Home TVEpisódio Crítica | The Walking Dead: Dead City – 2X02: Another Shitty Lesson

Crítica | The Walking Dead: Dead City – 2X02: Another Shitty Lesson

Zumbis-bombas!!

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Esse episódio me pegou de surpresa! Depois do início genérico de Power Equals Power, não estava esperando muito da temporada, mas Another Shitty Lesson é um bom episódio. Não é nada espetacular ou que mude minha percepção geral da narrativa, mas é um capítulo “certinho”, que tem bons melodramas, que estabelece bem o conflito que veremos e que é até divertido, com direito a canhões que atiram zumbis-bombas! O tom dramático ainda é muito sisudo para TWD se aventurar por algo como Zumbilândia, mas é curioso ver a mitologia se dando o direito de ser caótica e sarcástica. Talvez não seja o encaminhamento esperado quando pensamos na essência da franquia ou no próprio arco dos personagens principais (Maggie e Negan), mas definitivamente entretém. Se a equipe criativa vai continuar negando o gênero de horror nessas séries, como tem feito há anos, que pelo menos haja alguma diversão visual na soap opera que se tornou a franquia.

Muito do que vemos nesse segundo episódio são indícios de problemas que citei na crítica da semana passada. Não compro o conceito por trás da missão de expedição de Nova Babilônia, com os personagens novos soando como completos idiotas que não veem os sinais mais claros de uma emboscada (sério, em determinado momento da história, tem um literal sinal de fumaça). Todo o lance de “é a lei”, de indivíduos agindo como se estivessem no velho-oeste e de uma visão turva da invasão que claramente vai dar errado são escolhas do roteiro que acho preguiçosas em termos de caracterização e construção do elenco (ninguém ali chama a atenção além de Maggie e suas crianças). Falta suspense, falta terror e falta envolvimento da trama com o público, principalmente pela forma como o conflito conceitualmente ainda soa forçado, apenas para Maggie voltar à ilha.

Dito isso, quando a viagem em si começa, a narrativa fica razoável. Mesmo com orçamento limitado, a direção e o design de produção são esforçados na criação de algum escopo para a cena de ataque capitaneada por Negan. Os zumbis-bombas são uma sacada bacana, por mais que, talvez, a cena tente mirar em tensão e acabe acertando no humor (o problema da franquia de não ter personagens que nos importamos mais). Espero que o conceito do metano siga sendo bem usado em termos de criar algum tipo de faísca ou de novidade com as criaturas, que seguem escanteadas e indiferentes nesse universo que se afasta cada vez mais do survival. Com os personagens finalmente chegando em Manhattan, dá para tentar ter algum tipo de expectativa criativa com o uso de zumbis (me lembro que no ano de estreia, tivemos algo similar com zumbis caindo dos terraços e um fotografia de neon, mas acabou que o restante da temporada não se aventurou em mais conceitos visuais, cenográficos ou set-pieces engenhosas).

Também acho que o melodrama funciona até certo ponto. Nunca gostei da trajetória do Negan, de vilão maniqueísta para bom rapaz, mas já que é isso que temos, o roteiro captura alguns bons momentos de remorso e de hesitação do personagem, com destaque para o uso do violonista e de Bach como simbologia da sua melancolia com memórias de baratas e assassinatos. Inclusive, a série tenta usar arte como meio de algumas metáforas (nem sempre acertando, assim como The Walking Dead: Daryl Dixon não acertou nos temas religiosos), o que vale alguns pontinhos, por mais que os monólogos da genérica Dama sejam chatinhos. A subserviência do Croat e a rivalidade criada agora com Negan, que deve querer matar ambos, talvez traga alguma injeção de interesse nesse núcleo.

É do lado de Maggie que as coisas realmente me surpreenderam. O twist de Hershel como traidor já estava meio óbvio, mas a maneira como é preparado, com a cena final e uma atuação incrivelmente devastadora de Lauren Cohan (a melhor cena escrita para ela em anos, desde a série principal) elevaram muito o drama da série. Não sei se as motivações do garoto serão orgânicas ou se a produção terá coragem de ser sombria com esse arco, mas definitivamente chamou minha atenção. Ginny é outra personagem relativamente curiosa, lembrando um pouco aquele Carl determinado, maduro e violento da série original. Já estou calejado com TWD, então não vou criar expectativas, mas Another Shitty Lesson é um bom episódio. Diferente do capítulo anterior, me senti mais investido com Maggie, Hershel, Ginny e Negan, além de uma possível balbúrdia com xerifes, gangues de motoqueiros e bazucas de zumbis ter um potencial de entretenimento ligeiro. Falta muita coisa aqui para a série realmente sair da mediocridade, com pouco suspense, quase nada de terror, direção melodramática, um roteiro cheio de conveniências e frágeis conceitos narrativos no entorno dos personagens principais, mas quem sabe Dead City entrega mais episódios como esse.

The Walking Dead: Dead City – 2X02: Another Shitty Lesson (EUA, 11 de maio de 2025)
Desenvolvimento: Eli Jorné
Direção: Michael E. Satrazemis
Roteiro: Zoe Vitale
Elenco: Lauren Cohan, Jeffrey Dean Morgan, Gaius Charles, Željko Ivanek, Mahina Napoleon, Logan Kim, Lisa Emery, Dascha Polanco, Keir Gilchrist, Kim Coates, Jake Weary
Duração: 58 min.

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