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Crítica | Anaconda 2 – Caçada Pela Orquídea Sangrenta

por Leonardo Campos
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Lançado em meados da década de 1990, Anaconda foi um fiasco crítico acompanhado por algum prestígio financeiro, pois os filmes, como sabemos, vão além das bilheterias dos cinemas e também ganham projeção na veiculação televisiva e mercado de vídeo, na época, o VHS, período quase próximo da popularização do DVD como mídia alternativa. A sua continuação, lançada quase uma década depois, pode ser considerada tardia, mas não menos divertida. Sob a direção de Dwight H. Little, Anaconda 2 – Caçada Pela Orquídea Sangrenta é uma sequência sem envolvimento com a história anterior, algo comum na indústria que recicla fórmulas e abre precedentes quando o assunto é fazer as coisas continuarem a acontecer.

Guiado pelo roteiro escrito, pasmem, por quatro pessoas, grupo formado por Daniel Zelman, Michael Miner, Edward Neumeir e John Claflin, o cineasta orquestra uma aventura frenética sobre a busca de um grupo de pesquisadores pela orquídea sangrenta do subtítulo, uma flor exótica que vai fechar o ciclo em breve e precisa ser captada para os interesses da indústria estética. Como esperado, o grupo é formado por pessoas que serão devoradas pelas serpentes que habitam a região, répteis sem conexão alguma com as rastejantes criaturas do filme anterior, mencionado vagamente quando alguém comenta a experiência dos documentaristas na selva amazônica. Agora, a aventura é numa hostil selva na Indonésia.

Diante do exposto, acompanhamos o grupo em busca da flor que segundo as pesquisas realizadas no contexto fílmico, é capaz de retardar o envelhecimento. Por causa de seu florescer por algumas semanas num intervalo de sete anos, os envolvidos precisam partir com brevidade para o local, num ritmo frenético que os impede de refletir sobre os riscos conhecidos e desconhecidos da floresta e seus mistérios. Eles até esperam aranhas, serpentes mais comuns e crocodilos. O que ninguém contava era a existência de enormes anacondas famintas, rejuvenescidas graças ao contato com a tal flor milagrosa. A fórmula segue os padrões de muitos filmes do segmento horror ecológico que estão voltados ao grupo que invade o espaço dos animais, em vez de ser surpreendido com mutações que tomam as áreas urbanas ou coisas do tipo.

Ansiosos para encontrar a tal flor que permite a produção de um soro que prolonga a vida, a equipe segue primeiro para o aluguel de um barco que permita o acesso à selva. Para isso, eles dependem de Bill Johnson (Johhny Messner), estereótipo do macho grosseiro que exala virilidade e se acha o herói sedutor, algo que de fato se comprova do meio para o final. Ele tem um ajudante, Tran (Karl Yune), acompanhante da jornada selva adentro. O grupo é formado por Dr. Jack Byron (Matthew Marsden), Sam Rogers (KaDee Strickland), Gordon Mitchell (Morris Chestnut), Ben Douglas (Nicholas Gonzales), Cole Burris (Eugene Byrd) e a cientista Sail Stern (Salli Richardson-Whitfield), a “final girl” de Anaconda 2 – Caçada Pela Orquídea Sangrentra. Juntos, eles passarão por cachoeiras com quedas inesperadas, caminhos arbóreos frondosos e ameaçadores e muitas outras situações temperadas por humor em excesso, haja vista as piadas constantes, provável tentativa dos realizadores de promover alguma relação com o público, afinal, se não funcionasse pelo viés do terror, serviria como diversão repleta de humor, não é mesmo?

O espetáculo do horror é apresentado ao público por meio da direção de fotografia de Stephen F. Window, membro da equipe técnica que rege um grupo eficiente na captação de imagens originalmente gravadas na Ilha de Fiji, com destaque para as cenas subaquáticas, empolgantes, adequadas para a proposta narrativa. Os efeitos visuais da equipe de Dale Duguid também cumprem a sua função nas passagens breves das serpentes que após uma década do lançamento de seu primeiro filme, deveriam aparecer muito mais, pois a presença das criaturas é demasiadamente econômica. Sem elementos dramáticos que justifiquem a aproximação puramente artística do público com Anaconda 2 – Caçada Pela Orquídea Sangrenta, as pessoas esperam ver serpentes surpreendentes e assustadoras, mas isso acontece muito pouco.

Além do pecado mortal dos efeitos visuais, a produção também oferta uma trilha sonora menos empolgante do que o esperado para um horror ecológico, subgênero que depende muito da condução musical para ser impactante. Regida por Nerida Tyson-Chew, a textura percussiva da aventura/terror não é descartável, mas não possui o magnetismo necessário. No que tange ao design de produção, Bryce Perrin não depende exclusivamente de cenários urbanos para compor a narrativa, contada quase toda num espaço selvagem, tendo boa parte delineada em CGI. O resultado visual não é ruim, sendo apenas o design das serpentes, mais uma vez, dependente demais do efeito Tubarão, isto é, a câmera subjetiva para indicar a presença do monstro em boa parte dos 97 minutos de duração.

Por falar no filme de Spielberg, há uma menção rápida de um personagem que cantarola a música tema de John Williams numa determinada passagem. Sobre o desenvolvimento, cabe ao espectador se desprender das críticas persecutórias dos que não gostaram do filme e ficam procurando motivos além dos dramáticos para detonar a produção, sendo as questões ecológicas um dos pontos mais comentados. O tigre, a aranha e as anacondas não existem no espaço geográfico citado na aventura, mas, afinal, quem se importa? Como uma pessoa que se dedica a assistir a continuação do hit de 1995 se preocupa com detalhes tão triviais? Sugestão para quem busca entretenimento: embarque na liberdade de expressão ficcional. Ademais, o filme rendeu outras continuações, ainda mais inferiores que Anaconda 2 – Caçada Pela Orquídea Sangrenta, lançados diretamente no mercado de vídeo e veiculados para exibições televisivas.

Anaconda 2 – Caçada Pela Orquídea Sangrenta (Anaconda: The Blood Orchid) — Estados Unidos, 2004
Direção: Dwight H. Little
Roteiro: Daniel Zelman, Edward Neumeier, John Claflin, Michael Miner
Elenco: Eugene Byrd, Matthew Marsden, Morris Chestnut, Nicholas Gonzalez, Nicholas Hope, Peter Curtin
Duração: 97 min.

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