robusta.

Em análise geral, a sexta temporada de The Good Doctor: O Bom Doutor pode ser vista como um desenvolvimento intermediário na trajetória da série, preparando o terreno para o desfecho dos arcos dos personagens na temporada final. Embora tenha apresentado momentos tocantes e desafiadores, a narrativa carece de frescor e inovação em algumas de suas tramas, refletindo a repetição de clichês comuns em dramas médicos. A incapacidade de explorar plenamente as complexidades emocionais dos personagens e suas relações deixou a sensação de que acabaram se perdendo em um mar de conflitos banais. O potencial inegável da série reside nas habilidades excepcionais de Shaun e na nuance emocional dos personagens que a cercam, elementos que, se bem trabalhados, poderiam fazer do drama médico uma obra memorável no gênero. Resta esperar que a última temporada apresente uma resolução que não apenas honre suas trajetórias, mas que também ofereça um fechamento satisfatório para seu público. Critico a repetitividade das situações dramáticas, mas convenhamos: os realizadores entregaram exatamente aquilo que o público, familiarizado com o programa, está interessado em ver.

The Good Doctor: O Bom Doutor – 6ª Temporada (Idem, Estados Unidos/Canadá – 2023)
Criação: David Shore, Daniel Dae Kim
Direção: Mike Listo, Michael Patrick Jann, David Straiton, Steven DePaul, Seth Gordon
Roteiro: Lloyd Gilyard Jr., Jae-Beom Park, David Renaud, Karen Struck, Mark Rozeman, Johanna Lee
Elenco: Freddie HighmoreNicholas Gonzalez, Antonia Thomas, Chuku Modu, Beau Garrett, Irene Keng, Hill Harper, Richard Schiff, Tamlyn Tomita, Will Yun Lee, Fiona Gubelmann, Christina Chang, Paige Spara
Duração: 45 min. por episódio (20 episódios no total)

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